Irmão do Itachi escrita por Assiral


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a líndíssima da Keila por ter recomendado esta história



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ITACHI

 

 

O grande dia havia chegado!

O baile anual da escola de Konoha era hoje.

Itachi colocou o despertador para tocar logo cedo. Queria lavar o carro e deixá-lo brilhando antes de ir à lavanderia pegar seu blazer esporte fino.

Ele sempre ia com um bom corte.

Elegância era um dos requisitos que ele prezava. Obviamente, fazia sucesso com as garotas, e ele esperava que fizesse esse ano com “a garota”.

Quando soube do baile e se lembrou de que já havia convidado Sakura há um tempo, logo quando ela chegou à escola, um frio invadiu sua barriga. O nervosismo foi ainda maior quando pensou em tudo que aconteceu depois daquilo.

E quando ele diz “tudo”, ele odiava dizer “seu irmão”. Principalmente.

Nunca pensou que algum dia, o Traça pudesse ser essa pedra no sapato com relação a qualquer garota.

Havia uma grande possibilidade de Sakura querer ir com Sasuke depois de tudo que aconteceu. Isso se o frangote tivesse coragem de convidá-la.

Em outros tempos, essa possibilidade simplesmente não existiria. Na verdade, Sasuke nem iria ao baile. Geralmente ele se enfiava na casa do imbecil do Naruto porque segundo ele, era muito mais divertido ficar lá do que ir a um baile escolar. Naruto isso, Naruto aquilo...

Imbecis.

Mas o fato era que este ano as coisas estavam atípicas. Tão atípicas que Itachi se sentia pela primeira vez... inseguro.

Talvez o irmão não a convidasse, mas então Sakura não aceitasse o convite de Itachi. Ainda mais depois da conversa deles em sua casa durante o churrasco ha uns dias atrás, onde ele se abriu para ela.

Isso fez com que as coisas ficassem confusas entre eles a princípio. Até que Sakura o procurou em um horário de intervalo para esclarecer as coisas, e disse a ele que não poderia corresponder ao que ele havia lhe dito, não mais do que com uma amizade que ele pudesse sempre contar.

Não era o que Itachi esperava.

Caramba...

Ele nunca tinha se aberto para uma garota como ele fez naquele dia. Era o maior banho de água fria da história dos banhos de água fria.

Mas concordara em serem “apenas amigos”, por enquanto.

Porque depois, parando pra pensar, não estava tudo perdido, já que amigos com benefícios ainda era uma possibilidade e poderia ser um bom começo. Ainda mais que pelo visto, ela continuava evitando Sasuke.

O que aumentava suas chances.

Itachi odiava se sentir da maneira que se sentia agora, mas uma certa covardia se abateu sobre ele. E sair para convidar Sakura para o baile pessoalmente, com a possibilidade de ouvir um não, ou pior “vou com seu irmão”, não foi algo com que ele tivesse sido preparado para lidar na vida.

Riu da ironia.

— Então deve ser assim que um perdedor como meu irmão se sente.

Optou por enviar uma mensagem.

Era simples e covarde, mas eficaz.

“O baile está chegando. Meu convite continua de pé.

Ainda vamos juntos, não é?”

Alguns minutos passaram e Itachi sentia as palmas das mãos suarem. Mal viu Sasori se aproximando.

— E aí cara? Alguma ligação ruim? – perguntou o ruivo.

— Não. É só que ... – o que diria? Que estava nervoso pela resposta de uma garota? – eu estou pensando no jogo das meninas. Elas precisam vencer.

— E nós também.

— É.

Mais uma checada no telefone. E ainda sem resposta.

— Então, e o baile?

— O que tem o baile? – a resposta súbita e nervosa de Itachi deixou Sasori confuso.

— Nada.

Itachi se apoiou na parede enquanto respirava fundo. Precisava voltar ao seu estado normal. Sasori era um bom amigo, mas falava demais.

O que ele menos precisava era que Sasori saísse comentando sobre o comportamento estranho dele e espalhar por aí que Itachi se sentia ansioso por alguém.

— E aí, já convidou alguma garota para o baile? – perguntou mudando o foco.

— Ah... er. Não, não.

— Eu soube que Yukie andou perguntando por você. – disse Itachi antes de checar o telefone mais uma vez.

— Ah não, ela não faz o meu tipo. – Sasori desconversou sem graça.

