Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 37
Capítulo Trinta e Sete


Notas iniciais do capítulo

Preciso recompensar vocês, então aí vai um BIG capítulo, beibes ♥
E não é só isso! Ao final do capítulo tem uma surpresinha pra vocês. Eu havia prometido faz um tempinho e acho que agora é a hora!



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Hunter acordou sentindo a claridade contra suas pálpebras, mas demorou alguns minutos antes de ter coragem de finalmente abrir os olhos. Quando o fez, sua visão deu de cara com um dia nublado através das enormes janelas de sua suíte. O cinza do céu se misturava com o cenário urbano dos prédios que formavam Manhattan. Pensou em como nem aquele tempo arruinava a imponência e a beleza daquela cidade.

Ainda de bruços, virou sua cabeça para o lado esquerdo e viu uma cabeleira escura sobre o travesseiro.

Depois do ensaio do dia anterior, foi a uma festa na casa de um amigo e saiu de lá com uma morena. A moça havia se insinuado a noite toda, e ele, óbvio, não perdeu a oportunidade. Costumava ser discreto nos lugares onde ia, por isso não investiu nela no meio da festa. Mas na hora de saída, a convidou para o seu apartamento. E ela aceitou sem nenhuma cerimônia.

Não havia planejado passar a noite com alguém daquela vez, mas a imagem de Natalie informando Anna que ia sair com o amigo da faculdade o deixou insanamente irritado. Como ela teve a coragem de dispensá-lo uma semana atrás depois de tudo o que havia dito... E aceitava sem nenhuma dificuldade o convite do outro? Não interessava se ele mesmo estava com outra garota no estúdio. Aliás, se a garota estava lá, era inteiramente culpa de Natalie.

Afastou os pensamentos antes que eles o consumissem. Lembrou-se que tinha um evento para comparecer às 11h e se levantou de uma vez, pegando a cueca que estava jogada no chão para vesti-la.

Foi até a pequena mesa de vidro e pegou o celular. Havia um punhado de mensagens dos rapazes. Soltou o ar de maneira impaciente quando a foto de Thomas apareceu subitamente na tela, indicando que ele o estava ligando.

Deslizou o dedo pela tela e colocou o aparelho na orelha.

— Hey.

E aí, garotão?

— Fala aí. – ele deu um meio sorriso.

Sabe que precisamos nos encontrar antes de irmos para o evento, né? Temos que nos preparar para as perguntas.

— O evento. - Hunter apertou os olhos. Havia se esquecido completamente. - Tô ligado. Só vou tomar um banho e encontro vocês.

O Steve agendou um café da manhã pra gente no Palace Hotel.

— Steve?

— Também conhecido como nosso empresário?

— Claro, Steve. - ainda estava sonolento. Mal conseguia formular as frases na cabeça. - Encontro vocês lá.

Assim que desligou, escutou um muxoxo vir da cama e olhou por cima do ombro.

— Bom dia, bonitão. – a morena se espreguiçou sem se levantar.

— Hey. – ele respondeu já com os olhos verdes voltados para as mensagens do celular novamente enquanto caminhava em direção do armário.

— Hmm... Acordou de mal humor? – ela sorriu, enrolando o lençol em volta corpo, logo abaixo das axilas.

— Não, mas tenho um compromisso daqui a pouco, então preciso tomar banho. – Hunter puxou uma toalha do armário.

— Adorei a ideia. – a moça se levantou ainda enrolada no lençol e foi até ele, que já estava quase entrando no banheiro.

Quando a viu se aproximar, virou-se e olhou-a de cima abaixo.

— Onde pensa que vai?

— Achei que gostaria de tomar um banho... – ela lhe lançou um olhar provocante, passando o dedo indicador na tatuagem de escrita “17BLACK”, que ficava logo abaixo de sua clavícula esquerda.

O castanho olhou o dedo da garota passear em sua pele sem muita vontade, depois voltou a encará-la.

— Sim... Eu vou tomar um banho. Por isso acho melhor você já se aprontar. – Hunter se afastou da mão dela e entrou no banheiro. A garota desfez o sorriso, deixando uma expressão estupefata tomar conta do rosto.

— Não pode estar falando sério.

