Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 45
Capítulo Quarenta e Cinco


Notas iniciais do capítulo

Se alguém quiser a minha ajuda pra calar a boquinha do Hunter nesse capítulo, eu aceito, ok?



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Os primeiros segundos daquele momento pareciam infinitos. A tensão tinha se focado completamente em Hunter e Natalie, que se encaravam profundamente, e parecia que ninguém tinha coragem de quebrar o silêncio que reinava na sala do apartamento de Hans.

O loiro viu a veia do pescoço de Hunter saltar de onde ele estava sentado e se levantou do tapete no mesmo instante. Sabia que aquilo era mal sinal. A ação dele fez com que o castanho finalmente despertasse daquele momento e desviasse seu olhar do de Natalie para encarar o melhor amigo. Hans não precisou ouvir nenhuma palavra da boca de Hunter, pois sabia que aquele par de olhos verdes lhe pedia uma explicação, e rápida.

Natalie também acabou se levantando. Preferiu não pegar sua taça, que naquele momento jazia sobre a mesinha de centro. Olhou para os outros dois rapazes que haviam chegado e deu um aceno com a cabeça discretamente. Ambos lhe cumprimentaram de volta, tensos com a situação.

— Nats... – o irlandês começou com a voz um pouco rouca. – Desculpa... Eu não estava esperando que eles fossem vir aqui, e...

— Que isso, Hans... – ela deu um sorriso fraco. – Sem problemas, sério.

— Estamos atrapalhando alguma coisa? – Hunter perguntou de maneira ácida, franzindo a testa na direção do amigo e fuzilando-o com o olhar.

— Não! – Hans e Natalie responderam rapidamente, em uníssono. Entreolharam-se antes da castanha começar a falar sozinha. – Eu, na verdade, só vim devolver um livro que peguei emprestado.

Os olhos de Hunter se estreitaram ainda mais e Hans prendeu a respiração quando sentiu o olhar frio do castanho sobre ele.

— E quando foi que você pegou esse livro emprestado? – ele interrogou. Apesar das perguntas serem direcionadas a Natalie, Hunter não conseguia parar de encarar Hans. Estava possesso, porém, tentando manter o controle da própria voz. – Desde quando vocês andam... Conversando?

Hans olhou os amigos por cima do ombro de Hunter e viu que os dois apenas assistiam à cena em silêncio. Sabiam que não iriam interferir, mas a situação estava ficando cada vez mais desconfortável, principalmente para Natalie, que parecia encolher os ombros, sem graça.

Hans voltou a encarar Hunter, se aproximando dele.

— Hunter. – ele o chamou com um tom discreto de repreensão. – Não começa. – Lançou um olhar cauteloso e seguro ao amigo, como se pedisse que ele se acalmasse.

Natalie olhou os dois se encarando e sentiu que uma bomba iria explodir naquela sala a qualquer momento. Mexeu na costura da blusinha de alças que usava, tentando parecer tranquila.

— Ééé... Acho que tá na minha hora. – ela deu um sorriso fraco apenas com os lábios.

— Nats, fica. – Hans pediu quase como uma súpilica, olhando-a rapidamente e fazendo com que não apenas ela, mas todos ficassem surpresos com a atitude dele. – Na verdade é até bom que eles tenham aparecido agora, porque eu tô com uma ideia há alguns dias e queria compartilhar com vocês.

Os olhos de Natalie se arregalaram e ela passou a encarar todos na sala sem entender absolutamente nada. “O que diabos eu tenho a ver com a banda pra ter de ficar?”

— Agora sou eu quem não estou entendendo. – Thomas finalmente se pronunciou, aproximando-se do sofá. Luke o seguiu.

— Vocês lembram que o Steve estava desesperado atrás de alguém pra substituir o Gerard temporariamente? – todos continuaram a encará-lo, confusos. O loiro fez uma pausa um tanto quanto demorada, olhando para cada pessoa presente ali. – Eu vi as fotos de alguém que poderia ajudar muito a gente.

Após completar a frase, Hans lançou um olhar sugestivo a Natalie, o que fez com que Hunter, Tom e Luke, que antes o encaravam, também prestassem atenção na castanha, que naquele momento havia perdido a fala. (GIF)

— Eu?! 

— Por que não? Você fotografou a gente aquele dia no show... – o loiro explicou, gesticulando com os braços abertos. – E eu vi as fotos... São ótimas.

Natalie estava boquiaberta e não conseguia sequer raciocinar direito. Parecia que sua língua simplesmente havia se esquecido de como se movimentar para que ela pudesse falar. Por alguns segundos, seu cérebro falhou e ela pensou ter se esquecido de como falar inglês. Chacoalhou a cabeça e lançou um olhar reprovador a Hans.

— Não, não, não. Nada a ver, Hans. – ela tentou rir da situação, de tão nervosa que estava.