— Está louco? Ela é uma gata – cochichou se aproximando – e curte umas paradas de chicote, algemas e essas coisas. – piscou para ele entender que ele sabia bem do que estava falando.

Como se fosse novidade.

— Eu não estou muito a fim esse ano - Sasori desviou os olhos e raspou a garganta – eu... bem... esse ano eu acho que só vou lá curtir a festa com o Deidara mesmo e... Tudo bem para você?

Itachi olhou para o amigo achando toda aquela conversa bem estranha. Será que ele também estava nervoso com a resposta de alguma garota em específico, assim como ele estava?

O telefone tocou.

O nome de Sakura apareceu na tela.

— Você que sabe. Com um bando de garotas doidas para sair com os atletas, você que sai perdendo. – começou a se afastar – você e Deidara pelo visto.

Sasori não respondeu, só coçou a parte de trás da cabeça.

Itachi agradeceu por isso e se afastou mais rápido. Não queria ler a resposta de Sakura perto de ninguém. Caso fosse uma negativa, ele não precisava de plateia.

Desbloqueou a tela e clicou na mensagem.

“Beleza. Vai ser divertido.”

Itachi olhou para a tela alguns segundos.

Releu a mensagem.

Ela ia mesmo com ele!

E o sorriso que abriu foi inevitável naquele momento.

Apesar de algo nele se incomodar porque bem, Sakura poderia parecer um pouco mais entusiasmada, mas por ora estava bom.

VAMOS-SER-SÓ-AMIGOS-MINHA-BUNDA!

Ela iria ao baile com ele! Não com seu irmão, mas com ele!

SEU PAR!

Ele estava de volta ao jogo!

Os dias corriam e ele não conseguiu falar muito com ela depois disso. A sequência de treinos havia sido amenizada para eles, mas ainda era em um ritmo forte, principalmente com o time das garotas.

Elas tinham mais uma sequência de jogos decisivos de ida e volta com o objetivo de chegar à final.

Felizmente, conseguiram avançar mesmo no sufoco, por terem empatado os quatro sets contra o time de Amegakure High e a decisão do jogo ser levada para o set de desempate, elas conseguiram vencer e avançar à final.

Era um feito histórico para um time novato.
Itachi se lembra da explosão que foi quando Sakura acreditou e salvou uma bola perdida que explodiu nos braços de Temari quando sacaram forte em cima dela, e então Hinata aproveitou o esforço de Sakura e afundou a bola na quadra adversária em uma bola paralela fechando o jogo.

As garotas estavam experimentando algo que Itachi amava com todo o seu ser. Esta sensação da vitória de seu time. Algo que ele sentiria muita falta quando se formasse...

E é por isso que ele se dedicava ainda mais a incansáveis treinos. Era seu último ano e queria fechar com chave de ouro, ele precisava vencer. Queria vencer.

E como já havia garantido a companhia de Sakura para o baile, ele se sentia mais aliviado em treinar e estudar. Era até estranho.

Fazia tempo que não saía à noite para festas, ou ir atrás de todas as garotas. Simplesmente não sentia vontade.

 Ficar em casa as vezes, até que não era má ideia.

Mas aparentemente parecia haver algo muito errado com ele, já que sua mãe sempre perguntava se ele estava bem, se não iria sair naquela noite, se tinha acontecido algo... Ela andava agindo estranho perto dele. Até com Sasuke ela andava estranha.

Como se pisasse em ovos o tempo todo.

Em uma noite as coisas passaram de estranhas para bizarro, quando ela soube do baile e abordou o assunto no jantar.

— Então – raspou a garganta e tentava parecer calma – o baile está chegando, não é?

— Sim, vai ser no próximo sábado. – Itachi respondeu sem tirar os olhos do prato.

— Você, vai com alguém, Itachi? – Mikoto perguntou estranhamente cautelosa olhando para ele e depois para Sasuke.

Itachi pensou alguns instantes enquanto sua mãe aguardava uma resposta.

O fato é que desde que Sakura aceitou ir ao baile com ele, a sensação de alívio, felicidade e prazer da vitória tomaram conta dele, mas quando encontrou o irmão em um dos treinos e estava pronto para tripudiar sobre ele a sua “vitória”, as palavras simplesmente não saíram.

Não saíram antes, não saíram depois e não saíam naquele momento.

