A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 6
Vou em direção ao meu próprio funeral


Notas iniciais do capítulo

Hey, aqui é a Janis. Hoje é aniversário da Jujuba sem Mel e a internet dela está pior que a minha. Então ela está na praia bebendo água de coco com Apolo enquanto eu estou aqui lutando contra a monstruosa lentidão da minha internet! Estamos postando hoje por que é um data muito muito especial, o aniversário da Jujuba, e ela está me obrigando a dizer isso. Ah, e também que amanhã, sexta, é o dia padrão de postar então cap novo amanhã.
Beijocas e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696701/chapter/6

“Venha...”

“Isso querida, venha...”

“Volte para nós...”

“Para suas amigas...”

“Sim, sim! Suas amigas...”

“Venha...”

“Venha.”

“VENHA!”

Acordei com uma ninfa me balançando suavemente. Ela vestia uma túnica branca, tinha cabelos azuis, olhos castanhos e orelhas pontudas. Com certeza uma náiade.

— Senhorita, senhorita? – chamava ela. – Acorde, por favor! A senhorita irá se atrasar!

Finalmente meu cérebro despertou ao perceber que aquela voz era doce demais para fazer parte de meus pesadelos obscuros.

— Quem é você? – perguntei enquanto me sentava na cama, coçando os olhos e bocejando. – E para onde vou me atrasar? – vinquei a testa, ao processar aquela pequena informação que ela me deu.

— Para a transformação, claro!

Transformação? Como assim transformação? Senti minha testa se enrugar ainda mais enquanto chegava à única opção plausível: Afrodite.

— A propósito, eu me chamo Flora e sou uma de suas criadas. – Flora me despertou de meus pensamentos.

Franzi o cenho, não conseguindo entender nada. Que história era aquela afinal? E...

— Uma de minhas criadas? – revelei parte de meu pensamento. – Eu tenho quantas afinal?

— Ah, só duas, senhorita. Mas não se preocupe, se chegar A Elite, terá três! – contou entusiasmada.

— Hã?

— Se você ficar entre as finalistas, você terá direito a escolher uma criada senhorita. Uma irmã, uma conhecida, uma amiga...

— Ok. – a interrompi. – Muita informação em pouco tempo. – sinalizei minha cabeça com as mãos, o que a fez me mandar um olhar solidário.

Logo outra ninfa entrou no quarto, alguns itens de costura em seus delicados braços. Essa tinha cabelo verde e olhos também castanhos, porém mais escuros. Uma epigéia, conclui mentalmente. Ela vestia a mesma túnica que Flora, o que deduzi ser uma espécie de uniforme, e também usava – assim como Flora – sandálias de tira, estilo gladiadora. Elas eram tão... bonitinhas. Pareciam ter saído de dentro de um filme de Tim Burton.

— Eu sou Francis. – se apresentou. – A outra criada.

Apoiei a mão na cabeça, ficando ainda mais confusa. Só queria voltar a dormir. Sem sonhos de preferência.

 - Ok, seja lá o que for, alguém pode me contar o que diabos está acontecendo?

— Adoraríamos senhorita, mas receio que não tenhamos tempo para isso. – a azulada respondeu.

— Agora, se não quiser se atrasar ainda mais senhorita, é melhor ir tomar banho. – a outra completou. – Eu a acompanho.

Ela me guiou até o banheiro, girando a torneira de banheira. O cômodo, assim como os outros, era completamente branco, com uma ducha, uma banheira de hidromassagem, uma comum e uma pia de mármore. Também tinha muitas toalhas e plantas, além de um espaço enorme no meio do cômodo.

Quando a banheira encheu, Francis adicionou alguns sais nela, parando em minha frente.

— Senhorita.

Arregalei os olhos.

— N-não precisa Francis, eu mesma posso fazer isso. – Me referi as minhas roupas. – Eu posso ficar um pouco sozinha, por favor? – ela pareceu se magoar, mas fez uma leve reverência, fechando a porta enquanto saia.

Ok, aturar ter que ir morar no palácio e competir por Apolo eu até aturava, mas deixar que me dispam? Ai já é ousadia demais. Mesmo vindo uma ninfa muito fofa.

Com calma fui tirando peça por peça do meu pijama, até estar finalmente nua. Com cuidado para não espalhar água pelo piso polido, entrei na banheira lentamente, até conseguir ficar em uma posição confortável.

