Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 40
Capítulo Quarenta


Notas iniciais do capítulo

Pra quem ainda não viu...

TRAILER OFICIAL: https://www.youtube.com/watch?v=uA8Q1FTaL5A



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Anna havia se aconchegado no sofá, já que Hans disse que ela era praticamente a convidada de honra daquela noite e não deveria ajudar a tirar a mesa.

Checou o celular para ver se Natalie havia lhe mandado alguma mensagem. Nada. Ficou pensando na amiga por alguns segundos enquanto observava Hunter e Tom molharem um ao outro com as mangueiras da pia. Gostaria que ela estivesse presente para ver como o castanho era de verdade. Os dois estavam sempre tão ocupados trocando farpas ou criando climas pesados que nunca haviam estado em um ambiente divertido como aquele juntos.

Seus pensamentos foram interrompidos quando ela sentiu lábios lhe beijarem o caminho entre o ombro e o pescoço, fazendo-a perder o ar.

— Não tive a chance de dizer o quanto você está linda esta noite. – ela ouviu a voz rouca de Luke no pé de seu ouvido, sentindo-se completamente arrepiada. Ele havia chegado por trás do sofá e apoiado seu corpo ali.

— Só essa noite? – ela perguntou baixinho enquanto olhava de esgueira para onde os outros rapazes estavam. Viu Hans e Hunter tirarem a mesa enquanto Thomas organizava as louças dentro da máquina. Não pareciam estar prestando atenção nela com Luke. Fechou os olhos quando sentiu o rapaz lhe mordiscar levemente o pescoço.

— Você sempre está linda, sabe disso. – Luke deu uma risadinha fraca e Anna sentiu a respiração quente dele contra sua pele.

A garota se afastou minimamente e o olhou apoiado no encosto do sofá. Deu mais uma olhada para os rapazes pelo conto do olho antes de puxar Luke pela camisa. Seus lábios foram para perto do ouvido dele:

— Gosta de provocar, é? – Anna começou com uma voz mais séria e arrastada enquanto sua mão deslizava sorrateiramente pela nuca de Luke e adentrava minimamente a camisa dele. Arranhou-lhe as costas de forma delicada, mas ao mesmo tempo provocativa, fazendo-o soltar o ar discretamente. Ele sorriu em resposta.

Afastou-se para voltar a fitá-lo. O moreno a fitava com os olhos estreitados e ela teve certeza de que se já não estivesse sentada, haveria desmontado no chão. Que ele era lindo, ela já sabia. Mas pegou-se estudando cada detalhe do rosto, as sobrancelhas grossas, os olhos castanho-escuros que pareciam lhe disseminar faíscas toda vez que a encaravam... Ou como o cabelo era tão bem penteado com as laterais raspadas... ou como aquela barba rala lhe arranhava delicadamente quando se beijavam... Como a boca dele era tão bem desenhada e preenchida nos lugares certos... Anna respirou fundo, tentando se controlar. O que estava acontecendo com ela?

— Gosto. – ele respondeu com um sorrisinho brincalhão. Agora foi a vez dele olhar para os amigos na cozinha, franzindo a testa. – Mas gosto ainda mais quando você me provoca.

Anna mordeu o lábio inferior enquanto se levantava. Rapidamente, ela deu a volta no sofá, apoiando-se de costas nele, quase sentando no encosto. Luke continuou na mesma posição, porém, agora encarando-lhe.

— Ah é? – seus rostos estavam bem próximos, os narizes roçando. Anna olhou os garotos por cima do ombro de Luke e sorriu quando viu que ninguém ainda prestava a atenção neles. – Que bom... Porque... – suas mãos deslizavam pelos ombros dele, fazendo-os ficar frente a frente. – Eu. Adoro... Provocar... – ela dizia pausadamente enquanto posicionava sua coxa entre as dele, deslizando-a para cima até que roçasse no cós da calça de Luke. Este prendeu a respiração enquanto a olhava sedento.

Fuck, Anna... – os dois riram baixo enquanto ela lhe lançava um olhar sugestivo e sapeca. Ele a puxou pela nuca lentamente para lhe falar ao pé do ouvido novamente. – Quero você.

— Mas nós não estamos a sós, L... – Anna levantou os ombros inocentemente.

— Não seja por isso. – ela o olhou, confusa. O rapaz aumentou o tom da voz. – Estou vazando, pessoal! – Anna segurou o riso quando o viu anunciar sua partida.