— Qual é, Natalie! – o irlandês chegou a flexionar os joelhos, inquieto. – Você tirou fotos incríveis, seu trabalho é incrível. – passou os olhos azuis pelos amigos e viu que eles o olhavam um tanto quanto descrentes. – Mostra as fotos pra eles.

— Não, não inventa. – ela se direcionou para pegar a bolsa que estava no sofá, mas Hans bloqueou seu caminho.

— Mostra pra eles, Natalie. For Christ sake! – olhou-a nos olhos. – Por favor. Eles vão gostar.

Natalie passou as mãos pelos cabelos nervosamente, jogando-os para trás. Respirou fundo, e ao olhar para o lado, viu Hunter a encarar seriamente. Não sabia decifrar se ele estava curioso ou irritado diante de tudo o que estava acontecendo. Logo ao lado deles, viu Tom e Luke estáticos, quase com a mesma expressão que o castanho.

A garota de sardas soltou o ar impacientemente, e voltou a olhar para Hans, que continuava a fitá-la com ansiedade. Torceu para que aquilo fosse apenas um plano de Hans para desviar a tensão anterior, mas infelizmente sua intuição dizia o oposto. Soltou um muxoxo de frustração e pegou o iPhone que havia deixado sobre a mesa.

— Você é chato pra caralho, sério. – ela o xingou enquanto desbloqueava a tela do celular e fazia o caminho para o álbum de fotos.

Hans sorriu e puxou o aparelho da mão dela com audácia, fazendo-a ranger os dentes de raiva. Os dedos dele passearam rapidamente pela tela, selecionando as quatro fotos que havia gostado daquela vez. Puxou o próprio celular do bolso e pareceu verificar algumas informações para redigitá-las no aparelho dela. Logo em seguida, o celular de Hunter, Luke e Thomas tocaram, informando a chegada de nova mensagem. Aquilo fez a boca de Natalie formar um “O” instantaneamente.

— Você não fez isso. – puxou o iPhone da mão de Hans. Sua voz trazia um tom reprovador.

— Ah, eu fiz. Mandei as fotos pra eles. – o loiro deu de ombros e observou os amigos mexerem nos próprios celulares.

Natalie sentiu suas pernas tremerem. Observou os três rapazes que estavam em silêncio, olhando as fotos que Hans havia acabado de lhes passar atentamente. Amaldiçoou toda a linhagem familiar do irlandês e desejou pular no pescoço dele. Viu expressões surpresas invadirem o rosto de cada um deles sem saber definir o que aquilo significava.

Depois de um certo tempo, todos eles a olharam atônitos.

— Foi você quem tirou essas fotos? – havia surpresa na voz de Hunter e ele não conseguiu sequer disfarçar. Aliás, nem se dera o trabalho de disfarçar. Ele pareceu dar uma risadinha fraca no final, abismado. Seus olhos verdes brilharam na direção dela e aquilo fez Natalie sentir suas pernas fraquejarem minimamente.

Assentiu em resposta. Estava morrendo de vergonha.

— Caralho, Nats... – foi a vez de Luke, ele se aproximou da garota. – Essas fotos estão sensacionais. Tem mais desse show?

— Tem! Essas foram as que eu mais gostei, mas tem uma mais foda que a outra. – Hans respondeu animado, no lugar dela.

— Mêu, é dela que a gente precisa! – Thomas quase gritou de animação. – Imagina a cara do Siteve quando...

— Eu acabei de mandar pra ele também. – o loiro interrompeu o amigo.

Os garotos, e agora Natalie, o fitaram. Ela quase desmontou no chão enquanto Hunter sorria de lado.

— Com que direito você manda as minhas fotos assim? – Natalie estava desesperada. – Eu não sou profissional, Hans! Meu Deus, vou ser execrada, você é maluco! – ela tentou avançar no loiro, mas ele mesmo a segurou, rindo. – Você tem noção do que fez?! Eu assisto X Factor, tá legal?! – os rapazes, inclusive Hunter, não conseguiram evitar rir dela diante daquele comentário. - O Steve vai acabar comigo, meu Deus! – se desvencilhou das mãos de Hans e tampou o rosto.

— Olha... – o loiro verificou a mensagem que acabava de chegar em seu celular. Os olhos azuis correram rapidamente pela tela. – Acho que eu não teria tanta certeza disso se fosse você.

Natalie destampou o rosto e Hans esticou o celular na direção dela.

 

Steve

Quero nome, sobrenome e contato do dono dessas fotos o mais breve possível. É exatamente o que eu estava procurando.

 

— Caralho! – ela tampou a boca.

Quis rir. Depois quis gritar, chorar, pular. Era uma onda de sentimentos invadindo o seu corpo. Viu o celular de Hans passar de mão em mão entre os garotos, que sorriam satisfeitos com o conteúdo da mensagem. Não podia acreditar que o empresário de uma banda... Aliás, que Steve Campbell, uma das pessoas mais exigentes da face da Terra, estava procurando por alguém como ela.

