Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 31
Capítulo Trinta e Um


Notas iniciais do capítulo

Dia de capítulo novo!

Não sei o que está me deixando mais ansiosa: o que vai acontecer com Lukanna, que está cada vez mais apaixonante...! Ou se Hunlie vai se resolver de uma vez! E vocês?



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XO – John Mayer

 

Luke sentiu beijos sendo depositados na extensão das suas costas e não pôde esquecer a noite incrível que acabara de passar com Anna. Arrepiou-se sentindo os lábios dela tocarem sua pele enquanto estava deitado de bruços. Abriu os olhos lentamente e viu que a garota estava sobre ele, com uma perna em cada lado de sua cintura.

— Desse jeito vou querer passar todas as minhas noites com você. – ele comentou com a voz ainda adormecida.

Anna sorriu, aproximando seu corpo do dele e colando seus lábios no pé do ouvido do rapaz.

— Bom dia... – respondeu quase num sussurro.

Aquilo arrepiou Luke de uma forma que a única coisa que ele conseguiu fazer foi girar o seu corpo na cama, arrancando um gritinho de Anna, seguido de uma risada dela. Antes que ela rolasse e caísse ao seu lado devido ao movimento que fizera, segurou-a pelos braços.

Os dois finalmente se encararam e Luke pôde ver o sorriso angelical de Anna nascer em seus lábios. Sentiu os próprios olhos incendiarem de encantamento. Ela estava ainda mais linda do que na noite anterior. Percebeu que a morena havia vestido a camiseta preta de mangas compridas que ele estava usando anteriormente. Sorriu.

— Você é incrível.

— Você quem é. – Anna deu um sorriso sapeca, mordendo o lábio inferior enquanto o olhava com ternura. – A noite foi maravilhosa.

— Foi perfeita. – Luke a corrigiu, puxando-a pelos pulsos para mais perto, finalmente derrubando-a de cima de si mesmo para depois colocá-la ao seu lado novamente.

A cabeça da morena caiu perfeitamente sobre o travesseiro ao lado de Luke. Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, encantados com a presença, um do outro.

Ele finalmente esticou o braço na direção do rosto de Anna, acariciando-lhe a bochecha com delicadeza. O gesto fez a garota fechar os olhos como se para apreciar o toque em sua pele. Era como se não existisse mais nada além da cama em que estavam deitados. Era como se a felicidade plena tivesse atingido o corpo de Anna e ela não precisasse de mais nada além do ar naquele quarto.

Luke simplesmente não conseguia lidar com tamanha beleza diante de seus olhos castanhos. Suas mãos desceram para o comprimento dos cabelos dela, afagando-lhes. Anna abriu os olhos para voltar a fitá-lo.

— Não queria que a noite tivesse acabado. – ele comentou enquanto seus olhos analisavam cada parte do rosto da morena.

— Mas podem existir muitas outras. – Anna respondeu com um pequeno sorriso.

— Infinitas. – Luke sorriu de volta. – E não precisam ser só noites... – ele finalmente a puxou com força para perto. – Manhãs, tardes, madrugadas... – deu-lhe vários beijos no pescoço, arrancando risadinhas da garota.

— Até parece... Aposto que vai me esquecer assim que eu for embora.

— Mas não vou mesmo. Primeiro porque você não vai embora. EU vou te levar pra casa. – o moreno encaixou o queixo no ombro dela enquanto esta escondia o rosto no tórax dele. – Segundo porque nos vemos esta noite.

— Quê? – Anna tentou se afastar para encará-lo, mas Luke pressionou as costas dela contra seu corpo, impedindo-a.

— Temos um show hoje. Gostaria que fosse.

Anna ficou em um silêncio realmente perturbador, e aquilo fez Luke se arrepender no mesmo instante de tê-la convidado. Ele finalmente a soltou, dando a oportunidade de ela se afastar para olhá-lo. O rapaz a encarou de volta.

— Hm... Não sei... – a garota começou em tom divertido, fazendo-o sentir um alívio que ele mesmo desconhecia a razão. Viu Anna colocar a mão no queixo como se pensasse a respeito da proposta. – O que eu ganharia com isso?

