Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 21
Capítulo Vinte e Um


Notas iniciais do capítulo

Peguem um lencinho!



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Natalie ficou na frente do International Center of Photography esperando Aaron colocar o carro no estacionamento. Olhou para a fachada e viu um cavalete com o tema da exposição: "The Early Years Of Rhythm And Blues".

Ficou encarando o lugar com a mente vazia por algum tempo enquanto várias pessoas entraram. Ouvir a voz de Hunter no rádio certamente a deixou se sentindo um pouco diferente. Era estranho escutar a voz dele no rádio depois de ter estado um dia todo ao lado dele. Não conseguia simplesmente relacionar que aquele rapaz fazia parte de um grupo que era o ídolo teen do momento. Depois de mais alguns minutos, o Aaron finalmente apareceu.

— Desculpa a demora. O estacionamento tava cheio, aí tive que ir em um outro mais afastado.

— Tudo bem. - Natalie deu um sorriso breve que não convenceu Aaron.

— Tá tudo bem com você? - ele se inclinou minimamente para que seu rosto ficasse no foco de visão da castanha, fazendo-a prestar atenção nele.

— Claro que está! Por que não estaria? - a castanha deu uma risada fraca. - Tava aqui pensando no quanto essa exposição teria me ajudado no semestre passado, na aula de Comunicação, Arte e Cultura.

— Ah, isso é verdade. Teria salvado muitas horas de tentativa de compreensão. - Aaron riu e ofereceu o braço para ela. - Bom, vamos?

— Demorou. - Natalie sorriu, envolvendo o seu braço no dele.

Os dois adentraram a galeria e logo se viram envolvidos naquela atmosfera. Uma música da época tocava para que as pessoas realmente se sentissem nos anos 50 e 60.

Toda vez que Natalie estava com Aaron, sentia que acabava se surpreendo com o momento que compartilhavam. Ela sempre gostou de sair ou estudar com o rapaz, mas era como se ele fizesse o momento ser ainda melhor do que ela havia imaginado que seria. E aquela noite não estava sendo diferente.

Eles riam e faziam piadas o tempo todo. Além do quê, compartilhavam muitos interesses em comum, sempre tinham algo a comentar sobre determinada fotografia, e um parecia entender o outro com extrema facilidade. Aaron era uma pessoa muito fácil de lidar e compreender, diferente de Izaac ou... Ou Hunter.

Irritou-se quando estavam vendo uma das fotografias da exposição e fez tal comparação. "Por que inferno eu fico comparando o Hunter com pessoas que fizeram ou fazem parte da minha vida como se ele representasse algo? Ele não tem nenhuma relação comigo. Aliás, milagrosamente, desde que eu pedi para que ele se afastasse no domingo, eu não tive mais nenhum sinal de sua existência. Com exceção das mídias e da imprensa que me fazem lembrar dele a cada meia hora. Saco, por que ele tinha que ser quem ele é?"

— Natalie? - Aaron a chamou como se aquela não fosse a primeira vez, de um jeito mais firme, o que a fez sair de seus devaneios. Ela piscou algumas vezes antes de virar o seu corpo completamente na direção dele. - Tem alguém aí?

— Me desculpa, estava com o pensamento longe. - ela também riu.

— Eu percebi. Tá tudo bem mesmo? Sei lá...

— Tá sim, Aaron, já disse. O que foi? Não estou sendo uma boa companhia esta noite? - o semblante dela pareceu ficar um pouco murcho.

— Não, claro que não! - ele a segurou pelos ombros delicadamente. Depois puxou-a para que andassem lentamente pela exposição sem prestar muita atenção nas fotografias seguintes. - Sua companhia é sempre incrível. Inclusive, tenho sentido a gente mais próximo do que nunca. - ele deu aquele sorriso que Anna sempre gostou e passou a mão pela cintura dela, fazendo-a prender a respiração e deixar a coluna totalmente ereta. Era a primeira vez que ele a tocava daquela maneira e Natalie decididamente se sentiu desconfortável com aquela situação, mas tentou agir o mais naturalmente possível. - Eu só te achei um pouco pensativa demais. Aconteceu alguma coisa?

