Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 51
Capítulo Cinquenta e Um


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou chorosaaa! Cadê minhas leitores lindas que sempre comentam e me animam a escrever mais e mais? No último capítulo quase ninguém apareceu :( o capítulo ficou ruim? Conversem comigo e me dêem opiniõessss, elas valem ouro pra mim! ♥



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Era como se os dois estivessem submersos ou dentro de uma bolha, e todo o som ao redor deles tivesse sido abafado. Natalie sentia-se totalmente perdida naquela floresta verde dos olhos de Hunter ,e nada parecia mais importar.

O rapaz lhe acariciou a palma da mão com o polegar, subindo e descendo o dedo. Observou como a mão de Natalie era pequena e encaixava-se perfeitamente na sua. A castanha acompanhou o gesto dele por alguns segundos, antes de voltar a encará-lo e perceber um sorriso discreto em seus lábios enquanto a olhava profundamente. (GIF)

Natalie puxou o ar, tentando compassar a respiração, que na altura do campeonato, já estava descontrolada. Pressionou os lábios em uma linha fina antes de tomar coragem e começar a falar.

— Você... você tá sendo incrível hoje, Hunter. – ela o sentia continuar as carícias na palma de sua mão e só desejava que aquilo não acabasse. – Eu nem sei como te agradecer... se não fosse por você, eu...

— Você não tem que me agradecer. Só fiz o que eu senti que devia fazer. – Hunter apoiou os braços nos joelhos, inclinando seu corpo na direção de Natalie, mas sem soltar a mão dela. – E acabou sendo divertido.

Está sendo divertido. – a garota o corrigiu, dando um sorrisinho apenas com os lábios. – Um dos melhores dias da minha vida, na verdade.

Hunter abaixou o rosto, soltando a risada pelo nariz.

— Devo perguntar se isso tem relação com o Ellijah?

— COM CERTEZA. – ela riu com ele. – Eu apenas acabei de tomar um shot de tequila com o Ellijah Scott... e ele ainda me canta a minha música favorita. Qual é a chance?! Obrigada, sério.

— Tsc tsc. – o castanho balançou a cabeça em negativa, fazendo com que seu cabelo caísse para o lado de uma maneira sedutora. – Já falei que não é pra agradecer. Mas agora tem uma coisa... – ele a olhou sério, fazendo-a encará-lo da mesma forma. – Você tem que cumprir com a sua parte do combinado.

— Eu tenho palavra, Saxton. – Natalie franziu a testa, brincando. – Vou ser a fotógrafa de vocês por duas semanas.

— Que bom... porque eu odiaria ter que te levar à força. – Hunter a respondeu no mesmo tom, dando um sorrisinho.

— Ah é? E eu posso saber como seria esse lance do “à força”? – ela levantou a sobrancelha, encarando-o. Os dois continuavam de mãos dadas.

— Você não ia gostar de saber. – meneou a cabeça, segurando o riso.

Natalie o olhou surpresa. Normalmente, diante de uma frase daquelas vinda de Hunter, a castanha o mandaria para o inferno e sairia batendo o pé. Mas simplesmente o achou engraçado. Na verdade, agora que havia parado para analisar Hunter com mais calma, percebeu o tom sarcástico que ele sempre trazia em sua voz, mesmo quando estava falando sério. A famosa acidez britânica que ela preferia levar a ferro e fogo quando se tratava de Hunter Saxton.

E daquela vez resolveu fazer diferente. Fingiu-se ofendida, finalmente tirando a sua mão da dele. Por segundos, se arrependeu de ter que cortar o contato da pele com a de Hunter, mas tratou de afastar aqueles pensamentos. Fechou a cara em uma carranca e o rapaz logo percebera a “burrada”.

Natalie se levantou de uma vez e se virou para sair dali. Hunter se levantou juntamente.

— Espera, eu tava brincando! – ele começou a tentar se explicar, colocando-se na frente de Natalie enquanto ela começava a andar. Ele teve que esticar as mãos para tentar impedi-la enquanto ele mesmo recuava. – Me desculpa, sério. Desculpa.

Natalie forçou o seu corpo contra o dele, como se o empurrasse para tentar sair dali.

— Eu não acredito... – ela soltou, forçando-se contra Hunter, que tentava contê-la.

— Me desculpa, me desculpa...!

— Eu não acredito... – ela repetiu, abaixando o rosto para que ele não conseguisse ver o sorriso nascendo em seus lábios. Porém, não aguentou muito tempo e começou a gargalhar. – Eu não acredito que você caiu nessa!

