Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 6
Capítulo 05 — Já acabou, James?


Notas iniciais do capítulo

História engraçada: o título do capítulo já estava pronto, assim como o texto e tal... Quando, de repente, uma amiga me lembrou do vídeo "Já acabou, Jéssica?", o que deu muuuito certo. O que fez nascer inclusive um gif especial para o momento: http://imgur.com/CdBZ8TO

Achei ótimo ver nos comentários do capítulo passado todas as suspeitas sobre o batom da Lily. Prometo que deixarei o próximo acontecimento com mais suspense para esses leitores com mentes conspiratórias huhuhu. Vocês são muito lindos, obrigada por tudo e por esses acompanhamentos maravilhosos! RUMO AOS 100!
Então, preparem-se! Esse capítulo tem muita informação haha.



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Capítulo 05

Já acabou, James?

Scorpius

 

Scorpius nunca foi de usar a palavra ódio. Para falar a verdade, havia poucas coisas que ele realmente se lembrava de odiar: o frio, a neve, Narcisa sorrindo no natal e o jardim de sua mãe (ter que cuidar dele, especificamente).

Entretanto, quando levantou a cabeça do chão e viu o ruivo vibrante da cabeçona idiota mais irritante de toda a história de Hogwarts, ele teve certeza de algo:

Eu odeio Rose Weasley, pensou antes de ser puxado pelo pé. Eu odeio Rose Weasley com todas as minhas forças! Isso é tudo culpa dela! Eu odeio Rose Weasley como nunca fui capaz de odiar alguém! Eu odeio Rose Weasley por toda a eternidade! Eu odeio Rose Weasley!

E como era culpa dela!

Tudo havia sido combinado por Albus. Dake os esperaria no pátio do lado de fora da sala de Transfiguração do Professor Akilah antes do primeiro tempo. Logo, Scorpius começou a performance chutando os pés e segurando as vestes mais pesadas no braço. Como a Weasley havia instruído, não usava o suéter, estava numa versão bem desgastada de si mesmo, sério enquanto andava pelos corredores. Chegou ao pátio central e viu Albus conversando com Dake e com outros três sonserinos, Fanny Bermond, Donna Perrault e Luke Flint.

— Olha só quem resolveu aparecer — berrou Albus, acenando para Scorpius com um riso. — Achei que tinha se perdido desde ontem à noite.

— Devo admitir que fiquei surpreso, Malfoy — disse Dake, apresentando a mão para cumprimentá-lo. — Onde esteve?

Os olhos de Fanny o encararam com curiosidade, assim como os de Donna, parando descaradamente na gola da camisa dele. A ideia havia funcionado.

— Estudando Transfiguração — falou Scorpius, mostrando um sorriso de leve ao cumprimentar o Zabini. O que não era inteiramente mentira, ele estava estudando o mapa. Não imaginou que aquelas frases ensaiadas teriam tanto efeito.

Dake pegou na gola da camisa dele, indicando com mais firmeza a marca do batom ao dizer:

— Transfiguração ou anatomia?

Deu de ombros e ouviu um risinho de Donna. Era uma garota bonitinha, francesa, de uma pele escura brilhosa com olhos exoticamente claros. Fanny, por sua vez, levou as mãos à boca para esconder o sorriso malicioso que se formava por seus lábios coloridos de laranja. Luke Flint, o moreno de nariz arrebitado, balançou a cabeça para Scorpius, como se ficasse admirado com seu feito.

Aquelas pessoas olhavam para ele como um colega normal. Especialmente Dake, que ria para si mesmo.

Desde o início, ele gostava da possibilidade de ter um papel no objetivo de Scorpius. Havia dito para eles que era um espectador. Um espectador bem metido e curioso, na opinião do Malfoy, e no mínimo suspeito com toda aquela boa vontade. Talvez, e só talvez, ele quisesse ver apenas o circo pegando fogo de camarote quando tudo desse errado.

Porque ia dar.

