Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 32
Capítulo Trinta e Dois


Notas iniciais do capítulo

Demorei dessa vez mais pra fazer suspense mesmo :x funcionou?



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Enquanto Natalie corria feito uma desvairada pelas ruas, ligou para Anna, que lhe atendeu logo no segundo toque:

Caralho, onde você tá? O show acabou de começar!

— Eu simplesmente perdi a hora! Eu... Droga! – Natalie levou uma buzinada de um carro por atravessar fora da faixa sem nem olhar para os lados. Quase fora atropelada. – Avisa que eu tô indo! Eu vou tomar um banho e tô indo!

Não tem tempo pra banho, vem logo!

— Tá louca?! – Natalie desligou quando chegou no prédio.

Estava tão apressada que optou subir as escadas de incêndio em vez de esperar pelo elevador.

 

**

 

Natalie e Anna continuaram a se comunicar durante todo o trajeto do táxi. A corrida, inclusive, custaria uma fortuna. Mas Natalie simplesmente ignorou aquele fato para não ficar ainda mais atordoada.

Jogou o dinheiro para o motorista e nem esperou o troco. Saiu correndo e desceu do táxi tão desesperadamente que tropeçou e quase caiu no meio-fio. Correu para o portão e disse o nome para o segurança que já estava avisado da entrada dela e a direcionou para o backstage.

Quando Natalie viu Anna perto da coxia, correu ainda mais em disparada.

— Guria, vai começar a última música! – Anna exclamou em tom de lamentação.

— Droga, deu tudo errado, Anna! – Natalie blasfemou enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Vem, fica aqui... – puxou Natalie pelo braço para colocá-la em sua frente, na coxia. - O Luke tá sempre olhando pra cá. Quando ele te ver, vai avisar o Hunter, com certeza!

Natalie entrelaçou as mãos na altura do peito, ainda tentando se recuperar da corrida. Assim que seus olhos encontraram Hunter no palco, seu coração vacilara, deixando-a ainda mais sem ar.

No palco ele ficava ainda mais bonito, se é que aquilo era possível. O jogo de luzes havia se apagado para o início da última canção, mas mesmo assim ela conseguia identificar a silhueta de Hunter entre Hans e Luke. Os cabelos compridos caindo sobre os ombros, o corpo ligeiramente inclinado para o pedestal à sua frente.

O rapaz parecia se transformar ali, como se aquele fosse o seu verdadeiro lugar. Se sentia confortável, e aquilo era explícito. Não conseguia parar de observá-lo.

A música começou com Hans cantando junto com o primeiro acorde do violão elétrico que ele tocava, e neste momento a luz se acendeu apenas sobre o loiro.

Depois foi a vez de Luke, e o mesmo se repetiu com a iluminação. Mesmo assim, os olhos de Natalie só enxergavam Hunter no escuro. Um pouco antes de ser a vez dele, viu-o começar a bater a ponta do pé direito contra o chão no ritmo da canção, como se contasse o tempo para a sua entrada. Inclinou-se para o pedestal e a luz o iluminou. Se Anna não estivesse com o corpo colado ao dela logo atrás, Natalie com certeza teria caído, pois suas pernas vacilaram ao vê-lo.

As mãos do rapaz, que antes estavam para trás, agarraram-se ao microfone enquanto ele cantava. Prestou atenção nos anéis dos dedos dele. Os anéis que ela já tinha visto tão mais de perto... A voz rouca rasgando o coração de Natalie como se pedisse passagem para entrar... E ela simplesmente já não tinha mais o que fazer ou permitir. Ele, de alguma forma já havia entrado ali, e era inegavelmente tarde demais.

Quando a música já estava quase na metade e Luke retomou a estrofe, virou-se minimamente para o lado e viu Natalie no lugar de Anna na coxia. Sorriu ligeiramente e virou-se para Hunter do outro lado. O castanho estava um pouco afastado do microfone e percebeu o olhar sugestivo que Luke lhe dava. Disfarçadamente, enquanto ainda cantava, indicou a coxia com a cabeça.

Os olhos verdes de Hunter acompanharam o gesto do amigo enquanto ele ainda batia as mãos sobre as coxas no ritmo da música.

Surpreendeu-se ao ver Natalie parada ali, olhando-o. Mordia o lábio inferior como se estivesse aflita. Ainda parecia respirar com dificuldade.

Os olhos do rapaz brilharam mesmo no escuro em que estava, já que a luz agora estava sobre Luke novamente. Respirou fundo, sentindo uma confusão de sentimentos lhe invadir o corpo. Não sabia se sentia raiva ou emoção de vê-la ali apenas na última canção.

As luzes se ascenderam sobre todos e eles começaram a cantar o refrão pela segunda vez.

https://www.youtube.com/watch?v=Fjj6Psie2TU

Thomas, que estava mais perto da coxia, acenou para Natalie, e esta retribuiu com um sorriso bobo no rosto, não conseguindo se conter. Era como se ela houvesse esquecido a briga que ela e Hunter haviam tido mais cedo em seu apartamento. Nada mais importava.

Viu o castanho finalizar a canção ao som do público ovacionando a banda.