— Juro que não. - ela deu um sorriso enquanto pressionava os lábios. Parou novamente e assumiu a mesma posição de antes, ficando de frente para ele de maneira descontraída o suficiente para que ele não percebesse que foi uma maneira de se desvencilhar do braço dele. - Prometo que não acontecerá de novo. Pinky promise? - ela levantou o dedo mínimo.

Aaron não conseguiu evitar o riso. Envolveu o dedo mínimo dela com o próprio dedo e a puxou para mais perto daquela forma.

— Você é incrível, sabe disso? - ele comentou, passando a mão no rosto dela lentamente, afastando uma mecha de cabelo dali. Olhou-a nos olhos, concentrado no mel que o encarava de maneira surpresa.

— Aaron... - Natalie o chamou, receosa. Abaixou os olhos e afastou o rosto da mão dele lentamente para não parecer rude.

— Desculpa. - o rapaz deu um sorriso meio sem graça. - Avancei o sinal rápido demais?

Ela respirou fundo, parecendo desconsertada.

— Não é que você tenha avançado o sinal rápido demais... - a garota de sardas deu alguns passos para trás para criar um espaço ligeiramente maior entre eles. - Mas eu não sei se me sinto confortável em pensar em você avançando o sinal em relação a mim... - ele continuou a encará-la e ela se sentiu confusa. - Eu não sei se você conseguiu entender, sou péssima com essas coisas. - ela tentou rir, completamente sem graça.

— Essa foi uma maneira de dizer que você "só me vê como amigo"? - Aaron deu um sorriso contido.

— E-eu acho que sim. - Natalie ajeitou a touca vermelha em sua cabeça. - Somos amigos desde que eu entrei na NYU.

— Isso porque você namorava o Izaac. - o rapaz de cabelos loiro-escuros explicou. - Eu nunca escondi o meu interesse em você. Só nunca fui... Direto. Não queria forçar a barra ou te deixar desconsertada.

— Mas acho que justamente por eu ter te conhecido quando eu ainda namorava... O meu sentimento em relação a você sempre foi de amizade. Nunca teve tempo de ser uma outra coisa. - Natalie começou a gesticular minimamente, o que indicava que estava nervosa com a situação e não sabia como agir. 

— Bom... Mas agora há tempo. - ele estreitou os olhos minimamente, encarando-a.

Natalie fitou aqueles olhos verdes que ela conhecia há algum tempo. Eram olhos encantadores que sempre a acolheram com ternura. Os olhos que sempre lhe davam total atenção e pareciam não se importar com mais nada ao redor sempre que a fitava. Ela se perguntava que injustiça era aquela que a fazia não sentir nada mais forte quando aquele par a olhava. Se perguntava por que o único par de olhos verdes que fazia seu coração acelerar nos últimos tempos eram os de Hunter Saxton. Amaldiçoou-se mentalmente por ter se lembrado dele novamente. Respirou fundo.

— Eu não... Aaron. Não sei se consigo, eu realmente gosto muito de você, mas... Mas não assim.

— Se você gosta muito de mim... - Aaron molhou os olhos, olhando-a firmemente. - Então não faltaria muito para que esse sentimento crescesse e mudasse.

Ela piscou algumas vezes, focando seu olhar no tórax dele por alguns instantes, sem saber o que falar. Não queria ser direta e magoá-lo.

— Aaron, eu não...

— Não precisa ser agora. - ele a interrompeu. - Eu sei que você não gosta de mim dessa maneira. Mas... Mas isso não me impede de continuar a gostar de você dessa outra maneira. E eu espero que você compreenda que eu não vou desistir disso. - Natalie engoliu em seco enquanto o ouvia. - Sei que demorei pra dizer tudo isso, mas eu vi o quanto você ficou magoada depois do seu término com o Izaac, e não queria te pressionar. Só que agora... É como se eu não conseguisse mais segurar. - ele parecia falar tudo aquilo com muito cuidado.

Natalie o encarou ainda mais surpresa depois daquela confissão. Sempre achou que Aaron nutria um sentimento um pouco mais forte por ela. Além disso, Anna vivia esfregando aquele fato em sua cara. Mas achava que era apenas uma atração por parte dele, nada mais que uns flertes ou alguns olhares significativos. E ouvir a parte da história que cabia a ele era surpreendente.