Luke gargalhou, passando a sua perna por cima da cintura de Anna, ficando sobre ela.

— Um beijo? – ele estreitou os olhos enquanto sorria misteriosamente para ela.

— Um beijo? Um beijo é muito pouco. Vou ter que me locomover até o local... Isso é muito esforço... – ela olhou para o teto para fingir que estava analisando a situação, fazendo-o rir.

— Cinco beijos e uns carinhos. – Luke assentiu.

— Hm. – Anna estreitou os olhos. – Que tipo de carinho?

— Assim.

Luke começou a passar a mão pela lateral da coxa da garota, fazendo-a olhá-lo provocadoramente.

— Acho que talvez devêssemos dobrar a parte dos carinhos. – Anna molhou os lábios, provocando-o.

Aquilo o fez beijá-la lenta e apaixonadamente enquanto sua mão agora apertava a coxa dela devagar. Quando Anna envolveu seus braços no pescoço do moreno acabaram sendo interrompidos pelo barulho do toque do celular de Luke, que jazia no bolso da calça jogada pelo quarto. Os dois soltaram suspiros desapontados antes de ele sair de cima dela e se esticar em direção da roupa sem sair da cama. Puxou a calça e arrancou o celular do bolso.

— Fala, H. – Anna revirou os olhos, xingando Hunter mentalmente.

Preciso que você me busque.

— Você não tá com a Natalie?

Vem me buscar, por favor, Luke.— Hunter pediu sem rodeios.

— Que que aconteceu? – Anna olhou com curiosidade para Luke. Este devolveu o olhar.

Não interessa o que aconteceu. Dá pra você vir me buscar ou vou ter que ligar para o Joe?

— Cacete. – Luke começou a vestir a calça enquanto ainda estava sentado sobre a cama. – Já vou. – desligou o celular.

— Que foi? – Anna também se levantou, procurando pelo vestido no quarto.

— Problemas no paraíso.

— Tava demorando.

 

**

 

Quando Luke estacionou o carro na frente do prédio, já era possível ver Hunter à sua espera do lado de dentro. Assim que Anna viu a expressão raivosa do castanho, decidiu que era melhor não fazer nenhuma pergunta. Dava para ler na testa dele que o problema tinha nome e sobrenome: Natalie Kalkmann. Virou-se para Luke.

— Nos falamos mais tarde?

— Nos vemos essa noite? – Luke franziu a testa, deixando um sorrisinho pidão surgir.

— Nos vemos essa noite. – Anna afirmou com um sorriso. Já estava prestes a abrir a porta do carro quando sentiu o moreno lhe segurar pelo pulso. Ela se virou para olhá-lo mais uma vez.

Foi surpreendida pelo beijo de língua que ele lhe deu. Sorriu após o gesto e saiu do carro de uma vez. Viu Hunter sair do prédio e passar por ela rapidamente a fim de não ser visto por nenhum olho curioso.

— Tá tudo bem? – Anna o olhou franzindo o cenho.

Hunter pensou em respondê-la da pior maneira possível, mas ao olhar para a garota, desistiu. Ela não tinha nada a ver com aquilo e o havia ajudado o quanto pôde. O rapaz apenas movimentou a cabeça negativamente e soltou o ar. Anna pressionou os lábios de maneira compreensiva, fechando a porta para ele. Esperou o carro dar a partida antes de dar as costas e adentrar o prédio.

Entrou no elevador e encarou a própria imagem no espelho enquanto as portas automáticas se fechavam. Sorriu abobada ao lembrar-se da noite passada. Depois respirou fundo, tentando se recompor. Sentia-se uma adolescente depois do primeiro beijo.

Desceu no quarto andar e logo se direcionou para a porta do próprio apartamento com o molho de chaves na mão. Abriu a porta e entrou rapidamente sem nem prestar atenção em quem estava presente ali. Pela visão periférica havia notado que havia alguém sentado à mesa de vidro.

