Eu Nunca Te Disse escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá espero que gostem do capítulo e adoraria saber o que acharam, um beijo e até o próximo.



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6 anos antes – A Despedida

— Você tem mesmo que ir? – James lhe perguntou esperançoso.

— Infelizmente minha mãe só conseguiu tratamento lá – disse abaixando a cabeça.

— Chloe, fica aqui comigo, você não precisa ir... Tenho certeza de que meus pais não ligariam – seu rosto angelical mostrava esperança, mesmo percebendo que não teria jeito.

— James, eu sinto muito, mas não posso deixar minha mãe – olhou para o jovem loiro a sua frente e encarou seus olhos verdes umedecidos pelas lágrimas que lutavam para não cair – Não nesse momento.

— Eu sei – ele deu uma pausa, percebendo seu egoísmo, se aproximou e olhou no fundo dos olhos da morena que estava a sua frente – Eu achei que agora que estamos juntos, teríamos um futuro, que finalmente seriamos algo.

— Eu também pensei, talvez só não seja para acontecer, nunca se sabe o que o destino nos reserva.

— Não diga isso. Nós fazemos nosso próprio destino e o meu é ao teu lado, não importa aonde vá, você sempre irá retornar para mim.

— Espero que seja verdade – a morena de cabelos longos, olhou fechou os olhos e respirou fundo após voltar a abri-los.

Ele então sorriu e se aproximou ainda mais da moça, segurando suas mãos sobre as suas, as mãos dela estavam trêmulas. Aquele menino loiro de cabelos cerrados e olhos azuis parecia um pouco mais calmo.

— Não é um adeus definitivo – a morena conseguiu dizer depois de alguns minutos perdida em seus pensamentos.

— E eu vou te esperar – o rapaz disse inesperadamente, colocou uma de suas mãos no frágil queixo dela e completou. – Eu nunca vou desistir de você, e eu vou te esperar o tempo que for preciso e quando você voltar... Serei seu.

Aquelas palavras invadiram o coração da jovem, como a brisa pela manhã. Ela podia sentir a pureza dele e de suas palavras, aquilo lhe confortava mesmo parecendo impossível e lhe deu algo para acreditar, que se veriam novamente e tornou um pouco mais fácil a despedida.

— Tem certeza de que quer isso? – ela perguntou.

— Absoluta!

— Chloe, desculpa interromper... Só estamos aguardando você – a mãe da moça disse, antes de retomar o seu caminho para o carro.

— É melhor você ir – disse beijando com ternura a testa dela.

— É hora da despedida então.

James lhe puxou para si em um abraço tão profundo que ela se perdeu em seus braços, até que não pudesse mais evitar se afastar, nos olhos de Chloe as lágrimas que ameaçavam cair vieram a tona, ele levantou o rosto dela suavemente com a mão em seu queixo. Seus lábios tocaram os dela com ternura, suas almas estavam conectadas, a química que tinham era algo que nenhum dos dois podia explicar. Naquele breve momento puderam esquecer-se da partida, do adeus e das perdas que ocorreria, seus corpos tiveram que se separar, a realidade vindo a tona e em seus ouvidos ele disse sussurrando:

— Eu te amo – a abraçou novamente mantendo muito próxima ao seu peito – Até logo Chloe.

Ele foi se afastando aos poucos, enquanto ela ficava intacta, ele foi dando as costas, até que ela percebeu que era real, ele havia realmente dito pela primeira vez o que realmente sentia.

— Também te amo – gritou, ele sorriu.

A jovem entrou no carro e pode ver a paisagem sumir, assim como seu amado.

— O Retorno

Sentada no banco de trás do taxi, olhando pela janela com paisagens que pensou que não veria novamente, lhe veem lembranças. Charllote era a cidade de onde foi criada, onde seu passado estava, onde seu primeiro amor ficava, ao se lembrar daquela despedida, ela pode sentir seu corpo estremecer.

— Senhorita, chegamos.

Saiu do taxi branco e olho ao redor, tudo parecia familiar, nada havia tido muitas mudanças nos anos afastados. Foi em direção à mala do carro, o motorista que aparentava ter seus sessenta anos, com cabelos grisalhos porem com um rosto bem mais jovem para contê-los apertou a chave pendurada e tirou as duas malas.