Quando contou aos caras do time que Sakura seria seu par, Neji até disse que iria adorar ver Itachi esfregando isso na cara de Sasuke, mas Itachi disse que preferia manter segredo e deixar que o irmão fosse surpreendido quando chegassem ao baile. Mas a verdade é que ele não se sentia tão animado assim em cantar vitória.

Sasori perguntou uma vez se ele se arrependia do que tinha feito ao irmão e na ocasião ele disse que não. Mas sempre que pensava no assunto, talvez houvesse sim um resquício de culpa.

Obviamente ele negaria até a morte. Mas destruir Sasuke mais uma vez, não era tão animador assim agora...

— Ele vai com a Sakura.

Itachi se assustou quando viu a resposta sair da boca de Sasuke que continuava focado em comer sua salada de legumes como se não fosse nada demais.

— Co-como? – perguntou Mikoto nervosa olhando para o pai que sequer ouvia a conversa absorto em ler notícias em seu tablet.

Sasuke que ainda mastigava, olhou para mãe e depois para Itachi.

— Ele vai com a Sakura.

Itachi ficou um tanto quanto pasmo com a calmaria com que Sasuke dissera aquilo.

— Como você sabe? – perguntou.

— Ela me disse. – deu de ombros.

Itachi olhou desconfiado. A forma como Sasuke agia como se não se importasse não lhe passava desapercebida, assim como sua mãe olhando de um para o outro parecendo pálida e agoniada. O que essa mulher tinha?

— E você, Sasuke? Está tudo bem? – Mikoto fechou os olhos – quero dizer, você vai desta vez ao baile?

— Vou. – respondeu ele de forma tranquila.

— Ah. – Mikoto disse sem realmente esconder que estava confusa, Itachi não deixou de notar.

— Eu vou com o Naruto e a Hinata.

— É claro que tinha que ter o Naruto no meio. – a paciência de Itachi se esgotou na hora e os talheres caíram no prato fazendo barulho – Se ele não vai se enfurnar na casa do namorado, o namorado vai com ele ao baile. Me diz, a Hinata aceita assim numa boa ou é um relacionamento aberto? – perguntou apoiando os cotovelos na mesa.

— Itachi! – Mikoto ralhou. – não fale assim com seu irmão!

— É sempre o Naruto, mãe! Ele só se importa com aquele imbecil! Daqui a alguns dias ele larga você também e vai morar com os Uzumaki!

Itachi saiu da mesa enquanto sua mãe ainda o gritava. Mas já tinha perdido a fome.

Era só pensar um pouco nos sentimentos do idiota do irmão que logo ele mostrava quem realmente importava para ele.

Mas que bom! Agora tudo estava esclarecido.

Sasuke já sabia então foda-se Sasuke e foda-se Naruto! Ele ia com Sakura e isso bastava.

E agora, ele finalmente teria uma chance real com ela.

Finalmente esse dia chegou. Já que a festa em sua casa foi um fiasco.

Mas isso eram águas passadas. Agora as coisas seriam diferentes.

Ele era o par dela!

Terminou de fazer a barba em um trabalho minucioso. Não ia aparecer com nenhum tipo de corte ou pele maltratada com lâmina, mas bem lisa e macia, por isso a sua melhor e mais cara loção pós-barba.

O cabelo já havia sido lavado pela manhã para não ir com ele molhado sobre o blazer escuro e estaria tudo certo.

E então cuidar de sua roupa, engraxar os sapatos, o carro...

Itachi conseguiu fazer tudo isso até o meio da tarde. Agora era só esperar a noite cair e ir buscar Sakura.

Isso se ele soubesse a que horas deveria ir pegá-la. Ele mandou mensagem e perguntou algumas vezes a ela em raros momentos que se encontraram pelos corredores a que horas deveria buscá-la e ela sempre fazendo manha, dizendo que não precisava.

E agora faltavam poucas horas e ele realmente não sabia se ela seria pontual como os nerds ansiosos, ou se preferia chegar já com o baile rolando.

Enviou uma mensagem que permaneceu sem resposta por mais de uma hora. Os ponteiros do relógio não paravam e nada de Sakura responder.

— Mãe, eu estou indo me arrumar na casa do Naruto. – ouviu Sasuke gritar lá debaixo e bufou.

Mas se Sasuke já estava se preparando, talvez ele devesse começar a agilizar também.

Um banho bem tomado, desodorante, mais loção e perfume. Estava realmente impecável, um gato! Tudo para o deleite de Sakura cair naquele corpinho.

Se pegou imaginando como ela estaria em um vestido de baile. E balançou a cabeça quando sua mente começou a se perguntar que lingerie ela estaria usando.

Pouco mais de uma hora e meia e ele já estava pronto. E nenhuma resposta de Sakura.

Pensou por alguns instantes no que fazer e em um súbito movimento alcançou as chaves do carro e saiu. Se Sakura ainda estivesse se arrumando ele esperaria lá mesmo que demorasse.

Andou algumas quadras e deu algumas voltas pelo quarteirão dando mais algum tempo, até que estacionou em frente ao gramado da casa dela. Respirou fundo, se sentia ridículo em agir desta forma. Isso não parecia em nada com ele.

Mas, Sakura de alguma forma fazia com que ele se sentisse assim. Nervoso, ansioso.

Inspirou mais uma vez e foi até a porta. Tocou a campainha e esperou observando a varanda daquela casa cheia de coisas penduradas. Sinos dos ventos, apanhador de sonhos, umas pedras coloridas, samambaias...

O que era aquilo tudo?

— Já vai! – uma voz gritou lá de dentro, mas não era a de Sakura.

Uma mulher magra e loira com uma roupa colorida e estranha saída dos anos 70 abriu a porta para ele.

— Quem...

A mulher parou como se tomasse um susto. Olhou para ele de cima a baixo com cara de horror.

Itachi não entendeu nada.

Enquanto isso a mulher ainda sem tirar os olhos arregalados dele, saiu tateando para o lado da porta até sumir, Itachi aguardou alguns instantes ainda confuso com o que estava acontecendo, até que a mulher voltou ainda com olhar assustado para ele e o rosto pálido como se visse alguma assombração, mas desta vez com um galho de uma planta qualquer na mão, começou a sacudir as folhas em volta dele, dela e da porta.

— O que...?

— Xiu!

Ela o cortou e continuou salpicando o ramo verde pela porta concentrada.

Soltou o ar.

— Meu filho, o que você fez com essa sua aura? – perguntou ela em tom realmente preocupada.

— Me desculpe, o que disse?

— Da sua aura! – respondeu como se Itachi soubesse o que isso significava – está realmente pesada. Seu campo energético não está nada bem. Eu senti o peso e o cansaço na hora que minhas energias foram drenadas.

Itachi permanecia boquiaberto com os olhos naquela mulher. Ela com toda certeza estava falando algo por que ele via a boca dela se mexer. mas certamente não falava em sua língua. Balançou a cabeça.

— Enfim, a Sakura está?

— Não.

— Ela está onde? Dando retoques no vestido? No salão? – Itachi sabia que na véspera dos bailes os salões da cidade ficavam com as agendas lotadas.

— Nã... Salão? Não. Ela mesma faz as unhas e as fez ontem. E o vestido, ela me pediu para separar algo e eu peguei um que veio na mala das roupas que ela usava na capital e lavei para ela.

“Que ela usava”.

Itachi não deixou de notar que Sakura não iria usar um vestido novo para a ocasião como as garotas geralmente faziam.

— Ela já foi para o baile? – perguntou com um certo nervosismo.

— Não, ela disse que iria correr.

— Mas o baile é daqui a uma hora! – falou como se fosse óbvio.

— Ora, mas dá tempo. A escola não é tão longe e eu vou levá-la.

Itachi ainda se sentia perplexo.

— Eu passei aqui para buscá-la. Eu sou o par dela.

— Par?

Itachi respirou fundo e falou calmamente.

— A pessoa que vai acompanhar ela no baile.

— Ah sim. Ela disse que iria encontrar amigos nessa festa e pediu para eu levá-la.

Foi um tanto quanto frustrante ouvir aquilo.

Sakura falava mesmo sério quando dizia que não precisava que ele a buscasse e que não achava que bailes deveriam ser levados com tanta seriedade. Ela falou mesmo sério de que esses bailes são para curtir com os amigos.

— Bom, já que ela tem carona, eu vou indo então. Até mais! – disse já se virando e tentando esconder o constrangimento.

— Meu jovem! – chamou a mulher – qual é seu nome mesmo?

— Uchiha Itachi, senhora.

— Uchiha. Ah... – balançou a cabeça como se compreendesse algo – o outro.

— Como?

— Nada. É só que minha filha geralmente tenta intervir nas coisas e agora entendo a escolha dela.

— Senhora...?

— Mebuki. – ela completou.

— Senhora Mebuki, eu não sei se realmente entendo o que a senhora quer dizer. – confessou e ela riu.

— A maioria das pessoas não entende. – se aproximou dele e segurou em suas mãos o que assustou ainda mais aquela intimidade e olhou em seus olhos – Uchiha Itachi, a sua aura é carregada de ódio e inveja, mas ainda há alguma luz em você. Pense nisso.

A mulher o abraçou sem pedir permissão e quando o soltou, fez um gesto de juntar as palmas das mãos e abaixar a cabeça. E então virou as costas e saiu andando batendo o pequeno ramo verde em volta de si como se espantasse insetos.

Itachi ficou parado alguns segundos tentando entender o que acabara de acontecer.

Mas a única conclusão que ele tinha neste momento, era de que teria que chegar ao baile sozinho. E isso era bem frustrante.

Dirigiu até lá, tão absorto que nem se lembrou de ligar o rádio.

Esperou dentro do carro por algum tempo. Preferia deixar as pessoas entrarem antes.

Mas quando viu a cabeleira vermelha de Sasori se aproximando, viu a oportunidade que precisava de não ter que entrar desacompanhado.

Fechou o carro e se adiantou até eles. Já que Sasori chegou junto com Deidara.

— Sasori! Deidara!

Quando Sasori o viu, empalideceu.

— O que foi? Viu um fantasma?

— Na-nada. Eu só – olhou para Deidara – só não esperava encontrar você tão cedo.

— Er... – foi a vez de Itachi tentar não parecer estranho e sem graça – a Sakura teve que resolver uma coisa, mas em breve ela chega.

— Ah sim. – Deidara respondeu.

Um silêncio se formou entre eles e Itachi se perguntava por quê. Não é possível que eles sacaram alguma coisa sobre Sakura sequer aceitar carona dele.

Hora de usar a tática da mudança de foco mais uma vez.

— E vocês? Resolveram mesmo vir desacompanhados, hein? – disse ele. – Tanta garota dando mole para o time...

Sasori e Deidara se entreolharam e balbuciavam sem realmente dar uma resposta.

Cara, o que estava acontecendo hoje que todo mundo estava agindo de forma estranha?

— Então... o fato é que – Sasori raspou a garganta – eu, quer dizer... nós...

— O irmão do Itachi veio! – Deidara apontou mais que depressa para um carro popular parado em frente a porta e dele desceu Sasuke, Hinata, Naruto e Ino.

Interessante.

Sasuke não só realmente veio, como veio acompanhado. Não que estivesse falando do carrapato loiro do Naruto.

Mas achou curioso Ino aparecer junto com ele.

Talvez por isso ele não havia se incomodado quando sua mãe perguntou no outro dia com quem Itachi iria. Talvez o plano, apesar de Itachi não se orgulhar dele, tivesse dado certo mesmo e Ino conseguiu voltar com seu irmão.

Ele só esperava que desta vez, Ino não agisse como uma insensível. Mas infelizmente, Itachi conhecia o tipo dela: oportunista.

Olhou o irmão de cima a baixo. Certamente foi sua mãe que o vestiu.

Ele não tinha bom gosto assim.

Dona Mikoto deve ter realizado o sonho de anos, de vestir Sasuke bem de novo. Quando eram crianças ela sempre mantinha seus “dois homenzinhos” bem arrumados e ainda combinando, já que Sasuke sempre queria ser como o irmão.

Quando cresceram, ele manteve o estilo, mas Sasuke parecia sempre pegar roupas de idosos do brechó mais próximo.

O terno caía bem nele agora. Ele admitia.

Sasuke olhou para ele por alguns instantes e Itachi poderia jurar que esboçou um leve sorriso em sua direção.

Itachi não respondeu. Não sabia o que aquilo significava, mesmo que houvesse certeza que era um sorriso. Além do fato que logo em seguida, Naruto voltou a chamar atenção dele falando alguma coisa e o idiota do irmão arreganhar os dentes como um cavalo para ele rindo de alguma coisa.

— Oi, Itachi. – uma mão feminina deslizou por seu braço – veio sozinho?

Uma moça do primeiro ano se aproximou dele, uma de cabelo castanho que ele sabia que conhecia, mas não se lembrava nem por um diabo o nome.

— Não. Minha companhia em breve chegará.

— Eu posso ser a sua companhia se você quiser... – a moça mordeu o lábio de forma sugestiva.

