Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 36
Capítulo Trinta e Seis


Notas iniciais do capítulo

Nem sei como começar isso, então vou ser direta e reta: Desculpa. Mil vezes desculpa por ter simplesmente evaporado dessa maneira. Já nem sei se ainda tenho leitores depois dessa falta de consideração que tive, mas se vocês ainda estiverem aqui, me perdoem.

Muita coisa aconteceu na minha vida pessoal. Sei que não é justificativa, até porque tenho um bom número de capítulos prontos e que eu poderia muito bem tê-los postado. Mas se tem uma coisa que eu odeio é fazer as coisas por obrigação. Sei que tenho um certo tipo de obrigação com vocês, mas gosto de coisas feitas com o coração. E é com esse coração que peço inúmeras desculpas. Sempre odiei autores que sumiam sem dar satisfação e não davam continuação à história. E eu não quero nem serei um deles. Essa é uma promessa ♥

Espero que não tenham se esquecido dos nossos queridos Hunter e Natalie, porque eles estão de volta ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696872/chapter/36

O humor de Hunter mudou completamente depois que Natalie deixou o estúdio. Seu rosto se fechou em uma carranca e não falou com mais ninguém - a não ser que se pronunciassem diretamente a ele. Uma hora a garota se pendurava em seu pescoço e ele se desvencilhava; outra hora ele a beijava explícita e exageradamente sem nenhum pudor, o que fez Anna agradecer aos céus por Natalie ter decidido ir embora a ter de presenciar aquela cena.

O castanho havia perdido até a vontade de ensaiar, mas não podia simplesmente abandonar a banda. Cantou suas partes e não fez sequer uma brincadeira das que estava acostumado a fazer para irritar os amigos.

Ficava nervoso só de lembrar que Natalie havia dito que ia ao cinema com o tal Aaron. Parecia que ela havia seguido em frente tão bem quanto ele – ao menos ele estava tentando transparecer aquilo para os amigos e a todos os outros ao redor. Além da loira com quem estava saindo, havia dormido com mais duas garotas entre a última sexta e a atual quarta-feira. E mesmo se satisfazendo sexualmente, algo não parecia igual – o que o consumia insanamente.

Agradeceu a Deus quando a loira anunciou que precisava ir embora por causa de um outro compromisso e se despediu dele com mais um beijo descarado que fez Anna torcer o rosto e lançar um olhar surpreso a Luke, que apenas abaixou o rosto em resposta, balançando a cabeça em reprovação.

Ao fim do ensaio, os garotos se reuniram no canto do estúdio enquanto Anna se distraiu conferindo as redes sociais no iPhone, afundada no pufe do outro lado da sala.

— Em duas semanas começa a nossa pausa de shows para a produção do novo álbum. – lembrou Thomas.

— Sim... Mas antes disso temos um show em New Orleans e mais dois na Califórnia. – acrescentou Hans, sentando-se sobre uma das maletas de instrumentos e apoiando o cotovelo em outra ainda maior.

— Precisamos mandar a ver nessa nova produção, fazer algo diferente. – Luke comentou enquanto se sentava ao lado de Hunter sobre um outro baú.

— O que você sugere? – Hunter finalmente se pronunciou, o que acabou surpreendendo os amigos. Trataram de disfarçar.

— Acho que coisas mais pessoais, talvez. – respondeu Luke. – Precisamos fazer com que as nossas fãs se sintam mais próximas da gente através das nossas letras.

— Hm, não sei. – Hunter abaixou o olhar. (GIF)

— Luke tem razão. – Thomas acabou pontuando. – Acho que estamos estabilizados e seguros o suficiente para arriscar nas letras. Não precisamos sempre ser a boy band fofinha.

— Pode ser uma boa ideia. – Hunter concordou, cruzando os pés que pendiam no ar. Sua voz demonstrava total desinteresse no assunto.

— Que cara é essa, H? – Luke finalmente resolveu perguntar em um tom mais baixo para que Anna não conseguisse ouvir de onde estava. No entanto, acabou não sendo bem sucedido, pois a morena tratou de prestar bastante atenção disfarçadamente.

— Que cara? Tô de boa. – ele respondeu.

— Foi porque a Nata... – a pergunta de Hans foi interrompida no mesmo instante, quando Hunter desceu do baú no qual estava sentado.

— Nem começa, Irish. Não inventa. – desceu do baú e foi em busca de uma garrafinha de água perto de Anna.

Os olhos verdes de Hunter cruzaram os da garota, que não conseguiu evitar encará-lo de volta com certa curiosidade, estreitando os olhos.

— Posso ajudar? – ele franziu a testa, olhando-a. O tom dele não havia sido cínico, milagrosamente.

— Eu quem pergunto. – ela parou de digitar no celular para encará-lo melhor.

Hunter negou com a cabeça antes de voltar para os amigos.

— Vê se aprende a falar mais baixo, Lukamy. Sua namoradinha tá aqui, se você não se lembra. – ele repreendeu o moreno com a voz mais baixa antes de tomar um gole de água da garrafa. Limpou a boca com as costas da mão.