Depois do banho, me enrolei na primeira toalha felpuda que encontrei, indo direto para o quarto. As duas ninfas já me esperavam em pé, meio impaciente  a julgar pelas suas feições, mas não disseram nada. Caminhei em direção a minha mala, sendo interceptava por Flora.

— Suas roupas já foram escolhidas, senhorita. – apontou para a minha cama.

— Obrigada, as duas. – agradeci, as fazendo sorrir. – E, por favor, me chamem apenas de Camille ou Cammy. Ficar me chamando de “senhorita” toda hora é extremamente chato. – completei, as fazendo dar risadinhas abafadas.

— Senhor... Cammy. – se interrompeu. – Francis me contou dos... acontecimentos que se seguiram no banheiro. – continuou desconfortavelmente. – Por isso, esperaremos a senhora do lado de fora do quarto, para lhe acompanharmos até o salão das deusas. – as duas se curvaram ao mesmo tempo, saindo do quarto.

Sem mais ninguém no cômodo a não ser eu, me despi rapidamente, colocando minhas peças íntimas. Vesti minha blusa de magas cinza que, por estar um pouco velha, mostrava uma parte relativamente pequena de minha barriga, e a calça jeans azul, com rasgos em baixo dos joelhos. Calcei minhas botas também cinza e coloquei o colar de lápis-lazúli que vovô havia me dado, me observando no espelho e logo saindo do quarto, dando de cara com as meninas.

Elas me guiaram silenciosamente pelos imensos corredores de ouro, parando de frente a uma porta imensa. Lá dentro já se podia ouvir o som de conversas e secadores, assim como o familiar batucar de saltos batendo no chão.

Respirei fundo, logo depois de perceber que as garotas já tinham desaparecido.

E entrei.

***

Meu primeiro pensamento quando entrei por aquela porta foi: Uau, isso sim que é um salão! Ele era todo branco com alguns detalhes em dourado, o que lhe dava um ar ainda mais olimpiano, por assim dizer. A sua arquitetura era simplesmente divina, o que me fez pirar enquanto pensava em uma maneira de mostrar aquilo para Annie. Ela simplesmente morreria de inveja. Da arquitetura do salão é claro, não do Apolo. Até porque, se eu tivesse um namorado estilo Percy Jackson... Ai, ai... Eu com certeza não estaria aqui, concorrendo pela “mão” de Apolo. Suspirei.

Estava tentando processar pelo que (ou por quem) eu havia suspirado quando uma garota me chamou.

— Olá, você deve ser Camille Dousseau, certo? Você tem meia hora para se alimentar e escovar os dentes, ok? – perguntou enquanto íamos em direção a algumas mesas. – Os pratos são mágicos, então você só precisa imaginar o que quer comer. A propósito, sou Selena. Se precisar de alguma coisa é só me chamar. – e saiu correndo logo depois.

Como queria ficar o máximo de tempo sem ser incomodada, passei reto por todas as mesas, indo sentar na última mesa desocupada no fundão. Imediatamente salivei, ao imaginar um perfeito BigMac acompanhado por McFritas médias e um copão de Coca-Cola trincando de tão gelada. Abri os olhos com expectativa, só para contemplar um kiwi, duas bananas e uma maçã, juntamente com um bilhete.

Nem tente, os pratos estão encantados para servir somente a sua dieta especial.

Com amor,

Mamãe.

Bufei. Às vezes Afrodite conseguia ser um pé no saco.

Quando estava na metade de meu café, Emily apareceu em minha visão com mais duas garotas em seu encalço. Uma tinha o cabelo quase branco de tão loiro e olhos cinzentos, e trajava um vestido rosa claro. A outra tinha suas madeixas castanhas em um penteado bem elaborado e olhos da mesma cor do cabelo. Já Emily usava um salto azul com um roupão e uma toalha em seus cabelos agora loiros.

— Não acredito! – exclamei. – Você finalmente arranjou coragem para fazer californiana?

— Parece que sim. – ela riu, encolhendo os ombros. – A propósito, essas são Margot, filha de Marte e...

— Willow, filha de Quione. – se apresentou, enquanto se sentava. – Você é filha de Afrodite né?

— Como sabe?

— Ah, sei lá, você tem uma aura excitante.

— Eu... O que? – exclamei mortificada.

— Ela quis dizer que te reconheceu pela TV, não é, Low? - Margot interrompeu, enquanto dava uma pequena cotovelada em Willow. – Aliás, você está mais magra ou é só impressão minha? – me remexi desconfortavelmente, enquanto Emily arregalava os olhos.