— Posso saber que caralhos...? – Anna interrompeu a si mesma quando se virou e viu Aaron e Natalie com uma pilha de papeis e livros espalhados sobre a mesa enquanto estudavam. – Aaron, o que você tá fazendo aq... Digo, oi. – ela tentou não parecer surpresa.

Aaron e Natalie a encararam de volta. Viu a amiga com um olhar raivoso mascarado. Queria perguntar o que de errado havia acontecido para Hunter ter ligado e pedido para que Luke o buscasse. Aliás, queria saber o por quê da feição cheia de ódio do rapaz, mas a presença de Aaron acabou resumindo tudo. Respirou fundo.

— Hey, Anna. – ele deu um sorrisinho simpático enquanto seus olhos verdes voltavam aos afazeres anteriores.

Anna voltou a encarar Natalie seriamente, que continuava a olhá-la com uma carranca facetada. Franziu os lábios e fez um sinal discreto para que a amiga se encaminhasse para um dos quartos enquanto ela mesma já estava a caminho.

— Já volto, Aaron. Aguenta aí. – Ouviu Natalie dizer às suas costas enquanto se levantava da mesa.

Passou pela porta de seu quarto e viu a cama intacta. Foi direto para o quarto de Natalie e viu a cama ainda desfeita. Entrou ali e ao se virar, viu que a amiga já estava lá.

— Que que aconteceu pro Hunter ligar putasso da vida e empatar a minha foda matinal? – a morena colocou as mãos na cintura. – O que a porra do Aaron tá fazendo aqui? Também empatou a sua foda?

— Shhh. – Natalie fechou a porta. – Cala a boca, não aconteceu nada.

— Tô vendo. Por isso que meu quarto tá arrumadinho e parece que mais uma pessoa dormiu na sua cama? A noite foi boa? – Natalie respirou impacientemente. – Sério. Que que aconteceu?

— Não dá pra explicar agora, Anna... – ela passou a mão pelo rosto. – Quem sabe de noite eu...

— De noite vou ao show dos meninos. O Luke me convidou! – ela sorriu. – Aliás, depois preciso te contar, queridaaa!

Natalie deu uma risada nasal.

— O Hunter também me convidou, mas depois de tudo o que rolou, nem sei se...

— Você vai. E vai me contar tudo.

Natalie rolou os olhos, saindo do quarto.

— Ok. Mas agora vou para a Starbucks estudar com o Aaron porque se bem te conheço, você não vai me deixar estudar e vai ficar soltando suas indiretinhas...

— Que indiretinhas? Ah, mais uma coisa! – ela chamou a amiga, que colocou a cabeça para dentro do quarto para ouvi-la. – O negócio do Hunter é grande?

— Vai se foder, Anna.

 

**

 

— H... – Luke chamou o castanho, preocupado, olhando-o rapidamente enquanto dirigia. – Você não falou nada desde que entrou no carro, cara.

— Luke, agora não. Sério. – Hunter colocou o cotovelo sobre o apoio da porta.

— Agora sim. Geralmente quando você tá com raiva... Você quebra tudo, você xinga, grita. Isso não é normal. – Hunter respirou fundo. Era como se todo o seu ódio estivesse contido em suas entranhas. – Pensei que as coisas fossem funcionar entre vocês essa noite.

— E funcionaram. – franziu a testa.

— E por que você tá assim, caralho? – Luke já estava ficando agoniado. Encarou Hunter quando pararam no semáforo vermelho.

— Funcionaram até o imbecil do amiguinho dela chegar. – ele completou sem olhar o amigo.

— Que amiguinho, do que você tá falando?

— Ontem um cara foi lá devolver a touca que ela “aparentemente” esqueceu no carro dele na noite anterior. – Luke prendeu a respiração enquanto Hunter falava sério. – Até aí, beleza. Ela o enxotou de lá e as coisas meio que rolaram.

— Que coisas? Transaram?

Hunter encarou o amigo pela primeira vez.

— A gente se beijou, Luke. – ele soltou o ar, perdendo a paciência.