— Quer ajuda para leva-las?

— Não precisa, mas agradeço – disse pegando na alça das malas que eram de rodinha.

Ele fechou a mala e ela lhe entregou o dinheiro da corrida. Chloe olhou para a casa branca, ela não conseguia tomar coragem para entrar, ela e seu pai não se falavam mais como antes, após o anuncio da gravidez, a morte de sua mãe e a nova namorada dele, o que antes era uma família feliz, já não eram mais. Chloe decidiu sentar-se na praça antes de tomar qualquer atitude, um ar fresco lhe cairia bem, ela observou ao redor, lembrou-se de sua época de pura inocência correndo pela praça, ou na sua adolescência, quando saia com os amigos e James, sentados naqueles bancos de madeira jogando conversas fora, olhou para suas malas e decidiu alugar um lugar e só fazer visitas durante o dia para cuidar de seu pai. Ao se levantar e colocar sua mão na mala, ouviu uma voz chama-la.

— Chloe White? — ela olhou para frente e sorriu enquanto ele repetia novamente incrédulo, só que com mais felicidade — Chloe.

— Senhor Connor — sorriu de volta, o homem que fora seu segundo pai, estava bem ali em sua frente e feliz em vê-la.

— Como está minha querida? Faz tempo que não a vejo.

— Estou bem e o senhor como esta?

— Eu estou ficando velho, mas estou melhor do que nunca. — ele a olhou com uma certa duvida — Você veio morar aqui novamente? Harry não mencionou sua volta.

Ela olhou para sua mão que estavam inquietas e disse sem tirar seu olhar.

— Não voltei para ficar, vim porque Sarah me ligou dizendo que ele foi parar no hospital, então por mais depois de tudo, não podia deixa-lo.

— Aconteceu algo entre vocês? — ele aparentava preocupação, como em todas as vezes que ela caia na rua quando ainda era criança ou quando ficava triste por algum motivo.

— Não quero tomar seu tempo, o senhor deve estar ocupado indo para algum lugar, mas estou bem.

— Tomar meu tempo? Meu tempo só é tomado quando tenho que esperar em filas, você é como uma filha, tenho todo o tempo do mundo para você — ele lhe deu um sorriso acolhedor — Então se não tiver nada para fazer agora, sente-se aqui e me conte o que te aflinge.

Ela respirou fundo e se sentou com ele naquele banco de madeira branco. Ela contou algumas partes, pois tinham algumas coisas que ela não achava que deveria ser dito.

— Meu pai depois da morte de mamãe, ficou mal, queria voltar, só que eu não podia, não queria ver aquela casa sem ela, mas depois ele conheceu Sarah, ele já me julgava errada e ele encontra outra mulher para substituir a mulher que ele jurou que era a mulher da vida dele.

— Minha pequena, todos tem que recomeçar de algum jeito, ela deu conforto a ele. Ela não pegou o lugar de sua mãe, ela apenas preencheu uma pequena parte daquele vazio.

— Ele poderia ter esperado, nem que fosse um pouco para se casar, ele ao menos me chamou ou contou do casório.

— Quando ele voltou, eu fui vê-lo, ele estava no fundo do poço, não tocava no seu nome, não acho que sua mãe ter falecido, foi um motivo. Mas respeito você não querer me contar, quando se sentir a vontade, sabe onde estou.

— Obrigado por me ouvir, eu só quero que ele fique bem, sabe, não quero perde-lo novamente.

— Caso não queira ficar por lá, você pode ficar na minha casa, lá tem um quarto sobrando e acho que minha filha iria adorar te conhecer.

— A Rebecca esta morando com você? Serio?

— Acredita nisso? Depois que a mãe dela teve que ir para a Austrália a serviço, ela veio morar comigo, negou ir com ela.

— Eu lembro quando era criança e ela veio te visitar.

— É vocês brincavam no quarto, diziam serem irmãs, mas quando ela fez dez anos, Barbara a proibiu de vir por medo dela querer morar comigo.

— Mas fico feliz que ela esteja contigo.

— Ela só é meio cabeça dura.

— É de família — a morena disse sorrindo e abraçando Connor.

— Obrigado por tudo o que fez por mim antes e pela conversa de hoje, acho que nunca te agradeci.

