Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 33
Capítulo Trinta e Três


Notas iniciais do capítulo

E agora? Será que o Hunter vai conseguir resolver a besteira que fez? :B



AH! Pra quem não sabia do que eu tava falando sobre a surpresa... Na verdade são duas. Uma delas vocês vão descobrir indo para o índice da história. Eu fiz uma capa nova! *-* O que acharam?

A segunda surpresa ainda precisa de um ajustes finais, mas já adianto que acho que vai arrebatar muitos corações por aqui! :x



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Hunter apressou os passos ao ver as costas de Natalie entrar no corredor que levava à saída principal da casa de show.

— Natalie. – ele chamou, mas a garota sequer olhou para trás. Aquilo o fez falar mais alto. – Natalie, espera! – já estava no encalço dela, mas esta quase corria, tentando ignorá-lo completamente. – Espera. – Falou mais firmemente, puxando-a pelo braço e parando-a.

— Tire as mãos de cima de mim. – Natalie respondeu de forma áspera, tentando se desvencilhar da mão dele sem sucesso. Hunter pôde ver que os olhos de mel da garota estavam marejados e ele sentiu como se houvesse levado um soco no estômago.

Ela puxou o corpo contra Hunter, mas este a encurralou na parede do corredor no qual cabiam apenas duas pessoas caso estivessem lado a lado. Ele colocou uma mão em cada lado do corpo de Natalie, impedindo-a de sair e obrigando-a a encará-lo.

— Eu quero falar com você! – ele pediu quase gritando, abaixando a cabeça para olhá-la por baixo, já que ela fazia questão de não olhá-lo.

— Mas EU não quero falar com você.

— Você não precisa. Eu posso fazer toda a parte da conversa. Eu só quero que me escute. – tentou não parecer mexido com a situação. Procurava o olhar de Natalie, mas esta encarava a gola da camiseta branca que ele usava. Estava preocupada em se concentrar para que nenhuma lágrima escapasse de seus olhos. – Por favor.

A última coisa que queria era falar com Hunter naquele momento. Só queria voltar para casa, que era de onde ela nunca deveria ter saído. Mas não havia escapatória. O mínimo que ela conhecia sobre o cantor era o suficiente para saber que ele a seguiria até o inferno enquanto não conversassem. Ela respirou pesadamente como se aquilo fosse a deixa para ele falar.

— Me desculpa.

— É só o que você sabe falar? – ela forçou o braço dele para baixo com a intenção de sair dali, mas Hunter não se moveu um único centímetro.

— Não, não... Espera.

 

Fall – Ed Sheeran

 

O rapaz tomou fôlego, sentindo-se completamente confuso e atordoado. Abaixou a cabeça como se tentasse buscar as palavras dentro de si. Levantou o rosto e finalmente deu de cara com os olhos de Natalie.

— Eu não sei por que fiz aquilo. Aliás, eu ando não sabendo de muita coisa desde que você aconteceu na minha vida. – pressionou a mandíbula, fazendo-a ficar ainda mais em evidência enquanto estreitava os olhos verdes minimamente.

Viu que Natalie ainda lutava contra as lágrimas. (GIF)

Ele continuou:

— Eu não sei o que eu tô sentindo, não consigo me controlar. A última noite... A última noite foi uma das melhores da minha vida. Já não importava quem eu era para o mundo lá fora. Nada mais importava. Não. – ele parou para corrigir a própria frase. – Parecia que só o que me importava era quem eu estava sendo pra você. Eu nunca me senti assim, fora do controle da situação, sem saber como agir ou o que falar por medo de estragar ainda mais as coisas. E é só o que eu tenho feito: estragar. – as mãos de Hunter finalmente saíram da parede para segurar o rosto de Natalie. – Eu sei que não tenho nenhum crédito com você, e as poucas chances que você me deu, eu arruinei. – Natalie fechou os olhos por alguns segundos, como se aquilo fizesse com que as lágrimas fossem voltar ao seu devido lugar. – Mas eu estou tentando de todos os jeitos que eu posso. – respirou fundo. – Eu menti. – ela abriu os olhos para encará-lo sem entender. Ele molhou os lábios para continuar. Deu um breve sorriso, deixando as covinhas das bochechas aparecerem. - Ver você na coxia foi a melhor coisa que me aconteceu esta noite. – Hunter aproximou seu rosto do dela, e por milésimos de segundos Natalie pensou que ele a fosse beijar. Mas em vez de disso, o castanho encostou sua testa na dela, possibilitando um olhar fixo e profundo entre eles. – Eu não quero perder você.

