Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 15
Capítulo Quinze




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Natalie já havia acabado de sair da estação de metrô da 28. Eram apenas dois minutos de caminhada até o Tavern 29, mas ela estava andando tão devagar que fez parecer o caminho durar uma eternidade.

A voz de Anna ainda estava em sua cabeça:

“- Deixa as coisas fluírem, ok? Para de tentar controlar tudo na sua vida e esquece o Izaac. Já foi.”

Respirou fundo, tentando esvaziar a cabeça, como a amiga disse. Talvez estivesse realmente na hora de esquecer o passado e começar a deixar as coisas fluírem sem pressão ou medo. Quando ela estava prestes a virar a esquina, seus olhos estancaram na capa de uma revista de fofocas.

Ela puxou a revista para si para se certificar da data. Havia saído naquela manhã. Sentiu-se a garota mais imbecil da face da Terra por pensar, por alguns segundos, que poderia deixar as coisas fluírem entre ela e Hunter Saxton. (GIF)

 

**

 

Eram 3:43pm quando Hunter olhou a tela do celular pela última vez para confirmar as horas. Ele começou a bater o pé debaixo da mesa com impaciência enquanto passava os olhos pelo rooftop do bar. (LINK 1 e LINK 2)

 

Quando levantou seus olhos verdes e a viu adentrar o local, conteve-se para dar apenas um pequeno sorriso, deixando os lábios em uma linha fina.

Mas seu sorriso se desfez em questão de segundos quando notou que ela caminhava a passos fortes, e seus olhos estavam estreitos. Ele respirou fundo, entrelaçando as próprias mãos sobre a mesa. Sentiu que precisaria de paciência.

Assistiu-a procurando por ele, os olhos cor de mel correndo pelo ambiente. Quando percebeu-o no canto, se direcionou para lá.

— Oi... – ele começou, limpando a garganta. Pensou em se levantar para cumprimentá-la, mas logo em seguida desistiu. Sequer se moveu. Apenas a olhou por baixo. Natalie o encarou, séria. – Tá tudo bem?

— Tudo... – ela então se sentou, descansando a bolsa bem ao lado, no banco. Estava tentando disfarçar a decepção e a raiva. Conteve-se o máximo que pôde.

Hunter continuou na mesma posição, com os cotovelos sobre a mesa. A testa revelava uma linha de expressão que Natalie achava extremamente sexy... Mas estava tão irritada que acabou afastando aqueles pensamentos. (GIF)

 

Hunter estava receoso.  Percebeu logo que algo não estava certo.

— Você... Tá melhor? – o rapaz perguntou depois de soltar um pigarro. Natalie lançou-lhe um olhar de dúvida, e ele resolveu se explicar. – As bebidas.

— Ah! Sim, sim... Obrigada por perguntar. – ela colocou os dois braços sobre a mesa, descansando-os sobre o tampo. Encarou as esmeraldas dele.

Hunter conseguia sentir a tensão ficar cada vez maior no local.

— Quer pedir alguma coisa?

— Não, eu tô bem. – Natalie respondeu de uma vez, sem abertura nenhuma. – O que você queria conversar, mesmo?

O cantor respirou fundo, tentando controlar a paciência que ia se esvaindo segundo a segundo.

— Bom... Achei que precisávamos conversar depois do que eu acabei te falando ontem. – ela assentiu, ainda o encarando sem esboçar qualquer reação. Aquilo estava realmente incomodando. – O que você se lembra que eu tenha dito?

Natalie mordeu o lábio superior levemente. Ela focou suas amêndoas nos braços dele por alguns segundos, tentando se concentrar nas numerosas tatuagens do braço esquerdo dele.

— É... – seus olhos voltaram ao rosto dele. – Que você não conseguia me tirar da sua cabeça.

Ele assentiu, engolindo em seco. Estava tão nervoso que sentiu como se houvesse engolido um cubo de gelo inteiro em vez de saliva.

— Então você não entendeu errado... - Natalie soltou o ar como se fosse uma risadinha, e aquilo o intrigou. – O que tá acontecendo, afinal?

— Como? – Natalie o olhou surpresa.

— Achei que você tivesse vindo aqui para conversarmos... – Hunter comentou na defensiva.

— E eu vim. – ela puxou a bolsa para perto. Hunter percebeu que ela a estava abrindo. – Eu realmente pensei que... Que era verdade.

— Mas é verdade, e... – o castanho parou de falar quando Natalie jogou uma revista sobre a mesa.

— É mesmo?

Os olhos dele correram rapidamente pela capa e pelo título. Sua mandíbula enrijeceu e ele perdera a fala. A revista estampava fotos dele com a garota com quem saiu da Lavo e foi para o hotel. Ele estava tão bêbado e nervoso com o que havia acontecido na festa que esquecera-se completamente dos paparazzi que viviam no seu encalço. (FOTO)

 

Ele pressionou os lábios com tanta força que o contorno de sua boca ganhou uma coloração esbranquiçada, e suas covas nas bochechas ficaram eminentes.

Quando voltou a encará-la pensou que havia levado uma apunhalada no peito. A expressão dela era de decepção. De alguma forma, a garota que o havia odiado desde o primeiro momento em que se conheceram havia resolvido apostar uma ficha nele, dar uma chance. E ele havia estragado tudo. (GIF)

 

— Eu nem sei por que me dei o trabalho de vir até aqui. – Natalie voltou a falar com a voz baixa. – A lição de hoje é parar de escutar a Anna. Ela insistiu que você não era só aquele cara babaca. – ela riu fracamente, desacreditada. – Geralmente ela acerta, sabe?

