Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 5
Capítulo 04 — Conflito de Interesses.


Notas iniciais do capítulo

PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO! PRIMEEEIRA! Que felicidade, que alegriiiiia! Este capítulo é inteiramente dedicado à lindíssima e fofíssima Morgiana Scarlet (u/648196). A você, linda, meus sinceros agradecimentos por aquela lindeza de recomendação.
E geente, que alegria! 70 acompanhamentos! Assim vocês me matam de felicidade. Preciso me controlar kk.
Enfim! Novo capítulo! Quase mil palavras a mais que os outros, espero que não vejam isso de forma negativa. Aqui, temos a primeira troca de foco de personagem no meio do capítulo, outra coisa que espero ansiosamente por opiniões. Boa leitura! hahaha.



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Capítulo 04

Conflito de interesses.

Rose 

 

Quando viu os dois sonserinos andando entre bocejos e tropeços, Rose começou a bater o pé no chão rapidamente. Seis horas, ela havia marcado. Seis horas! Já passava de 06:20, e eles ainda davam o ar da graça com preguiça.

O pai brigaria. E como ele brigaria! “Primeiro lugar? Que maravilha, Rosie! O pequeno Malfoy comeu sua poeira, não foi?” era o tipo de coisa que ele costumava dizer. Não surpreenderia ninguém se ele soubesse do complô de sua filha com o filho do seu maior inimigo de infância e tentasse cometer um homicídio. Para falar a verdade, precisariam de um código penal para descobrir alguma infração que ele não cometeria se tivesse conhecimento da parceria.

Rose passou o dia anterior pesando sua vontade de criar e possuir o mapa, além de como seria ver Rony Weasley preso. Ele não precisaria saber que sua princesinha conversava com um herdeiro de comensal. Nem ele, nem ninguém. Tomou sua decisão ao marcar de encontrar os garotos na madrugada daquela segunda para que ninguém os visse. Se os olhos não vêem, Azkaban não recebe nenhum Weasley em seus aconchegantes aposentos.

— Dia — soou Albus, coçando os olhos. — O que você faz para acordar tão cedo?

Sempre foi assim. Quando iam para A Toca ou para o Chalé das Conchas, antiga casa do tio Gui, havia um tipo de competição entre Roxanne e ele para ver quem conseguia acordar mais tarde — ou não acordar de forma alguma. E como Rose odiava aquilo!

— Vocês estão atrasados.

— Bom dia para você também — disse Malfoy devagar. E pensar que aquele traste competia com ela em tudo, era decepcionante. — Passamos o domingo olhando o mapa, dê um desconto na simpatia.

O garoto sequer fechou a boca. Bastou os olhos de Rose encontrarem a mão dele retirando o papel amassado das vestes para começarem a brilhar.

— E aí?! O que descobriram? — Sua carranca se transformou num sorriso.

— Nada demais. — O loiro suspirou e mostrou que havia outro papel por dentro do mapa com algumas notas escritas, entregando-os a ela. — O mapa mostra umas passagens estranhas pelo castelo, como saídas secretas. Parece haver até um túnel debaixo daquele resto de tronco de salgueiro. Deve ser porque o castelo foi reformado depois da guerra.

Rose rolou os olhos no pedaço de pergaminho que ele havia escrito:

~ Feitiço Homonculos para acompanhamento e rastreamento.

~ Tinta Mairobi marrom para desaparecer e alternar.

~ Passagens secretas (?) — Masmorras (?) — Lago Negro (?)

~ Ilimitado a animagos.

— Descobrimos sobre os animagos vendo a Diretora McGonagall — disse Albus com animação, apontando para o item da lista. — O nome dela estava em cima de um muro, então achei que estivesse em formato de gata.

— Hmm... Vou analisá-lo mais tarde. Ainda tenho uns cinquenta centímetros de tradução para amanhã — falou ela, guardando ambos os papiros no bolso interno da capa escura. Estava ansiosa demais para ver o que poderia tirar daquele pedaço de papel velho, muito menos do que para cumprir sua parte do trato feito com os garotos. — Então, vamos começar?