Eu estou. ­— ela o ouviu responder. – Pode usar o telefone pra ligar na recepção. Eles vão pedir um táxi pra você. Não se preocupe, é por minha conta!

Ela bufou irritada enquanto ia em direção do telefone e escutava o chuveiro ser ligado no banheiro.

 

**

 

Natalie estava terminando de guardar alguns de seus materiais em um dos armários da NYU quando Aaron se aproximou.

— Hey!

— Hey! – Natalie sorriu ao ver o rapaz encostar-se nos armários ao lado.

— Como foi a aula de economia? – ele perguntou com uma expressão divertida no rosto. – Parece animada!

— Nem me lembre dessa aula, por favor. – ela soltou um muxoxo, rindo em seguida. – Na verdade eu fiquei animada na aula seguinte... Droga. – xingou quando alguns cadernos escorregaram de seu armário.

Aaron se abaixou para pegá-los.

— É mesmo? Por quê? – logo reuniu o material e se levantou, entregando tudo a ela.

— Obrigada. – ela soltou a mochila no chão e a prendeu entre as pernas enquanto reorganizava as coisas dentro do armário para que os cadernos coubessem devidamente. – Vamos produzir um programa ao vivo daqui duas semanas. Cada grupo ficou com um tema diferente para conseguir um entrevistado para falar sobre o assunto.

— Esse também foi um dos meus projetos favoritos. – ele sorriu. Seus olhos pareceram focar o horizonte como se ele lembrasse da ocasião.

— Claro que foi! Seu grupo conseguiu uma entrevista com a J.K. Rowling, cara. E ainda tiraram a nota máxima! Foi uma lenda. – ele sorriu timidamente ao ouvi-la, abaixando o rosto.

— Certo, mas eu estou falando do processo em si. – Aaron explicou. – Enfim, qual o tema de vocês?

— Música! – ele socou o ar em animação. – Eu sei, legal, né? Moramos em NYC, vai ser tranquilíssimo arranjar uma personalidade pra falar!

— Já tem alguém em mente?

— Pensamos na Kiera Pack... – Natalie comentou enquanto finalmente fechava o armário. – Queríamos aproveitar que ela mora na cidade e tal...

Aaron apoiou o queixo na própria mão enquanto o cotovelo se apoiava no outro braço, como se refletisse sobre a resposta da castanha.

— Sabe... Acho que temos o contato do pessoal dela lá na emissora e...

Natalie deu um pulinho, interrompendo-o.

— TÁ DE BRINCADEIRA?

Aaron não conseguiu evitar rir da reação da garota.

— Hoje é dia de eu comparecer no estágio, posso ver isso pra você.

Natalie avançou no rapaz no mesmo instante, pendurando-se no pescoço dele para abraçá-lo. Mesmo tendo sido pego de surpresa, Aaron correspondeu ao gesto, envolvendo a cintura da garota.

Ela havia ficado tão animada que acabou agindo por impulso para abraçá-lo, mas no mesmo instante percebeu o que havia feito e se soltou lentamente dele, completamente sem graça. Nunca o havia abraçado daquela forma.

Quando se afastou, viu o sorriso tímido, mas ao mesmo tempo animado de Aaron, com a cabeça minimamente abaixada. Natalie colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, sentindo o rosto queimar. Depois acabou rindo.

— Obrigada. Te devo mais uma!

— Não deve.

— Devo.

— Ok. Jantar amanhã, no meu apartamento.

— Fechado.

 

**

 

Anna avistou Natalie sentada na fonte do Washington Square Park e correu por entre os vários estudantes da NYU que estavam por ali, desviando dos grupos com facilidade. Já estava acostumada a fazer aquilo.

— Hey, miga! – ela chegou quase saltitando, parando de correr. – Te procurei em todo lugar! Esqueceu que marcamos de nos encontrar na frente do prédio principal?

— Hm, desculpa... – Natalie estava com os olhos vidrados na tela de seu iPhone, e sequer levantou a cabeça para encarar a amiga.

Whatever... – Anna rolou os olhos divertidamente. – Desmarque todos os seus compromissos na sexta à noite porque fomos convidadas para um jantar!

— Jantar? – o tom dela continuava sério sem nem desviar sua fixação do celular.

