Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 28
Capítulo 27 — Medíocre.


Notas iniciais do capítulo

[AVISO DE GATILHO!!!!] [AVISO DE GATILHO!!!!] [AVISO DE GATILHO!!!!]
Boa noitinha a todos! O capítulo de hoje vem falar de algo um bocado importante, mas ao mesmo tempo eu acho SÉRIO avisar que há um gatilho aqui! O capítulo trata sobre transtorno psicológico. Foi retratado nele que uma personagem possui ansiedade patológica, o que causa um transtorno tanto físico quanto psicológico! Se isso de alguma forma é um gatilho para você, eu fiz um resumo nas notas finais, então fiquem à vontade para pular o capítulo.
[AVISO DE GATILHO!!!!] [AVISO DE GATILHO!!!!] [AVISO DE GATILHO!!!!]

Aprendendo a Mentir trata de algumas coisas sérias de forma "sutil" como o bullying (com Scorpius) e o racismo (que já ocorreu com Roxanne). O intuito disso foi que, ainda que em meio à comédia e ao romance da fic, os leitores possam repensar suas atitudes de ver melhor o que acontece ao seu redor, podendo notar como pequenas coisas afetam as pessoas ainda que com simples comentários (como o que aconteceu com Roxie na época da sua prima que não a deixava brincar com as bonecas lá).
Espero de verdade que gostem do capítulo! Boa leitura!



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Capítulo 27

Medíocre.

Albus

 

— Albus… Albus…

Os olhos verdes de Albus abriram devagar e cansados, demorando a formar a imagem de Slughorn na sua frente. Um pesadelo! Não entregou o trabalho de Poções! Pulou para trás na própria cama! “O que quer que tenha acontecido, não fui eu!” exclamou e recebeu um chiado do professor, que pediu que o acompanhasse para fora da casa da Sonserina. Era urgente, ele disse, mas não poderia ser falado ali dentro. Mas o que poderia ser tão urgente que não pudesse esperar até, sei lá, meio dia? Se ia ficar de detenção, era bom que a sentença ao menos fosse dada em luz do d…

— Sua irmã, Lily, foi encontrada desmaiada nas escadarias.

Em meio segundo, o interior de Albus se contorceu. A visão turvou, assim como as mãos passaram a suar. A pele ficou rapidamente quente, e o coração acelerado. Nem mesmo percebeu que parou de respirar. Estava puxando o ar, mas parecia que não ventilava direito. Olhou para a cama ao lado da sua, a de Scorpius, mas ela estava vazia. O que estava acontecendo?!

Do lado de fora da casa da Sonserina, o professor Akilah foi ao seu encontro. Os corredores do castelo estavam acesos, e alguns quadros cochichavam entre si. O professor de Feitiços puxou Albus pelo braço para avisar que Lily estava na ala hospitalar, acompanhando o garoto em passos apressados, ainda em seus pijamas.

Nunca um caminho pareceu tão longo e tão ruim de ser feito. A imagem de Lily desacordada se formou mais rápido do que a mente de Albus se permitiu escutar as palavras do professor, murmurando para o garoto que ela estava mal, que algo terrível lhe acontecera, que...

— Albus, não precisa correr! — exclamou Akilah, segurando sua camisa. — Escutou o que eu lhe disse? Seus pais estão a caminho, e a Sra. Longbottom está com ela.

O Potter encarou o professor, assustando-o por um instante. Parecia que ele quem havia se machucado pela expressão que fizera.

— O que aconteceu com Lily? Por que Slug não me disse nada? Quem fez isso com ela?

Jon Akilah suspirou, e os dois dobraram na esquina do corredor, aproximando-se da porta da ala hospitalar em passos mais lentos.

— Scorpius Malfoy a encontrou próximo à meia noite — disse o professor de forma taciturna. — Lily estava desacordada, e o rapaz chamou o professor Lupin para socorrê-la. Ela já recebeu as poções que deveria e está dormindo por enquanto, mas fora de perigo. A Sra. Longbottom está lhe esperando para conversar com você e com James Sirius.

Mais uma esquina, e o final do corredor com o amplo portal da enfermaria se apresentava como o fim de um buraco negro, igual o que estava se formando no estômago revirado de Albus. Minerva, Neville e Teddy estavam do lado de fora discutindo algo entre si, enquanto James se encontrava um pouco afastado deles, recostado com a lateral do corpo e a cabeça na porta fechada. Ele não podia entrar. Se ele não podia entrar, Albus não podia entrar. O que faria?!

— James — chamou exasperado, fazendo com que os professores o encarassem. — Como ela está?!

Albus foi diretamente até a janelinha de vidro que tinha na porta e dava visão para dentro. Todas as macas estavam vazias, exceto uma última do lado esquerdo, onde Lily se encontrava em sono sereno, recebendo alguma poção diretamente na veia, com um belo curativo na testa.

— Albus — murmurou Neville Longbottom, colocando a mão no seu ombro. — Assim que seus pais chegarem vão poder entrar para vê-la. Hannah pediu que ficassem aqui para que ela descansasse um pouco mais. Logo logo, Harry e Ginny vão chegar, e ela conversa com vocês quatro.

— Mas ela está bem. — Teddy se apressou na fala, parecia tão desesperado quanto os próprios irmãos Potter. Seus cabelos azuis estavam num tom escuro e nebuloso, mas completamente sem vida. — Foi um desmaio. Lily logo vai acordar melhor.

James retraiu os lábios com aquilo e pôs a testa na madeira da porta. Sua cabeça devia estar pesada demais com possibilidades e pensamentos. Era angustiante.

— Professor Longbottom e Professor Lupin, podem me acompanhar? Há duas pessoas que eu gostaria que acordassem também — falou McGonagall com a voz cheia de buracos. Sua idade combinou com a preocupação de tal forma que ela precisou pigarrear para soar melhor. — Akilah, por favor, fique com os meninos.

Jon Akilah assentiu ao passo que os outros professores caminhavam para longe, indo na direção das escadas. Albus piscou lentamente seus grandes olhos verdes, pesados pelo susto e pela madrugada. Nunca torceu tanto que seu pai aparecesse como naquele instante. Podia ser exigente e ausente como era, porém sempre resolvia os problemas de seus filhos problemáticos.

Era uma droga pensar que estava de mãos atadas. Entretanto, sozinho ele não estava.

— Albus…

Uma voz muito mais do que conhecida soou. Ele olhou para a esquerda e viu Scorpius se levantando do banco com o rosto mais pálido que o normal. Não pensou. Provavelmente o Malfoy também não o fez. Correram um na direção do outro e se apertaram num abraço desastroso tão rápido que nem mesmo tiveram tempo de pedir desculpas por tudo que aconteceu. Na verdade, o pedido de desculpas não foi sequer a primeira coisa que passou pela cabeça de Albus! Seu melhor amigo ajudou sua irmã e ainda estava ali! Foi como se magicamente, num agitar de varinha é berrar de feitiço, tudo estivesse certo entre eles, que o simples fato de Scorp estar ali por Albus fosse suficiente. Melhores amigos, irmãos. Eram, como sempre, maiores que tudo.

— Me desculpa por antes — murmurou Albus no ombro do loiro.

— Ah, Potter… — Scorpius gemeu, trazendo o rosto para trás e soltando o abraço de leve. — Me desculpa. Eu que sou um idiota.

Não respondeu. Abraçaram-se outra vez. Não importava realmente que um tinha errado. Ambos eram errados, e o fato de terem erros os tornava os melhores amigos do universo, sempre lado a lado.

Só realmente foram se largar quando escutaram um pigarro. James Sirius tinha caminhado para o lado deles, ficando braços cruzados enquanto esperava o momento passar. Só que, ao contrário do que Albus pensou, ele não tinha a cara de abuso e raiva presa ao rosto pelo que assistia. Estendeu a mão na direção de Scorpius, que encarou o gesto com desconfiança, e suspirou, dizendo:

— Obrigado por ter ajudado a Lily. Só Merlin sabe quanto tempo demorariam para encontrá-la se você não estivesse lá.

Scorpius olhou ligeiro para Albus como se estivesse perguntando se estava tudo bem apertar a mão do Potter mais velho. O garoto assentiu com a cabeça, dando leves batidinhas no ombro do amigo. Seu irmão tinha prometido que pegaria leve. Estava cumprindo a promessa do seu próprio jeito.

— Mas o que realmente aconteceu? — disse Albus suavemente, olhando pela janelinha da porta na direção de Lily. Parecia tão serena, não aparentava simplesmente ter entrado em choque. — Você viu quando ela desmaiou?

Scorpius negou com a cabeça.

— Foi como eu disse para os professores, eu estava do lado de fora da Sonserina e fugindo de Teddy para não ser pego quando encontrei sua irmã. Praticamente saí gritando pelos corredores atrás dele quando a vi naquele estado, foi assustador.

— Assustador é ficar aqui sem saber o que fazer por ela — respondeu, abaixando o rosto.

Sentiu apenas a mão de James em seu ombro, apertando como fonte de apoio.

— Você tem alguma ideia do que possa ter ocorrido? É muito estranho que do nada ela estivesse do lado de fora do Salão Comunal, desmaiando assim.

— Pelo que a Sra. Longbottom falou, ela está abaixo do peso e até um pouco desidratada. — Scorpius suspirou é umedeceu os lábios. — Lily tem alguma doença mais séria ou coisa do tipo?