— Vocês já se conhecem?

— É impressão sua mesmo Margot, e sim, nó nos conhecemos no Acampamento Júpiter, Emy. – a respondi, enquanto olhava as horas. – Gente, não quero ser chata nem nada, mais eu tenho que ir escovar os dentes – balancei a escova que eu tinha pegado da mesa – para começar a tortura, então...

— Ué, pensei que filhas de Afrodite gostassem de se emperiquitar. – Willow exclamou.

Croyez, moi aussi.— suspirei decepcionada.

***

Já estava sentada naquele pufe há pelo menos duas horas e meia, sem fazer nada de interessante. Já tinha observado e analisado cada garota que se encontrava no recinto e que estava a vista de meus olhos, já havia folheado uma revista chaterrima de moda, e já até ouvira uma das selecionadas – se não me engano, uma tal de Peggy - gritar com uma ninfa porque queria um vestido rosa-bebê, e o que ela trouxera era rosa salmão. Sério, quase meti minha mão na cara dela por tratar a garota mal por causa de uma porcaria de uma cor, mas me controlei. Não poderia bater em ninguém ali. Não enquanto estivesse participando da seleção, pelo menos.

— Camille Dousseau. – finalmente me chamaram. – Sou Alicia, me acompanhe ao setor sete, por favor.

Ela virou de costas e começou a andar em passos rápidos.

— Alguma preferência de cor? – me perguntou.

— Hã, desculpe?

— Para sua roupa. Alguma preferência de cor?

— Ah não, pode escolher se quiser.

— Certo... E maquiagem? Alguma ideia?

— Não. – nos aproximamos do salão, e logo uma garota toda vestida de preto e com cabelo azul veio falar com Alicia.

— Ela já sabe o que vai vestir?

— Não.

Ela me analisou lentamente, me olhando de cima a baixo.

— Certo, deixe-a a roupa comigo. – concluiu.

Depois de Marie lavar e pentear meu cabelo ela me sentou em cadeira, de frente a uma bancada com um espelho enorme, começando a mexer nas gavetas.

— Seu cabelo é perfeito. – confidenciou depois de alguns minutos. – Filha de Afrodite, né?

— Acertou.

— O que você quer? Acho que se cortar as pontas vai ficar um pent...

— Não. – a interrompi. – Eu tenho algo específico em mente. 

— O que? Pintar? Cortar mais curto?

Raspar.

***

— Então – disse a entrevistadora, sem tirar os olhos do meu cabelo. – Podemos começar?

— Claro! – sorri um tanto maldosa. – Só se for agora...

Meu cabelo já estava pronto há algum tempo. Depois de raspar somente um lado dele, Marie havia o secado e feito alguns cachos, o que deixou meu cabelo ainda mais volumoso. Eu também já tinha me maquiado e estava com a minha roupa, só que o roupão que eu usava a cobria. Nesse exato momento, a manicure estava acabando de limpar minhas unhas. Foi quando Suzan se sentou ao meu lado, perguntando se eu estava muito ocupada ou se ela poderia me fazer uma pequena entrevista para a TV Hefesto.

— Tudo bem. – ela olhou para o cara da câmera. – três, dois, um... - se virou rapidamente para mim. – Camille, o que acha de Apolo?

Ergui despreocupadamente a mão, enquanto contava nos dedos com certo cuidado para o esmalte não borrar.

— Fácil. – alarguei mais meu sorriso. – Ele é narcisista, egocêntrico, arrogante, vingativo e maléfico.

— Uau, que resposta mais... – ela inspirou. – Se acha isso tudo, por que está aqui?

— Eu pareço querer estar aqui? – apontei para meu rosto. – Pergunte para Afrodite, talvez ela saiba.

Ela arqueou uma sobrancelha confusa, o que me fez revirar os olhos. Ela rapidamente balançou a cabeça.

— O que você pretende fazer se não conseguir ganhar A Seleção?

— Além de agradecer a Zeus por isso? Eu vou continuar minha faculdade de arquitetura, que, adivinha? Eu tive que parar para vir participar disto – girei meu dedo indicando todo o salão. – aqui.

— Próxima pergunta – tratou logo de mudar de assunto. – Soubemos que você fez um intercambio há pouco tempo no Acampamento Júpiter... Como foi a experiência?

— Melhor impossível, pelo menos até acabar e eu ter de vir embora. – ela se mexeu desconfortavelmente.

— Noto que você é bem direta...

— Sim, sou.