Começou a rir, flexionando os joelhos enquanto Hunter a olhava paralisado. As mãos continuavam esticadas, e ele parecia estar tentando se recompor da pegadinha da castanha. Um sorriso sem graça começou a surgir nos lábios do castanho, deixando as covinhas da bochecha em evidência. O olhar dele estava atônito.

Your filthy little...— ele se segurou para não xingá-la e começou a rir também.

Pela primeira vez, Natalie viu o rosto de Hunter começar a ficar vermelho de vergonha e achou a coisa mais doce do mundo. Ele parecia querer enfiar a cara em um buraco. Odiava cair em pegadinhas, porque sempre ficava sem saber o que fazer.

— Awww! – ela brincou. Ficou com dó por alguns segundos, diante da expressão de Hunter, que parecia uma criança que tinha perdido o brinquedo no parque e se recusava a chorar.

Em um impulso de conter a reação dele e tentar amenizar a frustração do rapaz, Natalie envolveu seus braços em volta do pescoço de Hunter, puxando-o para um abraço apertado.

Ele enrijeceu quando sentiu o corpo dela colar no seu, e instintivamente seus braços a envolveram por completo pela cintura, apertando-a ainda mais.

O corpo de Natalie era tão delicado que seus braços eram capazes de dar quase toda a volta ao redor dela. Fechou os olhos quando sentiu o cheiro de baunilha emanar dos cabelos dela e ficou extasiado.

Uma das mãos da garota segurou a nuca de Hunter, acariciando-o delicadamente no local com a ponta dos dedos, sob os cabelos compridos dele. Sentiu o perfume do castanho tomar conta de suas narinas e por segundos achou que aquela sensação de tontura havia sido devido ao shot de tequila que tomara meia hora atrás.

Sentiu sua pele queimar onde os braços e antebraços de Hunter lhe tocavam, mesmo por cima da roupa. Seu queixo estava perfeitamente encaixado no trapézio do rapaz e ela precisou ficar na ponta dos pés, pois era bem mais baixa que ele. Hunter a puxou, fazendo com o que seus pés se afastassem minimamente do chão.

Era uma guerra interna para ver quem se soltaria do abraço primeiro, pois nenhum dos dois o queria fazer. Hunter sentiu que naquele momento, abraçava o próprio mundo e nunca havia se sentido tão... Seguro como naquele momento. Não sabia que estava ansiando tanto pelo abraço dela, mesmo que tivesse pensado sobre o assunto mais cedo, ao vê-la abraçar o amigo dos cabelos de fogo. E agora ele sabia que estava certo em querer aquele instante para si. E por ele, ela não abraçaria mais ninguém além dele a partir daquele momento.

Aquele abraço teria se estendido por muito mais tempo se dependesse deles. Porém, Ellijah se reaproximou deles com o violão a postos.

— Oi, gente... tô interrompendo? Não, né? Que bom. – ele comentou naturalmente, embora estivesse maluco para rir. Anna e Hans vinham logo atrás, ambos também se contendo.

O casal se afastou devagar, pois estavam completamente sem graça por terem sido flagrados. Sabiam que todos ainda estavam no apartamento, mas por segundos haviam se esquecido daquilo. Natalie cruzou os braços na altura dos seios, tentando disfarçar e foi na direção da cadeira onde estava sentada anteriormente, ao lado de onde Ellijah já havia se instalado. Hunter jogou o cabelo para o lado, tentando se recompor daquele momento, já sentindo falta do calor do corpo dela. Copiou a garota e também voltou a se sentar enquanto todos os outros já o tinham feito.

Natalie limpou a garganta para quebrar o silêncio que estava reinado ali – com exceção do som do vídeo game, que continuava alto, já que Luke e Tom jogavam assiduamente.

— E aí... já escolheu a música? – Natalie perguntou, tentando não encarar Hunter. Estava morrendo de vergonha do impulso que tivera de abraçá-lo.

— Ah, escolhi sim. – Ellijah deu um sorrisinho sugestivo. – É uma das antigas também... acho que tem tudo a ver com momento... se é que vocês me entendem.

— E qual é? – Natalie tentou mostrar mais interesse no ruivo para afastar os pensamentos relacionados ao abraço.

Ellijah apenas meneou a cabeça, dando uma piscadela a ela antes de tocar o primeiro acorde.

 

Friends – Ed Sheeran

 

We're not, no we're not friends, nor have we ever been

We just try to keep those secrets in a lie

And if they find out, will it all go wrong?

And heaven knows, no one wants it to

 

Os olhos de Natalie se arregalaram instintivamente quando Ellijah começou a cantar a primeira estrofe da música. Sentiu seus músculos enrijecerem e sua garganta fechar de uma forma que parecia lhe faltar ar. Olhou para o ruivo, que lhe lançava um olhar um tanto quanto sapeca e revelador. Ele deixou seus lábios se curvarem minimamente em um sorriso tímido.

 

So I could take the back road

But your eyes'll lead me straight back home

And if you know me like I know you

You should love me, you should know

 

Estava claro que Ellijah não havia escolhido aquela música à toa. Como ele mesmo havia dito, parecia ter tudo a ver com o momento. O momento de Hunter e Natalie.

A castanha sentiu suas mãos tremerem minimamente enquanto a letra fazia cada vez mais sentido conforme saía da boca do rapaz dos cabelos de fogo. Era mais do que óbvio que Hunter havia contado o episódio da tempestade a Ellijah. Do contrário, seria impossível que ele escolhesse uma música com uma letra tão direta.

 

Friends just sleep in another bed

And friends don't treat me like you do

Well I know that there's a limit to everything

But my friends won't love me like you

No, my friends won't love me like you

 

A verdade é que Natalie não sabia responder sequer a uma das indagações que a letra daquela música tanto especulava. Por que é que ela se sentia tão sem controle e tão vulnerável ao lado de Hunter Saxton? Não, não era só atração, que era o que ela se obrigava a repetir ao seu subconsciente sempre que estava perto dele.

 

We're not friends, we could be anything

If we tried to keep those secrets safe

No one will find out if it all went wrong

They'll never know what we've been through

 

Hunter engoliu em seco e abaixou seu olhar por alguns segundos, completamente descompassado com o que Ellijah estava fazendo. Respirou fundo, tentando conter a tensão e a vontade de arrancar o violão do ruivo para acertar-lhe a cabeça.

 

So I could take the back road

But your eyes'll lead me straight back home

And if you know me like I know you

You should love me, you should know

 

Natalie relutou antes de finalmente fitar Hunter. Os olhares imediatamente se conectaram e ela pôde jurar que aquele verde enviava certos arrepios que lhe atingiam toda a espinha. Era impressionante como aqueles olhos eram capazes de transmitir tanta coisa.

 

Friends just sleep in another bed

And friends don't treat me like you do

Well I know that there's a limit to everything

But my friends won't love me like you

No, my friends won't love me like you

 

Aqueles olhos tão incrivelmente verdes, que na maioria das vezes emanavam raiva, luxúria, ciúmes, arrogância, desprezo, agressividade e ira... Também eram capazes de transmitir doçura, preocupação, tristeza, carinho, ansiedade, insegurança, afeição, desejo, paixão... e se olhasse atentamente, podia-se captar até... amor?

 

But then again, if we're not friends

Someone else might love you too

And then again, if we're not friends

There'd be nothing I could do

 

Agora tudo o que eles faziam era transbordar calor. Um calor que a fez se lembrar do corpo dele no seu momentos antes, naquele abraço que haviam compartilhado. Jurava que ainda era capaz de sentir os braços dele ao redor de si.

 

And that's why friends should sleep in other beds

And friends shouldn't kiss me like you do

And I know that there's a limit to everything

But my friends won't love me like you

 

Não conseguia interpretar o que aquele oceano verde-claro queria dizer, e sua única certeza é de que estava mergulhada nele. Mas naquele momento sentiu que não se afogaria como das outras vezes... pois era tempo de calmaria.

 

No, my friends won't love me like you do

Oh, my friends will never love me like you

 

Era verdade. Amigos dormiam em camas separadas. Amigos não se tratavam do jeito que ela e Hunter se tratavam. Não sentiam ciúmes do jeito que sentiam um do outro; não sentiam necessidade do toque... ou do olhar do outro. Amigos não se beijavam.

Ao final da última frase que Ellijah cantava, Natalie pôde concluir apenas uma coisa: ela e Hunter podiam ser qualquer coisa... menos “só amigos”, e isso era completamente e irrevogavelmente inegável. Por isso... pararia de negar aquilo a si mesma.


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Notas finais do capítulo

Hora de aceitar, porque doi menos né, Natalie, querida?!



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