Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 11
Capítulo Onze




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Só Deus soube o esforço que Natalie fez para andar em linha reta para fora da área VIP. Estava desnorteada e havia perdido completamente o senso de direção. Não sabia se era pelo o que Hunter havia acabado de lhe confessar, ou se era por causa do álcool que queria voltar pela sua garganta.

Passou por entre a multidão o mais rápido que pôde para alcançar o banheiro feminino. Quando chegou lá, se desesperou com o usual tamanho da fila. Sabia que se tivesse de esperar, não chegaria a tempo. Vomitaria ali mesmo.

Tampou a boca quando sentiu ânsia no mesmo instante. As garotas que estavam na fila logo notaram o seu estado e foram compreensivas o suficiente para deixar que ela furasse a fila. Tentou agradecer, mas não achou uma boa ideia.

Correu para a cabine mais próxima e bateu a porta.

Só teve tempo de se apoiar no vaso sanitário antes de sentir um revertério e um gosto azedo na boca que a fez expulsar todo o álcool que havia ingerido naquela noite. Sentiu a cabine girar e se sentou no mesmo instante, sem abandonar o vaso.

Seus olhos liberavam lágrimas teimosas e ela sentia uma falta de ar terrível. Nem conseguira recuperar o fôlego, pois a ânsia veio novamente e ela colocou tudo para fora.

**

A única palavra que definia o que Hunter sentia naquele momento era frustração. Ou seria arrependimento? Ele não sabia. Sentia-se o cara mais idiota da face da Terra por ter se “declarado” daquela maneira. Não era do tipo que falava o que sentia, mesmo com os tantos envolvimentos "amorosos" que teve nos últimos tempos. E de repente, ali estava ele, dizendo para a garota que havia visto uma única vez que não conseguia tirá-la da cabeça. A mesma garota que se negou a ir ao seu apartamento. A mesma garota que o chamou de nojento e o abominou. A mesma garota que ele desejou ter o número do celular e sequer ligou, tamanha era a sua raiva.

Ele disse que não conseguia esquecê-la, e o que ela fez? Fugiu. Fingiu precisar usar o banheiro. O sangue lhe subiu a cabeça e ele precisou jogar os cabelos para trás para não arrancá-los, fio por fio. Sentia-se um imbecil. Nunca havia sido tão rejeitado.

Seus pensamentos foram quebrados pela voz de Anna, que conversava com Luke ao seu lado.

— Acho que vou atrás da Nats. Já faz mais de vinte minutos que ela foi ao banheiro e ainda não voltou.

— A fila deve estar grande. – Luke tentou acalmá-la.

— Não, eu conheço a minha amiga.

Ao ouvir aquilo, a mínima consciência sóbria de Hunter lhe despertou. Talvez ela não tivesse fugido, afinal. Ela realmente havia bebido demais. Irritou-se consigo mesmo quando se lembrou que Anna havia lhe dito para não deixá-la beber mais do que ela já havia bebido.

— Vou com você. – ele se candidatou no mesmo instante.

— Não, é melhor você ficar aqui, sério. – Anna se virou para o rapaz de olhos verdes. – Se você for, pode acabar sendo pior... Tem fotógrafos por todas as partes aqui.

As palavras de Anna fizeram com que Hunter se lembrasse da realidade. Ele não poderia fazer muita coisa, era verdade. A garota percebeu uma linha de preocupação na testa dele e conteve o sorriso.

— Relaxa, ela deve estar bem.

— Quem disse que estou preocupado? – ele soltou enquanto uma carranca se formava em seu rosto.

— Que seja. – ela rolou os olhos. Depois virou-se para Luke e deu um pequeno sorriso antes de passar pelas pessoas. Puxou as bolsas do sofá discretamente para que ninguém notasse.

Sabia que Natalie estaria em um estado deplorável e estaria incapaz de voltar para a festa, então o único jeito seria levá-la embora dali. Havia mentido para que nenhum deles viesse em seu encalço, pois a amiga com certeza morreria de vergonha.

Entrou avoada no banheiro feminino, cortando a fila. Ouviu reclamações das mulheres na fila.

— Ah, calem a boca! Só vim buscar a minha amiga! – ela cuspiu as palavras enquanto se aproximava dos cubículos. – Natalie? Natalie, em qual cabine você tá? – ela chamou quase gritando.

