Capítulo XVIII

❄A descoberta ❄

A historia de sábado à noite seria trágica se não fosse tão cômica, e, por algum motivo estranho, Draco estava incrivelmente feliz, mesmo que tenha pegado uma bela detenção e menos vinte pontos para Sonserina.

— Eles perderam cento e cinqüenta pontos e Harry deixou de ser o queridinho – explicou, com um sorriso enorme nos lábios, no domingo de manhã quando Daniel questionou o motivo de tanta felicidade –, impossível estar triste depois disso, Dan.

Alice, por outro lado, mesmo achando a historia incrivelmente engraçada e torcendo para sua casa ganhar, estava chateada por Harry e Hermione. Os dois estavam recebendo ódio gratuito da escola, só os Sonserinos pareciam estar felizes.

E apesar de conversar normalmente com Hermione, Harry não queria conversar com a irmã. Alice ficou irritada com isso, claro, mas decidiu seguir o conselho de Pansy e deixar pra lá, uma hora ele perceberia que estava fazendo uma besteira. O que, para maior irritação da menina, estava demorando demais.

Mas os exames estavam chegando com uma incrível rapidez, Lupin também costumava mandar corujas freqüentemente lembrando-a da promessa de estudar e Alice parecia determinada nisso, tanto que até Herbologia, matéria no qual ela não sabia de nada, ela já havia aprendido o básico.

Quirrell, por outro lado, parecia estar sempre apavorado e costumava conversar com alguém em uma sala que tinha um espelho bonito, mas a segunda pessoa nunca saia da sala e quando Quirrell saia, ele certificava-se de trancá-la.

Dois dias antes dos exames começarem, Draco recebeu uma coruja informando sobre a detenção, coisa que deixou o menino de cara amarrada e mal humorado o resto dia, mas isso só piorou quando ele voltou, tarde da noite, branco feito papel e parecendo apavorado.

— Malucos... Doidos!... Birutas, todos eles são. – resmungou, jogando-se numa poltrona, com os olhos arregalados. – Eles nos mandaram para a floresta. Para uma floresta cheia de monstros que tomam sangue de unicórnios! – exclamou, com a voz tremula – Deixe só meu pai ficar sabendo disso, esperem só.

Pansy e Alice se entreolharam, largando os cadernos e indo até onde o menino estava. A loira colocou a mão na testa dele.

— Ele esta gelado.

Alice apanhou uma manta verde que estava no sofá e jogou em cima do loiro, enrolando-o e foi até uma bandeja mágica, que vivia com bebidas quentes e biscoitos com gotas de chocolate e pegou uma grande xícara de chocolate quente para o loiro.

— Você vai se sentir melhor. – comentou estendendo a xícara, interrompendo os resmungos dele sobre como os funcionários de Hogwarts eram irresponsáveis.

Draco aceitou o chocolate de bom grado e aos poucos foi voltando ao normal, fazendo uma bela carranca irritada quando acabou o chocolate.

— A detenção de vocês foi na floresta proibida? – Pansy questionou baixinho, mesmo que só estivessem os três acordados no Comunal.

— Sim, esperem só até papai ficar sabendo disso. – rosnou, furioso.

— Sim, sim. Seu pai vai amar a noticia – Alice falou rolando os olhos –, agora que você já esta bem, o que exatamente estava tomando sangue de unicórnio?

— E eu vou saber? – rolou os olhos – Era um homem, ou mulher, sei lá. Estava escuro e a pessoa também usava uma capa, quando atacou o animal e sai de perto. Eu não estou nem um pouco curioso para saber o que era aquilo. Seu irmão deve saber, tenho certeza que com aquela coragem idiota dele ele ficou lá esperando para ser atacado.

Alice mordeu o lábio com força, tentando lembrar para que servia o sangue de unicórnio. Ela tinha certeza que havia visto aquilo com Liz, enquanto estudavam em uma tarde qualquer, mas parecia que tudo sobre unicórnios tinha lhe fugido da memória.

— Pan, para que o sangue de unicórnio é usado? – questionou quando ambas já estavam na cama, já perto de três horas da madrugada.

— Nós só usamos o chifre e a cauda nas aulas, Alice, você sabe disso. – respondeu confusa, enquanto escrevia no diário.

— Sim, eu sei disso. – rolou os olhos – Mas o sangue é utilizado em alguma coisa, lembro que vimos isso naquele dia que estávamos estudando com Lizzy.

— Ah, claro. – disse lembrando, soltando o diário e olhando para Alice. – O sangue de um unicórnio mantém uma pessoa que esta quase morrendo viva, mas é um vida amaldiçoada. Matar um unicórnio é um ato muito cruel, Snape falou disso na sala uma vez, eles são criaturas puras. É preferível morrer a ter uma vida amaldiçoada, em minha opinião.

Alice refletiu sobre isso por alguns instantes antes de voltar a falar, tirando a atenção de Pansy do diário novamente.

— A não ser que essa pessoa só precise se manter vivo por um tempo suficiente para beber de outra coisa – murmurou, sentando-se na cama em um pulo –, algo que possa lhe dar toda sua vitalidade e poderes de volta, que mesmo amaldiçoado você consiga viver para sempre.

— Você viajou legal agora, Lice. Acho que você esta precisando dormir – comentou a outra, mexendo em um baú que tinha ao lado da cama e tirando um frasco de poção –, quer? Vai lhe ajudar a dormir.

— Ai meu deus. – murmurou – Pan, o que você sabe sobre Voldemort?

— Que você não deve dizer o nome dele, nunquinha, sobre hipótese alguma.

— Isso eu já sei. Eu quero saber sobre a morte dele.

— Ah... Papai e Mamãe acreditam fielmente que ele esta morto e nunca mais volta – afirmou –, mas tia Millicent afirma que ele esta vivo, não completamente vivo, só meio vivo. Como um fantasma, ou algo assim.

— Explique-se.

— Ela diz que ele esta vivo, já que ninguém nunca encontrou o corpo dele, sabe? Mas é como se ele tivesse vivo como um fantasma, e não completamente humano. Esperando, só esperando alguma coisa capaz de trazê-lo de volta. Eu preferiria acreditar nos meus pais, mas tia Milly sabe o que diz, é raro ela esta errada.

— Esse esperando poderia ser um hospedeiro maluco? Algo que guardasse a alma dele até ele conseguir algo capaz de lhe dar um corpo?

— Acho que sim, por quê?

Alice se jogou na cama, fechando os olhos com força.

— Eu acho que ele já encontrou isso.