— Bom, considerando que a Natalie queria que você se explodisse até outro dia, é um puta começo. Isso é ótimo, H. – o moreno sorriu, mas ao ver que Hunter continuava sério, desfez a expressão. – Qual o problema?

— O problema é que o cara voltou hoje alegando que eles tinham combinado de estudar... E ela me enxotou. Simples assim.

— E qual o problema?

— O problema é que você não viu como ele a olha. Só isso. Aquele porra não quer só estudar, Luke.

Luke mordeu o lábio inferior por alguns segundos tentando conter uma risada. Respirou fundo, se concentrando no volante.

— Você... Você tá com ciúmes?

— Agora é a hora que você começa a zoar com a minha cara? – Hunter respondeu à pergunta com outro questionamento, como se não quisesse deixar aquela resposta clara o suficiente.

— Não tô zoando. – Luke meneou a cabeça enquanto dirigia. – Só acho que talvez você esteja vendo coisa que não existe.

— Você vai me dizer que eu não sei quando um cara tá interessado em uma garota? Justo EU? – lançou um olhar sugestivo ao amigo, irritado.

O moreno piscou algumas vezes, ficando em silêncio. Ponderava na resposta com medo de levar mais um esporro de Hunter. Respirou fundo.

— Tá... E...?

— E aí que eu fiquei puto e falei várias merdas.

— Novidade.

— Obrigado, mate.

Luke levantou os ombros em sinal de defesa enquanto continuava com as mãos no volante.

— Qual o nível das merdas que você falou?

— Falei pra ela dormir com ele.

Luke freou o carro com certa violência e acabou levando uma buzinada do automóvel de trás.

— Quando eu acho que você já falou bosta o suficiente, você vai lá e se supera, H. Caralho, hein. – viu o amigo passar as mãos no rosto com força. Tentou manter a calma para que não brigassem. Sabia que repreendê-lo não seria a melhor opção. Respirou fundo mais uma vez. – Por que você... Sei lá, não dá uma ligada pra ela, pede desculpas e fala que vai... Sei lá, compensá-la pelo que falou? Chame-a para o show desta noite. A Anna vai!

— Eu chamei... E ela havia confirmado. Mas com toda essa merda, nem sei se ela vai aparecer.

— Bom... Isso você pode deixar com a Anna.

Os dois se entreolharam.

 

**

 

Natalie havia ficado tão irritada e ofendida com as coisas que Hunter havia lhe dito antes de ir embora, que tudo o que quis fazer foi se afundar nos livros e projetos com Aaron. A castanha e ele passaram a tarde toda na Starbucks.

Entre um café e outro, davam uma pausa, conversavam e retomavam a pilha de trabalhos que Natalie tinha atrasado na semana. Focar nos estudos havia sido a melhor ideia para não querer desejar a morte de Hunter Saxton. Havia deixado o celular no silencioso sobre a mesa em que estavam. Mesmo sem o barulho, conseguiria ver caso alguém lhe mandasse mensagem.

Aaron notou que a garota verificava a tela do aparelho a cada 5 minutos ou menos, e aquilo o estava incomodando. Lembrou-se que antes de Hunter ir embora ela comentou que tinha compromisso de noite, e por algum motivo, Aaron previa que tinha alguma coisa a ver com o cantor.

Disfarçadamente colocou alguns papeis sobre o celular de Natalie enquanto ela terminava de transcrever o áudio do gravador que tinha nas mãos. Puxou as folhas para si e as colocou dentro da mochila da garota, que estava no chão. Junto, o celular. Ficou satisfeito por ver que aquilo a fez esquecer do aparelho. Ela até parecia mais focada.

Depois do que pareciam três horas e meia, Natalie se espreguiçou na cadeira.

— Nossa, precisamos de uma pausa maior, por favor. – ela comentou enquanto massageava a própria nuca.

— Pelo o amor de Deus. – Aaron jogou a caneta sobre a mesa. – Achei que não fosse dizer isso nunca.

Natalie deu um sorriso meio sem graça.

— Me desculpa, acabei me focando demais.

— Mas isso é ótimo!

— Mesmo? – a castanha enrugou o nariz por alguns segundos, dando uma risadinha.