— Você quer ir também, Anna? – Hunter perguntou, descendo da bancada na qual estava sentado.

— Ela quer... – Luke virou-se para olhar os amigos. Anna apoiou o braço no ombro dele. – Mas comigo.

Hunter gargalhou, puxando a risada dos amigos atrás dele. Jogou o pano de prato em Luke, acertando-lhe o queixo.

— Sujos!

 

**

— Qual é, Aaroooon! – Natalie jogou o guardanapo de pano enquanto inclinava o corpo para trás na cadeira, gargalhando. – Você disse que não tinha sido tão ruim assim!

— O que queria que eu fizesse? Te desencorajasse? Você era caloura e era o seu primeiro link! – o rapaz segurava a própria barriga, tentando parar de rir, sem sucesso. – Foram quarenta e sete takes, Nats, quarenta e sete!

— É por essas e por outras que eu odeio ser repórter de tv. – ela cruzou os braços, fingindo estar emburrada, mas não aguentou e começou a rir novamente. – Nunca havia sido minha ambição. Depois desse dia, então... Traumatizada!

A risada dos dois se misturou na pequena mesa de jantar do apartamento de Aaron. Os dois estavam sentados, um ao lado do outro enquanto terminavam de comer a sobremesa. O rapaz sabia que Natalie não era muito fã de doces, mas se tinha uma coisa que ela não resistia, essa coisa era sorvete de baunilha com bolachas Oreo. E claro, ele não havia perdido a oportunidade de agradá-la naquela noite.

— Ah, qual é! – ele deu uma colherada de seu sorvete. Demorou alguns segundos até que ele engolisse. – O sr. Green vive dizendo que você fica bem no vídeo.

— Você sabe que não me sinto à vontade com esse lance de TV. É cheio de cagação de regra. Não pode usar o cabelo de um jeito, não pode usar roupa de tal jeito... Sem contar que fico me sentindo muito a atração do negócio, não sirvo pra isso. – ela balançou a cabeça negativamente. – Imagina ter que entrevistar uma celebridade? Acho que eu surtaria! Até esqueceria como falar inglês. – Aaron riu junto com ela.

— Eu diria que você tem um certo jeito com as celebridades. – o rapaz continuou no mesmo tom divertido, mas Natalie desfez o sorriso em seu rosto. – Hunter Saxton que o diga!

Natalie encarou sua sobremesa, que ainda estava pela metade. Hunter lhe veio à mente no mesmo instante em que Aaron pronunciou seu nome. O rapaz que sempre teve o dom de fazê-la esquecer do integrante da Elite Four foi o mesmo responsável por fazê-la se lembrar naquele momento.

“- Você não tem que sair com ele. Vamos ao jantar do Hans.” Lembrou-se do olhar de súplica que surgiu no rosto do castanho quando ele lhe pediu sinceramente que lhe acompanhasse no jantar de Hans, mas que mais parecia uma ordem. Um olhar tão tentador, mas tão breve... Assim como todos os momentos serenos de Hunter. O pior é que odiava admitir, mas gostava da explosão que era estar ao lado dele. De como sentia seu corpo sempre em chamas, sempre a ponto de entrar em erupção. Mas a sensação só era boa quando não estavam brigando, o que uma raridade.

— Natalie? – sentiu Aaron lhe tocar o braço e despertou de seu torpor. Piscou algumas vezes, forçando um sorriso ao rapaz que estava ao seu lado, ligeiramente inclinado em direção a ela. – Tá tudo bem?

— Tá, tá sim. Por quê?

— Te chamei umas quatro vezes. – ele riu fracamente. – Eu disse algo errado?

“Disse. Disse a porra do nome dele”, ela pensou.

— Não, claro que não. – mentiu, suspirando pesadamente e afastando a sobremesa com a mão. – Acho que já estou cansada desse sorvete. – riu sem humor.

— Natalie Kalkmann rejeitando sorvete de baunilha com Oreo? – Aaron fingiu estar surpreso e colocou a mão sobre a testa dela. – Tá doente?

— Besta! – ela bateu na mão dele de leve para afastá-la enquanto ria divertidamente.

Aaron também riu, fixando seus olhos verde-escuros no rosto dela, como se estudasse cada detalhe.

— Adoro a sua risada.

Natalie sentiu seu rosto queimar de vergonha. Aaron não costumava elogiar coisas tão características dela. Ele estava mesmo avançando o sinal que havia prometido..