— Olha, minha querida. Eu agradeço, mas eu vou ter que dispensar. – tentou parecer simpático usando uma voz baixa e melodiosa.

— Poxa, Itachi, nós nos divertimos tanto da última vez. – disse manhosa correndo o dedo pelo terno dele e Itachi segurou sua mão.

— Eu disse não. – Itachi não falou de maneira grossa, mas um pouco mais ríspido para que ela entendesse que falava sério. Ele não estava com paciência para esse tipo de joguinho agora.

Quando a terceira garota se aproximou dele para perguntar se estava sozinho, Itachi respirou fundo e explicou mais uma vez.

— Eu não estou sozinho, mas olhe esses dois belos rapazes. – virou a loira para os amigos aparentemente desconfortáveis – eles estão.

— Não! – Sasori respondeu o mais rápido que pôde balançando a cabeça e as mãos.

— Não estamos. – Deidara completou.

A garota frustrada saiu de lá sem se despedir. Mesmo por que Itachi mantinha os olhos nos dois amigos.

— O que há com vocês?

— Nada, Itachi... – Sasori disse passando a mão na testa.

— Aquela garota provavelmente só não queria sair sozinha daqui essa noite e vocês deixando passar?!

— Eu não quero saber de garota nenhuma! – respondeu Sasori.

— Ah qual, é? Vocês já devem estar em algum esquema e não querem me contar. São as Chamas do Dragão de Oto? Aquelas ruivas são fogo, eu sei!

— Itachi! – Sasori chamou bastante sério como uma angústia clara em seu rosto – pelo amor de Deus, tenta entender! – olhou nos olhos de Itachi e falou devagar – a gente veio junto, entendeu?

Os olhos dele pareciam suplicar alguma coisa. Alguma que Itachi julgava estar entendendo errado.

— Do que vocês estão falando? – perguntou.

Sasori soltou o ar e engoliu algumas vezes respirando rápido como se estivesse com algum peso no peito.

— De nós.

Itachi observou a mão de Deidara tocar no ombro de Sasori que só agora ele percebia estar tremendo.

Balançou a cabeça alguns instantes e a sensação de estar atordoado.

— Espera, o que...

Mas antes que tivesse a chance de dizer qualquer coisa, ele observou Sakura surgir na porta como um anjo de resgate.

Em meio a tantos vestidos pomposos e coloridos, penteados elaborados e maquiagens, ela conseguiu surpreender e apareceu em um vestido branco bem justo onde todas as curvas eram visíveis, assim como o decote e as coxas – e que coxas – sobre um salto bem alto.

Pareceria algo simples em qualquer outra, mas em Sakura parecia ao mesmo tempo divino e fatal.

Perfeita!

Itachi percebeu os vários olhares direcionados a ela. Inclusive de seu irmão que parecia enfeitiçado com a visão.

Viu Sakura olhá-lo nos olhos e sorrir para ele.

E algo em seu peito surgiu como um buraco negro crescente. Seria ciúme?

Ele só sabia que esse sentimento o fez se mover em direção a Sakura. Todos precisavam saber que ele era o par dela.

— Você está linda! – disse quando se aproximou.

— Obrigada. Você também está muito bonito. – sorriu simpática.

Itachi ia oferecer o braço a ela, mas Sakura se adiantou caminhando.

— Eu vou cumprimentar as meninas do time e já vou. – saiu até um pequeno grupo com algumas das meninas do time de vôlei e alguns de seus acompanhantes.

Itachi fez a caminhada de volta tentando não pensar nas pessoas que poderiam estar olhando.

Mas o pior era voltar para perto daqueles dois, com quem ele estava em uma conversa tensa que ele ainda continuava não acreditando no que havia entendido.

— Então... você não vai ficar com ela? – Deidara perguntou cauteloso e Itachi olhou bem para ele e apertou os olhos.

— Por quê? Eu estou incomodando vocês? Estou sobrando aqui? – perguntou sem esconder a ironia na fala.

— Itachi, olha, não é bem isso... – Sasori tentou se explicar.

— Então é o quê? – disse já apertando um pouco os dentes. – Sasori.

— Eu... cara, eu juro... eu não escolhi... – o desespero de Sasori tropeçando em palavras, tentando se explicar era aparente.

— Gostar de alguém? – Sakura completou sorrindo quando apareceu nas costas de Itachi e Sasori ficou pálido – essas coisas ninguém escolhe mesmo, Sasori.

