A Seleção de Apolo escrita por CarolFonseca


Capítulo 13
Uma facada dói mais que mil palavras


Notas iniciais do capítulo

Hey, aqui é a Janis. Eu e a Jujuba esperamos que vocês gostem desse capítulo por que ele foi feito com muito amor! E eu até coloquei uma foto do Luke Hemmings nele, que é pra vocês verem como eu e a Jujuba imaginamos o Apolo. Esperamos que gostem! Boa leitura!



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Apolo

Deixa-me te contar uma coisa: deuses não costumam comer. Quer dizer, eles comem, mas só ambrósia e néctar. Não temos motivos para perder nosso tempo consumindo a comida dos mortais. Mas aí eu tive a brilhante ideia de convidar Halsey Ferrari para jantarmos em um restaurante, num típico encontro, depois das entrevistas na TV Hefesto. Porque é isso que os casais – comuns, pelo menos – fazem, certo? Eles jantam juntos em restaurantes caros, ou, na pior das hipóteses, se eles forem pobres, numa lanchonete beira de esquina. Tanto faz. O que importa é que eu quis ser um perfeito cavaleiro a perguntando onde queria jantar, e ela me retribuiu dizendo que gostaria de ir num restaurante chinês. Chi-nês!

Tenho que admitir a vocês que eu fiquei completamente apavorado. Em pânico. Pensei que ela havia comido titica de galinha. Você, caro leitor, deve imaginar que eu sendo um deus de tantos e tantos milênios – sim, eu sou um pouco velho. E daí? -, já experimentei de tudo; mas, como eu já disse, os deuses não comem. Nem peixe frito, muito menos peixe cru. Ou isso já é comida japonesa?

Quer saber? Não importa. O que importa, é que eu estava me comportando de uma maneira extremamente patética, enquanto Halsey falava sobre o aquecimento global, pegando aqueles hashis e comendo com eles de vez em quando. Na boa, quem quer saber sobre aquecimento global quando se tem a difícil e árdua tarefa de comer com aqueles pedacinhos de madeira?

Mais uma vez, tentei pegar o macarrão com aquilo, não conseguindo. Aquilo já estava ficando tão patético que até Halsey percebeu.

— Você não quer que eu dê na sua boca, quer?

— Ah, seria ótimo! – suspirei, baixando os hashis. – Vamos, estou com fome! – abri a boca, esperando.

Na verdade, eu não estava com a mínima fome, mas ficar olhando para aquele prato durante horas, sem conseguir pegar nada dentro dele, havia me deixado, digamos... com um certo desejo.

Porém Halsey apenas ficou me encarando com uma sobrancelha arqueada, enquanto minha boca – ainda aberta – começava a salivar.

— O que foi? – reclamei, vincando a testa. – Porque está demorando tanto?

Ela inspirou profundamente, colocando uma mão no rosto para tampa-lo. Se eu não fosse o deus Apolo, poderia jurar que ela estava tentando esconder seu rosto do casal que nos observava na mesa ao lado, fazendo caretas estranhas. Quando fechei a boca, somente para abri-la de novo e a perguntar se ela estava se sentindo bem, Halsey fez um sinal com os dedos chamando o garçom e pediu para ele gentilmente trazer um garfo para mim. Fique sinceramente aliviado e agradecido. Aquele garçom... mordi o lábio. Ele era realmente bonito.

Halsey – não sei bem o porquê - ficou ainda mais irritada depois disso, o que nos fez acabar de comer em um silêncio mortal.

Geralmente a minha parte favorita dos encontros é quando nos despedimos, mas a nossa foi a mais sem graça – e tensa – possível. Percebi, que, ao invés de me beijar, ela estava era prestes a bater à porta na minha cara, quando acabou caindo em cima de mim. Logo pensei que ela fosse me agarrar ou algo do gênero, só que minhas suspeitas foram dissipadas no momento em que rapidamente todas as selecionadas começaram a sair de seus quartos e meu ouvido captou um barulho muito reconhecido por mim mesmo: era o som de uma bomba.

E você, como esperado, deve estar imaginando que eu, lindo de morrer, heroicamente peguei a mão de Halsey e a levei comigo, protegendo-a, certo? Errado. Eu simplesmente virei às costas e saí correndo. Mas então, por algum motivo – muito – estúpido, olhei para trás e mudei de ideia. Talvez fosse apenas o medo de Zeus me punir se alguma delas morresse, ou talvez houvesse parte heroica dentro de mim que eu nunca havia descoberto. Não sei. O fato é que eu gritei com todas as minhas forças e mandei-as pararem de correr como verdadeiras baratas tontas e começarem a me seguir. Corri até a parede mais distante do corredor e apertei o desenho do Delta que continha ali – passagem secreta criada pelo próprio Dédalo -, abrindo a até então parede falsa,  e mandei as baratas tontas entrarem.