Albus não fazia a menor ideia, até mesmo olhou para James como se pudesse ter alguma resposta de lá. Nada. Eram irmãos dela, mas não faziam a menor ideia do que estava acontecendo. Nem mesmo percebeu que ela estava abaixo do peso, que estava mal! E se estivesse há muito tempo? E se estivesse sofrendo, mas nenhum dos dois percebeu?! Ele praticamente desabou no banco do lado de fora da enfermaria.

Querendo ou não, o pensamento de Albus aflorou mais uma vez: estava sendo irresponsável e cego com as pessoas que mais amava? Soltou um muxoxo que chamou a atenção até mesmo de Akilah, ainda recostado na porta.

— Não se cobrem, rapazes — falou o professor, como se lesse a mente deles. — O que quer que Lily Potter tenha passado para chegar a este ponto, não fiquem com essa cara. Ela logo vai estar de pé, e vocês vão poder abraçá-la e dizer que a amam. Não, amam?

Os irmãos assentiram com a cabeça. Scorpius deu apenas um sorriso com aquilo.

Akilah podia estar usando legitimância ou podia ser realmente bom em ver expressões, mas as palavras, ainda que poucas, foram realmente agradáveis ao coração. Professores como ele eram incríveis e admiráveis, sempre cuidando dos alunos e do resto do corpo docente. Tipo Teddy.

Ah, Teddy. Teddy estava uma bagunça. Ele era como um outro irmão mais velho, e o seu apego com Lily ia muito mais longe do que com qualquer outra criança Potter/Weasley. Certamente era outro que se culpava.

Albus soltou mais um suspiro demorado, olhando para o teto num ar mais pensativo e esperando que Teddy voltasse para conversar com ele também. Não demorou para escutar passos no corredor. Entretanto, não era Teddy quem vinha caminhando na direção deles.

Harry James Potter não era um homem alto, mas de certo podia ser imponente quando andava com sua capa escura, seu terno azul e sua expressão preocupada. A barba estava rala, e os óculos eram os mesmos velhos de sempre. Para muitos, ele era o Chefe dos Aurores. Para a maioria, ele era o Menino que Sobreviveu. Para todos, ele era um herói. Para Albus, James e Lily, ele era “papai”. E pela cara que estava fazendo, não traria conforto algum.

— James. Albus. — A voz dele estremeceu os dois garotos.

Ao seu lado, Ginny Potter caminhava em passos tão estridentes quanto a clara preocupação de Harry. Os cabelos ruivos dela, curtos, balançavam enquanto ela ultrapassava o marido num passo mais apressado e agarrava os dois filhos de uma vez num abraço apertado. Albus não reagiu de imediato, mas sentiu James abraçando a mãe de volta. Fez o mesmo. Ela tremia.

— A irmã de vocês está bem — disse mamãe, ainda apertando os dois, enquanto o pai se aproximava mais. — McGonagall nos adiantou tudo. Só precisamos falar com a Hannah.

— Vocês estão bem? — Harry tinha os olhos baixos, passando as mãos nos ombros dos garotos. — Estive tão preocupado.

Ginny soltou os dois e ligeiramente encarou Scorpius ao lado deles, que engoliu a seco e abaixou o olhar, nervoso. Lentamente, ela foi na sua direção e, da mesma forma como fizera com seus filhos, levou os braços ao redor do Malfoy e o abraçou, terna e gentilmente, soltando um murmúrio que Albus não entendeu claramente, mas imaginou que fosse um “obrigada”.

Foi só o tempo necessário para serem pegos pelos braços de papai também. Harry podia ser ocupado como fosse, mas seus abraços eram sempre os mais quentes possíveis, desses que só se dá quando sabe que seus próprios pais não estão mais por perto.

— Sr. e Sra. Potter. — Jon Akilah os alcançou cordialmente. — Vou chamar a Sra. Longbottom.

— Não será necessário, Jon. — A voz de Hannah Longbottom surgiu com um ruído da porta. A curandeira da escola saiu com suas vestes brancas e expressão pacífica no rosto, ajeitando os cabelos loiros para trás da orelha. — Harry, Lily está acordada.

Foi como se uma onda tivesse atingido todos, fazendo com que soltassem o ar preso no peito. Mas o de Harry foi o maior de todos. Albus percebeu como ele ficou. Como todos ficaram! Mas percebeu também o barulho do corredor com murmúrios rápidos e passos mais apressados. Vinham juntos: a diretora McGonagall, Teddy e Neville Longbottom. Não estavam sozinhos, porém. Alice e Hugo estavam com eles em seus pijamas e passos nervosos. Ele coçando os olhos um bocado angustiado, e ela completamente pálida, abraçando o próprio corpo.

— Por Dumbledore — murmurou Harry Potter, já abrindo passos na direção da ala hospitalar. — Espero que ela esteja bem...

A mão da Sra. Longbottom o impediu de seguir em frente, segurando-o um tanto cabisbaixa. Nada disse, mas parecia querer falar.

— Potter, creio que nós temos alguma resposta sobre o que houve — falou alto a diretora, parando na frente dos pais de Albus sem dar muita importância para os outros jovens próximos.

Albus e Scorpius se entreolharam, e até James pareceu querer entender a situação. Os três rapazes se colocaram mais próximos dos Potter para ouvir o que Minerva trazia. Só não faziam ideia de que ela puxaria Alice Longbottom para o meio deles. A garota estava nervosa. Olhou para baixo e abraçou o próprio corpo antes de encarar os outros. Em momento algum ela levou seu olhar para Albus, apertando o peito do rapaz mais ainda.

— Lily… — sibilou ela, pigarreando em seguida, como se estivesse criando coragem. — Lily Luna não come… direito… Ela…

— Um pouco mais alto, querida — disse Minerva com a voz gentil. — Por favor.

Alice ficou nervosa. Piscou rapidamente, olhando para cima, antes de voltar a falar.

— Há algum tempo, Lily vem tendo problemas para dormir e para comer. Começou no ano passado, ficando exausta para as provas. De lá pra cá só veio piorando. — Deu para ver seus olhos marejando, e ela lutando para não deixar que nada caísse deles. — Ela gosta de ficar só, sabe? Pediu para nem eu nem Hugo falarmos nada. Ela tem costume de procurar ficar sozinha, ainda que metade da escola queira estar ao seu lado. Às vezes acorda no meio da noite e fica sentada nas escadas só…

— O que a Alice quer dizer — interrompeu Hugo com sua voz anasalada, passando a mão nos cabelos ruivos assanhadíssimos — é que Lily não está bem.

— Foi exatamente o que eu disse. — Ela ergueu o rosto diretamente para o Weasley ruivo.

Albus deu dois passos para frente, entrepondo-se entre ela e seu pai, com o peito começando a acelerar.

— Mas o que houve? O que aconteceu?

O olhar de Alice foi na direção de Albus, que chegou a engolir a seco por ser mirado por eles. Ainda não tinha recebido o perdão dela, mas sabia que precisava dele. O coração rápido se tornou angustiado por consequência daquele olhar.

— Você e James nunca perceberam quando ela não almoçava nem jantava direito. Tinha dias que só tomava um refresco no café da manhã porque eu insistia muito — murmurou a garota, mordendo os lábios inferiores numa pausa ligeira. — Hugo e eu tentamos várias e várias vezes fazê-la comer direitinho, mas não era sempre que conseguíamos. Dominique já percebeu que ela não dorme direito à noite, tanto que já até tentou falar com o James, mas... Lily dorme em algumas aulas e fica exausta o dia inteiro. — Alice não parou de encarar Albus até ali. Desviou apenas então seu rosto para encarar Harry e Ginny cuidadosamente. — Ela não gosta de si mesma. Não confia naquilo que faz, entendem? Acha que sempre alguém está achando suas atitudes insuficientes. Ela se diminui demais, e eu não sei quem pôs isso na sua cabeça. Lily não está bem de verdade.

Gradativamente, a ficha começou a cair na mente de Albus. Provavelmente caiu na mente de todos da mesma forma. Foi como se uma sombra pesada os envolvesse à medida que as palavras de Alice saiam de sua boca. De repente, todos eram culpados. Eram todos errados em sempre ter visto a superfície de Lily Luna, mas nunca terem realmente compreendido o que havia debaixo de seus sorrisos.

Sorrisos que ela não mostrava os dentes. Risos que eram comedidos. Bocejos, insônias, falta de apetite, olhar que apenas aceita aos outros, mas realmente não vê ninguém. A mente de Albus voou para lembrança das férias, quando via Lily ser a última a sair da mesa de almoço e se responsabilizar por lavar a louça. Ela estava querendo evitar que a vissem não terminar o prato? Há quanto tempo estava assim? O que estava realmente acontecendo?!

Lembrou-se do dia em que Scorpius e James brigaram. Dominique estava procurando por ela, porque não tinha dormido naquele dia. Lembrou-se do dia em que levaram as varinhas de alcaçuz para o pessoal da Lufa-Lufa, quando Alice foi conversar com o Malfoy e comentou que Lily não ia almoçar naquele dia. Eram sinais pequenos, mas eram sinais!

Olhou para seu pai na busca de alguma forma de suporte, porém o rosto de Harry Potter estava endurecido. E os olhos, os mesmos olhos que os filhos carregavam, procuravam pelo mesmo alento em Ginny, tão perdida quanto ele. Albus tinha certeza de que o mesmo pensamento passava na cabeça deles. O problema é que nenhum tinha coragem de verbalizar.

— Lily está com problemas psicológicos. É isso? Isso também a impede de comer? — falou James num súbito respirar corajoso.

Alice não respondeu. Nem ela nem Hugo. A Sra. Longobottom suspirou e meneou com a cabeça.

— Não temos como diagnosticá-la dessa forma, mas os sinais são fáceis de ver — disse calmamente, colocando-se ao lado do marido, professor Neville. — Lily Luna está abaixo do peso, deve ter desmaiado por não ter forças ou por estar em algum tipo de crise enquanto estava perambulando pela escola. Já administrei algumas poções, no entanto precisamos encontrar o real motivo de ela ter começado a se sentir dessa forma. — Eis que ela ergueu o olhar para os Potter e suspirou uma última vez. — Ela não quer que a família entre agora.

Rapidamente, Ginny pestanejou, chegando mais perto da curandeira.

— Como assim? O que minha filha disse?

— Ela me pediu especificamente que não deixasse sua família entrar. — A mão da Sra. Longbottom apertou a mão do Sr. Longbottom. Ela não estava concordando com o que estava dizendo. — Disse que não está com coragem de ver a “cara de decepção” que farão.

Albus passou a mão no cabelo de imediato. Era angustiante não saber o que fazer por ela.

— Cara de decepção? — Harry Potter quase engasgou. — Oh, Lil… Hannah, por favor diga a ela que ninguém está decepcionado com ela, estamos apenas preocupados.

— Eu tentei. Infelizmente, é melhor seguir o querer dela pela sua recuperação. Ao menos nesse instante, Harry.

Albus sentou-se mudo naquele momento. Era como se a imagem de sua irmã estivesse quebradiça e frágil, não era a mesma Lily que conhecia, sempre cheia de força de vontade, verdades demais na ponta da língua e aspereza no olhar. Todos a amavam, então como ela podia se sentir assim? Quer dizer, era claro na boca de todos os alunos de Hogwarts o quanto Lily Luna era especial! Desejavam ser seus amigos e seus namorados, faziam de tudo para chamar a atenção dela pelo simples fato de ela sorrir e encantar. Até mesmo a droga do plano de Rose a envolvia por sua popularidade!

Mas isso não significava nada. Nem sempre o que somos no exterior é o que nos define, e disso Albus tinha completo juízo. Todos mentiam, todos enganavam. Não era culpa dela. Não era culpa de ninguém.

— Eu posso entrar lá.

A voz de Scorpius soou e fez com que todos o encarassem. Ele claramente ficou nervoso com os olhares, hesitando e engolindo a seco. Porém, encarou Albus, que assentiu com a cabeça, como quem diz para que continuasse a falar, antes de de fato puxar o ar novamente e dizer:

— Digo, eu não sou família. Lily falou especificamente sobre não querer alguém da família lá. Deixe que eu fale com ela.

— Meu jovem — falou a Sra. Longbottom — eu não creio que Lily queira qualquer tipo de visita ago...

— Às vezes... — continuou Scorpius, interrompendo-a. — Às vezes dizemos que queremos ficar sozinhos para que ninguém possa ver nossas feridas, mas nos sentimos ainda pior se ninguém tentar vê-las, sabe? Se ela quiser me expulsar, não tem nenhum problema, apenas deixe-me tentar.

Novamente, ele e Albus se entreolharam. Se havia algo que os dois sabiam era como pode ser difícil não ser visto e nem lembrado. Só que, desta vez, o Potter se levantou sem pedir permissões e nem fazer reverências, muito menos fazer graça. Foi até a porta da enfermaria e a abriu lentamente.

Seus pais ficaram parados. Seu irmão ficou parado. Os professores e a diretora observaram enquanto Scorpius Malfoy, o filho de um ex-comensal, se colocava à disposição de conversar com a filha mais nova de um dos maiores heróis do mundo bruxo. O loiro simplesmente passou por ele e adentrou com seus passos largos, e todos permaneceram quietos até que a porta se fechasse novamente.

O único som que teve coragem de quebrar o silêncio foi a voz de Jon Akilah, falando:

— Eles são namorados?

— Querido... — sibilou Ginny, aproximando-se de Albus. — Eu sei que Scorpius é seu melhor amigo, mas tem certeza de que ele entrar para falar com Lily é a melhor coisa a ser feita?

— Não deveríamos ter feito algo assim. Nós somos a família dela. — James cruzou os braços e se recostou na parede indignado.

Albus não tinha certeza, mas assentiu para a mãe com a cabeça, encarando seus grandes olhos no meio de uma imensidão de sardas. Se havia algo em sua mãe que era forte era a forma como podia cobrar de seus filhos mundos, mas confiar a eles universos.

— Ela é uma Potter, é cabeça dura como eu e James. — O garoto sorriu por fim. — Scorpius tem pós-doutorado em lidar com a gente. Acho que vai dar tudo certo.

Ginny o envolveu num abraço, da mesma forma como fizera ao agradecer ao Malfoy pela ajuda. Porém, foi a mão de Harry Potter no ombro de Albus que lhe deu a certeza de que ainda que a conversa de Scorpius com Lily Luna não fosse mágica, a família estava com toda atenção ali, e ninguém se largaria por nada.

 

.

 

Scorpius

 

A porta se fechou atrás de Scorpius, e foi como se todo o oxigênio da enfermaria se esvaísse. Da última vez que esteve lá, tinha levado uma surra de James Sirius e estava brigando com Roxanne, uma de suas novas melhores amigas, e Rose, seu objeto de afeto. Albus ria naquele dia, e as risadas dele ressoaram no canto da mente do Malfoy quando passou pela mesma maca em que ficara deitado. Porém, só na última estava Lily Luna.

Deitada e com o rosto virado para o outro lado, ela não deve tê-lo escutado com seus passos largos e desengonçados. Estava ainda com um acesso no braço, recebendo a poção que a Sra. Longbottom falou. Poção nutritiva? Devia ser. Ou para a dor. Podia ser pela queda ou por muito mais. Ela estava pálida. Ela estava muito mal…

— Lily…

Rapidamente, a garota virou o rosto na sua direção. Os olhos verdes estavam bem abertos, tomou um susto com a aparição do garoto depois que disse para ninguém entrar, com certeza. Além de abertos, porém, estavam inchados.

— Por que está aqui, Scorpius? — murmurou ela com a voz seca.

Scorpius se aproximou mais um pouco da maca. Olhou e olhou, pensando no que fazer, até ter coragem para se sentar aos pés dela. Lily apenas o encarou confusa com o que estava fazendo. Ela nem devia se lembrar de que ele a tinha levado para a ala hospitalar.

— Vim checar como você está. — Os olhos dele foram na direção dos dela. — Todos estão preocupados com você lá fora. Até seus pais estão lá.

— Eu pedi que não entr…

— Pediu que sua família não entrasse. — Ele sorriu apenas com a curva dos lábios. — Eu posso ser o grude do Albus, mas não tenho seu sangue. Só quero saber o que está acontecendo com você. Eu e os outros nos importamos, de verdade.

Foi como se a deixasse ainda mais perdida com a afirmação. Sua expressão se perdeu um pouco, encarando o “nada” da parede, o mesmo “nada” que antes estava entretida. Na verdade, mais parecia que ela estava sentindo isso mesmo: nada.

— Não fale assim. Eu não estou quebrada — disse em voz baixa. — Não estou…

Scorpius suspirou, observando-a. Com seus cabelos ruivos e rosto bonito, era tão bizarro pensar que sua cabeça funcionava de forma tão complicada quanto a dele por muito já funcionou. Como a de seu pai. Como a de sua mãe. Essas coisas difíceis estavam no sangue dele, muito mais que no dos Potter.

— Você não quer que a vejam “quebrada”?

Lily não respondeu e nem moveu o rosto. Escutou-o no silêncio da sua fala. Porém, parecia que havia um redemoinho mental ali.

— Alice contou para a gente que você vem mal há um tempo — continuou o rapaz. Agora, entretanto, a cabeça de Lily Luna se moveu. Encarou-o com aqueles olhos verdes de Potters, esses tão cheios de si que praticamente tapam os ouvidos para o que tem fora das suas mentes. — Ela contou que não come direito, que fica nervosa com as provas e que prefere ficar sozinha. Isso não dói?

Dor. A palavra por si só doía, o próprio garoto sentiu o peito apertar ao proferi-la. A forma como a garota o olhou também mudou um pouco. Desta vez, para pior.

— Scorpius, você não entende. Eu não tenho motivos para me sentir assim. Eu não deveria me sentir assim.

— Relaxa, okay? — falou baixo, ajeitando o corpo um pouco mais para frente, para ficar mais perto dela. Estendeu a mão e sorriu miudinho, desses sorrisos que são dados para acalmar os outros. O tipo de sorriso que ganhava de Albus quando estava triste pelas implicâncias dos outros. — Eu não preciso achar nada sobre o que você sente. Se quiser me contar, me explicar… Eu sou todo ouvidos. A gente melhora um pouco se desabafar, acredite em mim.

Ela ziguezagueou o olhar entre sua mão e seu rosto antes de tomá-la para se sentar lentamente. A mão dela estava um pouco fria. Pior, estava trêmula.

— Alice não sabe toda a história. — Ela piscou rapidamente, procurando alento. — Acho que as coisas começaram há dois anos, quando um garoto disse que eu era medíocre. Disse que eu não era nada além de ordinária. Eu estava no terceiro ano, sabe? E aquilo entrou na minha cabeça de um jeito que não saiu até agora.

— Mas você é incrível, Lily! Você...

— Eu me esforcei além do normal para não ser mais medíocre. — Retraiu os lábios e lateralizou a cabeça para encostar no ombro. Parecia estar desacreditando de sua própria confissão. — Não acho que as pessoas realmente veem quem eu sou além do meu sobrenome famoso. Enrolo todos os dias para ajeitar minha vida e no final das contas acabo procrastinando e quase me batendo de tanta raiva que sinto por ter deixado tudo que quero para última hora.

“Eu esqueço tudo fácil, minha memória é um lixo. Minha vontade de levantar toda manhã diminui a cada dia que passa” continuou, apressando o ritmo que as palavras saíam de sua boca. “Tenho medo de errar, mas tanto medo de errar, que acabo não tentando muitas coisas. Minhas notas pioraram, fico enjoada só de ver comida e não dá pra dormir direito às vezes. Nem mesmo as pessoas conseguem fingir que gostam das minhas conversas, sabe? Alice me acompanha nos livros porque provavelmente fica com dó de me ver tentar ficar sozinha para não me frustrar em ser abandonada.”

Scorpius ficou sem palavras com o final das dela. Lembrou de si mesmo. A gente nunca sabe o que realmente existe no interior das pessoas, cada pensamento cruel que se apodera, até tentar se colocar nos sapatos dela.

— As pessoas brigam para ser suas amigas. Todas olham seus passos e admiram seus feitos. Ser seu amigo era um passo na minha escalada para a popularidade! Não vê essas coisas?

— Não, Scorpius… Não vejo. Sinto que, na verdade, ninguém verdadeiramente me vê ou sabe quem eu sou para se importar. Nem mesmo os meus irmãos. Eles são sempre tão cheios de seus próprios mundos que não se importam que eu esteja chorando no quarto ao lado por me sentir...

— Pedida — completou ele, recebendo um assentir de cabeça como resposta. — Eu costumava pensar pouco de mim mesmo também. Na verdade, ainda penso um bocado assim. Foi necessário me tornar amigo do meu nêmesis pessoal para colocar na cabeça que as coisas não precisam ser tão ruins assim. Que eu posso não ser tão ruim assim, sabe?

Lily piscou um pouco, mas sem encará-lo diretamente nos olhos.

— Seu nêmesis pessoal é a Rose? — Ela ergueu um pouco o olhar apenas para baixá-lo novamente.

Scorpius assentiu.

— Ela estava comigo quando te achei. Pedi que ela voltasse para o dormitório da Grifinória para não ter problemas com, você sabe, a família de vocês... Nós dois brigamos até pararmos de brigar, e ela conseguiu me xingar de tudo que se pode remeter a um filho de ex-Comensal. Se você é ordinária, o que isso faz de mim? — Quase deu um riso. — Esse cara que te chamou de medíocre, ele sim que não conseguia te ver.

— Ele conseguia, Scorp — interormpeu ela, mordendo o próprio lábio. — Ele conseguia. Eu contei tanta coisa a ele! Notas e problemas com meus irmãos eram conversas comuns. Todos lá em casa são cabeça-dura e teimosos, nenhum é fraco para a própria mente. — Lily parou e soltou um sorriso nervoso, negando com a cabeça. — Autoconfiança é prato da manhã! Parece pouco o que eu sinto, parece que tô chorando de barriga cheia. Você não entenderia.

— É, eu realmente não entendo esse tipo de cabeça. Na minha, todos são fracos e quebradiços, sabe? — Olhou para o teto e suspirou. Seu pai o mataria se soubesse que ele andava falando essas coisas, especialmente porque eram a verdade. — Meu pai tentou suicídio quando tinha uns vinte e poucos anos de idade porque não aguentava as lembranças do que aconteceu na guerra de Voldemort. Minha mãe adoeceu quando eu tinha uns cinco anos, acabou perdendo o emprego dos sonhos dela e ficando em casa durante muito tempo antes de voltar a trabalhar no Ministério. Até hoje ela tem umas recaídas de saúde, é assustador. — Passou a mão na nuca, coçando-a sem saber se estava fazendo o certo em despejar seus problemas daquela forma. — E pra completar tem eu. Eu finjo pros meus pais que além do Albus tenho muitos amigos desde que entrei na escola para que eles não fiquem decepcionados com o meu fracasso em reerguer o nome dos Malfoy.

Os olhos de Lily e os dele se cruzaram num silêncio quase sepulcral. Apenas a respiração deles ia e vinha, pesada de cada lado enquanto nenhum tinha coragem de desviar a própria atenção.

— O que está dizendo? — sibilou ela. — Que você tem motivos para se sentir mal, e eu não?

Scorpius lentamente negou.