Ela respirou fundo, tentando conter toda a emoção e evitar um surto na frente da Elite Four inteira. Seus olhos cor de mel acabaram encontrando o verde dos olhos de Hunter quase que instantaneamente, e aquilo foi quase como um balde de água fria.

— Você vai aceitar, não vai? – a voz de Thomas a chamou de volta para a Terra. – Vai ser incrível. Imagina só você em uma turnê com a g...

Natalie pareceu engasgar ao ouvir a palavra “turnê”. Interrompeu Thomas mesmo instante.

— Não, vocês piraram?

— Olha, essa viagem de duas semanas pode ser um teste... Se você curtir, o Steve com certeza fecha contrato. – Luke sugeriu, ansioso.

Natalie deixou um riso anasalado escapar. Não conseguia sequer assimilar a expressão empolgada dos rostos que lhe encaravam. Nunca havia recebido uma proposta como aquela. No primeiro momento, quase pulara dizendo sim. Mas ao fitar Hunter, algo em seu estômago se mexeu desconfortavelmente. Como poderia aceitar?

— Gente... Eu... Eu não posso. Eu tenho muita coisa pra fazer... – ela viu os sorrisos irem se desmanchando. – Eu faço faculdade, trabalho em alguns dias da semana...

— E você acha que vai tirar foto de graça? – Hunter finalmente contra argumentou. – Você vai receber uma puta grana por isso, Natalie.

A palavra “grana” parecia ter sido acompanhada de sinos na cabeça de Natalie e ela engoliu em seco. O valor com certeza seria alto, considerando que a banda era a Elite Four. Mesmo assim, algo dentro dela a fazia recusar.

— Eu realmente não posso... Não posso simplesmente largar minha faculdade, tenho trezentos trabalhos pra entregar...

— Você só pode estar de brincadeira, não é? – todos se surpreenderam com o tom ríspido que agora saía da boca de Hunter, completamente diferente da voz calma que tentara convencê-la segundos antes. – Vai jogar uma oportunidade dessas no lixo?

— Eu não estou desmerecendo a proposta de vocês. – a castanha se virou para encará-lo. – Só que eu tenho uma vida cheia de responsabilidades, não posso simplesmente largar.

— É claro que pode... São só duas semanas, é um teste. – a marca de expressão que ela já não via há algum tempo deu logo boas-vindas.

É claro que não posso. – Natalie estreitou os olhos na direção de Hunter, começando a se irritar. – Não é assim que as coisas funcionam, Hunter. Eu não estou aqui por diversão.

— Estamos falando de trabalho aqui. – ele entortou o queixo, sério.

— Eu sei, só que já tenho muitas outras coisas que ocupam o meu tempo e...

Hunter deu uma risada debochada que a tirou do sério.

— Não vai me dizer que o motivo de você estar recusando essa oportunidade sou eu, Natalie.

Thomas, Hans e Luke arregalaram os olhos no mesmo instante em que ouviram a afirmação audaciosa de Hunter. Viram Natalie fechar o rosto em uma carranca e se aproximar do castanho para encará-lo.

— Não seja ridículo. – “Sim, você é o motivo”, o subconsciente dela gritou.

— Tá com medo de não resistir ter que ficar perto de mim, ou o quê? – Hunter a provocou, deixando um sorriso sacana se apossar de seus lábios enquanto seus olhos continuavam estreitados, observando-a imponentemente. Estava irritado com o fato de ela estar declinando a oportunidade. Só um idiota rejeitaria um trabalho como aquele.

Dessa vez foi Natalie quem riu, jogando a cabeça para trás. Estava incrédula.

— Você se acha o centro do universo, né, garoto? – ela puxou o ar com força. – Quer saber de uma coisa? Você é mesmo o principal motivo de eu recusar um trabalho como esse. Sabe por quê? Porque você me dá nojo. – parecia ter cuspido a última palavra enquanto o olhava com desdém de cima abaixo. Aquilo o fez torcer o rosto, ofendido. – E toda vez que eu chego perto de você, a única coisa que me dá vontade é de manter distância. Eu prefiro ser babá o resto da minha vida e não ganhar nem mesmo um quinto do que eu poderia ganhar aceitando esse trabalho a ter que ficar perto de você. – fez um grande esforço para usar um tom mais ameno para falar com os outros rapazes. – Me desculpem, mas acho melhor vocês encontrarem outra pessoa.

Antes que Hunter ou qualquer um dos garotos pudesse dizer mais alguma coisa, Natalie se direcionou ao sofá rapidamente, puxando a bolsa. Jogou a alça em seu ombro com certa brutalidade e foi para a saída.

Bateu a porta com tanta força ao sair, que os vidros da sanca estremeceram.

— Parabéns, Hunter. – Luke soltou inconformado.

 


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Notas finais do capítulo

Hunter... POR QUE, Hunter? hahahahah :x ♥



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