Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 27
Capítulo 26 — Encontro à luz de velas.


Notas iniciais do capítulo

Então... Eu não morri! Kkkk eu estou bem aqui, demorada e lenta como sempre, mas estou aqui! Vou dar explicações sobre meu sumiço nas notas finais, mas queria agradecer MUUUITO a cada um dos leitores de AaM que estão aqui comigo! De verdade, cada um de vocês, até os que nem comentam, são muito muito especiais no meu coraçãozinho de Bianca. Obrigada por existirem ♥
Espero que gostem desse capítulo que demorou HORRORES para ser feito kk. E espero que vejam o lado da Madeline na história com olhos diferentes dos olhos da Rose ♥ boa leitura!



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Capítulo 26

Encontro à luz de velas



Madeline

 

Madeline Ann Nott nunca se reconheceu como uma garota intrometida. Assanhada talvez, animada possivelmente e esperta com certeza, mas intrometida não. Ela gostava da ideia de se encantar e conhecer segredos pouco a pouco das pessoas com seus olhos observadores e conduta divertida. O divertido era ver, sentir e imaginar, tudo junto e misturado. O problema era quando dava de cara com coisas que simplesmente não queria encontrar! E, naquela tarde de fim de Novembro, ela encontrou...

Tudo começou há dez dias, quando descobriu da briga de Scorpius — a.k.a. O Crush — com Albus Potter. Claro, ele precisava de consolo. Chegava perto daquele garoto mais alto, mais loiro e mais novo e simplesmente sentia o coração derreter. Absolutamente cada detalhe nele a encantava! Era sua voz sóbria, seu olhar inocente e até mesmo suas mãos apressadas escrevendo pergaminhos na biblioteca. Lógico que Maddie aproveitou-se da solidão do rapaz para se sentar ao seu lado e fingir que lia uns três ou quatro livros enquanto o observava estudar. Queria poder ficar mais próxima e abraçá-lo, como fizera no dia em que jogaram quadrisolo. Foi mágico! Porém, o tempo que estavam passando juntos logo logo acabaria. Ela sabia disso. Nate prometera que faria com que Scorpius e Albus voltassem a se falar, então era tchau tchau Paraíso Scorline.

“Acho que hoje é o último dia deles separados” disse o Parkinson na hora do almoço para seu desgosto, sorrindo como o desgraçado quase irmão que ele era.

Mas tudo bem, se era pelo bem maior de seu gracioso e admirado futuro consorte  das trevas, faria o esforço de não interferir no que parecia ser uma amizade como a sua e a de Nate. Já podia imaginar os dois melhores amigos sendo padrinhos em seu casamento! Claro, Nate seria sua dama de honra. Ia usar gravata borboleta de bolinhas e tudo!

Isso, porém, não significava que ela iria passar o último dia de atenção dobrada sem estar ao lado do Malfoy! Aproveitaria cada segundo de pequenos gramas de atenção que ele lhe proporcionasse. Mas para isso, precisava primeiro encontrá-lo na imensidão que era aquele maldito castelo!

— Ei, Zabini! — Ela chamou o sextanista dentro do Salão Comunal da Sonserina. O garoto estava acompanhado de outro ainda mais novo, encarando-a com as sobrancelhas juntas antes de caminhar na sua direção. — Você viu onde está o Scorpius? Me disseram que ele não está no dormitório dos meninos.

— Ele foi embora cedo da aula. — Dake Zabini olhou para os lados como se estivesse verificando o lugar, enquanto o rapaz que estava com ele fugiu rapidinho da conversa. Dizem as más línguas que os homens da Sonserina têm mais medo de Maddie do que as mulheres. — Tivemos Transfiguração, mas ele meio que saiu correndo no final da aula.

Ela fez uma expressão triste. Pelo visto, seu adorado estava fugindo. Não seria por muito tempo… Se estivesse um pouco longe, talvez fosse até vantajoso para ela. Estava já na hora de mostrar para Scorpius Malfoy como ele também poderia querê-la.

— Quer ser juntar a mim na busca por um Malfoy? — Dake franziu a testa sem entender o chamado. — Malfoy. Quero saber onde ele está. Você, Dake, quer me ajudar a procurar por ele?

— Não precisa desenhar, eu entendi — disse ele com uma risada. — O que não entendi foi o motivo de você estar me chaman…

— Porque você é meu cúmplice, ora!

O sorriso de Maddie foi mais largo e animado. Deve ter sido ele o responsável por lembrar Dake de que ela estava se referindo a uma parceria estabelecida no início de Outubro entre os dois. E quando Madeline Nott coloca uma coisa na cabeça, não há ser mágico no universo que consiga fazê-la esquecer, especialmente quando as pessoas lhe prometem algo como, bom, lealdade!

— Eu não sou seu cúmplice, Maddie. Eu…

Novamente, ela o interrompeu, colocando a mão na sua boca. Madeline sabia ser assertiva, e todos ao seu redor tinham que dançar conforme a sua música.

— Quando você me escutou falando no Salão Comunal da Sonserina que estava caída por Scorpius Hyperon Malfoy, veio pessoalmente falar comigo sobre ele e suas inseguranças — falou ela com os olhos escuros crescidos. — Lembra disso, Dake? Você me disse que ele estava chantageando Rose Weasley para ser popular e remediar as mentiras que contou para o próprio pai, não disse?

Ele deu dois passos para trás, e ela dois para frente, encurralando-o contra a lareira.

— Eu me lembro — murmurou e desviou o olhar. — V-você não parou de me encher por detalhes sobre ele e sobre seu pai o mês de Outubro inteiro. Eu tive que roubar os horários dele...

Madeline ergueu a mão e deu um peteleco no nariz de Dake.

— Precisamente! Por isso você é meu cúmplice. Basta me ajudar que eu não abro a boca sobre suas pequenas escapadas para o banheiro dos monitores com Jocelyn Swift. — Ela sorriu. — Sabe, eu sempre achei que você quisesse ser parecido com o Nate, mas não sabia que imitaria até o lugar que ele se agarrava com a Elois McLaggen no quinto ano.

Num movimento súbito, Dake engoliu a seco tão rápido que engasgou. Ele sabia que aquilo era passível de perder pontos tanto com Nate para ser o próximo “rei” da Sonserina quanto com os professores se descobrissem. E como Maddie descobriu isso? Seguindo-o no meio da noite. Afinal, toda informação digna de chantagem deve ser bem utilizada. A Nott nunca perdeu uma chance perfeita de usar as informações que tomava conhecimento a seu favor.

— Então, procurar pelo Malfoy, não é?! — Tossiu um pouco e apontou para a saída. — Vamos?

Com passos animados em seus sapatos pretos e bem lustrados e em suas meias foscas que iam acima dos joelhos, Madeline foi escoltada ao lado de Dake Zabini por Hogwarts à procura de um certo Scorpius Malfoy. As buscas foram pelo térreo no Salão e nos corredores, perguntaram aos quadros da biblioteca e das escadarias. Chegaram a subir até mesmo ao terceiro andar, quando souberam pela Virgem de Tintagel que Roxanne Weasley comentava em voz alta com Nate Parkinson sobre Scorpius estar se isolando fora do castelo.

Aparentemente, era para lá que deveriam ir.

Maddie achava a maior graça a amizade de seu amado com Roxanne. A de Nate também. O jeito animado e ao mesmo tempo com pé no chão que a Weasley tinha a tornava alguém interessante na Grifinória. Talvez fosse bom tê-la ao seu lado. Poderiam ser até amigas e sair juntas com Nate e Scorp nas férias! Tomar um sorvete em Londres, um chocolate quente, comer uns pastéis...

— Eu ainda não entendo como você pode estar tão obcecada pelo Malfoy. — Dake passou por ela enquanto desciam as escadas, encarando-a por cima do ombro. — Tudo bem, ele tá ficando popular e tudo mais, mas fora isso… Não faz o menor sentido uma garota como você ter uma queda por um cara como ele.

Madeline piscou duas vezes e passou por Dake, empurrando seu ombro de propósito.

— Você fala como se achasse que é melhor que ele.

— Err… — Ela o encarou com os olhos bem abertos e furiosos a ponto de calar sua boca antes que dissesse alguma bobagem. — Não me leve a mal, mas diga o que ele tem de tão bom assim que eu juro que fico calado quanto a essa sua paixão estranha.