Scorpius Malfoy estava claramente desconfortável com a situação. Suas sobrancelhas se juntaram e pareciam querer colar uma na outra ao passo que Rose se aproximou dele, medindo sua aparência. Estavam na sala dos troféus, no terceiro andar, e as tochas lentamente se apagavam, pois amanheceria em alguns minutos.

Alto demais, Rose viu. Magro demais. Ela ficou na ponta dos pés para apertar as bochechas dele, vendo que ao menos os dentes eram de tamanho aceitável.

— Você joga quadribol? — perguntou ela, voltando ao chão.

— Não. — Albus riu. — Ele tem medo de voar.

A ruiva até riria, se ela mesma não tivesse medo de altura. Claro que tinha, o pai a colocou em cima de uma vassoura aos três anos de idade, como se aquilo fosse incentivá-la a jogar no time. Funcionou com o sobrinho dele, James, por que não funcionaria com a princesinha? PORQUE ELA ERA UMA PESSOA NORMAL, E JAMES ERA UM TRASGO EM FORMA HUMANA? TALVEZ?!

— Já teve contato com alguma garota?

O loiro abriu a boca para responder, mas, novamente, o amigo tomou seu lugar:

— Além da mãe dele, acho que ele apanhou da Madeline Nott no primeiro ano e balbuciou alguma coisa com a Lily. As garotas têm medo dele, eu acho. Ou o contrário.

— Isso tem alguma importância? — Malfoy resmungou com indignação.

— As garotas são a chave da popularidade, cobra branca — falou a moça com um sorriso de ponta a outra. — Elas determinam se você é “legal”, se é “pegável” e se é “digno de convivência social”.

Os dois assentiram com a cabeça para a tutora, entreolhando-se em seguida.

— Dez pontos para a Grifinória — exclamou Albus, dando de ombros. Ele provavelmente nunca havia pensado nisso.

— Realmente, o que seria do Albus sem o amor de Alice Longbottom? — Malfoy o insultou e recebeu um resmungo abafado como resposta.

— Aquilo não é amor, é uma maldição.

Rose sorriu. Era até engraçado ver a cumplicidade dos dois, apesar do exagero do primo quanto ao afeto de Alice. Lily o mataria se escutasse aquilo. Ah, Lily! Ela era o exemplo perfeito.

— Malfoy, você precisa melhorar essa simpatia. Ninguém gosta de gente com essa aura escura e horripilante. — Ele a encarou como se quisesse esganá-la. Rose precisava seriamente de um espelho para corroborar com suas afirmações sobre a energia negativa que cercava aquele garoto. — Lily Potter é um exemplo. Ela sabe o nome das pessoas, cumprimenta a todos com um sorriso e coisas assim. Seja como ela, grave nomes e situações! Pessoas que são lembradas tendem a prestar mais atenção.

Albus soltou uma gargalhada extensa.

Olá, eu sou Scorpius Malfoy — falou, imitando a voz da irmã e jogando as mãos para trás, como se tivesse cabelos longos como os dela. — Eu, ahn, sou a pessoa mais interessante desta escola. E, ahn, vou fingir que me importo com você, reles mortal, enquanto sorrio fofamente.

— Se a sua irmã te visse imitando ela desse jeito, ela iria te bater — disse o outro, afilando os lábios.

Lily era selvagem, Rose via isso toda vez que os irmãos Potter se tornavam um problema, e ela se responsabilizava por limpar a bagunça. Ainda mais quando tio Harry e tia Gina não podiam saber das coisas.

— Ou pior. — Concordou Rose, balançando a cabeça antes de voltar a prestar atenção no loiro. — Agora, vamos ao que interessa! Precisa que as garotas parem de te chamar de “Sombra do Albus”, então você tem que chamar a atenção para algo que não seja seguir o Albus, se é que você consegue. Então, tire a roupa.

Imediatamente, Malfoy deu um passo para trás.

— Ahn?

— Mal colocado. — Ergueu os braços em sinal de inocência. — Só vou te ajeitar um pouco, não vou te deixar pelado.