— Já até adiantou trabalhos da semana que vem. Vai ficar livre depois.

— Isso é. – ela maneou a cabeça em resposta. Se levantou de uma vez. – Mas eu realmente preciso ir ao banheiro agora.

Aaron deu o seu famoso sorriso, apenas com os lábios e assentiu enquanto ela saía dali.

Esperou que a garota desaparecesse pela porta do banheiro feminino e abaixou os olhos na direção da mochila de Natalie, no chão. Viu, através do tecido, que a tela do celular dela estava acesa. Passou a língua pelos lábios e olhou para os lados disfarçadamente para certificar-se que não havia ninguém prestando atenção nele. (GIF)

Puxou o celular e viu que era Anna quem ligava. Passou o dedo pelo aparelho e viu que alguém intitulado com o nome “H” também havia ligado. Depois viu prévias de mensagens ainda na tela de bloqueio.

 

Anna

Miga, não esquece que você precisa vir pelo menos uma hora e meia antes do show pra nos arrumarmos.

 

Anna

Ok, cadê você?

 

Anna

Natalie, eu já comecei a me arrumar, sério.

 

Anna

Cacete, Natalie. O Luke já me ligou! Estou só esperando por você.

 

Pressionou a mandíbula com força quando viu as mensagens seguintes.

 

H.

Espero que ainda venha. Guardei um lugar pra você no backstage.

 

H.

Qual é, Freckles (Sardenta). Você ficou tão puta assim a ponto de ignorar minha mensagem?

 

H.

Cadê você?

 

A nova ligação de Anna impossibilitou que ele conseguisse ler as outras mensagens, então ele colocou o celular de volta na mochila completamente irritado. Alguma coisa estava acontecendo entre Natalie e Hunter Saxton, e não parecia só amizade. Um lampejo veio à sua cabeça e ele finalmente concluiu que o compromisso do qual Natalie havia falado mais cedo era, sem sombra de dúvidas, o show.

Disfarçou um sorriso quando viu Natalie voltando.

 

**

 

Anna apareceu no backstage andando a passos apressados. O celular não saia de seu ouvido e ela ligava repetida e incessantemente para o número da melhor amiga.

— Caralho, Natalie... Atende essa merda... – ela começou a roer as próprias unhas enquanto viu Luke e os garotos se aproximarem dela.

— Hey... – Luke deu um beijo no rosto dela, dando um sorriso largo logo em seguida. – Achei que não viesse... O show tá quase começando.

Ela deu um sorriso forçado sem tirar o celular da orelha.

— Hey... Hm, eu meio que me atrasei. Tava esperando a Nats. Não sei o que aconteceu. – ela olhou receosa para Hunter.

Este colocou as mãos nos bolsos de trás de sua calça skinny. Pareceu respirar fundo, contendo-se. Ela também não havia respondido as mensagens dele.

— Vai ver ela ficou ocupada com o amiguinho dela. – ele soltou acidamente, olhando para o lado.

— Hunter. – Luke o repreendeu.

Anna tirou o celular de perto do rosto apenas para mandar mais uma mensagem.

 

Natalie, pelo amor do santo Cristo. Assim não vai dar pra te defender aqui, guria.

 

Pressionou Send.

— Atenção! – um dos staffs passou por eles. – Entramos em três!

Anna fechou os olhos com raiva. Respirou fundo.

Luke a encarou com compaixão, desejando poder fazer algo para ajudar. Hunter deu as costas e foi para perto do backstage. Tirou o celular do bolso e deu mais última checada. Nenhuma mensagem nova. Desbloqueou a tela e abriu o contato de Natalie. Deu mais uma olhada nos preparativos do palco: (GIF)

Os polegares ficaram parados sobre a tela durante alguns segundos enquanto ele refletia se deveria ou não mandar mais uma mensagem. Suas mãos tremiam ligeiramente, tamanha era a sua raiva. Nunca havia se exposto tanto para uma garota, e a única vez que o fazia já havia se arrependido.