— E aí, Sakura. – disse Deidara desconcertado e ela sorriu para ele.

— Acontece que quando eles me disseram que viriam juntos, eu imaginei de outra forma. – Itachi retrucou.

— De qual forma? Eles podem ter vindo como amigos como nós dois – apontou entre ele e ela – ou como namorados se eles se gostam.

Ai.

Itachi não deixou de notar o “amigos como nós”. Mas que inferno!

— O importante é que gostam da companhia um do outro, e se isso os faz feliz, nós ficaremos felizes por eles. – continuou ela simpática.

— Você sabia? – Sasori perguntou de forma tímida.

— Sim.

— Como? Nós nunca deixamos ninguém saber. Tipo, dar bandeira.

— Digamos que – Sakura colocou o dedo no queixo –  eu tenho um dom de ser atraída para quem precisa de mim. – e riu.

— A gente tinha medo da reação do time – Deidara disse e olhar dele escapou até Itachi – e de todos. Mas esse é o nosso último ano e desta vez a gente queria poder vir juntos.

Sasori ainda se sentia desconcertado olhando para baixo, mas arriscou um sorriso para Sakura.

— Vocês estão felizes? – ela perguntou.

Os dois se olharam ainda tentando esconder, mas Itachi reconhecia aquele olhar. Aquele de quem se olha nos olhos, conversam e se entendem só por eles.

E os dois se viraram para ela assentindo com a cabeça tentando disfarçar em leves sorrisos.

— É isso que importa! – disse ela dando de ombros.

Mas ainda era muito para Itachi lidar.

Estava sendo demais para Itachi lidar.

— Eu preciso beber alguma coisa.

5 ponches depois, Itachi ainda os via da mesa de bebidas, Sakura ao lado de Sasori e Deidara. Conversavam e riam como se fosse ela a melhor amiga deles.

Ele não sabia como lidar com aquilo. Havia uma raiva dentro dele.

Algo que ele não sabia explicar.

Inferno!

Para compensar, Sasuke não tirava os olhos de Sakura, e quando resolveu que era hora certa de ir cumprimentá-la, Itachi voltou o mais rápido que podia para perto de sua acompanhante e seus dois ex-amigos.

Alcançou Sakura antes dele sem que ela o visse e Sasuke recuou.

— Quer dançar? – perguntou sem muita simpatia ignorando os outros dois.

Se dependesse de Itachi, Sasuke não chegaria perto de Sakura de maneira nenhuma.

— Claro. – ela respondeu.

A música era agitada e eles dançaram com uma certa distância. Pelo menos os quadris e pernas de Sakura se mexendo o distraíam um pouco, mas quando Sasori e Deidara começaram a dançar juntos não muito longe deles, o humor de Itachi azedou de novo.

— O que foi, Itachi? – Sakura perguntou parando um pouco o ritmo.

— Tsc! Eu só não consigo acreditar nesses dois. – apontou com a mão para eles – Quantas garotas que eu ajudei esses dois a pegarem no primeiro ano e agora eles são gays?! Fui eu que apresentei eles! Não dá pra acreditar nisso.

— Acreditar no quê? Que apesar das garotas, talvez eles tenham descoberto que eram compatíveis e começaram a se gostar mais que amigos? – Sakura cruzou os braços.

— Eu só... eu me sinto enganado, Sakura. Quantas vezes eu falei de garotas bonitas e eles concordaram, quantas vezes eu fiquei nu no vestiário perto deles, quantas vezes eles poderiam ter me dito isto...

Soltou o ar frustrado e Sakura parou de dançar.

— Itachi, espera aí. Para começar, você sequer prestou atenção neles alguma vez? Perguntou a eles sobre se o que eles sentiam sempre existiu? Eles podem nunca ter gostado de garotas, como podem ter gostado também, mas tem sentimentos um pelo outro agora. E sobre ficar nu na frente deles, não significa que eles vão pular em cima de você a qualquer momento.

— Sakura...

— E sim, eu entendo você estar surpreso, eu também fiquei. Sim, eles poderiam ter dito antes. Mas você poderia se colocar no lugar deles por um instante? Imaginar como é estar na pele deles, onde se até o melhor amigo, capitão e as pessoas que eles mais respeitam não estão do lado deles? – Sakura se ajeitou – era justamente esse medo que eles tinham e isso quase os separou.

Itachi ficou em silêncio.