Rose pôs as mãos nos ombros dele e retirou sua capa. Não se lembrava de ter, em qualquer momento de sua vida escolar, olhado para os olhos do Malfoy, e ali eles se fixaram nela. Eram de um azul acinzentado ruim, raivoso. Por mais que a encarasse como se a desafiasse, ele não se mexeu quando Rose afrouxou a gravata cinza com verde bem passada e desabotoou os dois primeiros botões da camisa. Precisou dar um passo para trás e ver a figura que formava: um garoto certinho que se esqueceu de se arrumar de manhã. Não era o rebelde Malfoy que ela imaginou.

Retirou um lado da camisa de dele de dentro da calça e mandou que tirasse também o suéter de lã, não o usaria por um tempo. Faltava apenas o cabelo, loiro e penteadinho. Balançou-o de um lado para o outro até encontrar uma posição estrategicamente desarrumada.

— Como eu queria estar filmando isso. Você parece uma boneca, Scorp — disse Albus, recostando-se num dos armários de vidro com o pé, e Rose riu.

Os olhos sérios de Scorpius foram parar no seu suposto amigo. Não tinha como ele saber qual dos dois primos se divertia mais ali.

— Pronto. Agora só falta o toque final! Peguei especialmente da Lily Luna para isso — anunciou ela, erguendo um tubo de batom para mostrá-lo aos rapazes, que a encaravam intrigados. Era um batom cereja opaco que a prima Potter possuía e deixava vacilando na cômoda ao lado de sua cama. Jamais perceberia que havia sido levado porque logo voltaria ao mesmo lugar.

Rose encarou o Malfoy, que deu outro passo para trás.

— O-o que vai fazer? — Ele perguntou, e Rose o seguiu com um passo da mesma largura.

— Só uma marca, nada demais.

Novamente, a ponta dos pés foi necessária. Ela segurou o seu rosto para que não tentasse nenhuma gracinha e, suavemente, pousou o batom na ponta branca da camisa dele, deixando uma marca leve que seria um desenho de lábios — o batom de Lil’ foi escolhido justamente pela cor bonita e graciosa e chamativa.

Que Merlin a salvasse... Agora, além de cobra, ele era um aparente libertino safado.

— Ficou legal. — Albus riu-se ao se aproximar deles. — Mas ainda duvido que acreditem que você fez algo com alguém.

— Para isso, usaremos um pouco de teatro, Albus — falou Rose com animação, queria muito estar presente quando eles tentassem agir. — Você vai chegar gritando no meio do corredor que ele sumiu. Coisa assim.

— Por “teatro”, você que dizer “mentiras” — retrucou Scorpius Malfoy.

Ela não acreditou que ele a estava desafiando.

— Isso. Você sabe com fazer, não sabe? Foram seis anos de prática — respondeu com um sorriso de provocação. Papai ficaria orgulhoso.

— Ouvi dizer que ladras têm talento natural para mentiras. Bem que você poderia me dar umas dicas — rebateu ele.

— Já chega de afeto por hoje — interrompeu Albus para apartar mais uma batalha. Sorte a do Malfoy, Rose não suportava perder. — Vou falar com o Dake, ele disse que ajudaria, lembra?

Scorpius Malfoy assentiu, mas sua expressão dizia que pularia na frente do primeiro trem que visse passando.

— Nos encontraremos ainda essa semana, no mesmo horário — falou Rose, endireitando as próprias vestes. — E, lembrem-se! Nós não temos nenhum trato, nós continuamos distantes e não sabemos nada sobre mapa nenhum.

— Nada mudou — murmurou o loiro, saindo de perto dela.

— Tente sorrir! — berrou Rose para ele, enquanto Albus corria ao seu encalço.

Ele não sorriria, disso ela tinha certeza. E pior, ele andava chutando as pernas de forma trágica. O plano era bom demais, mas aqueles passos de orangotango mostravam que ainda era o mesmo nerd desengonçado. Decidiu. Faria uma lista de coisas que precisava mudar naquele garoto. Seria maior que os cinco metros que entregaria naquela tarde.

Por Merlin, tanto trabalho para um Malfoy...

 

.