— Não tem o que agradeci, você é como uma filha e só me trouxe alegria.

— Só para Harry que não, mas faz parte — ela se levantou — Bom, eu vou tentar criar coragem e ir vê-lo, obrigado pelo convite.

Ele a abraçou forte, sua saudade estava exposta, ela pegou suas malas e foi até a casa, respirou fundo antes de bater a porta. Quem atendeu foi Sarah com um sorriso.

— Que bom que veio.

— Ele sabe que me ligou?

— Eu contei, ele ficou feliz por saber que vinha.

— Mentir para mim não vai fazer com que eu me sinta a vontade Sarah.

A mulher que aparentava ter seus cinquenta anos, loira de olhos claros, olhou meio sem graça, por saber que Harry não havia expressado nada ao saber que ela estava a caminho, não queria estragar as coisas com Chloe, mas sabia que ela repulsava mentiras.

— Ele ficou na dele — admitiu finalmente, a morena olhou para o chão, estava chateada, porém não estava surpresa — Mas Chloe ele te ama, mesmo que não diga, ele só está no mundo dele, tudo vai se ajeitar com você aqui.

— Não sei, mas quero no mínimo ter certeza que a saúde dele está boa, para que eu possa voltar aliviada.

— Mas entre, seu quarto está arrumado para você.

A morena entrou e levou as malas ao quarto, respirou novamente o ar de seu velho quarto e deitou.

Algumas horas havia se passado desde sua chegada, seu coração estava entristecido, estar com seu pai sabendo que ele nem lhe olharia, era uma das piores dores que havia sentido. Sarah bateu na porta aberta para chamar atenção de Chloe.

— Chloe, a janta está pronta.

A morena não disse uma palavra, apenas desceu e foi em direção a cozinha, para sua surpresa Harry estava sentado com seu jornal comendo, seus cabelos estavam com mais fios acinzentados e menos preto que antes. Ela se sentou sem perder sua postura na outra ponta da mesa.

— Fiz sua comida favorita Chloe, espero que goste.

— Não precisava — ela manteve sua voz normal, ela ainda não conseguia olhar para Sarah como alguém que ela sentia algum tipo de empatia.

— Era só agradecer, eu no mínimo te dei educação.

— Eu não fui grossa.

— Mas também não foi gentil.

— O que o senhor sabe sobre isso? Se eu não fosse, nem estaria aqui. — ela engoliu seco — Você nem ao menos me olha para me responder.

Ele olhou por cima do óculos e de seu jornal, ergueu as sobrancelhas e disse em tom grave, mas sem levantar sua voz.

— Eu não te pedi para vir, nem sei por que veio.

— Porque eu me importo, Sarah me ligou porque você parou no hospital.

— Isso é o que você diz, deve ter um motivo por trás, talvez um chamado James.

— Isso é ridículo.

— Claro que é, você vai ver como ele esta diferente e vai sentir dó de você mesma. Perdeu um bom tempo de sua vida por causa de um cara que agora nem se lembra de você.

— Você não sabe o que está falando.

— Você atrasou sua vida, decepcionou a mim.

— E você decepcionou a mamãe por ter casado cedo e substitui-la.

Chloe se levantou com raiva.

— A comida vai esfriar — Sarah disse tentando se manter.

— Estou sem fome.

Ela saiu sem olhar, ouvir as coisas de seu pai, não era o que ela queria, ela tinha em mente em ajuda-lo, mas a única coisa que estava acontecendo, era ouvir palavras da boca para fora de seu pai, o homem que deveria estar ao lado no momento em que ela precisou e ele a abandonou, quando saiu sentou-se no balanço que ficava na frente, como costumava fazer para pensar ou simplesmente esquecer, mas aquela cena anterior não à fez chorar, ela simplesmente fechou seus olhos e respirou fundo e lembrou-se de sua mãe dizendo quando ela era pequena e ficava com medo de dormir "vai ficar tudo bem meu pequeno anjinho".

— Chloe? — Uma voz surgiu com espanto enquanto ela estava de olhos fechados olhando pro chão, uma voz da qual conhecia bem e nunca esqueceu.

Ela olhou surpresa, seu olhar estava vidrado diante dos dele.

— James!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo.