Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 14
Capítulo Quatorze




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Hunter estava quase que esparramado no sofá de seu apartamento. As pernas esticadas e o corpo propositalmente desleixado. Segurava o celular com ambas as mãos enquanto encarava a tela à espera de respostas que pareciam demorar uma eternidade. (GIF)

 

O celular finalmente vibrou em sua mão e ele se apressou em ler a mensagem. Aliás, a tela com as mensagens de Natalie já estava aberta, sequer precisava mover os dedos para acessá-la.

Natalie

Eu me lembro, mas me sinto confusa.

Eu estava bêbada, a música estava alta demais... Acabei passando mal e precisei ir pra casa.

Minha cabeça tá uma bagunça e eu sinceramente não sei se entendi errado...

Ele respirou fundo, como se tentasse compassar o coração que começava a se debater violentamente dentro de seu peito sem nem ele entender o porquê. Bateu o anel do dedo indicador repetidas vezes na lateral do iPhone enquanto pensava no que responder.

Uma onda de sentimentos o invadiu novamente. Primero sentiu-se aliviado, pois naquele instante ficara claro que ela não havia fugido dele. Natalie realmente havia passado mal por conta do excesso de bebidas; depois ficou com raiva de si mesmo, pois ficara tão possesso com a ideia de que ela havia ignorado a sua confissão, que tomara uma atitude impensada e transou com a primeira menina que encontrou na sua frente; e finalmente ficou sem ar pensando na resposta.

— Você não desgruda desse celular desde que eu cheguei aqui, hein, H. – Luke comentou da bancada da cozinha.

— Não enche, Lukamy. – ele continuou a encarar a tela.

— Dormiu com a bunda descoberta ou o quê? Achei que a noite tinha sido boa. – o moreno deu risada enquanto se jogava ao lado de Hunter no sofá. – Falando sério... Que que tá pegando? Você tá estranho desde a semana passada.

Hunter respirou fundo e finalmente encarou os olhos escuros de Luke, que estava sério e lhe oferecendo um olhar de súplica. Ele realmente devia satisfações e desculpas ao amigo. Estava se sentindo tão desconfortável com os sentimentos que estavam surgindo dentro dele, que não estava sabendo lidar e vinha descontando a frustração não só em Luke, mas em Hans e Thomas também.

— Eu vou te contar. – Luke logo assentiu. – Mas se ficar de zoeira com a minha cara, vai ver só.

— Ok.

— Essa garota. A Natalie. – Hunter largou o celular sobre o estômago e passou a mão pelo rosto e cabelos compridos, jogando-os para o lado como sempre o fazia. (GIF)

 

Luke continuou a observá-lo de maneira surpresa. Era difícil ver Hunter admitir algo daquela forma. Continuou em silêncio.

— Eu não sei o que tá acontecendo, cara. – Hunter finalmente prosseguiu. – Tem algo errado.

— Você tá a fim dela mesmo, né? – Luke lhe lançou um olhar compreensivo. Hunter se demorou um pouco, mas assentiu uma única vez, mantendo o olhar fixo no do amigo. – Isso não é bom?

— Eu sei lá. Ela me acha um babaca.

— Bom, você foi um babaca com ela. Aliás...Você é um cara legal, todo mundo curte você. Mas quando o assunto é mulher, você realmente é um babaca. Você se tornou um. – Luke falou sinceramente.

— Eu sei. Mas eu me sentia melhor assim. Agora me sinto desarmado. – ele torceu a boca. – E eu nem conheço ela direito.

— Lógico... O tempo em que você esteve com ela, só se importou em dar suas cantadas... Né? – Hunter assentiu em resposta, fechando os olhos com força. – Ela não parece ser o tipo de garota com as quais você está acostumado a lidar, H.

— E não é. – o castanho riu sozinho, lembrando-se da noite anterior. – Ela é engraçada, fala palavrão sem se importar... Tem um humor ácido... E me afronta, me desafia o tempo todo. – Luke deixou o riso ficar preso na garganta.

— Bom, taí. Acho que é isso o que te encantou.

Hunter desfez o sorriso e encarou os sapatos por alguns instantes. Depois voltou a olhar o amigo, fazendo uma careta.

— “Encantar” é uma palavra forte demais, Lukamy.