Natalie parecia ter perdido o fôlego enquanto ouvia as palavras de Hunter sem poder acreditar que tudo aquilo estava saindo da boca dele. Sentiu-se perdida no mar esverdeado dos olhos dele por alguns segundos. Tentava lê-los. Seu peito subia e descia sem ela sequer completar de preencher os pulmões com ar. Sentia o hálito de hortelã dele. O coração parecia querer sair pela boca, e ao engolir a saliva era como se ela o tentasse engolir novamente para que fosse garganta abaixo.

Tentava recapitular o que estava acontecendo e percebeu como estar perto de Hunter significava ser intensa o tempo todo. Estar ao lado dele era estar com muita raiva. Ou estar muito feliz. Ou muito triste. Não existia um meio-termo, assim como não existia um “meio-Hunter”.

— As coisas... Elas não são simples, Hunter. – ela começou com a voz vacilante. – Você viu a quantidade de coisas que me falou em menos de um dia? O quanto me ofendeu, o quanto... – ela nem conseguia terminar a frase, pois tinha medo de desabar ali mesmo. Agradeceu a ele mentalmente por tê-la interrompido, pois era pelo menos meio segundo a mais para ela se recompor.

— Eu sei. – ele continuou com a testa encostada na dela. – Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

— Mas você não pode. – ela o afastou delicadamente com as mãos espalmadas no tórax dele. Pôde ver a linha de expressão que juntava as sobrancelhas do castanho como uma súplica. Passou a mão no rosto dele lentamente, sentindo a pele ligeiramente áspera onde ela supôs que era onde nascia a barba. Hunter fechou os olhos, sentindo o carinho dela. Era a primeira vez que a castanha o tocava daquela forma. – As coisas estão fora do controle pra nós dois. Quando estamos juntos tudo é só... Uma explosão. Isso não tá certo. – Hunter voltou a olhá-la. Segurou a mão dela que lhe acariciava o rosto. – Tô tão assustada...

— Eu sei... Eu sei.

— Não quero me machucar.

— Eu não vou machucar você. – era quase como uma promessa.

Ela abaixou a mão, encostando a cabeça na parede e fechando os olhos por alguns instantes.

— Preciso colocar as minhas ideias no lugar. Preciso pensar no que eu quero. E você também.

— Eu sei o que eu quero, Natalie. Não está claro pra você?

Ela mordeu o lábio inferior enquanto franzia a testa e focava na camiseta dele novamente.

— Eu vou pra casa. – desconversou enquanto dava alguns passos para finalmente se desvencilhar dele. Hunter abaixou o rosto.

Natalie sentiu-o lhe segurar pelo pulso, e o ato a fez olhá-lo novamente.

— Posso te levar?

Ela deu um sorriso breve e fraco em meio ao semblante apagado.

— Pode.

 

**

 

Natalie sentia seu corpo cansado, dolorido. Não sabia se aquela sensação era devido à correria que se antecedera até chegar ao show, ou se tudo era fruto do que podia-se chamar de ressaca moral.

Olhava para frente sem de fato enxergar o asfalto que o carro de Hunter ia percorrendo na noite de New York. Às vezes fechava os olhos quando as luzes dos faróis de algum automóvel que vinha na pista contrária a deles atingiam seu rosto.