— Eu juro que não era pra ter sido assim... – Hunter tentava encontrar palavras para se explicar, mas não encontrava nenhuma que pudesse, de fato, fazer qualquer sentido. As fotos falavam mais do que qualquer coisa. O que ele iria contestar em sua defesa?

— Você me colocou na situação mais cretina do mundo. – Natalie balançou a cabeça negativamente. – Eu não precisava estar passando por isso agora. É tão vergonhoso... – ela passou a mão pelo rosto.

— Sou eu quem estou me sentindo envergonhado. – o rapaz abaixou o olhar, mirando na correntinha do pescoço dela.

— Do quê? Você só está sendo quem você sempre foi. – ela fez uma pausa, molhando os lábios. – E eu nem sei porque achei que estava no direito de te cobrar alguma coisa. – Hunter finalmente voltou a olhá-la. – A gente sequer se conhece. O mínimo que eu sei já deveria ser o suficiente pra concluir que tipo de cara você é.

Aquilo foi como um tapa na cara de Hunter. Apesar de ele estar errado, se sentiu injustiçado pela condenação que estava recebendo. Ele havia saído de casa com o pensamento de fazer diferente daquela tarde em diante. Mas esqueceu-se que o passado continuava sempre ali, especialmente quando se é famoso. O passado ainda estava bem quente, e estava sendo literalmente esfregado na cara dele, estampado nas revistas de toda New York.

— É? E que tipo de cara eu sou? – a voz de Hunter voltara a ficar firme. A linha de expressão estava mais presente do que nunca em sua testa.

— Você só é mais um que acha que pode brincar com as pessoas. Que pode tê-las e jogá-las fora quando não tiverem mais serventia. – Natalie respirou fundo. – E é frustrante, porque cada hora que eu abro a boca pra te falar qualquer coisa, é como se fosse um tapa na minha cara também. Porque você não me deu sequer um único bom motivo pra eu vir até aqui.

— Então por que veio?

— Por que eu sou idiota? – ela respondeu sarcástica e retoricamente. – Eu sou uma idiota. – dessa vez ela confirmou a frase. – Porque eu não tive serventia nenhuma pra você desde o começo, não é? Porque não aceitei ir com você ao seu apartamento. – era como se tudo passasse a fazer sentido na mente dela, como se uma luz iluminasse um quarto escuro. – Então você quis me mostrar que não importa como, você sempre consegue o que quer. E conseguiu. Conseguiu fazer com que eu acreditasse em todo o seu joguinho ontem à noite. Conseguiu me fazer sair de casa pra encontrá-lo. Mas esqueceu de apagar as “provas do crime”, não é? Conhece a frase “nenhum crime é perfeito”?

Hunter passou a mão pelo maxilar, tentando absorver todas as ofensas que tinha escutado. Não poderia estar mais irritado. Toda a calma que havia se esvaído por completo, mas não queria demonstrar o quão baqueado e frustrado estava com tudo indo por água abaixo. Em vez disso, ele reassumiu a pose irreverente que havia desarmado.

— Não vai dizer nada? – Natalie finalmente perguntou diante do silêncio dele.

— Não há nada pra ser falado. Quer que eu me defenda? – o rapaz jogou o cabelo para o lado com a mão. – Nada do que eu diga vai mudar o que aconteceu. Eu vou continuar sendo o monstro mentiroso e você a pobre coitada.

— Pobre coitada? – o rosto dela se transfigurou em incredulidade e no mesmo instante ele já havia se arrependido do que havia dito.

E ainda assim, era como se houvesse perdido o controle da própria boca. Continuou:

— Você tá aqui me ofendendo de todas as formas possíveis, dizendo que a culpa é toda minha.

— E não é? – a castanha soltou um ar de deboche.

— Bom, pra começar... Tudo isso poderia ter sido evitado desde o começo, quando nos conhecemos. – Hunter só desejava que alguém calasse a boca dele.

Natalie pensou que seu maxilar fosse cair no chão ao ouvir aquilo.

— Tá dizendo que a culpa disso tudo é minha porque eu não fui com você ao seu apartamento?

— Com certeza não estaríamos discutindo o fato de eu ter saído com outra da balada e ido parar em um hotel.

— Isso é ridículo! – ela falou um pouco mais alto, chamando a atenção de algumas pessoas para a mesa deles, o que o fez ficar em alerta no mesmo instante.

— Se acalma. – o castanho pediu falando mais baixo, receoso. Se chamasse a atenção, a qualquer momento alguém puxaria um celular para gravá-los.

— Ah, eu vou ficar calma, sim. – Natalie se levantou, puxando a bolsa do banco. Assustado com o gesto dela, Hunter também se levantou. (GIF)

— Onde vai?

Natalie soltou uma risadinha de escárnio.

— Onde você acha? – ela o encarou de cima abaixo. – Pode ficar com a revista de presente pra você. Assim, toda vez que olhá-la vai lembrar do quanto me fez de otária e provou para o mundo e até para mim que Hunter Saxton sempre tem o que quer.

Ela se virou para sair dali.

 


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Notas finais do capítulo

Barraco atrás de barraco :x

Quero saber uma coisinhaaaa! O que estão achando dos gifs? Euzinha quem me mato pra fazê-los, então espero que estejam gostando. Até porque há trilhões deles vindo por aí! ♥



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