— Obrigado por terem vindo! Espero que tenham se divertido essa noite! – ouviu ele gritar. – All the love!

As luzes se apagaram.

Natalie estava extasiada pelo conjunto de gritos ensurdecedores das fãs que continuavam ali como se o show ainda estivesse acontecendo. Os meninos saíram pela passagem do meio do palco, e Anna precisou puxar a melhor amiga pelo braço para saírem da coxia e irem de encontro a eles.

Hunter já havia ganhado uma toalha da equipe para enxugar o rosto enquanto Thomas e Luke bebiam água. Hans retirava o violão.

— Hey...! – Luke cumprimentou quando Anna veio ao encontro dele. O rapaz lhe deu um selinho na frente de todos sem nem se importar com a expressão surpresa dos presentes.

Natalie respirou fundo. Seus olhos ainda não haviam conseguido desviar de Hunter, que segurava a pequena toalha na mão. O castanho lhe devolveu o olhar. Parecia ansioso, mas ao mesmo tempo, irritado. Fungou antes de lhe direcionar a palavra ironicamente:

— Nem um pouco atrasada.

O sorriso discreto que estava depositado nos lábios de Natalie se desfez no mesmo momento. Ela perdera a fala diante do que Hunter havia acabado de soltar na frente dos garotos e de Anna.

— Eu... Eu tive uns problemas. Mas eu vim.

— Hm, eu imagino quais foram os seus problemas. Ou devo dizer quem foi o seu problema?

— Cara... – Thomas lançou um olhar cauteloso, segurando Hunter pelo ombro como se o chamasse a atenção para não fazer aquilo.

— Não. – ela começou, completamente sem graça. – Foi. Mais ou menos. – sentia o olhar de todos sobre ela, e aquilo realmente a estava incomodando. Odiava ser exposta daquela maneira.

— Bom... – Hunter ignorou Thomas e fez uma bolinha com a toalha, apertando-a com força. Só a lembrança de Aaron já o fazia querer socar alguma coisa. – Você devia ter ficado com ele. Perdeu seu tempo vindo aqui.

— Eu vim porque você me convidou. – Natalie fechou o cenho enquanto sentia o sangue lhe subir.

— Mas me arrependi. – ele respondeu duramente. Aquilo fez Hans arregalar os olhos. – Como eu disse... Achei que você fosse diferente.

A expressão de Natalie havia mudado completamente. Encarava Hunter com muita raiva. Não conseguia acreditar no que estava escutando depois de tudo o que ela havia feito para chegar ao show a tempo. Sabia que estava errada, mas era como se Hunter também houvesse esquecido todas as ofensas que ele lhe havia feito mais cedo.

O castanho sustentou o olhar de maneira irreverente. Sentia-se bobo por tê-la convidado, e ela ainda fazer desfeita, chegando apenas na última canção. Era como um deboche, uma afronta.

— Gente... Alguém pode me explicar por que todo esse climão, essa cobrança? – Anna finalmente interrompeu a situação em tom de apaziguamento. Seus olhos escuros corriam do rosto de Natalie para o rosto de Hunter rápida e repetidamente.

— Por que o climão? A gente se beijou, foi legal. – ele meneou a cabeça de uma forma mais cínica do que divertida, como se analisasse o caso que ele mesmo contava. Revelou sobre o beijo sem nenhuma cerimônia. – Depois ela prefere ficar com o cara da faculdade, se faz de sonsa e ainda tem coragem de falar que chegou atrasada no show por acidente.

Era como se o mundo houvesse parado. Ninguém se pronunciava. O silêncio reinaria se a equipe não continuasse a trabalhar ao redor deles sem reparar no que acontecia na roda em que estavam os rapazes com duas desconhecidas. Natalie torceu o rosto, mostrando-se completamente desapontada.

Aproximou-se do castanho, cruzando a roda. O ato deixou Anna apreensiva, pois conhecia Natalie o suficiente para saber o quanto ela era explosiva. Aquela exposição que Hunter Saxton a fizera sofrer não sairia barato. Porém, se surpreendeu.

Natalie o olhou de cima abaixo sem pudor.

— Você... É inacreditável. E quer saber? Fui eu quem me arrependi de ter corrido feito uma imbecil pra isso.

Natalie passou por entre Thomas e Hunter, trombando seu braço no dele propositalmente. Foi em direção da saída sem nem olhar para trás.

Anna sentia a parte interna dos olhos ficarem quentes de raiva. Odiava ver alguém maltratando qualquer um de seus amigos, especialmente se fosse Natalie. Ela torceu os lábios por alguns instantes, se contendo. Depois arqueou as sobrancelhas e fixou seus olhos escuros na direção do castanho, encarando-o.

— Se realmente se importa... Agora é a hora em que você vai atrás dela. – Hunter molhou os lábios enquanto respirava descompassadamente, olhando para a morena. – Anda!­

O grito de Anna foi como adrenalina sendo injetada no corpo de Hunter, e quando deu por si estava obedecendo as ordens da garota sem nem saber o por que. Correu na mesma direção de Natalie, soltando a toalha no meio do caminho.

 


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Notas finais do capítulo

B A R R A C O.



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