— Qual o problema? – Luke começou a falar no mesmo tom que o amigo. – Se não é por causa da Natalie, não tem porque você ter essa neura da Anna escutar alguma coisa. A não ser que seja mesmo por causa da Natalie...

— Não é por causa dela, droga. Tsc tsc. – ele balançou a cabeça levemente incomodado. – Ela sai com quem quiser.

— Concordo. – Thomas assentiu, o que fez Hunter olhá-lo com os olhos arregalados, sentindo-se traído. Como ele poderia concordar com aquilo? – Ainda mais depois de ela ter visto a sua amiguinha aqui. Qual o nome dela mesmo?

— Como é? – o castanho estreitou os olhos verde-claros para o amigo.

— Graças a Deus ela não ficou aqui pra ver essa menina quase engolindo a sua boca. – comentou Hans, ignorando completamente a expressão surpresa de Hunter.

— Vocês são impressionantes. – Hunter os olhou com desgosto antes de sair dali, fazendo todos os outros se entreolharem.

— Tem alguém machista e com ciúmes aquiii... – cantarolou Thomas.

 

**

 

Sair com Aaron realmente fazia bem a Natalie. Odiava admitir, mas o rapaz sabia como mantê-la entretida e sempre a fazia rir e esquecer os problemas – o que na opinião dela, na altura do campeonato, era essencial.

Assim que entrou no carro dele, esqueceu-se completamente da dor em seu peito depois de ver Hunter com a garota da revista. Era como se nada daquilo fizesse realmente parte da vida dela. Na verdade, toda vez que ela parava para pensar naquela história maluca, concluía que Hunter jamais faria parte da sua vida pelo simples fato de ele ser Hunter Saxton. Ele não possuía uma vida normal, nem uma rotina normal – muito menos relacionamentos normais.

Assistiram ao filme ao qual ela estava louca para ver desde que saiu o anúncio de lançamento. Divertiram-se e conversaram sobre tudo – ou quase tudo. Era incrível como o tempo passava rápido. Depois Aaron a levou até a residência dos DiLaurentis mas acabou ficando e levando Natalie e Georgia para tomarem um Frozen Dunkaccino no Dunkin ‘n Donuts, o que ele já sabia ser o favorito da castanha. No final do expediente, o rapaz ainda a levou de volta para casa.

Quando Natalie desceu do carro, Aaron também o fez. Deu a volta no automóvel e a garota o olhou confusa.

— Esqueci alguma coisa no carro de novo? – ela torceu o rosto em uma careta divertida.

Aaron riu fracamente.

— Hm, não... Na verdade não. – o rapaz colocou as mãos nos bolsos das calças timidamente. – Eu só... Esqueci de dizer o quanto me diverti hoje.

Natalie sorriu docemente em resposta.

— Eu também me diverti muito, estava realmente precisando disso. Então obrigada, como sempre. 

Aaron lhe lançou um olhar doce e um tanto quanto significativo, sorrindo mais com os olhos verdes do que com os lábios, e Natalie não conseguiu evitar o contato visual. Sorriu timidamente de volta. (GIF)

Fazia tanto tempo que não se sentia em paz...! Aaron era capaz de lhe trazer a calmaria que Hunter havia arruinado em pouco tempo, sem nem saber. Aliás, havia se esquecido do que era ser tratada com afeto.

Quando notou que ainda estavam se encarando, Natalie finalmente quebrou o clima, olhando em direção da própria bolsa, em busca das chaves.

— Bom, eu preciso ir. Aula de economia amanhã, logo no primeiro horário. – ela torceu o rosto divertidamente.

— Imagino o quão deve estar animada... Sei do seu amor secreto pelos números. – ele brincou.

— É, só que não. – ela gargalhou. – Até mais, então.

— Até. – ele sorriu enquanto a assistiu adentrar o prédio.

 

**

 

— Hmmm, não acreditooo! – Natalie já esboçou um sorriso assim que adentrou o apartamento e viu Anna abrindo o forno do fogão com uma luva térmica. Jogou a bolsa no sofá e começou a fungar enquanto se aproximava da área da cozinha. – Me fala que essa não é a receita da torta de frango da minha mãe!

— Tá bom, então não é. – Anna brincou enquanto puxava a forma para fora do forno. As duas fungaram em cima da torta, rindo em seguida.

— Alguma ocasião especial? – Natalie finalmente se sentou em uma das banquetas altas da bancada, apoiando os cotovelos.

Anna depositou a forma sobre o descanso de panela que estava no meio da bancada já com uma espátula de inox na outra mão. Olhou a amiga por baixo, tentando disfarçar.

— Hm, não... Por que haveria? – a morena viu que Natalie a encarava.

No mesmo momento, o sorriso da amiga começou a se desfazer. Sempre que Anna fazia alguma receita surpresa do Brasil, era porque queria dar alguma notícia ruim e queria agradá-la.