— Vai ter um jantarzinho na casa do Hans e ele chamou a gente e... Quer prestar atenção em mim, fazendo favor? – a morena lançou um olhar frustrado à amiga, colocando as mãos na cintura.

— Não vou a lugar nenhum que envolva Hunter Saxton, Anna. – ela finalmente olhou para Anna. Seu rosto estava murcho. Os olhos cor de mel emanavam certa raiva.

— Amiga, para com isso. – Anna soltou o ar pesadamente. – Sabe, eu andei pensando melhor, e acho que o que o Hunter está fazendo é tentar se enganar, sei lá... Vai ver ele tá vulnerável e foi atrás daquela vagabunda pra te esquecer e acabou se arrependendo quando te viu lá no estúdio. Você precisava ver como ele estava todo desconfortável mesmo beijando aquela cretina e...

— Bom, ele não parece nada desconfortável nessas fotos de ontem à noite. – Natalie interrompeu a amiga e esticou a tela do celular na frente do rosto dela. Sua voz carregava hostilidade.

Anna teve que fazer um esforço enorme para que sua mandíbula não se desprendesse de sua cabeça. Seus olhos castanhos escuros correram pelas três fotomontagens sequenciais que mostravam imagens de Hunter com uma garota morena, abraçando-a na frente de uma festa e indo em direção de um carro. A matéria datava do dia atual falando sobre a noite anterior, com o título “Hunter Saxton sai acompanhado de uma morena misteriosa. Devemos esperar por uma ruiva agora?”

Anna piscou várias vezes seguidas enquanto seu cérebro tentava processar a notícia. Olhou para Natalie totalmente incrédula. Viu que a amiga carregava um semblante que misturava decepção e raiva.

— É... Assim fica difícil defender esse idiota... – Anna finalmente soltou.

— Ele me dá nojo. – Natalie se levantou da borda da fonte na qual estava sentada enquanto guardava o celular no bolso da calça. – Quer saber? Foda-se, eu não ia nessa merda de jantar, de qualquer forma. Vou jantar no apartamento do Aaron amanhã.

A amiga engasgou depois de ouvir as palavras de Natalie e apressou os passos para acompanhá-la.

— Oi? Perdi alguma coisa?

— O Aaron vai me ajudar a trazer a Kiera Pack pro meu programa ao vivo... E eu quis agradecê-lo com um jantar.

— Bom, se quer agradecer, agradeça direito, com uma transa marav...

Natalie esticou a mão na direção da Anna para que ela parasse de falar.

— Dispenso seus comentários hoje, Anna... – a voz da garota trazia cansaço. Anna sabia que era por causa do que ela havia acabado de lhe mostrar.

— Certo, desculpa, bebê. – Anna passou o braço por cima dos ombros da amiga para saírem abraçadas dali.

 

**

 

Assim que Hunter adentrou o restaurante do Palace Hotel, avistou os amigos sentados à mesa. Viu que Steve não estava junto deles. Provavelmente estava a caminho.

Assim que se aproximou da mesa, notou a expressão dos três: Luke apoiava os cotovelos sobre a mesa de forma instigante; Thomas estava esparramado em sua cadeira, os braços cruzados sobre o tórax; e Hans mordia o lábio superior. Todos o olhavam sugestivamente.

— Hey... – ele se sentou, ainda olhando o semblante de cada um. – Que foi? Que que eu fiz agora?

Thomas apenas puxou o celular do bolso, desbloqueando a tela. Deslizou o aparelho pela mesa até que este chegasse ao alcance dos olhos de Hunter, que se atentou em olhá-lo.

Viu fotos da noite anterior com uma garota morena. A mesma garota que havia acordado em seu apartamento naquela manhã. Prendeu a respiração ao ler o título: “Hunter Saxton sai acompanhado de uma morena misteriosa. Devemos esperar por uma ruiva agora?”. Quando voltou a olhar os rapazes, Hans franziu a testa como se pedisse uma explicação.

Oops. – o castanho subiu os ombros em sinal de defesa.

“Oops”? – Luke começou. – Isso é tudo o que tem a dizer?

— O que quer que eu diga? Acho que as fotos já falam por si. – Hunter tentou sorrir de lado na tentativa de arrancar risos dos amigos, mas foi totalmente falho. – Conhecem alguma ruiva? – ele tentou novamente. Viu Hans se mexer desconfortavelmente na cadeira.