Luke rolou os olhos de maneira divertida.

— Ok. Corrigindo: acho que é isso o que te chamou a atenção. – Hunter franziu a testa em resposta, mais confortável com a reparação da frase do amigo. Luke apoiou o braço no encosto do sofá, esticando-o quase por trás de Hunter. – Você mandou mensagem, não foi?

— Mandei. – ele respondeu de uma vez.

— Posso? – Luke esticou a mão em direção de Hunter, que lhe passou o aparelho no mesmo instante.

O rapaz passou os olhos escuros por todas as mensagens, lendo atentamente. Pareceu surpreender-se com o conteúdo de alguma delas, pois arqueou as sobrancelhas. Olhou para Hunter.

— O que você falou pra ela?

— Que não conseguia tirá-la da cabeça.

Luke o encarou por alguns instantes, um tanto quanto surpreso.

— Uau. Essa eu não esperava.

— É. Nem eu, se quer saber... – Luke soltou um riso fraco.

— Bom... Se quer saber a minha opinião. – Hunter lhe lançou um olhar de deboche. – Mesmo você não tendo me pedido, eu sei que quer saber. – Luke concluiu, o que fez o amigo rir fracamente, pois era verdade. Ele continuou: - Acho que essa conversa deveria ser cara a cara. É uma oportunidade pra vocês conversarem sozinhos, sem ninguém por perto.

Hunter manteve seu olhar no rosto de Luke por alguns instantes, como se refletisse sobre o que o moreno acabara de lhe dizer.

Respirou fundo.

— Não acredito que o viado do Luke está me dando conselhos sobre como agir com mulheres. – ele falou num tom divertido, jogando o cabelo novamente.

— Sou tão bom no assunto quanto você imagina... Só sou mais... Seletivo, digamos.

— Obrigado por essa indireta. – respondeu enquanto voltava a abrir as mensagens de Natalie para finalmente respondê-la.

Podemos esclarecer as coisas pessoalmente?

Luke esticou o pescoço para ler o que ele havia enviado como resposta. Assentiu em aprovação. Hunter lhe lançou um olhar ameno.

— Valeu, Lukamy...

— Que isso, cara. Você é meu irmão. É um babaca, mas ainda é meu irmão. – o moreno deu um soquinho no braço de Hunter, que sorriu em resposta antes de sentir o celular vibrar em sua mão.

Natalie

Hm, certo. Podemos tentar tomar um café em um lugar onde suas fãs malucas não nos ataquem...

É só dizer o endereço.

Ele deu uma risada nasal ao ler a parte sarcástica da mensagem.

 

**

 

Unknown

Que tal um café no rooftop do Tavern 29? Fica na 47 com a 29. Estarei lá às 3:45pm.

Natalie respirou fundo, tentando manter a calma. Encarou Anna.

— Ele quer me encontrar no Tavern 29.

— E agora você responde que vai. – Anna afirmou, tentando encorajá-la. Olhou-a seriamente. – Certo? – Natalie não esboçou reação alguma. – Certo, Natalie? – ela repetiu frisando o nome de Natalie no final.

— Ai, certo, certo! – a garota de sardas soltou o celular sobre a mesa e se levantou da cadeira, andando pela cozinha. – Não sei se posso fazer isso.

— Tá com medo de homem agora, Nats? – Anna a olhou risonha.

— Cara... Eu só quis ser legal e colocar a Georgia em um lugar melhor pra assistir o show, Deus. – a castanha olhou para cima, como se conversasse com um ser superior. – Por que é que isso está acontecendo?

— Qual o teu problema? – Anna se levantou da cadeira também. – Você tá muito estranha pra quem o odeia.

— Eu odeio o jeito dele, a maneira sacana com que me olha, sempre parecendo que vai arrancar a minha roupa. Ou como ele acha que a voz dele seduz qualquer uma. Ou, ou... – Ela passou a mão nos próprios cabelos, irritadas. – Talvez eu me sinta um pouco atraída, mas...