— A única pessoa que sempre soube de tudo foi mesmo o Albus. Seu irmão só soube da história completa porque ele insistiu e insistiu que o meu lado quebrado não era tudo que eu tinha. — Balançou a cabeça e pôs a mão sobre a perna coberta pelo lençol da garota. — Nossas histórias são diferentes, mas nenhuma delas deve ser desvalorizada. Se o mundo e nossas cabeças nos dizem que somos menores do que realmente somos, precisamos que eles se calem.

Ela soltou um muxoxo rápido.

— É fácil você falar. Você tem…

— É a última vez que eu vou te interromper. — Scorp pegou a mão dela. — Mas você tem uma família incrível e amigos que realmente querem entender o que você sente, que querem estar com você, Lily.

Entreabriu a boca, e o rosto começou a ficar cor de rosa.

— Se eu colocar para fora, eu vou assustá-los — disse ela, desta vez tremulando a voz. Queria chorar, e os olhos começavam a ficar inchados e vermelhos por isso. — Eu já vi minha família falando do tio George, de como tia Angelina sofria com as crises dele, quando pensava no seu irmão que faleceu. Eu não quero que se sintam obrigados a me segurar.

Querem te segurar porque te amam” foi o que ele quis dizer. Não disse. Não abriu a boca naquele segundo. Sabia exatamente qual era a sensação de não querer dar trabalho e querer puxar toda a dor para si mesmo.

— Minha mãe me falou uma vez que ainda que a gente morra, a lembrança da família sempre fica, então se o amor de família dura mais que a vida da gente, vale a pena ao menos dar uma chance pra esse amor. — Deu de ombros e foi ainda mais para perto dela. — Tudo bem que ela tava falando de como suportava a minha avó, a senhora mais medonha que eu conheço, mas acho que a mesma frase se aplica para você. — A visão dos dois se encontrou naquele instante. Ele não notou quando ela começou a chorar. Seu rosto estava encharcado já, como uma fonte de cascata, delicada e bela. — Ainda que tenha medo, acho que eles merecem uma chance de ver de perto o que você precisa.

Lily o envolveu com ambos os braços, rodeando seu pescoço num abraço terno, desses que vêm de pessoas que pedem socorro para não desabar. Era isso, justamente essa sensação. Não deixaria que ela caísse enquanto a segurava, não como ele quis já desmoronar tantas vezes e Albus o segurou.

Foi assim que ele acenou com um braço para a porta. Ela se abriu, e Albus veio com rápidos passos sem som na direção dos dois, agarrando Lily como se fosse um urso. O abraço de James Sirius apenas se juntou a eles pelo lado de Scorpius. Eis que Ginny e Harry estavam a abraçá-la também. Todos os Potter estavam juntos, segurando Lily apesar do choro e dos seus soluços ecoarem dentro da alma de cada um deles. Amaram-na firmemente. Amaram-na como família.


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Notas finais do capítulo

RESUMO: Albus é acordado no meio da noite e descobre que Scorpius encontrou Lily Luna desacordada na noite, mas que ela agora está na enfermaria. Ele e o amigo fazem às pazes, e até mesmo James agradece a Scorp por ter ajudado sua irmã. Harry e Ginny Potter chegam em Hogwarts e tentam entender o que houve. Alice Longbottom explica que Lily não está bem psicologicamente há algum tempo e que isso vem lhe causando muita tristeza e problemas para se alimentar. Scorpius vai conversar com Lily e escuta sua versão sobre o que vem sentindo, suas angústias e medos. Ele a convence de que deixar sua família chegar perto é algo que pode ajudá-la. Ao final, todos os Potter e Scorpius abraçam Lily Luna.

Para alguns, a situação da Lily pode ser de alguma forma uma surpresa. Entretanto, algumas dicas sobre isso vinham sido deixadas nos capítulos em que ela aparece... No dia da briga de Scorpius e James (capítulo 5), Dominique procurava por ela porque havia sumido no meio da noite, e ela comenta que estava com insônia. No dia em que Scorpius distribuía as varinhas de alcaçuz (capítulo 11), Lily comenta que não tinha fome, e Alice pede que ela "ao menos jante". Os irmãos Potter percebem pouco a pouco em suas visões que Lily estava ficando estranha... Tudo foi feito para não aparecer muito mesmo, esse era o intuito. Todos nós temos dias bons, mas algumas pessoas possuem dias mais sombrios que os outros. Se você, caro leitor, sente que precisa de ajuda de alguma forma, não hesite em ir atrás de alguém que confie. Se sentir necessidade, minhas mensagens privadas estão abertas também para qualquer coisa. Fiquem bem ♥ eu amo muito cada um de vocês! Espero que no próximo capítulo possamos nos ver também!

PS: ainda estou respondendo as reviews kkk é que eu sou lenta mesmo... Sorry!



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