— Muito bom, muito bom — disse Albus com um sorriso, batendo no ombro de Scorpius. — Já pode contar também o nome da moça que deixou essa marca aí.

Nome. Moça. Marca. As palavras engasgaram subitamente! Não haviam combinado nome nenhum! POR QUE DIABOS ALBUS HAVIA DITO AQUILO?!

— Err, foi, ahn... Segredo?

— Pff, deixe de besteira, Malfoy — falou Dake, batendo no outro ombro do rapaz. — Conte-nos, qual o nome da afortunada?

Eles eram terríveis. A maldade no sorriso dos dois idiotas era clara demais para Scorpius, como se fizessem aquilo de propósito apenas para deixarem-no confuso. Imbecis.

— Albuuuus! — A melodiosa Lily Potter surgiu de dentro do castelo, correndo com a esvoaçante veste escura e chamando atenção do grupo da Sonserina. Ela sorria diretamente para eles, aproximando-se com rapidez. Era só o que faltava.

— Bom dia, mana — disse o garoto Potter quando ela chegou ao seu lado.

Lily Luna Potter. Havia algo de bonito na forma intensa como ela olhava para as outras pessoas, como se fossem todas iguais, mas no fundo ela soubesse que era superior. Naquele instante em especial, sorriu para todos os outros que estavam em volta.

— Por acaso você não viu a Domie? — falou ela, cruzando os braços devagar. — Ela prometeu que iria me emprestar o material do clube de astronomia, mas não a vi no salão comunal nem em lugar algum.

— Já procurou na frente de algum espelho? Ela deve estar por lá — respondeu Albus, batendo na mão erguida de Dake e recebendo um “arrasou” alto, além de risos de Fanny. Tecnicamente, ninguém gostava da prima deles, Dominique Weasley.

— Ajudou muito, como sempre. — Ela revirou os olhos e girou os calcanhares, prestes a ir embora.

Foi quando o destino mostrou que havia amaldiçoado Scorpius Malfoy no dia em que ele pôs seus olhos azuis em Rose Weasley. Lily ainda estava ao seu lado no momento que, em passos cavalares, a presença inoportuna de James Potter correu na direção deles. Correu, literalmente! Ele ofegava e era seguido por seu comboio de colegas de menor importância. Ali, o garoto Malfoy começou a ficar inquieto.

— Ei! Lil! — berrou James, chegando ao lado dos garotos da Sonserina sem ver que estavam ali. — Dominique está te procurando. Ela disse que você sumiu de madrugada, está tudo bem?

Scorpius, Albus e Dake olharam para James como se ele tivesse sugado todo o ar do ambiente. Todos pensaram a mesma coisa: isso vai dar merda. E deu! Fanny cutucou o braço de Luke com seu cotovelo e sibilou baixo: “Foi ela”.

— Tive insônia. Ultimamente, fico perambulando pela escola — falou Lily, corando de leve. — Onde posso encontrá-la?

Antes mesmo que James pudesse responder, uma grifinória que estava com ele cochichou algo em seu ouvido. Os olhos do Potter se arregalaram por cima do ombro da irmã, caindo diretamente em Scorpius, que engoliu a seco. A atenção ziguezagueou entre o loiro e Lily, enquanto ele murmurava entre pausas:

— Ela está com o Fred. Acho que no grande salão. Coisas de monitores. Monitores—chefes.

A garota assentiu com a cabeça e sorriu para todos. Foi quando todo o sangue de Scorpius baixou a temperatura. Lily Potter sorria com a boca pintada de batom. Discretamente, o rapaz olhou para sua própria gola e comparou os dois. Por Merlin.

Sem ao menos notar, Lily acenou um tchauzinho leve e sumiu para dentro do castelo outra vez.

Aí, tudo começou.

Scorpius sentiu com a mão enorme de James Potter investindo contra ele e segurando sua camisa! Os olhos verdes típicos dos Potter fulminavam para cima do rapaz, enquanto ele rugia:

— Diga-me, onde arrumou essa marca ridícula na sua camisa?!