Seriously? – vociferou Thomas.

— Foi só uma transa, qual é...

— É, só uma transa, Hunter. – Luke quase não o chamava pelo nome, o que significava que ele estava realmente irritado. – Lembra o que combinamos? Nunca dar mole assim um dia antes de uma entrevista. – Hunter bateu a mão na testa como se agora a irritabilidade deles fizesse todo o sentido. – Agora essa porra que você fez vai ser o foco da coletiva de hoje. Demais, né? – ele deu um sorriso irônico.

— Foi mal, sério. Eu esqueci completamente. – Hunter passou a mão pelos cabelos nervosamente, jogando-os para trás. – Eu só me lembrei da entrevista hoje, juro.

— Steve foi resolver uns negócios, estará aqui em cinco. – comentou Hans com a voz cansada. – E só digo uma coisa: a voz dele não estava nada boa no telefone, então se prepare.

Hunter mordeu o lábio inferior em resposta. Olhou para baixo e amaldiçoou-se mentalmente. Sabia que havia arruinado tudo, mais uma vez. Os garotos nunca foram exigentes ou duros com ele. Muito pelo contrário... Sempre o acobertaram, mas aquela era uma das únicas regras entre eles, e Hunter não foi capaz de respeitá-la. Sentiu-se um idiota.

Quando levantou o rosto, viu Steve já se sentando na mesa e sentiu a própria mandíbula ficar tensa. Respirou fundo, se preparando para o que viria a seguir.

— Bom dia, comedor. – o empresário começou com o seu sotaque britânico ainda mais forte e ácido do que o deles.

— Bom dia... – Hunter respondeu baixo e receoso, como um adolescente responde ao pai depois de ter enchido a cara e destruído o carro dele em alguma árvore.

— Espero que seus cinco segundos de coito tenham valido a pena ontem à noite. – Steve jogou uma revista sobre a mesa. Fotos exatamente iguais as que ele vira no celular de Thomas foram esfregadas em seu nariz mais uma vez. – Está em todos os lugares.

— Steve, eu...

— Guarde suas desculpas, Hunter. – o homem o olhou sério. – Não é a primeira vez que isso acontece e você sabe as regras. – Steve respirou fundo, contendo a paciência. – Agora o que temos a fazer é pensar em maneiras de driblar as perguntas cretinas que virão a seguir.

Hunter pressionou os lábios em uma linha fina, olhando os companheiros da banda. Todos estavam com as cabeças abaixadas, apenas ouvindo Steve. Ele assentiu em resposta.

— Não vai mais se repetir. – o castanho finalmente falou depois de limpar a garganta.

— Eu espero mesmo. – Steve tomou um gole de seu Martini.

 

**

 

Natalie e Anna preparavam um bolo quando o celular da morena tocou sobre a bancada e ela correu para atender.

— Hey, L! – ela sorriu, animada. Natalie olhou para a amiga de canto, curiosa. – Ah, é hoje? Vai passar ao vivo? – a castanha logo supôs que “L” era Luke. Voltou sua atenção para a massa do bolo. – Que canal? – Anna correu para a televisão, ligando-a com o controle. – Que horas? Tá! Já estou ligando aqui! – ela riu, dando alguns pulinhos enquanto apertava o botão que mudava os canais rapidamente. – Kiss kiss!

Anna deixou a televisão ligada e aumentou o volume, já se dirigindo de volta para a cozinha, de onde era possível ver a televisão perfeitamente, já que a única divisão entre os dois ambientes era a bancada.

— Tá tão próxima assim que ele já liga pra você assistir entrevista dele? – Natalie debochou enquanto verificava a quantidade de farinha no livro de receitas que elas estavam montando desde que começaram a morar juntas.

— HA-HA-HA. Muitíssimo engraçado. – Anna lhe fez uma careta, arrancando risadinhas da castanha. – Saiba que somos friends with benefits, não tem nada demais. Além do quê, é uma coletiva importante, vão falar do novo trabalho que eles vão começar em breve. – Anna puxou os demais ingredientes do armário.