 

It’s Not Over - Daughtry

 

Hunter estava incomodado com o silêncio que pairava no ambiente - com exceção do rádio.

Sentia seus músculos tensos e tentava relaxar os ombros enquanto as mãos continuavam sobre o volante. Vez ou outra olhava para Natalie com uma expressão preocupada. Tentava ler as feições da garota. Daria todo o seu dinheiro apenas para saber o que se passava dentro daquela mente que era tão misteriosa quanto a sua dona.

A tão conhecida marca de expressão que se instalava no meio de suas sobrancelhas estava ali, tornando o seu rosto sério. Pressionou a sua mandíbula ligeiramente enquanto seus dedos pareciam apertar tanto o volante que suas juntas estavam esbranquiçadas.

Sentia-se um tanto quando impotente quando lembrou-se das palavras dela momentos antes de se oferecer para trazê-la para casa.

 

“- Preciso colocar as minhas ideias no lugar. Preciso pensar no que eu quero. E você também.”

 

Será que ela estava tão confusa quanto ele? Natalie parecia sempre tão misteriosa que Hunter não conseguia sequer interpretá-la. Seus olhos pareciam dizer muito, e ao mesmo tempo nada. Ele conseguia encontrar desejo no mel que costumava encará-lo. Mas ao mesmo tempo parecia existir uma hesitação, talvez medo? Era impressionante como estar com ela era se sentir inconstante. E isso não queria dizer apenas com relação ao que ele sentia, mas em relação à postura dela.

Na maioria das vezes, Natalie parecia imponente e segura de si. Tinha sempre uma resposta na ponta língua e nunca se intimidava por falar com Hunter Saxton. Ela falava o que queria, mas quase sempre escondia o que sentia.

Algumas vezes, mesmo sem querer, acabava abaixando a guarda. Mas por trás daquela máscara rígida e da pose de marrenta, existia uma garota sensível que não precisava de muito para ser agradada. Era preciso, na verdade, desvendá-la. Ela não tinha nada do "mais do mesmo", não senhor. Era um universo completamente diferente de todos que ele já havia conhecido. E cada vez que conhecia um pouquinho mais dela, mais se encantava. Queria ficar.

Quando parou no semáforo vermelho, Hunter abaixou o rosto. Percebeu que a mão esquerda da castanha descansava ao lado de seu corpo, repousando sobre o banco do passageiro.

Prestou atenção nos detalhes daquela pele tão alva. A mão era pequena e os dedos um tanto quanto curtos, proporcionais à altura da garota, que já não poderia ser considerada uma dádiva.

As unhas estavam cuidadosamente pintadas com um esmalte azul-escuro. O dedo médio era adornado por um anel fosco que imitava prata.

Virou seu pescoço para frente quando a sinalização ficou verde, mas a imagem da mão dela continuou gravada em sua mente, e ele sentiu uma vontade enorme de segurá-la.

Antes que pudesse se contar, tirou a mão direita do volante e cruzou o câmbio automático, tocando a mão dela delicadamente.

Natalie assustou-se e puxou o braço sem realmente tirá-lo dali. A ação foi mais como uma contraída de seu corpo do que para se desvencilhar da mão quente de Hunter. Ela olhou para o local no mesmo instante, vendo a mistura que a pele dele fazia com a dela. Notou que o castanho era mais moreno que ela.

Depois seus olhos se voltaram para Hunter, fitando-o. O rapaz a olhou rapidamente, tendo que manter a sua atenção ao volante. Apertou a mão dela carinhosamente. O coração dele acelerou quando percebeu que ela não o afastou. Agradeceu-a mentalmente por tê-lo deixado ficar daquela maneira com ela. Depois sentiu-se um adolescente bobo que segurava a mão de uma garota pela primeira vez.

Era como se qualquer gesto fosse inteiramente novo para ele. Um toque, um olhar, um carinho. Isso porque era a primeira vez que um sentimento como aquele o havia arrebatado.