— Ei, James! — Albus se aproximou, mas foi empurrado pelo outro braço do irmão. — O que está fazendo?

— Ele está cumprimentando o cunhado — riu Luke Flint. Aquilo não havia a menor graça.

Droga. Droga. Droga.

— Cunhado, é? — ameaçou o Potter, empurrando Scorpius no chão. — Andou se engraçando com a minha irmã?!

— James! — berrou Albus.

Talvez por ser magro, o estrondo da queda não tenha sido alto. Mas a cabeça bateu diretamente na grama. Quando abriu os olhos, James Potter se abaixava e pegava uma varinha próxima aos pés do rapaz. A sua varinha.

Ele jogou-a de imediato para Emilé Duchannes, da Grifinória. Albus tentou ir ao seu auxílio, mas os garotos o seguraram. Houve uns risinhos do grupo deles. Fanny e Donna riam. Dake não se moveu.

— Eu não fiz nada com a sua irmã — disse Scorpius com a voz trêmula, tateando o chão.

— Covarde. Mentiroso salafrário — resmungou James, retirando sua varinha da capa. — Sonserino nenhum encosta na minha irmã sem antes passar por mim. Ainda mais uma lagartixa como um Malfoy. Levicorpus.

Tudo aconteceu muito rápido. Os alunos das outras casas, os urros, as vaias e os risos. Scorpius foi chacoalhado de ponta-cabeça e jogado no chão como um inseto repetidas vezes. Um círculo se formou ao redor deles, enquanto o Malfoy era erguido e arremessado no chão. Erguido e arremessado. Erguido e arremessado. O movimento foi recomeçado, enquanto James gritava que ele era uma cobra albina! Xingava! Ameaçava! E os alunos apenas assistiam-no cair das piores formas.

— Para, James! — Albus continuou a gritar.

James Potter, porém, ria enquanto gritava que estava esperando ele revidar.

— Eu não fiz nada com a Lily! — berrou Scorpius no ar.

Caiu no chão com força, desta vez em cima do braço esquerdo. A dor pungente fez seus olhos lacrimejarem. Droga! Não podia chorar ali!

Rose Weasley surgiu e soluçou seu nome. Aquela garota maldita. O sangue do rapaz começou a ferver, enquanto era novamente arrastado pelos pés. Aquela idiota que trouxe o batom desde o início ficou, como os outros, olhando enquanto ele apanhava furiosamente do imbecil do Potter.

— Covarde — repetiu James antes de cuspir no chão.

Arrastou novamente o corpo de Scorpius pela grama com magia. Deve ter engolido pelo menos um quilo de terra! O braço, em especial, doía muito mais com aquilo. Quando finalmente parou de ser jogado pela varinha de James, ergueu a visão e encarou os olhos arregalados de ninguém menos do que a miserável da Weasley.

— Maldita — murmurou o rapaz, tremendo as mãos e sentindo as narinas ácidas. Não podia chorar! Não ali! Tentou se erguer, mas a dor estava demais. Ouviu Albus gritando algo no meio dos risos de James e dos seus amigos, comemorando como se ele não estivesse ali. O que há de errado com essas pessoas?!

— Levanta — disse a voz de Rose Weasley. Ela se agachou, enquanto os outros alunos ao redor riam com o Potter, e fitou Scorpius diretamente. — Levanta. Mesmo que você apanhe, mostra para ele que não é um covarde. Levanta.

Scorpius franziu o cenho. Até aquele simples movimento de sobrancelhas doía.

— E se eu for?

Rose o olhou com seriedade, dizendo:

— Então será só mais um Malfoy a fugir de uma briga. Vão te chamar de “Scorvarde Malfoy” ao invés de “Sombra do Albus”.

Então, ela ofereceu a mão. Era um auxílio de pena, assim como os olhares de alguns alunos ao redor dele. Não gostava daquilo, ainda que estivesse sujo por inteiro e que seu braço tivesse sido provavelmente deslocado, o pior era ser alvo daqueles olhares.

Não podia chorar. Não podia aceitar a mão, ainda mais a dela. Não podia muita coisa, mas podia se levantar — para apanhar mais, com certeza.

Fungou, tremeu e não aceitou a mão. Milagrosamente, moveu-se sem usar o braço esquerdo, segurando nas pernas extensas e magras que possuía. Os risos diminuíram em compasso, e um berro animado de Albus fez com que James o encarasse de volta, desmanchando aquele sorriso debochado que tinha instantes atrás.

— Já acabou, James? — desafiou Scorpius, levantando a cabeça e o olhar sério. A roda urrou num coro.

Numa escala de 1 a 10, o quanto eu vou morrer? Ele pensou quando James começou a se aproximar em passos lentos. Será se mamãe vai me substituir definitivamente por aquele jardim idiota? Papai deve comprar um cachorro para ela no natal.Um golden retriever. Ela sempre gostou de golden retrievers.

— Isso! Reage, Malfoy! — berrou Albus, tentando bater palmas. Mas não era o único que torcia por ele.

— Muito bom! Cala a boca desse cavalo — soou uma grifinória ao lado de Rose Weasley. Era sua prima, Roxanne. Outra Weasley.

— Acho que você já aprendeu a lição. — Desdenhou James, dando leves tapinhas numa bochecha de Scorpius. — Garotos como você aprendem rápido qual o seu lugar.

O corvino Darius Gallangher soltou um riso espesso, assim como outros alunos. Foi como se aquilo atiçasse Scorpius de alguma forma, pois quando James se virou, inexplicavelmente, o braço funcional do Malfoy foi na direção do seu ombro e o empurrou, fazendo James cambalear para frente e se voltar com raiva para o loiro.

— Qual o meu lugar? Com a sua irmã? — falou Scorpius, ainda frio.

— Não assim. Definitivamente NÃO ASSIM! — gemeu Albus.

Era para eu não ser um covarde, mas isso foi a maior estupidez que eu já disse, ele pensou.

E James soltou um riso abafado e ligeiro, passando a mão pelo queixo antes de encarar de volta o loiro.

— Ele está pedindo, James! — berrou Emilé.

— Não! James! — Albus rosnou no seu lugar. — Isso é da boca pra fora. Nem mais um pio, Scorpius! Fica quieto!

— Aproveita que nenhum professor apareceu. Deixa o garoto em paz. — disse Roxanne Weasley, dando um passo para dentro da roda.

Scorpius olhou para Rose, ela não disse absolutamente nada. Permaneceu no seu lugar, cruzando os braços e observando. A visão foi interrompida quando James Potter o segurou pelas vestes e o empurrou, mas desta vez Scorpius não caiu! Ele se segurou com um pé para trás e empurrou James de volta.

O jogo está virando. Chegou até a expressar um sorriso quando viu o grifinório ir para trás. O jogo está virando! Preparou-se para outro empurrão ao instante em que James foi na sua direção, mas o resultado foi um pouco mais drástico do que uma caída quando o punho cerrado de James voou diretamente no seu nariz.

— FILHO DA PUTA!

Scorpius urrou, gemeu e caiu no chão de uma vez, ainda que achasse que isso não fosse mais acontecer.

— Alguém entrega a varinha da cobra albina — disse James, enquanto o Malfoy rolava na grama. — Virou questão de honra acabar com a raça dele.

Emilé Duchannes jogou na barriga de Scorpius a varinha que haviam roubado dele. Nisso, Albus se desprendeu de uma vez, ficando entre James e Scorpius.

— Tudo bem, eu brigo com você também.

Ele agarrou o braço de Scorpius para levantá-lo. Aquilo fez James revirar os olhos.

— Alguém precisa me dizer como diabos meu irmão...

— É amigo de uma cobra? E irmão de um babaca também? É, eu sou — riu-se Albus, batendo no braço de Scorpius, que gemeu alto. — Ah, desculpa. Nós vamos brigar de verdade, fique em pé direito.

— Depois de um murro na fuça, “em pé” é um pouco difícil — disse o loiro, cambaleando com a mão no nariz.

Algumas pessoas gritaram, em especial sonserinos ao redor deles. Até parecia que os dois eram realmente capazes de ir contra James Potter. Quer dizer, era o James Potter. E ele estava ali com sua varinha apontada para os dois.

— JAMES POTTER! O que você pensa que está fazendo?! — Uma voz soou aguda entre os alunos, que abriram caminho. Lily Potter surgiu como um raio vermelho salvador de pátrias, pisando furiosamente na direção dos dois garotos.

Furiosamente mesmo! A capa pulava, os cabelos ruivos estavam assanhados, e os olhos verdes fuzilavam todos os presentes. Lily bufava! Bufava alto, e era possível ver suas narinas cuspindo ar quente! Ela empurrou o ombro do irmão de uma vez, fazendo-o tropeçar para trás.

Scorpius não se lembrava de ter visto James tão pálido quanto naquele momento.

— Lily, entenda... — James chiou mais baixo. Talvez tivesse vergonha de revidar contra sua própria irmã no meio de tanta gente. — Eu estou te protegendo.

— Você acha que isso é proteção?! — Ela apontou para Scorpius, que precisou se esforçar para erguer uma sobrancelha. Tudo estava dolorido. — Você bateu num garoto, James! Você bateu nele! E eu soube pelos alunos da Sonserina! Por Madeline Nott, pelas barbas de Merlin!

— Ele agarrou — sua voz se interrompeu pelo vibrar dos olhos dela. Precisou de coragem para continuar — você...

Subitamente, Lily Potter revirou os olhos. Scorpius nunca imaginou que ela viria ao seu socorro daquela forma.

— E você acha isso por...

— O seu batom, oras! — James Potter se exaltou, como se finalmente tivesse obtido razão pelas suas ações. Era um imbecil mesmo. — Na camisa dele! Eu vi!

Ao contrário de qualquer expectativa, Lily começou a empurrar o irmão e a bater nos seus ombros com força, dizendo entre pausas:

— E você... Acha... Que só eu... Tenho... Esta porcaria... De... Batom?! PARA DE SER BURRO, JAMES! Se tem suspeita de que eu namoro alguém, fale comigo! Não vá bater em qualquer uma das suas suspeitas sem fundamento!

A cada batida, James se acuava mais entre os ombros. Como uma criança. É, como uma criança! Scorpius chegou à conclusão de que Lily Potter era a verdadeira pessoa madura entre os irmãos em menos de um minuto. Um precioso minuto que sua memória guardaria com muito esmero, pois James Potter estava sendo espancado!

— Eu realmente achei que precisaria intervir. — Todos os olhares se voltaram para o surgimento de uma capa escura como o breu da noite no meio dos alunos. Os que assistiam à cena deram um passo para trás, mostrando respeito quando o professor de Transfiguração, Jon Akilah, parou ao centro da roda e encarou tanto Scorpius quanto os outros. — Mas parece que a Srta Potter possui o misterioso dom de acalmar gênios ruins.

Se por “dom” ele queria dizer que ela era a única que batia em James Potter e saía impune, Scorpius não podia concordar mais.

Jon Akilah era um bom professor, jovem apesar do que os boatos falavam sobre ele e sobre suas conquistas em pesquisas e viagens ao continente africano na época da guerra. Albus dizia que seu tio Gui o conhecia por conta disso, como se fosse lhe dar alguma vantagem nas notas.

Mas, para Scorpius, ele era um dos melhores porque ignorava o fato de o rapaz pertencer a uma família desgraçada. Escolheu os NIEMs dele por isso.

— Professor Akilah, posso explicar — sibilou Albus antes de ser interrompido por um sinal que o professor fez com a mão.