— Hm, obrigada? – ela respondeu com um sorriso tímido, fazendo-o sorrir e abaixar a cabeça minimamente sem deixar de olhá-la. (GIF)

— Sei que não deveria, mas... – ele esticou o braço naturalmente sobre a mesa. – Acabei ficando muito feliz quando a Anna disse que o Saxton estava lá pra buscá-la... – Natalie sentiu um incômodo mesmo quando Aaron chamou Hunter pelo sobrenome, mas disfarçou. – Me ocorreu que você poderia ter ido com eles... E preferiu estar aqui comigo.

— Hm, é claro. – ela tentou sorrir. – Eu já tinha marcado com você, não desmarcaria nem se fosse um jantar com o papa! – riu fracamente, arrancando um sorrisinho dele. – Talvez se fosse com o Ellijah Scott... – ela meneou a cabeça.

— Ah, obrigado por isso. – Aaron fingiu estar ofendido, mas sorriu logo em seguida. Alcançou a mão de Natalie que também estava sobre a mesa e a acariciou.

A castanha foi pega de surpresa e achou que seria rude puxar a mão, então simplesmente prendeu a respiração. Olhou a mão dele sobre a sua. Um flash da mão de Hunter segurando a sua no episódio do carro atingiu sua visão, e ela sentiu falta de ver a conhecida tatuagem em forma de cruz no começo do pulso. Fechou os olhos por alguns segundos, tentando afastar aquela imagem de sua mente.

Quando os abriu, ficou surpresa em encontrar o rosto de Aaron tão próximo do seu. A mão dele agora foi de encontro ao seu rosto, acariciando-lhe a bochecha. Estava se sentindo péssima por deixar que a situação entre ela e o rapaz estivesse chegando naquele ponto, mas a verdade é que gostava dele. Não daquela maneira, mas gostava. Sempre teve medo de perder a amizade de Aaron.

Ele parecia completamente hipnotizado pelos olhos cor de mel que os encarava um tanto assustados. Avançou lentamente, diminuindo ainda mais o espaço entre eles.

Quando Natalie sentiu a respiração de Aaron torcar-lhe a pele indicando que estava próximo o suficiente já para beijá-la, virou o rosto lenta e minimamente, sentindo os lábios dele apenas em sua bochecha. Ela abaixou o rosto, um pouco constrangida. Não sabia como agir.

Aaron suspirou pesadamente. Estava ligeiramente frustrado, mas tentou disfarçar o quanto pôde.

— Desculpa... – ela tentava sorrir, mas não conseguia.

— Hey... – o rapaz a segurou pelo queixo, fazendo-a encará-lo. – Você não tem que pedir desculpas. Eu fui sincero quando disse que tentaria... E você foi sincera dizendo que não forçaria a si mesma para me corresponder. Eu sou paciente. – ele deu um sorriso torto. – O fato de você estar aqui já é muito importante pra mim.

Natalie pressionou os lábios, escondendo-os. Aquele dia já havia sido longo demais. Muita coisa havia acontecido e ela não havia tido tempo de processar tudo. Estava psicologicamente cansada.

— Será... Será que você pode me levar pra casa? Estou um pouco cansada.

Aaron piscou os olhos de uma forma um tanto quanto demorada.

— Tudo bem.

 

**

 

Anna e Luke se empurravam escada acima em direção do quarto enquanto beijavam-se com volúpia.

Vez ou outra, deixavam risadas escaparem entre os lábios, pois um deles sempre tropeçava nos degraus.

Luke colou o seu corpo no dela assim que chegaram ao topo. Passou a mão pelas costas da morena, acariciando-a.

— Não sabe o quanto eu quis fazer isso a noite toda. – ele comentou quase num sussurro, enquanto seus lábios roçavam pelo pescoço dela, fazendo-a arfar.

— E por que não o fez? – Anna perguntou provocadoramente, sentindo-se ser empurrada contra a porta do quarto que ela já conhecia bem.

Luke sorriu, envolvendo-a pela cintura e pressionando-a com força contra seu ventre. Anna roçou seu corpo no dele e sentiu-o excitado. Deu um sorriso sacana, mordendo os lábios, que na altura do campeonato, já estavam completamente sem batom.

As mãos dela correram pelo colarinho dele e alcançaram o terceiro botão da camisa – os outros já estavam abertos.