— Hum... Para finalizar, se você vencesse a Seleção, casasse-se com Apolo e virasse uma deusa de verdade... Qual seria sua primeira ação como Olimpiana?

Hesitei. Essa era uma pergunta séria e de extrema importância, e foi preciso pensar um pouco para não dar uma resposta sarcástica. Relutante, comecei.

— Eu... Eu aumentaria o Acampamento Meio-Sangue, fazendo uma petite ville ao lado protegida la barrière magique. – hesitei novamente, ao perceber que eu havia me embolado um pouco e falado algumas palavras em francês. Olhei com certo medo para a entrevistadora, temendo-a por poder ter achado minha ideia completamente maluca, mas não, ela parecia me fitar ainda mais séria e interessada. Logo tratei de desenvolver minha ideia. – No Acampamento Júpiter, como muitos devem saber, tem uma cidade, com maisons, écoles, commerces... É lindo sabe? Os semideuses podem ter uma vida tranquila lá, estudar, casar, amour... Sem ter que conviver com o medo da morte todo dia, ou prejudicar alguém que convive com você. Eu queria que o Acampamento Meio-Sangue tivesse isso também. Serait... bem legal.

A entrevistadora sorriu, admirada, e pela primeira vez em muito tempo me senti corar.

— É uma ideia excelente, Camille! Mas infelizmente não são muitos que pensam assim hoje em dia. Espero sinceramente que você vença, afinal, eu já fiquei muito no Acampamento Meio-Sangue na minha época de campista. – piscou um olho para mim. – Encerramos por aqui.

Soltei o ar que não sabia que estava prendendo e suspirei. Logo que ela se foi, avistei rapidamente as meninas, que andavam em minha direção. Todas já estavam prontas e super gatas.

— Cammy – Emy chegou correndo até mim. – Como estou?

— Maravilhosa. E esse vestido azul... destaca seus olhos!

— Ah, vale... – ela se engasgou. – Meu Zeus do céu, o que houve com o seu cabelo?

— Aparentemente, uma máquina de cortar cabelo – soltei irônica.

— Eu gostei. – disse Willow. – Deu um toque, sei lá, meio radical.

— Obrigada! - sorri, dessa vez sendo sincera. – Você acha que Apolo vai gostar? – perguntei com um sorriso irônico, enquanto afinava a voz e fazia um pode de paty.

— Com certeza. – Margot e Willow responderam juntas, estranhamente me acompanhando no riso irônico enquanto batiam um high five.

— Estão ansiosas para conhecer Apolo? – Emily perguntou, tentando mudar de assunto. – Já pensaram no que vão falar pra ele?

— Eu vou mandar ele ir a um lugar muito conhecido por Hera.

Mais uma vez, Willow e Margot riram enquanto Emily empalidecia.

— Definitivamente eu fui com a sua cara. – declarou Willow. – Acho que seremos boas amigas.

— Agradeça aos céus por ela ter ido com a sua cara. – Margot fingiu sussurrar pra mim, o que lhe rendeu uma bela cotovelada. – Ai Willow, será que não pode nem brincar aqui não, porra? – ela a olhou com raiva, logo se voltando pra mim. – O que eu quero dizer é que também acho que seremos boas amigas.

— Concordo – falei. – O que você pretende dizer a ele?

— Eu... não sei.

Olhei para Willow, mas ela apenas deu de ombros. Também não sabia.

— Bem, eu sei. – Emily anunciou. – Vou dizer algo como “é uma honra conhecê-lo e ser uma das Selecionadas. Espero que tenhamos um encontro logo para que possamos nos conhecer melhor e passar um tempo juntos!”.

Contive uma careta, revirando os olhos, sendo seguida pelas meninas. Quem era aquela garota? Por que com certeza, aquela não era minha melhor amiga. Aquele discurso não era dela, disso eu tinha absoluta certeza. Mas antes que eu começasse a falar, anunciaram que estava na hora de ir. Eu me levantei apenas quando todas as selecionadas estavam chegando à porta, tirando o meu robe e me permitindo dar uma olhada no espelho.

Eu estava poderosa. Ok, parecia que eu estava indo a um funeral – e talvez eu realmente estivesse -, só que um funeral muito estiloso. Sem conseguir evitar, dei um sorriso perverso e me virei, indo na mesma direção que as demais Selecionadas, excessivamente pronta para conhecer Apolo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como vocês acham que vai ser quando a Cammy conhecer o Apolo? Deixem seus palpites nos comentários! Até o próximo!