— Srta Weasley — disse ele, olhando para Roxanne, que estava mais à frente. — Gostaria que auxiliasse o Sr Malfoy à enfermaria. O sexto ano da Grifinória possui um tempo livre, estou correto? — Ela assentiu com a cabeça. — Perfeito. Sr Potter, queira me acompanhar até a sala do Professor Longbottom, sim?

Scorpius sentiu algo segurar seu braço. Quando viu, ao lado de Roxanne estava Rose Weasley estava cabisbaixa ao seu lado. Se ela pudesse encará-lo, veria a raiva transbordando por ele. Mataria aquela garota antes do final da semana.

— Ah! Antes que eu me esqueça! —Akilah retirou a manga da manga da capa a própria varinha, desenhando no ar uma pena, que logo tomou forma real junto a um pedaço de papel. Sorriu então com uma pitada de maldade. — Menos três pontos para as casas de cada um dos presentes por não terem feito a briga acabar. E detenção para vocês dois, Potter e Malfoy.

Os choros de desapontamento e raiva soaram juntos, enquanto a pena do professor anotava cada um dos nomes dos alunos presentes. Ela, porém, passou reto por Albus.

— Você está bem, Scorpius?

Fora o orgulho ferido, o braço provavelmente torcido e a cara inchada...

— Estou — respondeu o loiro, olhando para Rose Weasley enquanto os outros alunos dispersavam por eles mesmos. James Potter era uma exceção, pois Lily o puxava pela gola da camisa logo atrás do Professor Akilah. — Estou, mas não graças a alguém.

A carapuça serviu, e Rose ergueu o olhar para ele, fazendo uma cara de assustada. Ridícula. Scorpius estava tão furioso, que saiu de perto deles com passos extensos, sentindo as pontas das orelhas formigarem.

— Desculpa! — A voz dela o fez parar de andar. Girou os calcanhares e a viu se aproximando, seguida de Albus e Roxanne. — É isso que você quer ouvir? Pronto, desculpa!

— Você é inacreditável! Era o seu plano desde o início? Me humilhar e depois ficar com o mapa?

— Uou, uou, uou! — soou Rose com um ar afobado. — Não venha me acusar. Eu não tinha como prever que James iria reconhecer o batom da Lily.

— Ahn? — murmurou Roxanne, pendendo a cabeça. — Do que estão falando?

— Por que diabos você usou o batom dela?! Inferno! — berrou Scorpius.

Albus surgiu em seu campo de visão com as mãos erguidas, bancando o apaziguador.

— Calma. Vamos resolver isso devagar. Não foi culpa de ninguém! — Aquilo só deixou Scorp ainda mais enfurecido, indicando o próprio rosto inchado como lembrança do ocorrido. — Certo. Não foi culpa de ninguém além do James.

Rose cruzou os braços, andando para mais perto dos dois.

— Viu? Nada disso foi culpa minha!

— Cala a boca, você só quer tirar o seu da reta — resmungou Scorpius.

Um estalo soou com Albus estapeando sua própria testa.

— O que ele quis dizer, é que você errou por não tê-lo ajudado logo que viu a briga. — disse, indicando o estado deplorável em que o loiro estava. — Querendo ou não, você que fez a marca do batom, Rose.

O QUE?!

Todos olharam para Roxanne Weasley e para a dança que suas sobrancelhas fizeram. Teria sido uma reação hilária se ela não estivesse insinuando que ele e Rose estavam...

— Não é nada disso do que você está pensando — disse Scorp com nojo na voz.

— Definitivamente, não é o que você está pensando — concordou Rose.

— Viu? Vocês concordam em não gostar um do outro. Já podem fazer as pazes! — riu Albus, recebendo um revirar de olhos dos dois.

O sinal apitou alto no pátio. Todos os alunos já haviam saído de lá, trazendo um vasto silêncio logo em seguida. Um momento que foi utilizado pelos altos pensamentos de Scorpius, que brigavam entre si “Devia azarar essa magrela de nariz empinado, talvez assim ela se tornasse algo parecido com um ser humano!”. Olhou-a outra vez em seus braços cruzados e feição insatisfeita. Queria muito odiá-la como ao frio, à neve e ao jardim de Astoria Malfoy...