Natalie engoliu em seco. Sentia os aneis dele contra seus dedos. Sabia que deveria ter afastado a mão dele no primeiro instante em que tocou a sua, mas simplesmente não o fez. Não o quis. Era como se uma força maior agisse sobre ela sempre que Hunter a tocava. Havia acontecido algo semelhante pela manhã, ao acordar com ele em seu quarto. Não quis se afastar e pronto.

Como queria entender o que estava acontecendo com o próprio coração...

Percebeu que o carro parara de se movimentar. Quando olhou para o lado direito, viu pela janela que já estavam parados na frente de seu prédio.

Hunter soltou a sua mão e desligou o carro, o que fez com que a luz interna acendesse sobre eles. Sentiu um leve friozinho onde a mão dele estava depositada, como se sua pele sentisse falta do calor dele.

Ela viu o rapaz soltar o próprio cinto de segurança e se deu conta de que era ela quem deveria estar tirando o dela. Fez o mesmo gesto lentamente, sem tirar os olhos dele.

Percebeu que Hunter estava com o corpo ligeiramente virado para ela, o braço esquerdo apoiado no volante. Ele a encarava de volta como se estivesse na expectativa de algo.

— Obrigada por ter me trazido. - ela começou. Sua voz parecia fraca.

— Não precisa agradecer. Eu o faria de qualquer jeito, você sabe. - Hunter respondeu baixo, mas parecia estar ansioso.

Os dois começaram a se olhar atenciosamente, um estudando o outro.

Natalie sentiu as famosas borboletas baterem as asas contra o seu estômago e tentou conter o descompasse da respiração que ela sabia que sempre acontecia logo em seguida.

Quando prestou atenção em Hunter novamente, percebeu que ele já estava bem mais próximo, e parecia estar hipnotizado pelo seu rosto.

A ideia de empurrá-lo cruzou rapidamente a sua mente como um flash. Mas não conseguiu porque seus olhos já estavam acorrentados aos dele.

Percebeu as esmeraldas dele fitarem seus lábios e acabou fazendo o mesmo. A boca do rapaz estava ligeiramente entreaberta, o que na opinião nada sóbria de Natalie, tornava-a ainda mais convidativa.

Os rostos se aproximavam receosos e cuidadosos, como se um pedisse permissão ao outro para diminuir o espaço entre eles.

Viu Hunter finalmente parar e fechar os olhos, como se sentisse que aquele era o limite da linha que ele podia cruzar depois de tudo o que havia feito naquele dia.

Ela poderia ter se afastado. Ela poderia simplesmente ter dado boa noite e saído do carro. Mas não tomou nenhuma dessas atitudes.

Em vez disso, se aproximou ainda mais, fechando os próprios olhos. Lentamente roçou os lábios nos de Hunter, como se os acariciasse. Afastou-se minimamente.

Como se fosse combinado, os dois abriram os olhos devagar. Encararam-se por alguns segundos. Natalie tinha certeza que Hunter era capaz de ouvir seu coração bater, pois dentro dela era como se aquele barulho fosse ensurdecedor. Não sabia mais o que estava fazendo, tão pouco o que estava sentindo. A única coisa que sabia era o quanto desejava os lábios dele nos seus.

Natalie acabou sendo mais rápida do que a sobriedade em seu cérebro e o puxou pela gola da camiseta, beijando-o lenta e apaixonadamente. Diferente dos outros beijos que já haviam dado, dessa vez fora de uma maneira mais delicada, mas que mesmo assim fizera Hunter sair de seu próprio corpo. Sentiu a mão dela afundar em seus cabelos enquanto ela lhe beijava carinhosamente. Envolveu o rosto de Natalie com a mão que antes estava no volante, e acariciou a bochecha dela com o polegar.

Natalie roçou a boca na dele mais uma vez, passando a língua pelo lábio inferior do castanho, e aquilo fez Hunter se apossar dela. As línguas se encontraram como em uma dança lenta e os lábios matavam a saudade do toque.