Espero sinceramente que o tempo com o seu amiguinho esteja valendo a pena pra você ter me trocado assim, tão fácil. Achei que você fosse diferente. Parece que eu estava enganado, não é mesmo?

 

H.

 

 

**

 

Natalie estava finalizando seu último trabalho completamente absorta na referência do livro que estava em mãos quando Aaron bocejou:

— Acho que vou para a terceira rodada de café pra fechar com chave de ouro. Aceita? – o castanho já havia se levantado da cadeira.

— Hmmm, acho que vou passar essa saideira. – Natalie riu sem tirar os olhos do livro.

— O.K. Volto já. – ele se direcionou para a fila do caixa.

Natalie sentia uma tensão enorme em sua nuca. Havia ficado tanto tempo naquela posição, curvada na direção da mesa, que seu corpo parecia ter se atrofiado na cadeira. Soltou o livro a fim de se espreguiçar, elevando os braços paralelamente aos ombros, e finalmente esticou o pescoço para cima.

Ao finalizar o gesto, sentiu o corpo travar, mas não era por causa da dor. Seus olhos cor de mel foram de encontro com o relógio de parede da cafeteria: 7h56 da noite. Havia esquecido completamente do show.

Levantou-se subitamente, quase que num pulo, derrubando alguns papeis no chão. Passou as mãos pela mesa de forma desesperada, em busca do celular. Passou a mão nos cabelos enquanto seus olhos corriam pelo chão. Ao avistar a bolsa, puxou-a para cima. Enfiou as mãos dentro dela com uma velocidade que desconhecia e encontrou seu iPhone.

Quando acendeu a tela do aparelho sentiu o lugar girar. Havia mais de 15 ligações de Anna, fora as mensagens. Passou os dedos pela tela bloqueada, lendo apenas as prévias:

 

Anna

Miga, não esquece que você precisa vir pelo menos uma hora e meia antes do show pra nos arrumarmos.

 

Anna

Ok, cadê você?

 

Anna

Natalie, eu já comecei a me arrumar, sério.

 

Anna

Cacete, Natalie. O Luke já me ligou! Estou só esperando por você.

 

H.

Espero que ainda venha. Guardei um lugar pra você no backstage.

 

H.

Qual é, Freckles. Você ficou tão puta assim a ponto de ignorar minha mensagem?

 

H.

Cadê você?

 

Anna

Natalie, pelo amor do santo Cristo. Assim não vai dar pra te defender aqui, guria.

 

Seus olhos estancaram na última mensagem. A saliva parecia ter se tornado um cubo de gelo em sua garganta. Tentou mandar ar para os pulmões, mas simplesmente não conseguiu:

 

H.

Espero sinceramente que o tempo com o seu amiguinho esteja valendo à pena pra você ter me trocado assim, tão fácil. Achei que você fosse diferente. Parece que eu estava enganado, não é mesmo?

 

H.

 

Já não conseguia mais raciocinar. A única coisa que fez foi começar a juntar todos os papeis de maneira completamente desorganizada, algumas vezes até amassando-os enquanto os socava de qualquer jeito dentro da mochila.

— Ei, ei! O que aconteceu? – Aaron voltava com o seu copo de café, apressado.

— Por que você não me avisou a hora, Aaron? Meu Deus, eu tô mega atrasada, te falei do meu compromisso! – havia irritação e desespero na voz de Natalie. Era a primeira vez que ela se direcionava a ele com aquele tom.

— Você não me disse que horas era esse seu compromisso, eu não...

— Cara, eu não lembro de ter colocado meu celular na mochila, não é possível! Eu estava de olho na hora o tempo todo! – ela fechou a mochila inconformada, já colocando-a nas costas. – Eu preciso ir!

O rapaz sequer conseguiu respondê-la, pois a garota saiu correndo dali. Conteve-se para não apertar o copo descartável de café nas mãos.


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Notas finais do capítulo

Desatenção é o nome do meio da Natalie, fala SÉRIO! Corre, guriaaaaaa

Tenho uma surpresinha pra vocês, mas não sei se devo mostrar por agora ou esperar os personagens se desenvolverem mais :x



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