Ela olhou para baixo e viu a mão da amiga aparecer por baixo da porta de uma das últimas cabines. Correu até lá e abriu a porta.

Encontrou Natalie jogada no chão, de joelhos, com a cabeça apoiada no vaso sanitário.

— Caralho, hein, Natalie! – Anna começou, repreendendo-a.

— Você nem precisou segurar o meu cabelo, então nem começa... – Natalie respondeu com a voz rouca. As palavras pareciam meio soltas na boca dela.

Anna não conseguiu evitar o riso. Aproximou-se da amiga.

— Já colocou tudo o que tinha que colocar pra fora?

— Não sei. – a castanha fez uma voz chorosa.

— A gente precisa sair daqui.

Natalie abraçou o vaso sanitário.

— Não, não posso sair daqui. Sinto que se eu levantar vou vomitar até o meu útero pra fora, miga!

Anna se segurou na porta, pois começou a rir da amiga.

— Sério, Nats... Vamobora. – ela abriu a bolsa e pegou o celular. – Tô pedindo um táxi pra gente.

— Como vou sair assim? Ninguém daquela banda pode me ver derrotada desse jeito. Principalmente aquele...

— Ninguém vai ver. – Anna a interrompeu. – A gente sai pelos fundos, ok?

— Ai, mas e você e o Luke? Não quero estragar o lance de vocês. – ela finalmente olhou para Anna.

— E não vai. Relaxa, porque já trocamos os números de celular. Esse bofe eu não perco. – ela respondeu concentrada na tela do celular, que brilhava contra o seu rosto. – Pronto, já pedi nosso táxi. O tempo de sairmos daqui é o tempo pra ele chegar. – puxou Natalie pelo antebraço. – Vamobora, amiga. Só você pra me fazer passar vergonha, viu!

**

Antes mesmo de abrir os olhos, Natalie sentiu a cabeça latejar e achou que estivesse morrendo. Era a primeira vez na história que ela passava por uma ressaca. Apesar de sempre beber (e já ter passado em certas ocasiões), nunca havia ficado destruída no dia seguinte. Respirou fundo algumas muitas vezes para criar coragem. Ao abrir os olhos, encontrou o teto do seu quarto.

Lembrou-se que Anna havia trocado a roupa dela e a colocado para dormir, pois estava tão bêbada que não tinha condições, sequer, de trocar a própria roupa. Passou a mão pelo rosto, se lembrando de tudo o que havia acontecido na noite anterior e só quis desejar que um raio lhe acertasse. Levantou-se subitamente e saiu do quarto, em direção ao banheiro para escovar os dentes.

**

Já havia amanhecido. Hunter não havia pregado o olho. Não sabia dizer se de frustração ou ódio da castanha que havia evaporado da Lavo no meio da madrugada sem deixar rastros. Ficou o resto da noite inconformado, principalmente, pelo fato de ainda estar pensando nela. Se pudesse voltar no tempo, desejaria nem ter convidado Natalie e Anna para a área VIP. Toda aquela sensação estranha da última semana em relação à garota só cresceu ainda mais após reencontrá-la.

Ficou incomodado ao lembrar-se de como se sentiu diferente ao lado dela. Não perdia a pose irreverente que tinha ao falar com mulheres, isso não. Mas era preciso um esforço enorme para mantê-la, pois ele tinha vontade de falar muitas coisas que nunca teve vontade de dizer a nenhuma delas. Aliás, tinha vontade de falar muitas coisas, mas nem sabia o quê. O que havia para ser falado a uma garota que ele havia conhecido apenas há uma semana e com quem não teve uma única conversa sem ofensas e provocações?

Aquela onda de sentimentos e pensamentos estava começando a assustá-lo ainda na festa. O assustou tanto que depois de notar que Natalie e Anna provavelmente já haviam ido embora, que acabou se envolvendo com uma garota qualquer para ver se a esquecia de uma vez.

Não iria deixar que uma castanha sardenta que ele conhecera há tão pouco tempo lhe atormentasse a cabeça daquela maneira. Recusava-se a se deixar levar por um sentimento que sequer havia tido tempo de nascer, porque nada havia acontecido entre eles.

Fora parar em um hotel com a moça, onde acabaram passando o resto da noite juntos. E mesmo na cama com outra, a todo momento sua memória lhe apunhalava.


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