Caminhamos por túneis e mais túneis escuros, iluminados por tochas e com um enorme tapete vermelho, sem contar a grande poeira e teias de aranha que havia ali – fazendo as filhas de Atena se arrepiarem de medo. E, apesar de saber que eu não podia – nem deveria -, estava com muita preguiça de levar as Selecionadas para a áreas dos mortais, então as levei pra a sala dos deuses mesmo – que estava bem mais perto, e muito mais protegida, diga-se de passagem.

Assim que entrei, Afrodite me agarrou num abraço sufocante, toda aliviada por eu estar bem e tal, fazendo Ares e Hefesto revirarem os olhos – e se encararem com o olhar feio, ao ver que os dois fizeram a mesma coisa ao mesmo tempo.

— O que você esperava? Ele é um Olimpiano, não ia morrer lá fora.

— E como você sabe? – rebateu ela, um tanto quanto irritada. – Ele é só um garoto. E você devia se preocupar mais!

Só um garoto? Quis gritar. Se o decote dela não estivesse pressionado minha bochecha esquerda, eu teria ficado bem irritado.

Por fim – e com um pouco de esforço - consegui me livrar de Dite, percebendo que as selecionadas estavam encolhidas em um canto cochichando baixinho. Os deuses também, com medo que as Selecionadas ouvissem algo. Rapidamente me aproximei e entrei no mini círculo que meus familiares haviam feito, logo ouvindo os cochichos de Afrodite.

— Eu te alertei que isso iria acontecer Zeus, mas não... Você não podia me ouvir não é? E agora olha a nossa situação! Estamos aqui, presos neste lugar mofado, enquanto ninfas e sátiros perdem a vida lá em cim...

— BASTA! – papai ficou puto, dirigindo seu olhar furioso para cada um de nós. – CALADOS TODOS VOCÊS! FIQUEM QUIETOS!

E é claro, todos obedeceram, com aquele típico friozinho na barriga que papai causava nas pessoas. Sem nada mais pra fazer, me escorei em um canto qualquer, começado a observar a sala. Minutos depois encontrei Emily encolhida num canto com um cobertor nos ombros, com mais duas garotas. Rapidamente fui até ela.

Hum-hum. – ela deu um pulo. - Será que podemos conversar, Emily?

— Ãn? Ah, sim, claro... eu já volto meninas. – avisou a uma de cabelo castanho, e outra de cabelo loiro, que reconheci imediatamente. Willow.

Ela por sua vez, apenas ergueu uma sobrancelha ao perceber que eu estava a encarando, e puxou a outra.

— Não se preocupe Emy, Eu e a Margot já estávamos de saída mesmo. A gente se fala depois. – pegou a mão da garota de cabelo castanho (agora eu sabia que se chamava Margot) e a arrastou para outro canto, logo oferecendo seu cobertor a ela, que tremia de frio.

Emily se virou para mim.

— O que você quer Apolo?

— É... Um... O que a Cammy e as suas outras amiguinhas estão falando de mim?

Sim, apesar de estarmos presos em um cubículo, sendo atacados e com um Zeus puto da vida no mesmo cômodo que nós, tudo o que eu estava interessado em saber era o que um bando de garotas estavam falando de mim. Fazer o que se fofoca me acalma? Podem me julgar se quiserem, mas depois não reclamem se um raio solar acabar queimando seu cabelo.

— Eu não tenho falado muito com a Cammy ultimamente... – Emily contou, franzindo a testa. Eu assenti com a cabeça, já me preparando para sair dali quando ela levou sua mão em direção ao coração. – Ah meu Zeus! Cammy!

— Sim o que tem a meger... ela?

Emily arregalou os olhos para mim, começando a ficar desesperada.

— Apolo, você viu a Cammy... não viu? Sabe onde ela está, né?

Assenti, fazendo-a suspirar aliviada.

— Ela deve estar por aí falando mal de mim para as selecionadas...

Inesperadamente sua mão foi para a sua perna esquerda, e ela fez uma careta de dor.

— Apolo... a Cammy não tá aqui. – seu tom desesperado havia voltado mais forte que nunca.

— O que? Claro que está! Eu trouxe todas as Selecionadas pra cá.

Mais ela não me ouviu. Rapidamente, largando a manta no chão, ela subiu em uma velha mesa que estava ali.

— GENTE! – berrou, o que fez todos olharem pra ela em evidente confusão. Não era todo dia que uma garota subia em cima de uma mesa velha clamando por atenção dos deuses e semideuses ali presentes, trajando apenas um pijama de melancias em pleno ataque ao Olimpo. – Alguém aí viu a Cammy?

Logo murmúrios de negação foram ouvido por todo o cômodo. Mesmo assim, Emily olhou em todas as direções possíveis, e quando desceu da mesa, estava chorando. Rapidamente Willow e Margot, assim como Afrodite e Hefesto, acompanhados pelos demais deuses, vieram em sua direção.