— O que aconteceu, Anna? – ela perguntou de uma vez, olhando seriamente para a melhor amiga.

— Não é nada, Nats, que coisa... – Anna cortou um pedaço da torta e colocou no prato que estava na frente de Natalie. – Não posso mimar a minha melhor amiga de vez em quando?

— Quando quer me mimar, geralmente você me avisa para se gabar e esfregar na minha cara sobre como você é a melhor amiga do mundo. – a castanha levantou a sobrancelha enquanto Anna pegava um pedaço para ela. – Fala.

— Hm... – Anna já deu uma garfada na torta, enfiando tudo na boca. – Não sei que neura é essa... – falou de boca cheia. – Aproveita a torta, vai!

Natalie deixou uma carranca se formar em seu rosto. Algo não estava normal e era possível dizer só pela maneira com que Anna estava agindo. Deu uma garfada em sua torta e sentiu o frango – que na verdade havia sido substituído por jaca, já que Anna era vegetariana – derreter na boca. Mesmo com raiva da amiga, não podia negar que estava uma delícia.

Continuou a comer encarando Anna fixamente, e esta tentou se focar na torta porque sabia que Natalie a estava fitando obsessivamente.

— Anna. – Natalie a chamou uma única vez com o tom que a morena sabia, não adiantava mentir.

— Ai, TÁ. – Anna soltou o garfo na bancada, provocando um barulho de tintilar. Respirou fundo e fitou a amiga que já a olhava atenciosamente. Parecia tentar encontrar as palavras certas para alguma revelação.

Natalie ficou tensa. Conhecia Anna o suficiente para saber que a amiga não era dramática, e se ela estava com aquela expressão um tanto quanto preocupada para dizer algo, era porque provavelmente Natalie se chatearia com o que ela tinha para dizer. Respirou fundo enquanto esperava a amiga começar, o que não demorou muito.

— Não é algo que talvez você já não saiba. – Anna estava com a voz um pouco vacilante, como se estivesse receosa. Os olhos estavam ligeiramente arregalados, atentos à reação de Natalie. A castanha assentiu, encorajando-a a prosseguir. – Mas eu achei que se eu não falasse, pareceria que eu estava escondendo de você. E eu não escondo nada de você. – ela molhou os lábios e apoiou os braços na bancada. – Depois que você foi embora do ensaio... As coisas realmente pegaram fogo entre o Hunter e a loira aguada. – Anna assistiu Natalie murchar minimamente. Sabia que a castanha fingiria não estar abatida. – Mas assim... Eu não sei se pegaram fogo porque você apareceu lá, ou se eles já eram assim... – não conseguia nem formular uma frase direito porque já estava preocupada com a amiga.

Natalie demorou alguns segundos para absorver as palavras de Anna. Quer dizer... Não era como se ela já não soubesse que o Hunter estava se esfregando com aquela garota que ela já havia apelidado de um nome bem pior em sua mente. Mas saber que Anna realmente presenciou as coisas acontecerem entre eles tornava o fato ainda mais verídico. Até então era algo que ela preferia apenas supor em sua cabeça. Sair com Aaron havia feito com que ela se esquecesse completamente que havia estado no estúdio mais cedo, o que a privilegiou, inclusive, para esquecer-se que Hunter estava com aquela loira pendurada em seu pescoço. Sentiu o seu estômago se contorcer como já havia acontecido naquela tarde, o que fez com que ela refizesse todos os mesmos questionamentos: por que ele lhe havia dito todas aquelas coisas na sexta-feira passada... Dizendo que não queria perdê-la... E depois, com a mesma facilidade que disse aquelas coisas, entrava nas calças de outra?

— Miga? – Anna a chamou, olhando-a com uma feição preocupada.

Natalie piscou algumas vezes, saindo de seus próprios pensamentos e se virou para Anna novamente. Limpou a garganta.

— Bom... Não é como se eu não soubesse disso, realmente. – ela largou o garfo sem nem terminar de comer a torta. – E eu sinceramente não acho que eles “pegaram fogo” porque eu apareci. Ela já estava lá mesmo antes de saberem que eu iria... – Natalie desceu da banqueta. – Ele já estava com ela e pronto. – balançou os ombros tentando fingir indiferença, o que Anna percebeu ser mentira na hora.

— Você... Tá magoada?

“Estou. Muito.”

— Deveria?

Anna se encostou na banqueta, um pouco surpresa e um tanto quanto desconfiada.

— Não... Quer dizer... Depois de tudo o que você me contou que ele te disse naquela noite...

— Ele é um jogador, Anna. E é isso que jogadores fazem: brincam com as pessoas. – Natalie respondeu antes de se dirigir ao corredor.

— Não vai terminar sua torta? – Anna olhou a amiga parar no corredor por alguns instantes.

— Acho que... Perdi a fome. Vou comer depois, tudo bem? – a voz de Natalie falhou.

— Tudo bem... – a morena respirou fundo, apoiando o rosto na mão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Natalie ficou mexida: sim (x) ou com certeza (x)?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Defenceless" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.