Roxanne 

 

Roxanne Weasley terminou de polir o cabo da vassoura e sorriu animada. Novo dia, novo treino e nova oportunidade de passar por cima de Samuel Thomas e de Jane Creevey. Iria mostrar para James que ela deveria ser capitã do time da Grifinória no sétimo ano. Já deveria ser capitã agora, mas não tinha como negar a habilidade de James Sirius Potter como artilheiro — mesmo que ele fosse um cavalo.

Guardou a vassoura, vestindo a meia calça preta e ajeitando a camisa como sempre preferiu: solta. Odiava ter que colocá-la para dentro da saia, era especialmente chato perder tempo arrumando cada detalhe. Nem ela, nem o irmão eram fãs desse tipo de atitude, ao contrário da prima Dominique e do primo Louis, que estudava na América.

Desceu pelas escadas e saiu do salão comunal da Grifinória com passos largos e animados, imaginando que o jogo contra a Lufa-Lufa estava a menos de um mês para acontecer. Excitante! Chegou ao grande salão e praticamente se jogou ao lado de Rose Weasley, engalfinhada no seu mingau de aveia com o livro “O monólogo do vampiro”, de Amarillo Lestoat.

— Voltou a estudar de madrugada? — cochichou Roxanne, esparramando-se pelo banco. Havia acordado mais cedo sem querer e visto a cama de Rose vazia. — Podia me chamar da próxima, já que eu não consigo acordar cedo sozinha. Estou querendo praticar uns movimentos táticos novos. James nunca vai ver o que o atingiu.

A ruiva parou de mexer a própria colher e girou a cabeça para ela.

— Eu? De madrugada?

Roxanne assentiu com a cabeça, passando o dedo na beirada do prato da prima para provar o mingau. Eca. Azedo.

— É, eu tive uns pesadelos estranhos com Sir Nicholas brigando com o Barão Sangrento no pátio antes da aula de transfiguração. — Lembrava-se extremamente bem, muito mais do que gostaria, de ver o Nick ensaguentando ainda mais o barão, era patético. E o Professor Firenze ainda dizia que ela tinha habilidade para sonhos. — Achei que tivesse ido estudar.

Rose assentiu com a cabeça, o que foi bem diferente do que se esperava dela. Especialmente, quando suas palavras submergiram com um assunto inesperado:

— O que você acha de Scorpius Malfoy?

Roxanne engasgou. Malfoy? O pálido da Sonserina? Rose Weasley estava seriamente falando sobre Scorpius Malfoy? Retorceu as sobrancelhas e a boca. Ele era um cara bizarro, sempre andando com Albus e correndo de confusão que o primo delas causava — como no dia em que eles tentaram tirar o quadro d’A Virgem de Tintagel do segundo andar, que queria de várias formas se mostrar para os garotos do castelo.

— Ele parece um nabo. Por que a pergunta?

A outra Weasley suspirou.

— Eu queria saber o que as pessoas acham dele. Cumprimos detenção juntos, lembra? Isso me fez pensar. — Definitivamente era estranho. Muito, muito estranho. — Não acha ele bonitinho nem nada do tipo?

— Acho que nunca olhei muito para a cara dele para achar qualquer coisa — riu-se ela, sacudindo os cabelos encaracolados. Scorpius Malfoy não fazia contato com muita gente. Até mesmo quando Albus o convidava para os aniversários do tio Harry ou da tia Ginny, ele não fazia muita questão de comparecer. — Até parece que você se interessou por ele. Meça suas palavras, prima.

Subitamente, Rose sorriu com os dentes a mostra, dizendo:

— E por me conhecer bem assim, você é a minha melhor amiga.

Por outras coisas também, Roxanne sabia. Segredos, interesses e sonhos, tudo! Elas compartilhavam tudo! Ao menos, Roxie acreditava nisso. Se alguém sabia quando Rose Weasley mentia, esse alguém era ela. E, naquele momento, a ruiva faltava com a verdade descaradamente.

— Certo... — Assentiu a morena, batendo os dedos na mesa e desviando o olhar. Escolha errada de ação, a mesa dos lufanos era logo ao lado, e Lorcan Scamander a encarava com um sorriso, enquanto mordia uma maçã. Era uma visão nojenta. — Mudando de assunto, porque esse não vale o tempo de ninguém, o que você vai fazer agora no nosso período livre? Ontem, Lorcan ficou me enchendo, e eu preciso de uma distração para não gritar que ele está mais gordo que uma porca prenha.