— O que aconteceu? – quem perguntou foi Afrodite, com uma pitada de pânico em sua voz. – O que tem... – olhou para a Emily. - Onde está a Cammy, Apolo? – ela voltou-se para mim, desesperada. – Você trouxe todas as Selecionadas pra cá, né Apolo? Apolo? Você trouxe não trouxe? Apolo... Você disse que tinha trago! – lágrimas já caiam dos seus olhos quando ela me agarrou pela blusa. – Onde está a Cammy, Apolo? Onde?...

— Ela não... Ela não tá aqui. – Emily murmurou, sendo amparada por Margot e Willow. – A Cammy não tá aqui... Ela... Ela não tá aqui... – começou a murmurar baixinho, um choro silencioso.

— Onde diabos está a minha filha, Apolo?! – Afrodite voltou a perguntar, sua respiração começando a ficar pesada por conta do desespero. Logo logo ela iria... – ONDE ELA ESTÁ APOLO? – ...desmaiar. Hefesto logo a aparou, levando-a para uma das camas que haviam ali.

— Emily... – me virei para ela, começando a ficar verdadeiramente preocupado. Se Camille estivesse lá em cima com este ataque acontecendo... Não queria nem pensar. – Você tem certeza que ela não pode estar em outro esconderijo, ou sei lá... escondida em outro lugar?

— Não, Apolo... ela não tá escondida. – soltou um soluço. – Eu... Eu posso sentir! Por favor... Só acredita em mim e pelo amor de Zeus... VÁ SALVA-LÁ!

E eu acreditava. Mesmo a Camille sendo, bem, ela mesma, ela nunca brincaria com algo do tipo. Muito menos sabendo das constantes crises que sua melhor amiga provavelmente tinha. No final, ela pode ser apenas mais uma malcriada e encrenqueira, mas não quero que ela morra. Além do mais, ela é minha Selecionada. Só minha...

Inspirei profundamente, fingindo ir em direção ao fundo do quarto, rapidamente mudando de direção e abrindo a porta, ainda ouvindo as Selecionadas e Zeus gritar por mim.

Era agora... ou nunca.

 

Cammy

Me encolhi ainda mais dentro do armário da cozinha, ainda não acreditando que aquilo estava realmente acontecendo comigo... conosco! Como o Olimpo – o lugar mais seguro do mundo – poderia estar sendo atacado? E Margot? Willow? E, por Zeus... e Emily? Logo minha respiração começou a ficar pesada, ao me lembrar de ter passado no quarto de todas elas e não ter encontrado nenhuma... Céus, será que minhas amigas estavam bem? Será que minha mãe estava bem? Será que Apolo estava bem?

Desconfortável pela posição em que eu me encontrava, tentei me mover, mas logo ouvi passos e sussurros. Assustada e sem saber o que fazer, voltei a me sentar, esquecendo da faca que eu havia pegado na cozinha por precaução, e que agora se encontrava dentro da minha perna – já que eu havia me sentado com tudo em cima dela.

Mordi os lábios, tentando não gritar de dor, já que as vozes haviam se aproximado consideravelmente, enquanto eu tentava tirar aquela faca da minha pele.

— Se papai souber o que estamos fazendo, não vai nos perdoar nunca...

— Ele vai sim, e cala a boca, seu estúpido! Além do mais – continuou. – Se vencermos, nós é que teremos de perdoar ele!

Tomei um susto tão grande ao reconhecer os donos das vozes ali presentes e digerir o que eles haviam acabado de falar, que não percebi que puxei a faca com força da minha perna, me fazendo soltar um gemido de dor.

— Tem alguém aí?

Me encolhi ainda mais, minha respiração ainda mais rápida do que antes. Tateei todo o armário e... Merda! Em algum momento do ataque, eu havia deixado a minha bombinha cair. Fechei os olhos, já começando a chorar, enquanto tentava inutilmente acalmar a entrada e saída de meus pulmões.

— Olááááá? Alguém em casa? – me encolhi ainda mais, ao perceber que os passos estavam vindo em minha direção. Inesperadamente eles pararam.

— Você ouviu isso? Um barulho... Vem, vamos ver quem é!

As vozes foram cessando à medida que os passos deles foram se afastando. Fiquei encolhida ali pelo o que pareceu uma eternidade, até perceber que minha perna estava sangrando – e sangrando demais. Praguejei baixinho e estava prestes a rasgar meu vestido para cuidar daquilo quando a porta do armário foi aberta e eu fui puxada para fora, com mãos cobrindo minha boca. Sem mais adrenalina no corpo e não conseguindo respirar, tudo o que pude fazer foi desmaiar.


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Notas finais do capítulo

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