— Asahi-san, aqui está seu presente de dia dos namorados!

— Não precisava, Noya… — Asahi coçou a nuca envergonhado.

Mesmo depois de quase um ano de namoro, Asahi ainda se sentia um pouco estranho quando recebia presentes de Noya. A uma semana atrás, Nishinoya disse que ele daria o presente de dia dos namorados, e que Asahi ficaria responsável pelo White Day. Ele sabia bem que não adiantava contrariar o pequeno líbero, então ele apenas se calou e esperou pelo seu presente.

— Precisava sim! É dia dos namorados, e você é meu namorado. — Noya ficou na ponta dos pés e deu um selinho em Asahi.

Era horário de almoço, e os dois estavam perto da quadra, lugar que ficava praticamente deserto a essa hora. Mas mesmo assim, Asahi ainda tinha um pouco de medo de quem alguém os visse.

— A Nee-san e o Ryuu me ajudaram a fazer pra você. — Noya empurrou o pacotinho de plástico transparente cheio de chocolates em formato de coração contra o peito de Asahi. — Tem uns recheados com amendoim e outros que são só de chocolate normal!

Asahi olhou para Noya e para o pacote em sua mão um pouco apreensivo.

Seu namorado com certeza fizera aqueles chocolates com muito amor, e eles realmente pareciam muito bons, mas…

Asahi era alérgico a amendoim.

E não era uma alergia fraca, era uma que o deixava com o rosto completamente inchado e sem conseguir respirar.

— Parece muito bom! — Ele, com certeza, não ia estragar aquele momento. — Quais são os de amendoim?

— Eu não sei, fiz todos iguais. Por quê?

— Ah, bem, é que... — Noya estava tão feliz… Ele não podia simplesmente falar “porque eu tenho alergia”  — e-eu queria provar primeiro.

— Você já quer comer agora?! — De repente, Noya ficou muito empolgado. — Achei que você fosse levar para casa! Come um e me diz o que você achou!

Aquela era mesmo a intenção de Asahi, com ou sem amendoim no meio. Ele tinha acabado de almoçar e não estava com vontade de comer chocolate — ainda mais com uma possível reação alérgica envolvida —, mas Noya estava tão empolgado, ele não tinha como escapar.

Asahi desamarrou com cuidado a fitinha vermelha que fechava o pacote e pegou um coraçãozinho de chocolate. Ele tentou encontrar qualquer pista que indicasse que aquele estava recheado de amendoim, mas não havia nada, ele teria que comer para saber.

Se o destino estivesse a seu favor, aquele seria um dos sem amendoim, ele e Noya ficariam muitos felizes e tudo acabaria bem.

Com isso em mente, Asahi mordeu o chocolate.

×××

No fim das contas, o destino não estava ao favor de Asahi, e ele acabou no pronto socorro com a cara inchada e a garganta quase se fechando. Depois de muito desespero e uma injeção de anti-histamínico, agora ele estava deitado em uma maca enquanto Suga e Daichi davam uma bronca em Nishinoya.

— Por que você colocou amendoim?!

— Eu não sabia que ele era alérgico!

— Vocês se conhecem há tanto tempo e você nem sabe as alergias que ele tem? — Daichi passou a mão pelo rosto. — Pelo amor de deus, Nishinoya.

— Mas eu avisei que tinha amendoim e ele comeu mesmo assim! — Agora Suga estava fazendo cara feia para Asahi. — Era só ter falado, eu fazia outro chocolate pra você!

— É, Asahi! — Suga deu um soco desnecessariamente forte no ombro de Asahi, que soltou um grito. — Mas enfim, o que importa é que ele está bem agora, não é?

— Mais ou menos… — Asahi murmurou, massageando o braço que Suga socou.

— Ele só precisa descansar mais um pouco. — Nishinoya se sentou em um banquinho. Por sorte, as outras duas macas daquela sala estavam vazias, então não havia ninguém para se incomodar com eles. — Vocês dois podem voltar para o colégio, eu fico aqui com ele.

— É melhor voltarmos mesmo, assim não perdemos a próxima aula. — Daichi pôs a mão no ombro de Suga.

— É verdade. Asahi, nós levamos seu material na sua casa mais tarde. — Suga esfregou a cabeça de Nishinoya. — E nada de tentar voltar para a escola, você precisa descansar.

— Claro.

Depois de Suga e Daichi irem embora, nenhum dos dois disse nada por um tempo, até Asahi decidir falar.

— Você ficou chateado?

— Chateado? Por que ficaria? — Asahi pensou um pouco e, de fato, não tinha motivo para ele ficar chateado. — Eu fiquei preocupado, não achei que meu presente pudesse te matar.

— Desculpa…

— Você não tem que se desculpar! — Noya beliscou a bochecha dele, e viu se não havia ninguém por perto antes de dar um selinho em Asahi. — Eu vou fazer outro chocolate pra você.

Asahi pensou em dizer que não precisava, mas ele sabia que não adiantava discutir com Nishinoya.

Mesmo com tudo o que aconteceu, aquele foi um bom primeiro Dia dos Namorados para os dois.