— Bom, eu ia...

— Ótimo! Vamos, então! — Roxanne berrou, puxando a garota pelo braço.

Deixaram a tigela de mingau em cima da madeira, em alguma hora alguém se encarregaria de retirá-la. Vantagens da magia, sabe como é, ao contrário de casa. A mãe estava sempre testando se os tímpanos dos filhos e do marido continuavam no lugar com gritos sobre arrumações e seriedade. O pai tinha a ligeira vantagem de ter perdido a audição de um ouvido, coisa essa que a garota e Freddy invejavam.

A forma que Roxanne encontrou de fugir de certas implicâncias da Sra. Weasley foi mostrar-se comprometida com o quadribol — um dos maiores amores dela, às vezes até maior que seu matrimônio.

Em dias de copa do mundo, nossa, a casa dos Weasley se tornava um verdadeiro ambiente de guerra! Havia quartos pintados de verde irlandês, comidas com cores amarelo e verde brasileiro (as quais Freddy se recusava comer), plantas que magicamente se tornavam escarlate búlgaro e lençóis manchados com bolas vermelhas japonesas. O espírito esportivo passava longe daquela casa.

A casa de Rose era diferente. Era divertido passar alguns dias das férias lá, especialmente quando as duas garotas se juntavam com tia Hermione em passeios. Hugo sempre foi um chato, não havia dúvida disso, e tio Ron parecia meio bobo quando tentava contornar o fato de seu filho ser um pé no saco.

— Agora, conta a história direito — sibilou Rose, puxando a outra na direção do pátio central. — Você disse que Lorcan te perseguiu para Hogsmeade no sábado, mas não entrou em detalhes. Achei que o Lysander que tinha uma queda por você.

— E tinha! Eles estão numa tática nova de trocar a paixonite para conquistar algum terreno por ciúme, ao menos foi isso que o Freddy disse. — Balançou a cabeça e revirou os olhos. Enquanto ela aguentava um dos Scamander, Priya sofria com o outro. Não que fossem pessoas ruins, só eram chatinhos, cada um do seu jeito. Chatos como Hugo Weasley. O pior, definitivamente, era Lorcan!

Passaram pelas pequenas escadas, andando na direção do pátio próximo à classe de transfiguração. Logo tocaria o sino do início das aulas da manhã, mas, para a sorte das grifinórias, o primeiro período da segunda era livre.

— Sinceramente, eu gosto mais do Lysander que do Lorcan.

— Você tem problemas — retrucou Roxanne, espreguiçando-se. — Estou louca que a escola acabe, aqui só tem garotos esquisitos e ligeiramente retardados.

Rose riu alto, apoiando-se no ombro da morena.

— Não é tão ruim assim — disse ela, ainda com graça na voz. — Tem o Barnard Smith, da Lufa-Lufa! E o Gabriel Bones.

— Também da Lufa-Lufa — completou a outra, erguendo as sobrancelhas. — Já notou como a maioria das pessoas realmente legais e bonitas é da Lufa-Lufa? Barnard, Gabriel, Jackson Otterburn, Melissa Stebbins, Anna Lovelace... Com exceção clara de Lorcan, lógico.

— Não me diga que você só foi perceber isso agora. Esse pessoal da Lufa-Lufa é predisposto à popularidade. — Subitamente, ela parou de caminhar, como se tomasse um susto com o que havia acabado de dizer, repetindo com suavidade: — Lufanos são populares. Lufanos são populares. Isso! Esse é o público alvo!

Roxanne parou logo em seguida, não entendendo o que a outra havia dito. Público alvo? Alvo do que?

Rose sacudiu a cabeça e encarou vários cantos do corredor, parecia que procurava alguém. Pegou na mão de Roxanne e começou a andar com passos fortes e apressados sem direção.

— E se eles estiverem no salão da Sonserina? Não, devem estar num lugar com mais gente. Talvez na biblioteca? — Rose falava consigo mesma. Que beleza, agora estava ficando maluca!

— Quer me dizer o que está acontecendo?