As mãos da garota percorreram delicadamente o torso dele, deslizando-se para as costas e o trazendo o mais perto que o espaço entre os bancos permitia. A mão esquerda de Hunter desceu pela lateral do corpo dela, parando na cintura e apertando-a com um pouco de força. Quando ela lhe arranhou carinhosamente por cima do tecido da camiseta que vestia, Hunter sentiu como se ela houvesse deixado marcas em sua pele, mesmo que ela não tivesse feito força o suficiente para tal, e ele soltou um pequeno gemido contra a boca dela. Na verdade, era o calor que o toque dela causava nele. Aquilo o ensandeceu. Era como se cada fibra de seu corpo a desejasse, e Hunter mordiscou-lhe o lábio inferior antes de aprofundar o beijo.

Seu corpo parecia ter incendiado e ele finalmente desceu seus lábios para a mandíbula da castanha, traçando um caminho de beijos quentes e desesperados até o pescoço. Natalie arfou quando sentiu-o pressionar os lábios na lateral de seu pescoço. Aquele era o seu ponto fraco.

As borboletas em seu estômago se debateram violentamente quando sentiu a mão quente de Hunter adentrar a sua blusinha e acariciá-la no mesmo local onde ele estava apertando-a por cima do tecido anteriormente. O toque da pele dele contra a dela parecia ter-lhe enviado pulsos elétricos ao seu cérebro, e ela finalmente recobrara os sentidos do que estava acontecendo.

A garota abriu os olhos subitamente, colocando as duas mãos sobre o tórax dele, afastando-o de uma vez. Os olhos verdes pareciam queimar quando encontraram os dela de forma confusa, como se não fizesse ideia do que acabaram de fazer. Estava entorpecido e só o que sabia era que queria mais. Seu corpo já gritava por ela. Preparou-se para avançar sobre Natalie novamente, mas ela o conteve, um tanto quando assustada – não com a atitude dele, mas com o fato de ela mesma ter iniciado tudo aquilo.

— Hunter... – ela parecia tentar recuperar o fôlego, e sua voz havia saído quase como um sussurro. Colocou a mão na testa, amaldiçoando-se mentalmente. – Desculpa. Eu não devia...

— Não se desculpe. Eu também quis. E ainda quero. – a voz dele estava rouca e Natalie percebeu o quanto aquilo era sensual. Ela deu um pulinho quando a mão do castanho se aproximou e colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.

O toque a fez estremecer e ela precisou se conter para não avançar sobre o colo dele ali mesmo. Viu Hunter aproximar o rosto novamente, mas ela mesma se afastou, abaixando o rosto. Ele a segurou pelo queixo, obrigando-a a encará-lo.

— Isso não pode mais acontecer.

— Do que você tá falando? – o castanho estreitou os olhos, procurando uma resposta na feição dela.

— Você não pode me beijar de novo... – respondeu como se aquilo doesse mais nela do que nele.

Aquilo o devastou, mas ele procurou disfarçar.

— Foi você quem me beijou.

— Eu sei. – Natalie se desvencilhou da mão que lhe segurava o queixo. – Esquece isso, ok?

— Não. – o rapaz respondeu secamente. – Eu não vou esquecer porra nenhuma. Será que não tá claro que eu... – ele mesmo se interrompeu, como se o que estivesse a ponto de falar fosse proibido.

— Você o que? – Natalie o fitou ansiosa.

— Eu...

A garota abaixou o rosto um tanto quanto desapontada mesmo sem saber o que ele estava tentando dizer. Nem ela mesma sabia o que queria escutar, na verdade. Estava se sentindo dependente de algo que nem existia, e aquilo a amedrontava.

— Hunter, eu acho que o melhor pra nós no momento... É sermos amigos.

— O quê?! – o rapaz a olhou estupefato.