Começou a desabotoá-la com habilidade enquanto Luke deslizava as mãos por todo o tronco dela até alcançar suas nádegas e apertá-las com um pouco de força.

A morena passou as mãos pelo corpo nu dele, sentindo cada músculo tensionar conforme o tocava. Sorriu quando o viu acompanhar suas mãos e morder o lábio inferior, completamente entregue.

— Senti falta de você. – Luke sussurrou.

— Eu também senti a sua. – Anna respondeu lançando-lhe um olhar provocante.

Quando estavam próximos o suficiente da cama, Anna o empurrou com força, fazendo-o cair de costas sobre o colchão e ficar apoiado sobre os cotovelos.

— Vem aqui. – Luke a chamou enquanto um sorriso torto e sacana nascia em seus lábios.

Anna devolveu a expressão, engatinhando sobre ele.

 

**

 

Assim que Natalie chegou em casa, percebeu que não havia ninguém, pois todas as luzes estavam apagadas.

Puxou o celular da bolsa enquanto acendia a luz da sala para enviar uma mensagem à Anna, porém não foi necessário. A amiga havia lhe mandado uma mensagem cerca de uma hora atrás:

 

Anna

Não me espere, acabei esticando a noite no apartamento do Luke, o que significa… Né? Hahahaha

 

Natalie riu sozinha e balançou a cabeça negativamente. Viu outra mensagem dela que havia sido enviada apenas um minuto depois da primeira.

 

Anna

Mas não pense que esqueci a nossa conversa. Te vejo amanhã, babe.

Sabe que te amo. ♥

 

Aos poucos seu sorriso foi se desfazendo e ela acabou se jogando no sofá, ainda com o celular nas mãos.

Voltou para a página inicial de mensagens e desceu um pouco a lista de recentes, encontrando o nome “H.”, que ela sabia bem de quem se tratava.

Abriu e releu a última mensagem que havia recebido daquele contato:

 

H.

Espero sinceramente que o tempo com o seu amiguinho esteja valendo a pena pra você ter me trocado assim, tão fácil. Achei que você fosse diferente. Parece que eu estava enganado, não é mesmo?

H.

 

Suspirou ao se lembrar do dia em que recebeu aquela mensagem de texto. Foi o “divisor de águas” de tudo. Era impressionante que a cada dia que passava, Hunter parecia estar ainda mais presente em sua vida, mesmo sem realmente estar. Ele era uma celebridade! Por que diabos se importar tanto com a vida medíocre de uma imigrante que estuda na América?

Passou as mãos nos rosto, lembrando-se de como havia sido grossa com ele mais cedo. “Mas ele bem que mereceu”, seu subconsciente respondeu.

“- Esse cara só quer foder, Natalie.

— E se eu também quiser, Hunter? Qual o espanto? Só você pode?”

Sim, ele havia merecido. Hunter sempre usava um palavreado chulo e nunca se importava. Não que ela também se importasse… Mas havia certas coisas que ele realmente não a privava de escutar. E não era com relação aos palavrões, e sim com as insinuações que ele preconcebia sem se importar se ia magoá-la ou não. Hunter Saxton não pensava em mais ninguém além de si mesmo e no que lhe interessava.

Concluiu naquele momento que aquilo era o que realmente os separavam e os faziam ser tão diferentes. Não era o fato de ele ser mulherengo ou ser incrivelmente egocêntrico – porque ele realmente o podia ser –. Não era por ele usar vocabulário sujo ou ser famoso. Era simplesmente por se importar apenas com si mesmo e nada mais além. Justo quando Natalie Kalkmann era capaz de dar a vida por qualquer pessoa que ela amasse. Ou mover montanhas para ajudar até mesmo um conhecido. Porque muito do que ela fazia era sem esperar qualquer retorno.

E mesmo assim… Mesmo com toda essa diferença, mesmo com esse precipício que o separavam – inclusive o mundo que o rodeavam –, ela simplesmente não conseguia, por um segundo que fosse, tirá-lo de sua cabeça.

— Shit.


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Notas finais do capítulo

Quem achou que o beijo entre o Aaron e a Natalie ia rolar levanta a mão! É Aaronzito... Não foi dessa vez, quirido...

Gente! Quero pedir desculpas porque ALGUNS dos gifs estão rodando apenas uma vez... Estou com a versão zoada deles porque meu notebook com os originais está quebrado e preciso fazer o backup. Mas juro que em breve eu atualizo os que estão travadinhos!



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