Tempestades de um espinho que ansiava virar flor escrita por Shiori


Capítulo 16
Examinando integridade do sistema: realocando setores (defeituosos?)




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Procuro o tempo nessas vielas escuras, só tomadas pelo brilho noturno de infinitas constelações semeadas, acompanhando a lua em sua aventura sublime. Perco noção do mundo, mas do que importa? Sempre haverá um abismo nos acompanhando do outro lado.

O tímido som dos animais noturnos parece ecoar ao longe, e é nessa leve brisa que encontro a paz de que preciso. Paz momentânea, mas paz.

É fácil se confundir, e se esquecer da tormenta quando se está no olho do furacão. Pensar que aqueles encantos tristes são apenas desvios do passado, e que não há nada de novo a aprender. Mas está errado. Assim como a orla do mar, as páginas desse livro insistem em se abrir, várias e várias vezes, lembrando-nos e demonstrando-nos que ainda há algo, há sempre algo, a ser relembrado. Nosso aprendizado nunca termina, e nossa sede por ele nunca deverá ser completamente saciada.

Mas, mesmo assim, todas estas lições insistem em parecer estar tão distantes...

Não, você não pode parar. O olho do furacão não nos presenteará com o final dessa tempestade. Ela sempre estará lá, mesmo que em maior ou menor grau. Retire os obstáculos de seu caminho, ou então essa tormenta os tratará de devorar. Doerá muito mais, conforme maiores os laços. Esta sua escolha pode ser fatal.

Por que parece doer menos quando os figurantes tem suas vidas tomadas em uma história de ficção? Porque há menos laços com eles. Ora, suas portas se fecharam igual, mas são apenas figurantes da história.

Agora, tente fazer isso com as suas pedras preciosas. Mudou de rumo, não é?

Pode parecer neste instante banal, porém quanto mais se aprofundar, mais complicado tudo ficará. Mas, ouça, não se trata, simplesmente, de cortar todas as fitas com uma lâmina afiada. Se trata colocá-las todas em estado de espera, remapeá-las e realocá-las a um setor mais ao longe de sua alma.

Guarde estes livros de sonhos e felicidade em uma estante mais afastada, e preencha as mais importantes com conteúdo de que realmente precisa agora. E então aguarde. Aguarde a que a segunda fase desta tormenta ímpia se inicie efetivamente.

Não faço ideia de quando essa combustão caótica começará a perder suas forças e a trazer, novamente, a paz.

Sabe, tormentas são impiedosas: iniciam quando querem, destroem o que lhes convém, e vão então embora, mas não sem antes nos presentear com a marca de suas eternas cicatrizes.

Mas garanto que, quando os céus finalmente serenarem seus incontáveis desejos anárquicos, e suas pancadas meteóricas voltarem a ser como a garoa costumeira e incessante que sempre nos acompanha, talvez, apenas talvez, retornará a esperança de correr àquelas velhas estantes e puxar aqueles livros de fitas outra vez.

Ainda há inúmeras páginas em branco, ansiando serem preenchidas. Leve sempre isso contigo, o teu tempo ainda não acabou.

Preparar para a tempestade.


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