Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 30
Capítulo Trinta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696872/chapter/30

Daylight (Cover Maroon 5) - Skylar Dayne & Shaun Reynolds

 

Hunter acordou sentindo um peso sobre o lado direito de seu tórax enquanto despertava lentamente. Antes mesmo de abrir os olhos conseguia sentir a claridade do dia de encontro com as suas pálpebras. Abriu-os lentamente, e encontrou o quarto de Natalie parcialmente iluminado pela luz que escapava pelas cortinas das janelas, logo atrás da cabeceira da cama.

O rapaz não demorou a olhar para baixo e perceber que o peso que sentia contra o seu peito era a cabeça de Natalie que repousava ali. Deu um pequeno sorriso sem abrir os lábios enquanto a linha entre as sobrancelhas surgia. Percebeu que seu braço passava por baixo do corpo da garota, envolvendo-a como se para trazê-la ainda mais para perto de si.

Sentiu seu coração acelerar e bater tão forte dentro do peito que ficou com medo de que aquilo fosse capaz de acordar a castanha, que parecia dormir tão serenamente. Ele logo se irritou, pois não conseguia ver o rosto dela adormecido por causa da posição em que se encontravam.

Conformado, Hunter virou o rosto minimamente e seus lábios foram de encontro com o topo da cabeça de Natalie. Foi impossível evitar que o cheiro de baunilha dos cabelos dela não o extasiasse. Fechou os olhos como se aquela atitude o permitisse aproveitar melhor a sensação olfativa e, instintivamente, a mão que descansava no braço da garota subiu com cuidado até a parte de trás da cabeça dela, afagando-lhe as madeixas. Desejou internamente que aquele momento jamais se acabasse.

O carinho fez com que Natalie se mexesse minimamente, sem sair da posição em que estavam. Ele continuou a acariciá-la enquanto a assistia despertar um tanto quanto ansioso.

A castanha soltou um pequeno muxoxo, ainda meio perdida. Percebeu que sua bochecha estava apoiada sobre a pele nua do tórax de Hunter, e embora soubesse que deveria sair dali, simplesmente não o fez.

Sem sequer desencostar a cabeça, levantou o rosto apenas para dar de encontro com aqueles olhos verdes que pareciam mais claros do que nunca naquela manhã. O ouro e a esmeralda nunca pareceram combinar tanto como naquele momento em que o par de olhos verdes se prendia ao par de olhos cor de mel.

— Hey... – a voz dele estava rouca e Natalie pensou que seu corpo fosse se desmanchar ao ouvi-la.

— Hey... – ela respondeu baixinho, fazendo-o sorrir serenamente, apenas com os lábios.

— Dormiu bem?

Natalie assentiu com a cabeça timidamente. Hunter ainda lhe fazia carinho nos cabelos e aquilo a estava arrepiando. Quando abaixou o rosto novamente, seus olhos deram de encontro com a borboleta tatuada sobre o estômago dele. (FOTO)

Assustou-se com a própria atitude de levantar a mão até ali para tocar o desenho com a ponta dos dedos, como se a pudesse sentir em relevo. Percebeu que Hunter enrijeceu o abdômen no mesmo instante. Só não pôde notar que ele havia fechado os olhos apenas por sentir o toque dela.

Hunter voltou a abri-los quando sentiu que ela se desencostava dele. Observou-a se apoiar no próprio cotovelo sem sair de perto dele. Agora os olhos de Natalie focavam atenciosamente os pássaros tatuados no tórax do castanho, que a observava completamente encantado. Um pouco acima, do lado esquerdo ela pôde fitar o colar de crucifixo que ele usava em volta do pescoço, mas logo em seguida, seus olhos caíram sobre a tatuagem a escrita “17BLACK”. Também havia duas pequenas cruzes praticamente coladas ao pássaro. Ficou tentando imaginar o significado de cada um daqueles desenhos no corpo do rapaz. (FOTO)

Sua mão traçou um caminho a partir da tatuagem de borboleta até o pássaro do lado esquerdo do tórax de uma maneira delicada e inocente, provocando arrepios na pele dele sem perceber. Ela sentia uma necessidade imensa de tocá-lo em todas as partes em que a pele dele era coberta por tatuagens. Queria explorar cada uma, estudar cada uma.

Hunter não podia estar mais extasiado. Começou a respirar com dificuldade enquanto a assistia analisar suas tatuagens com tanta atenção. Era como se o toque dela enviasse pequenos choques para cada terminação nervosa do corpo dele. Na altura do campeonato, sua mente estava tão enevoada que sequer sabia como ainda não havia perdido o controle e a agarrado na cama, arrancando-lhe as roupas. Não conseguia sequer contestar o próprio pensamento de estar se excitando apenas com aqueles gestos. Precisou respirar fundo para conseguir evitar a excitação abaixo do ventre. Natalie, então, tocou o desenho não só com a ponta dos dedos, mas com quase toda a palma da mão, sentindo-a.

O rapaz respirou fundo mais uma vez, e não se contendo, levantou o braço esquerdo. Segurou a mão da castanha sobre o seu peito, fazendo-a sentir o seu coração acelerado bater violentamente contra o toque dela.

Aquilo fez o coração dela também se debater contra a caixa torácica e um friozinho abaixo do ventre se apossar de seu corpo, deixando-a fora de controle.

Seus olhos finalmente foram de encontro aos de Hunter. Ele a encarava com os olhos estreitos, como se estivesse se contendo dentro de si. Notou-o sério, pressionando a mandíbula e a deixando em evidência. Natalie começou a sentir a sua respiração descompassar. Quando percebeu que a vontade de avançar sobre o corpo dele estava começando a tomar conta de todo o seu ser, saiu daquele torpor, puxando a própria mão de volta para si em um único impulso.

Encarou-o seriamente, com a boca ligeiramente entreaberta, estupefata. Hunter devolveu o olhar, mas continuava embriagado com o momento.

Natalie se sentou rapidamente, saindo da cama.

— Acho que vou fazer o café da manhã. – ela disse.

Quando pensou em respondê-la já era tarde, pois Natalie fora tão rápida que já havia saído do quarto. Ele finalmente pareceu respirar com clareza e sorriu como um bobo. Tampou o rosto com um dos travesseiros, contendo uma risada.

 

**

 

Hunter apareceu na cozinha quase vinte minutos depois, e Natalie já estava terminando de colocar as panquecas sobre a bancada. Ela deu um sorriso fraco e completamente sem graça quando se virou e o viu ali, já terminando de colocar a mesma camiseta cinza da noite anterior.

— Parece que a chuva parou. – o comentário de Hunter fez com que Natalie olhasse para a janela instintivamente, confirmando o que ele falava.

— É, só imagino o estrago que foi feito. – ela tentou não olhá-lo nos olhos. Ainda estava envergonhada pelo o que havia feito minutos antes, quando estavam deitados na cama. Depositou uma jarra de suco de laranja sobre a bancada. – Bom, temos suco, café, chocolate quente... Waffles, torradas, geleia...

O castanho sorriu de lado:

— Não sabia que tinha essas habilidades.

— E não tenho. – notou que Hunter franzia o cenho. – Espera até ver a mesa de café da manhã que a Anna prepara... Aí você nunca mais vai falar isso na sua vida.

Os dois se sentaram nas banquetas da bancada e começaram a se servir. Natalie tentou se concentrar mais em sua comida do que no rapaz do outro lado da mesa. Fazia tempo que não se sentia tão confusa. Estava com a sensação de que não devia ter agido daquela maneira com ele na cama. Mas ela simplesmente não conseguiu evitar. Era como se uma força muito maior do que a sua sobriedade a tivesse guiado naquele momento. Estar perto dele era simplesmente assim.

Desde Izaac, já não sabia o que era sentir-se tão fora de controle, tão sem amarras. E aquilo realmente a assustava. Precisava de um momento sem ele por perto, disso ela tinha certeza.

— Tem planos pra hoje? – Hunter interrompeu seus pensamentos.

— Hm... Tenho trabalhos acumulados e umas provas chegando... Vou aproveitar que as aulas foram canceladas hoje e amanhã por conta da chuva e vou tentar entrar nos eixos. – Natalie respondeu antes de dar uma garfada em seu waffle. - E você?

— Show. – a castanha assentiu em resposta. Hunter deu um grande gole de seu suco. – Pretende fazer esses trabalhos todos até tarde da noite?

— O que quer dizer? – ela segurou o garfo na direção da boca, mas não o abocanhou.

— Estava pensando se você não estaria a fim de ir ao show. Poderíamos... Sei lá, fazer algo depois. – o cantor a encarou de maneira séria, ansiando pela resposta.

— Eu... – Natalie conteve o sorriso nos lábios. Primeiro porque estava surpresa. Segundo porque não queria demonstrar qualquer excitação diante do convite dele. Hunter era do tipo de cara que se gabava por qualquer coisa. Porém as coisas saíram um pouco fora do controle e ela se enrolou. – Claro... Acho que seria legal. Mas eu realmente tenho que fazer meus trabalhos essa tarde, então... Mas eu quero... Eu digo, eu vou.

Diferente dela, Hunter simplesmente não conseguiu conter o sorriso no mesmo instante. Natalie sentiu seu rosto queimar.

O momento foi interrompido pelo toque da campainha, e os dois se entreolharam um tanto quanto confusos. Natalie demorou alguns segundos antes de se recompor e ir em direção da porta. Estava tão aérea que sequer se lembrou de verificar quem era através do olho-mágico.

Sseu queixo caiu ao abrir a porta e ver Aaron parado diante dela, com a mochila nas costas.

— Nossa, que cê tá fazendo aqui? – estava tão surpresa que sequer o cumprimentou.

A reação de Natalie fez Hunter se levantar da banqueta subitamente, virando-se em direção da porta para ver o mesmo rapaz da noite anterior. Fechou seus punhos na mesma hora e prendeu a respiração. O sorriso que antes estava estampado em seu rosto havia se desfeito.

— Oi pra você também... – Aaron riu de maneira descontraída. – Fiquei preocupado... Tentei te ligar, mas você não atendeu... Tá tudo bem?

Natalie piscou algumas vezes, ainda sem reação. Demorou algum tempo para que ela respondesse.

— Ah, não... Tá tudo bem, eu tô bem. – ela passou a mão pelos cabelos apreensivamente. – Ééé... Entra!

Aaron deu um breve sorriso antes de adentrar o apartamento. Parou bem próximo da mesa de vidro de jantar quando viu Hunter ali.

— Hunter Saxton aqui mais uma vez? Que surpresa! – ele estreitou os olhos verdes no mesmo instante, como se desconfiasse da presença do cantor durante dois dias seguidos.

— É, ele acabou ficando preso aqui na tempestade que deu ontem, lembra? – Natalie respondeu, olhando de um rapaz para o outro, sentindo a tensão se formar no ambiente. Aaron assentiu em resposta, mantendo um sorriso forçado, apenas com os lábios.

— Entendi... – virou-se para Natalie no mesmo instante, como se ignorasse o fato de Hunter também estar ali. Passou a mão no braço dela lentamente. – A gente tinha marcado de estudar hoje à tarde, né?... Mas como não tínhamos aula, pensei se você não queria adiantar para eu também te ajudar com aquelas produções que você pediu.

Os olhos cor de mel de Natalie se arregalaram e correram ligeiramente na direção de Hunter, que assistia àquela cena em silêncio, mas respirando profundamente como se estivesse se contendo para não tomar nenhuma atitude descontrolada.

— É... Tudo bem... É uma boa ideia... Porque à noite eu já tenho um compromisso e não quero me atrasar. – ela respondeu ao Aaron, mas na verdade olhava para Hunter, como se dissesse aquilo a ele com o intuito de frisar que iria ao show. – Eu só preciso tomar um banho, aproveitar que a energia voltou. – Aaron assentiu em resposta. – Hunter...

— Eu já estou de saída. – ele respondeu de uma vez, olhando-a. – Tenho um show essa noite e não posso me atrasar para a passagem de som. – o rapaz direcionou-se à porta.

— Até mais, Hunter. – Aaron forçou o seu melhor tom simpático, e tudo o que o vocalista conseguiu foi fazer um aceno duro com a cabeça.

— Certo... – Natalie soltou o ar de forma apreensiva. – Vou com você até a porta. – foi logo atrás de Hunter.

Assim que Natalie abriu a porta, Hunter saiu, e antes que ela pudesse falar qualquer coisa, o rapaz a puxou para fora do apartamento. A castanha encostou a porta atrás de si para que Aaron não conseguisse escutá-los.

— Que porra é essa? – ele falou em um tom baixo, mas notoriamente irritado. – Você vai ficar com esse cara aqui, sozinha?

Natalie o encarou confusa.

— Como assim? Não tô entendendo. – ela franziu a testa, revelando uma expressão séria. Aquela era a mesma expressão no rosto dele.

— Quer dizer que só foi ele chegar pra você me dispensar? – Hunter indicou a porta dela com a mão. Seus olhos estavam estalados, encarando-a.

— Eu não dispensei nada! Isso já estava combinado desde o começo da semana, mas com tudo o que eu aconteceu eu simplesmente me esqueci...! – Natalie puxou a maçaneta, fechando a porta por completo atrás de si. – Eu realmente preciso estudar, fazer meus trabalhos... Mas isso não me impede de ir ao show mais tarde.

— Você precisa “estudar e fazer seus trabalhos” com ele? Não é autossuficiente? – Hunter falou um pouco mais alto. A cada frase perdia ainda mais o controle. Sentia o sangue lhe esquentar a cabeça.

Natalie tentou rir, mas estava estupefata demais para fazê-lo.

— Escuta, qual é o teu problema, garoto?! Não é nada demais, ok?! – quando ela percebeu que estava tentando se explicar, irritou-se consigo mesma. – Espera... Eu nem sei por que estou tentando te explicar alguma coisa aqui. Eu não te devo satisfação nenhuma da minha vida.

— E quanto à noite passada? E hoje de manhã, na cama?

— Foi tudo um erro. – ela havia ficado cega de raiva após Hunter tê-la chamado de incompetente. – Aliás, não aconteceu absolutamente nada entre a gente pra você ACHAR que tem controle sobre mim. Eu não sou mais um dos seus seguranças que você pode mandar e desmandar, Hunter.

Aquilo o havia atingido como uma estaca em seu peito.

— Nada do que aconteceu foi um erro. – ele respondeu entredentes, pressionando a mandíbula com tanta força que sentia que ela seria capaz de soltar de sua cabeça a qualquer instante. – Você sabe que não foi. Não finja que não sentiu nada, Natalie. – era uma das únicas vezes que ela o ouvia chamar seu nome.

— Eu não me importo. Eu faço o que eu quero. – ela respondeu dura e secamente.

Com aquela resposta ele só pôde concluir que ela não iria obedecê-lo. Que entre ele e o rapaz dentro do apartamento, ela escolheria o rapaz. Pelo menos era daquela maneira que Hunter Saxton conseguia enxergar. Bateu com o punho fechado na caixa do extintor de incêndio que ficava preso à parede com força, assustando-a. Ele respirou profundamente, voltado a encará-la com ódio.

— Faz o que quer? Ótimo. Então aproveita e dorme com ele também, porque tá na cara que é o que você quer.

Ele girou os calcanhares e saiu pisando forte dali, deixando-a estática e completamente ofendida na frente da porta do próprio apartamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GRRR, esses dois são intensos demais, né, gente? Mal ficaram bem e já estão em guerra de novo! Ô povo complicado :x

Ah! Devem ter reparado que eu coloquei esse gif normalmente no corpo do capítulo! Quando é só um gif, consigo colocar automaticamente. Mas quando é um trilhão, que é o que eu costumo fazer, aí acabo hospedando em outro lugar! Espero que não se incomodem ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Defenceless" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.