Um pouco? Filha, cê me perdoa, mas não dá pra ser só um pouco atraída por aquele ser de outro mundo. – Anna apoiou a mão no encosto da cadeira na qual estava sentada momentos antes, enquanto assistia a amiga andar de um lado para o outro na cozinha. – E será que dá pra você parar de ficar andando em círculos? Além de me deixar tonta, você vai acabar abrindo um buraco no chão de tanto passar pelo mesmo lugar. - Natalie teria rido da piada da amiga se não estivesse realmente preocupada. Então apenas encarou-a com um olhar reprovador. – Sério, por que isso? Só porque ele é famoso?

— Isso é apenas a ponta do iceberg, Anna. – Natalie jogou o seu peso para a perna esquerda, apoiando-se nela. – Você sabe muito bem o que é.

Anna a encarou por alguns instantes antes de um pensamento parecer atingi-la.

— Miga... Já faz cinco meses. – ela começou em um tom cauteloso.

— E você acha que eu esqueci? – Natalie se encostou na pia, encarando a morena. – Tá, eu pego vários caras, me divirto nas festas... Mas faz tempo que eu não me sinto... Sei lá, que me interesso por alguém. Eu não posso me interessar por alguém agora. Muito menos por ele.

— E por que não? – Anna colocou as mãos na cintura.

— Você só pode estar brincando com a minha cara! – a castanha exclamou, deixando um sorriso um tanto quanto sarcástico aparecer em seus lábios.

— Olha, Breaking News, mas não estou. – se aproximou de onde Natalie estava. – Foi uma merda mesmo o que o Izaac fez com você, mas não dá pra você ficar fugindo de todo relacionamento e ficar achando que todos vão fazer o que ele fez. Além disso, nem pegar o Hunter você pegou. Por que o drama?

— Porque ele não é só o Hunter, Anna. Depois de Hunter vem Saxton.

— Mais um motivo pra você estar feliz. Um cara como o Hunter Saxton está interessado em você. – Anna gesticulou.

— Ah, e eu deveria levantar as mãos pro céu por causa disso? Acorda, amiga! Ele se interessa por todas!

— E DAÍÍÍÍ? – Anna riu. – É só uma pegação, qual o problema? Eu não sei você, mas eu adoraria ter o nome do Hunter Saxton na minha lista de peguetes. Aliás, já estou felizíssima com o Luke Parish, NA BOA. – ela estava tentando fazer Natalie rir, sem sucesso. – Para de levar tudo a ferro e fogo, Natalie. Qual é, você já pegou tantos outros caras depois do Izaac...! Faça do Hunter apenas mais um deles. A diferença é que na lista a gente vai ter que colocar umas cinco estrelas na frente do nome dele!

— O problema... – Anna arqueou as sobrancelhas. - É que desde o primeiro momento não foi só atração física, Anna. Pra ele provavelmente é só isso, mas pra mim... Sei lá. O jeito que a gente se olhou, se você tivesse lá...

— Eu não preciso ter estado lá, Natalie. Eu vi vocês dois na Lavo ontem, e eu posso te dizer, com toda a certeza, de que ele está se sentindo da mesma maneira.

Natalie deu um riso debochado.

— Ah, claro.

— E por que não? Por que diabos ele não poderia se interessar por alguém como você? Por que você não é como as modelos que ele já pegou? Por que você não é famosa? – Anna finalmente tomou ar para respirar, porque até aquele momento ela não o havia feito. – Me desculpa, mas alguma coisa ele viu em você, amiga. E eu sei que não é apenas o seu rostinho bonito ou o seu corpinho cheio de curvas.

— Como você pode ter tanta certeza? Você nem o conhece! Aliás, EU não o conheço. Isso é loucura.

— Loucura é você tentar fugir de algo que nem sabe o que é. – Anna respirou fundo pacientemente. – Miga, só vai. Esvazia a cabeça e vai. Deixa as coisas fluírem, ok? Para de tentar controlar tudo na sua vida e esquece o Izaac. Já foi.

Natalie parou por alguns segundos, respirando descompassadamente. Era difícil para ela se libertar das próprias amarras depois do que lhe havia acontecido no passado.

Ela respirou fundo e apenas assentiu para a amiga, que ela sabia, no fundo ter toda a razão. Desbloqueou a tela do celular. Encarou o aparelho por alguns segundos. Resolveu salvar o número de Hunter com o nome dele d uma vez. Depois acessou as mensagens dele e digitou a resposta.

Marcado.

Anna lhe lançou um olhar de apoio e encorajamento. (GIF)

 


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