Friends with benefits? E por acaso o Luke tá sabendo disso? – Natalie havia ignorado completamente o restante da frase, o que irritou Anna.

— É óbvio.

— Vocês falaram isso?

— Natalie, algumas coisas simplesmente não precisam ser ditas, querida. – Anna soltou o ar impacientemente, tomando o pote da mão da amiga para ela mesma misturar a massa.

— Hey!? Irritadinha. – Natalie riu enquanto ligava o forno no modo “pré-aquecer”.

 

**

 

Natalie finalmente retirava o bolo do forno com duas luvas térmicas e o colocava sobre o descanso de panela que havia depositado sobre a bancada.

— Anna, já podemos começar a confeitar o bolo! – ela gritou enquanto pegava os sacos de confeitar e os diferentes bicos nas gavetas.

Anna veio correndo do quarto, mas parou em frente à TV.

— Vai começar a coletivaaaa. – ela aumentou ainda mais o volume, fazendo Natalie rolar os olhos.

Geeez, Anna. Você é surda? Abaixa isso um pouco, pelo menos! – Natalie pegou as espátulas e a cobertura. – Escuta aqui, você quem inventou de fazer esse bolo, então dá pra vir ajudar?

Dessa vez foi Anna quem rolou os olhos e foi até a amiga, dando a volta na bancada para poder assistir à televisão enquanto ajudava com o bolo. Pegou uma das espátulas, mas ficou de olho na TV. Natalie respirou fundo impacientemente e começou a passar a espátula sobre o bolo. Porém, seus ouvidos estavam ligados ao som, e hora ou outra olhava para a tela disfarçadamente, vendo os garotos se ajeitando na mesa da coletiva.

Luke, Luke! ­— um repórter o chamou primeiro, e ele olhou para o lugar de onde parecia vir a voz. – Como andam os preparativos para o novo álbum?

Estamos fazendo tudo com calma e organização porque ainda temos mais três shows antes de oficialmente começarmos a produzir... — Anna sorriu, prestando atenção. – Mas essa semana já nos reunimos para decidir O QUE vai ser.

Devemos esperar muitas mudanças? ­­— a voz de uma mulher emplacou a pergunta.

­- Com certeza! — dessa vez quem começava a falar era Thomas, apoiando as mãos na mesa. – Queremos trazer um som diferente e letras mais pessoais.

O Steve concordou com isso?— a mesma mulher perguntou.

Apesar do jeitinho amigável do Steve... — Thomas brincou, arrancando risadas dos repórteres. – Ele é um cara incrível para se trabalhar. Ele sempre nos deu liberdade de escolha e espaço para darmos nossas ideias. É um trabalho em equipe.

Hunter, Hunter! ­— Natalie ficou tensa ao ouvir uma repórter chamar o nome dele, mas tratou de focar seus olhos no bolo. – Se as letras serão mais pessoais... O que devemos esperar? Músicas sobre os muitos amores da Elite Four?­

A boca de Anna formou um “o” e Natalie não conseguiu evitar olhar para a televisão naquele instante, sentindo a tensão da sua mão sobre o bolo. Hunter pareceu engolir em seco antes de responder.

Com certeza. Já tivemos algo um pouco próximo disso com o clipe “Story Of Us”, falando um pouco da nossa família, mas a letra não era necessariamente sobre isso. Vimos que o clipe em si trouxe grande retorno e nossos fãs gostaram bastante, então resolvemos apostar nisso.

— Olha só! Não é que o safadinho está bem preparado pra driblar as perguntas inconvenientes? – Anna gargalhou, finalmente ajudando Natalie a cobrir o bolo. A castanha apenas levantou as sobrancelhas.

— Ele é um jogador, Anna... Tem que saber dançar conforme a música. Se faz merda, tem que aprender a resolver. – ela alfinetou.

E as letras românticas?— um jornalista perguntou.

Fiquem tranquilos, porque não perderemos nosso romantismo! — brincou Hans, segurando o próprio microfone que estava sobre a mesa enquanto era possível ouvir risadinhas da imprensa. Natalie sorriu diante da resposta do loiro. Achava Hans um amor.

Falando em romantismo... — Natalie olhou para a tela e viu Hunter tensionar a mandíbula. – Como está o coração de vocês?