— Perdão.

Suavemente, a palavra ecoou no vazio do pátio. Scorpius e Albus fitaram Rose Weasley, que baixava os olhos e corava. Ao notar os olhares, o rubor das bochechas sardentas dela só aumentou.

— Não vou dizer outra vez, então preste bastante atenção — disse Rose, caindo os ombros com aparente nervosismo. — Achei que era melhor te deixar resolver a situação por si só, por isso não fiz nada. Não foi por mal, foi para não deixar você aparecer como o cara que foi ajudado por Rose Weasley. Não foi uma boa decisão, James é incontrolável, eu sei. Por isso, eu peço perdão. Eu não quero tirar o meu da reta.

Scorpius ficou quieto de surpresa. Não imaginou em momento algum que aquela garota lhe pediria desculpas, quando mais usando uma palavra forte como “perdão”.

— Cara, vocês são realmente problemáticos — disse Roxanne, encarando a cara transtornada de Rose.

Aquela feição de angústia e de pena dava raiva, muito mais do que ele podia controlar. Garota idiota, garota estúpida... Por culpa dela, o rosto latejava, vibrando dolorosamente a cada piscar de pálpebras. E o braço? Quanto mais pensava nele, mas certeza tinha de que a culpa era dela.

Infelizmente, os olhos pequenos e ridículos começaram a martelar a cabeça de Scorpius. Era irritante a forma como aquele ódio todo começava a se desfazer devagarzinho à medida que os batimentos cardíacos dele se acalmavam. Droga, queria desprezá-la, mas já estava ficando difícil.

— Olha, é muito difícil para mim isso de pedir desculpas a você, um Malfoy — retrucou Rose, saindo da sua posição vulnerável e voltando a ser o robô orgulhoso de antes. — Já pode me dizer se...

— Eu perdoo. — A voz dele ruminou pelo ar, interrompendo a frase dela. Foi algo surpreendente pela cara que ela e Albus fizeram, mas era o certo a ser feito. Ela não estava errada. Se tivesse intervindo, ele seria “Scorvarde Malfoy, o cara que foi defendido por uma Weasley”. — Só não faça isso outra vez. Há formas melhores de evitar que eu apanhe.

A garota estendeu a mão para ele com um sorriso simples, como na noite em que fizeram o trato do mapa. Scorpius a apertou. Pela primeira vez, ela o olhava com sinceridade.

— Lindos, lindos. — Aplaudiu Roxanne logo antes de puxar para baixo as orelhas de Rose e de Scorpius com violência! — Agora, quem vai ser o primeiro a me contar o que realmente está acontecendo? Ou eu vou precisar forçá-los?


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Notas finais do capítulo

Muitos personagens! Muitos personagens! Maaas, o mais importante: Lily apareceu maravilhosamente hahahaha. Eu gosto dessa versão da Lily, cheia de vida, selvagem e decidida a não tornar sua própria vida um inferno por causa dos irmãos. Contem com muito mais aparições dela daqui em diante. Sério.
Jon Akilah foi uma pequena e simples homenagem ao meu amigo Arthur Nogueira (Artuts) que está sempre me escutando quanto aos planos para o decorrer da história. O ator escolhido para interpretá-lo, Chadwick Boseman, estará no terceiro cast, em breve!
Quanto ao James, espero que não fiquem encucados com ele kk. Ele não é tão ruim quanto se apresenta por enquanto, e muita água ainda vai rolar para ele se mostrar bonzinho. Lembrem-se, ninguém é 100% bom ou mau.
Então! Obrigada pela presença de todos aqui! Não deixem de comentar o que acharam da briga, da atitude da Rose, do professor novo... Bom, o que quiserem comentar! Beigos imensos nos corações!