E achou que Rose fosse falar, ainda mais quando a ruiva se virou para ela. Porém, foram interrompidas quando alguns garotos do terceiro ou do segundo ano esbarraram nos ombros de ambas, correndo entre berros. A batida foi forte o suficiente para que Roxie cambaleasse de lado e os fuzilasse com seus olhos castanhos escuros. Idiotas, ficam correndo de um lado para o outro como se não soubessem da própria extensão do corpo.

— O que estão fazendo, pirralhos?! — rosnou Roxanne, batendo o pé no chão.

Apenas um deles se voltou para elas, mostrando um ligeiro desespero em falar o mais rápido possível para voltar a correr com os outros.

— James Potter está dando uma surra num sextanista da Sonserina! Parece que o garoto se agarrou com a irmã dele — gritou o garoto, mantendo os passos para trás. Ele estava caminhando na direção da torre de transfiguração, para onde elas iam antes.

As duas se entreolharam e correram atrás do garoto.

Mais uma vez, James Potter! Se alguém procurava uma prova de como a humanidade gosta de repetir a história, esta prova era James Sirius. Todos contavam histórias sobre com o avô dele foi de grande salvação para o mundo bruxo — tio Harry enfatizava a salvação firmemente — só se esqueciam que Sirius Black havia sido homenageado também, e esse sim era um cara considerado problemático. Vovó Molly sempre foi a melhor das testemunhas, pois era uma das poucas pessoas capazes de ver James Sirius pelo que ele realmente era.

No pátio, próximo à fonte do centro, havia uma horda de alunos formando um círculo. Os urros dos grifinórios e dos corvinos se distinguia dos outros claramente, ainda mais quando se uniam com chiados abafados. A pessoa que havia pegado briga com James estava apanhando, com certeza.

E Roxanne odiava aquilo! Odiava que um imbecil como aquele era monitor, odiava que ele havia sido escolhido como capitão da Grifinória e odiava que ele implicasse com outros alunos. Odiava ainda mais que Freddy, que estava sempre aliado a James, não fazia absolutamente nada para pará-lo.

Tomou fôlego, precisava fazer algo e precisava de apoio. Envolveu o pulso de Rose e se infiltrou com a ruiva no meio dos alunos, esbarrando e empurrando com força quem quer que estivesse na frente.

— Vamos! Além de assediador de irmãs, é anêmico?! Levante-se, garoto cobra. — Ouviu a voz de James rindo, seguida de alguns gemidos vindos dos alunos que viram a cena.

Quando Roxanne finalmente chegou ao centro da roda, um corpo grande caiu aos seus pés num estrondo característico de ossos sendo jogados no chão. Era um garoto loiro, que subiu os olhos para ela num uivo de dor.

— Malfoy? — Rose engasgou ao seu lado.

Era Scorpius Malfoy ali, espichado no chão como uma lagartixa que acabara de ser pisoteada. As roupas estavam repletas de grama e sujas de terra do pátio, além de haver uma mancha vermelha enorme na maçã do seu rosto.

— Chega, James! — berrou Albus, no raio da roda. Ele estava sendo segurado por Emilé Duchannes e Barnard Smith.

E James Potter ria, quase dançando do outro lado delas.

— Vamos, escamoso! Ainda não nos divertimos o suficiente! — Ele berrou, sacando a varinha e puxando o corpo do garoto da Sonserina pelo pé com levicorpus. Scorpius Malfoy estava perdido.


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Notas finais do capítulo

TANDAAAM! O que aconteceu para Scorpius estar sendo quase morto por James? E quanto à Roxanne? O que estão achando dela? Hahaha.
Temos uma novidade! Fiz uma playlist oficial para a fanfic. Ela está bem folk e indie por enquanto, vocês podem acessá-la nos disclaimers da página inicial haha.
Albus apareceu menos nesse capítulo 3 estou desolada. Porém, como a vida é maravilhosa e ele também, no próximo teremos mais do Potter sonserino haha. Não deixem de comentar o que estão achando, o que estão esperando, o que acham que não encaixou ou que pode ser melhorado espero ansiosamente por seus reviews lindos!
Até o próximo!