Batendo!­ — Luke respondeu em tom de brincadeira. Mais repórteres riram. Aliás, até Anna riu.

Mas e as namoradas?

— Hm... – começou Thomas. – Voltamos de uma turnê há pouco. Foi tanto tempo na estrada que acho que até perdemos o jeito com as garotas. — os meninos riram, puxando risadas dos jornalistas.

— Cara, esses jornalistas são uma merda! – Natalie comentou enquanto depositava chantilly no saco de confeitar. – A porra do trabalho deles é a música, não a vida íntima.

— Tenho que concordar com você nessa. – Anna lambeu a espátula que já não estava mais usando.

É difícil de acreditar que algum de vocês tenha insegurança com relação a garotas... Vocês têm? — a mesma repórter perguntou. – Quer dizer... Hunter, disseram que você não compartilha desse medo, é verdade?

Nesse momento, o olhar dos outros três integrantes foi direto para Hunter, e Anna e Natalie poderiam dizer, pelo mínimo que os conheciam, que eles estavam completamente desconfortáveis com a situação que se iniciava ali.

Hunter limpou a garganta antes de começar a responder.

Hm, todos temos inseguranças... Acho que é algo completamente normal em um ser humano. — ele voltou a pressionar a mandíbula, deixando-a em evidência. O sinal de expressão entre suas sobrancelhas começava a renascer em seu rosto, deixando-o com um semblante duro.

Bom... Você foi capa de duas edições de uma revista em apenas duas semanas saindo com garotas diferentes.— Natalie deixou o bico que estava rosqueando no saco de confeitar cair no mesmo instante, pois seus olhos estavam vidrados na televisão. Parecia que estava tão tensa quanto todos eles. – Além delas, fontes seguras confirmam que você também foi visto com outras duas garotas diferentes... O que totalizam quatro em um só mês, não é?

Natalie reparou que o peito de Hunter subia e descia rapidamente, mas ele parecia tentar manter o controle. Pegou a garrafinha de água, desrosqueando a tampa.

Uau, você é boa em matemática! — embora o tom do castanho tivesse sido de brincadeira, Natalie pôde jurar que havia uma ponta de acidez britânica naquela resposta. Os repórteres riram enquanto Thomas, Hans e Luke davam sorrisos forçados.

— Isso não vai prestar... – Anna comentou, contendo um riso nervoso.

A mão de um outro repórter apareceu na câmera, pedindo permissão para perguntar, e Hunter apontou para ele.

Poderíamos dizer que esse seu grande número de envolvimentos em apenas um mês seria a tentativa - frustrada - de encontrar o amor da sua vida?

Dessa vez, os quatro encararam a multidão de repórteres com expressões sérias. A imprensa não estava pegando leve. Hunter demorou alguns segundos, como se decidisse se responderia aquilo ou não. Natalie o imaginou virando a mesa na direção dos jornalistas e saindo dali. O saco de confeitar continuava em suas mãos sem ela fazer nada.

Não é como se eu estivesse procurando por alguma garota... Se eu encontrar alguma que eu goste... – Thomas acabou tossindo propositalmente, provocando o castanho dessa vez. E todos, inclusive os garotos e o próprio Hunter acabaram rindo. Anna riu imaginando que estavam falando de sua melhor amiga e Natalie rolou os olhos. - De qualquer forma, estamos nos focando no nosso próximo projeto, não é? Que, aliás, começa a ser produzido em duas semanas... E é por isso que estamos aqui, certo? — ele tentou dar o seu sorriso mais simpático, o que pareceu funcionar.

Desculpe pelas perguntas tão invasivas... — o mesmo repórter disse, rindo fracamente. - Todo mundo só tem falado disso, então eu precisava perguntar!

Precisava? — dessa vez Hunter não conseguiu conter o sarcasmo.

— Meu. Deus. – Anna levou a mão na boca, estupefata. – Gente, os repórteres não dão uma folga!

— Sabe que odeio esse tipo de “jornalismo”, mas... Ele bem que mereceu. – Natalie finalmente começou a decorar o bolo.

— Natalie?! – Anna a repreendeu, segurando o riso.

— Ninguém mandou ele ser um babaca assumido.