— Olha... Eu nem sei o que te dizer. - a garota riu fracamente. Estava sem graça. - Você me pegou totalmente desprevenida, eu não esperava que um dia você me falasse tudo assim, sem filtro. Mas se você foi sincero, eu também tenho que ser.

— Eu sei exatamente quais são os seus sentimentos por mim, Natalie. Mesmo antes dessa conversa, então não é como se você estivesse me magoando. - Aaron franziu a testa. - E eu só estou te avisando que eu vou fazer de tudo pra mudar isso.

Natalie soltou o ar. Parecia estar sem oxigênio no cérebro.

— Certo... Mas o que eu deveria dizer diante disso, então?

— Que você não vai se afastar de mim. - ele pediu sinceramente.

Ela demorou alguns segundos para responder.

— Tudo bem. Mas eu espero que você também entenda que eu não vou me forçar a sentir algo. Vou deixar as coisas acontecerem, sem a pressão de ter que corresponder ou qualquer coisa do tipo. Pra mim você é meu amigo.

Ele conteve o sorriso e Natalie não conseguia entender como ele poderia achar graça naquilo.

— Feito.

**

High Hopes - Kodaline

 

Natalie chegou em casa e jogou a bolsa na mesa. O apartamento estava escuro, exceto pela luz que escapava da fresta do quarto de Anna. Ela arrancou as botas dos pés e as deixou jogadas no meio do caminho.

Foi para o corredor, e em vez de entrar em seu quarto, que ficava logo ao final, virou seu corpo para a esquerda, parando na porta do quarto de Anna. Sem cerimônias, entrou no quarto da amiga sem fechar a porta. Encontrou-a deitada na cama de casal dela, de barriga para cima enquanto segurava um livro no alto, lendo-o. Anna parou no mesmo instante e fitou a amiga.

Natalie se aproximou silenciosamente e se deitou ao lado de Anna, também de barriga para cima. A morena fechou o livro e o colocou de lado. Fitou Natalie por alguns segundos e percebeu que era um daqueles momentos. Respirou fundo e se deitou de lado para olhar a amiga melhor.

— Tudo bem? - Anna perguntou baixo, como se o apartamento não fosse só delas e não quisesse que mais alguém a escutasse.

— Tudo. - Natalie finalmente falou, no mesmo tom baixo que a amiga.

— Como foi o encontro?

— O Aaron se declarou pra mim. - ela respondeu franzindo a testa, deixando uma marca de expressão à vista, como se estivesse brava - embora não estivesse. Ainda encarava o teto.

— E o que você disse? - Anna a estudava, estreitando os olhos minimamente.

— Disse que não sentia o mesmo por ele. - Natalie limpou a garganta antes de continuar. - E ele basicamente disse que não se importa... E que mudará isso.

— Ele realmente gosta de você, Nats...

— Mas eu não. - a castanha levantou os ombros. - Eu gosto muito dele. Mas não dessa maneira. - ela fazia expressões como se estivesse encarando Anna, quando na verdade continuava a olhar para o teto.

— Por que você faz isso, guria?

— Isso o quê?

— Fica se negando a viver algo novo, a tentar diferente.

— Porque no final vai ser tudo igual, e eu não quero.

— Não tem como você prever que vai ser igual, amiga.

Natalie soltou o fôlego de uma vez.

— Você não entende.

— Não, eu não entendo. É como se... - Anna mordeu o lábio rapidamente. - É como se te oferecessem tudo, mas nada é bom o bastante.

— Ninguém é bom o bastante. Nem eu. - Anna viu uma lágrima solitária escapar do olho esquerdo de Natalie e correr pela sua têmpora até se perder nas raízes do cabelo dela.

Anna a olhou com compaixão. Puxou a amiga para mais perto, abraçando-a.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi bem importante pra mim e pra história, people! A gente começa a entender um pouquinho mais da Natalie e a perceber que não se trata de teimosia. :x

Xo perguntar! Vocês estão ouvindo as musiquinhas? Acho elas maravilhosas para ambientar a cena, fico me achando a roteirista more imaginando a história como uma série e encho de músicas para os momentos importantes HAHAHAHA :$

AH! a pesquisa sobre o capítulo +18 continua! Quem não deu a sua opinião, favor fazê-la o mais breve possível aqui na caixinha de Pandora ♥



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