A verdade é que nem ele sabia o que eram. Desde o primeiro momento em que se conheceram, a ideia de serem amigos nunca havia nem havia passado pela cabeça de nenhum dos dois. Quando o único interesse de Hunter era físico, Natalie não nutria nada por ele, a não ser ódio. E conforme foram se conhecendo diante das situações inusitadas pelas quais acabaram passando juntos, tudo foi se modificando.

Ele havia se dado conta de que a maneira que havia se sentido quando a viu pela primeira vez havia sido diferente porque não havia apenas desejado tê-la em sua cama. Havia muito mais naqueles olhos cor de mel que ele queria.

E ela também sabia que ódio não era a única coisa que sentia por ele. Não era só uma atração reprimida por ele ser repudiável e a tratá-la como um pedaço de carne. E isso se tornou ainda mais em evidência depois da noite que haviam passado presos em seu apartamento. E ascendeu ainda mais ao assistir Hunter pela coxia do palco naquela noite.

Natalie não conseguia lidar com o fato de poder estar sentindo qualquer coisa por Hunter Saxton. Ela sabia qual era o tipo dele, e sabia que simplesmente não conseguiria sair imune de qualquer que fosse o relacionamento. Izaac já havia sido sofrimento demais. Cinco meses ainda não haviam sido suficientes para se recuperar dos dois anos de namoro. É claro que havia se envolvido com outros caras depois daquilo, mas nada realmente sério. Sempre que percebia o interesse dos rapazes se intensificar, Natalie arranjava um jeito de fugir. Não era algo tão complicado, já que ela não costumava sentir algo por qualquer um deles. Até Hunter aparecer. E sabia que seria questão de dias até que suas feridas fossem reabertas por ele.

Precisava olhar para ele e não sentir nada. Não sabia se era possível controlar aquilo, mas precisava tentar lutar com todas as suas forças.

— Isso aqui. – apontou para si mesma, e em seguida para ele. – Não é bom.

Hunter sentiu algo dentro dele se despedaçar. Ninguém nunca havia dito nada parecido para ele. Não haviam sido muitas palavras, mas era o suficiente para causar-lhe um certo desconforto.

— Você só pode estar brincando comigo. – ele deixou uma risada incrédula escapar dos lábios.

— Toda vez que eu estou com você, faço coisas que eu não queria fazer. Me torno impulsiva e explosiva. – engoliu em seco. – Eu me torno o pior de mim.

— Toda vez que eu estou com você, faço e falo coisas que nunca passaram pela minha cabeça. Você me faz questionar tudo o que eu sou. – Hunter alcançou a mão de Natalie que estava sobre o colo dela, e sentiu-se corroer quando ela o afastou. – Eu me torno o melhor de mim.

Natalie não conseguia acreditar em todas aquelas palavras que saíam da boca do rapaz. Perguntou-se para quantas outras ele já havia dito algo do tipo ou se ela era realmente a única. Não podia ser a única.

Franziu a testa e respirou fundo, tentando afastar aqueles pensamentos e ser o mais fria possível.

— Isso é tudo o que eu tenho a te oferecer. Podemos ser amigos... Ou não poderemos ser mais nada.

— Você não está me dando uma escolha justa. – ele a olhou incrédulo. – Isso é ridículo.

— Acho que já fez a sua escolha. – Natalie alcançou a tranca do carro para sair dali, mas Hunter a puxou pelo pulso.

— Não. – ele fechou os olhos por alguns segundos para conter a raiva. Não acreditava que estava concordando com aquilo. – Nós podemos... Ser amigos. Está ótimo pra mim.

Ela assentiu, tentando sorrir fracamente. Mas não conseguiu. Sentiu que a qualquer momento as lágrimas começariam a marejar os seus olhos, então se apressou em abrir a porta do carro.

Hunter abriu a boca fazendo menção de balbuciar alguma coisa. Mas também não conseguiu. Em vez disso, assistiu Natalie sair e fechar a porta.


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Notas finais do capítulo

Quem quer socar a Natalie levanta a mão! o/



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