 

**

 

Assim que os rapazes adentraram uma das saletas alugadas por Steve no Palace Hotel, Hans se jogou no sofá, sentindo a tensão abandonar o corpo.

— Caralho, que entrevista foi aquela... Acho que nem quando fizemos a nossa apresentação oficial à imprensa me senti tão assustado.

— É, foi bem pesado, mesmo. Bomba de todos os lados. - Thomas comentou antes de morder a maçã que havia pego da cesta de frutas sobre a mesinha.

— E a quem devemos essa experiência? - Luke lançou um olhar sugestivo e irônico a Hunter, que lhe levantou as sobrancelhas cinicamente em resposta.

— Sério mesmo, Luke? - o castanho fechou o cenho.

— Ele tem razão. - Steve respondeu enquanto entrava pela porta, assustando a todos. - Tenho que admitir que ao menos você trabalhou relativamente bem na hora de se esquivar. - Hunter deu um sorriso vitorioso a Luke, que rolou os olhos. - Mas não significa que esqueci o porquê disso tudo acontecer, Hunter. E eu sinceramente espero que isso não se torne um problema mais uma vez. - Steve continuou sério, estreitando os olhos escuros na direção de Hunter, que assentiu levantando a mão em sinal de promessa. - Ótimo... Porque temos um probleminha maior pra resolver.

Todos pararam instantaneamente e olharam para Steve no mesmo momento enquanto a apreensão tomava conta de cada um.

— Problema? Como assim, Steve? - Hans se reposicionou no sofá, sentando-se para olhar o empresário.

O homem passou o polegar e o dedo indicador pelo contorno dos lábios seriamente. Andou de um lado para o outro uma única vez, como se tentasse pensar em uma solução para o problema sem nem ao menos lhes contar.

Geeez, Steve! - até Hunter estava ficando agoniado com o mistério que ele estava fazendo.

Steve colocou as mãos na cintura tentando relaxar e falou de uma vez.

— Tivemos um incidente com o Gerard, o fotógrafo da banda. - os rapazes o olharam sem entender nada. - Ele acabou de me ligar do hospital, dizendo que estava em um projeto fotográfico que envolvia altura... - os olhos dos meninos se arregalaram. - E ele acabou quebrando o fêmur.

Fucking shit. Ele tá bem? - Thomas estava perplexo.

— Agora está, mas... Isso significa que estamos sem o nosso fotógrafo de confiança para os últimos shows, a produção E para a futura tour de lançamento.

— O quê? - Hunter ficou estupefato diante da revelação.

— Curar um fêmur não é assim tão simples. - Steve explicou. - Ele está sendo submetido a uma cirurgia nesse exato momento. Depois terá que ficar imobilizado por sabe-se lá quanto tempo. Isso sem contar a fisioterapia. A recuperação completa dele pode demorar, sendo otimista, até seis meses.

— Meu Deus. Ele trabalha com a gente desde que começamos! - comentou Hans, explicitamente preocupado. Gerard era como parte da banda.

— Sim, eu sei. Vai ser muito difícil encontrar alguém tão bom quanto ele. É até estranho admitir, mas gosto tanto do Gerard quanto do trabalho dele.  - Steve acabou confessando, o que surpreendeu os garotos. - E vai ser complicado achar alguém que tope assim, de última hora, um trabalho de duas semanas pra agora. - ele apoiou a mão sobre a mesa de alimentos. - Isso sem contar que tem muito fotógrafo duas caras que acaba vendendo o trabalho que não deveria para revistas. Não podemos correr o risco... Principalmente depois dessa entrevista. - ele lançou um olhar reprovador que Hunter fez questão de ignorar.

— E agora? - Luke abriu os braços.

— Agora eu vou me foder pra resolver isso o quanto antes. - Steve suspirou pesadamente enquanto os encarava.


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Notas finais do capítulo

Eita, que essa entrevista deu o que falar, nénom?

Sobre a surpresa: https://www.youtube.com/watch?v=uA8Q1FTaL5A :x Espero que gostem, comentem (aqui e lá), dêem uns likezinhos, compartilhem e espalhem o amor de Natalie e Hunter (que no momento tá mais pra ódio, néam).

Estou pensando em fazer um usuário e uma página no Facebook para a história. O que acham? Se manifestem, please ♥



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