— Pare pra pensar em tudo que eles vão passar no mundo lá fora e até mesmo aqui dentro, neste exato momento.

Itachi olhou em volta enquanto tentava respirar fundo na tentativa de colocar ordem em sua cabeça e bem ao canto percebeu um pequeno grupo de garotas apontando para os amigos, como quem conjectura algo e aponta para rir.

— Para o Sasori principalmente, a sua opinião importa muito. Ele adora você, te tem como modelo, te admira e faria tudo por você pelo que pude perceber. – Sakura olhou em seus olhos – como um irmão.

Itachi entendeu o peso das palavras dela.

“Como um irmão.”

Se foi intencional ou não, ele não soube dizer na hora.

— Eu ainda... me sinto traído. – confessou. E se lembrou que não era a primeira vez que se sentia assim.

E lembrar disso exigia mais uma rodada de ponche.

Itachi saiu em direção a mesa de bebidas, enquanto Sakura permaneceu no mesmo lugar voltando a dançar enquanto olhava para Sasori e Deidara dançando. Para ela, parecia não fazer diferença dançar sozinha ou com ele. Se divertia do mesmo jeito.

E quando olhou para o outro lado, viu Sasuke em um canto rindo ao lado de Naruto, Hinata e Ino.

Itachi bebeu o copo que acabara de encher em um gole só.

Caminhou até ela novamente.

— Se Sasori me vê como um irmão, então talvez seja uma boa me afastar dele de vez.  – disse em um fôlego só para Sakura chamando sua atenção – Se bem que já é tarde demais. Fui descartado de novo, já que ele também arranjou um namorado. – abriu os braços – Aliás, talvez seja bom para ele se afastar de mim. Já que eu não sirvo para ser irmão de ninguém, pelo visto. – deu de ombros.

— Não foi isso que eu disse, Itachi. – Sakura respondeu em um tom calmo.

— Não foi, mas era o que queria que eu pensasse. – desviou o olhar.

Sakura se aproximou dele.

— A única coisa que eu quis que você pensasse, é sobre o fato de que você é um cara divertido, mas se esquece das pessoas a sua volta, Itachi. Ou não presta atenção o suficiente para ver o que elas realmente querem ou estão passando. Você se coloca em um pedestal e quem não for digno de estar ao seu lado é esmagado por ele. – tocou seu rosto – Você está fazendo isso com Sasori agora, mas já fez isso com Sasuke.

— Eu não acredito que você vai defender ele, Sakura!

Itachi não se sentia nervoso com ela, mas também não acreditava que ela estava dizendo aquilo.

— Não é questão de defender Sasuke, Itachi. Mas, toda essa coisa de afastá-lo, e ter traído a confiança dele não trouxe felicidade a nenhum de vocês dois.

Itachi bufou rindo com escarnio.

— O Sasuke não sente a minha falta, Sakura. A muito tempo que eu deixei de ser um irmão para ele. Somos só pessoas que dividem o mesmo sangue. Não se iluda com isso.

Sakura mordeu o lábio e depois soltou um leve sorriso.

— O interessante é que eu não falei sobre “sentir falta”. Mas, já que tocou no assunto, talvez ele sinta, mas você não prestou atenção o suficiente. Talvez você não ouvia e só dava ordens para ele seguir como um general, ou um capitão. Assim como tem feito com o Sasori – Sakura tocou em seu ombro – pensa nisso, enquanto eu vou dar um oi para as meninas da banda da escola.

Itachi ficou ali parado. E enquanto Sakura se afastava entre o salão cheio de gente, por um instante ele se sentiu... sozinho.


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Notas finais do capítulo

E aí chuchus, gostaram?

demorei
sim, demorei
Mas se eu disser que o capítulo estava praticamente pronto em dezembro, vocês acreditam? Só que não estava me agradando nem um pouco. Mas, dezembro e janeiro foi impossível mexer.
Só agora em fevereiro que pude voltar a olhar, reler e escrever.
.
O úlltimo capitulo foi bem controverso.
ahhaha confesso que fiquei 0_0 por que não era pra gerar reações tão fortes. Mas, penso que eu devo ter "pesado" a mão. ahahhaa
Mas, enfim

espero que tenham gostado desse capítulo.

Me digam o que acharam?
Os comentários de voces me ajudam como termômetro da fic
S2

apesar de eu não estar conseguindo responder, leio todos eles com muito carinho ♥

beijokas e Até a próxima

Segue o baile !



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