— Poderia ter ficado calado desde sempre. Você não tem o que se meter no meu amor por Scorpius. — Ela sorriu ao lado dele enquanto passavam pelo portão de entrada. — Não é algo que ele faria, por exemplo. Homens bons e discretos com suas invejinhas são realmente difíceis de encontrar.

Uma risada de Dake, e os olhos de Madeline o fuzilaram até aquietar-se. Outra vez.

— Ah, qual é! O inferno vai ficar gelado antes que eu tenha inveja do Malfoy.

— Não é isso que está mostrando nos últimos tempos, querido. — Maddie sorriu, apontando o dedo para o outro sonserino. — Pensa que eu não vejo como você fica quando os rapazes falam que Scorp vai suceder Nate? Morde o lábio e tudo.

Os olhos de Dake não mentiam, estava se roendo por dentro. Tanto que quando chegaram do lado de fora da escola, o bafo de raiva que soltou até mesmo fez fumacinha. Definitivamente o tempo estava esfriando. Então, mordia o lábio.

Ela era de certo uma mulher observadora.

— O que eu não entendo é como as pessoas estão dando tanta moral para ele da noite para o dia, sendo que você e eu sabemos que ele nem foi responsável por essa fama toda. Sério, o que ele tem de tão bom?

— Scorpius olha pra mim como se eu fosse realmente uma pessoa que ele pode achar gentil. Eu não sou “Madeline, a louca” ou “Madeline, a sem noção” ou “Madeline a…” — Parou um instante e respirou. — Muito menos como “Madeline, aquela que vai te mandar para outra escola pedindo socorro”. Ele é fofo e gentil. Dá pra ver no jeito que ele anda com o Albus e como segue as regras.

— Tem certeza de que você passou tempo suficiente com ele para passar essa imagem de boazinha?

Maddie deu-lhe um soco no ombro, voltando a andar.

— Eu não estou dizendo que não sou uma pessoa muito boa — falou, erguendo o queixo. — Estou dizendo que aos olhos de alguém, não sou a pior. Scorpius é uma pessoa com coração bom, e o fato de ele ser sonserino mostra que também quer crescer na vida. Ele é inteligente, é curioso, é astuto e é muito bonito.

Ele é como o Jasper, completou mentalmente.

— Soa como um cara chato, isso sim — resmungou Dake.

Não disse nada, apenas entrelaçou os dedos atrás do corpo e olhou para o céu. Os olhos de Scorpius eram azuis. Se bem que os de Jasper também eram. Engraçado! Nunca tinha parado para pensar como os dois tinham alguns pontos parecidos. Andavam sempre engomadinhos e se enfurnavam na biblioteca quando algo pegava suas mentes.

— Quer dizer, Scorpius é…

A mão de Dake ficou na frente dela, parando seu andar rapidamente. Quando olhou para a cara dele, levou sua visão para onde a do rapaz pousava. Foi então que a situação apareceu.

Lá estava Scorpius, loiro e branco demais para não ser notado numa paisagem de Outono. Lógico, foi o primeiro que Madeline notou, talvez pelo elo magnético que acreditava existir entre eles. O problema foi sua visão ampliar e notar que ele não estava sozinho, muito menos que estava apenas conversando.

Os cabelos vermelhos e longos não podiam ser de outra pessoa. Rose Weasley deu alguns passos para trás, e ele a acompanhou. Quando ela estava contra a árvore, os dois se beijaram de forma ardente, fazendo tudo no interior da garota sonserina se revirar. Foi um tremendo choque. Vê-los daquela forma, aos beijos assanhados e ativos, como se fossem um casal às escondidas! E logo com a pior pessoa do universo, a única com quem ele não poderia ter nada: ROSE WEASLEY!

Wow — falou Dake, rindo pelo nariz. — Por essa, eu definitivamente não esperava! Scorpius Malfoy está pegando Rose Weasley?! Pela magia de Morgana!

— Essa garota tem marcação comigo! Eu não acredito! — Madeline rosnou e fechou os punhos praticamente respirando ódio. — Primeiro ela foi atrás de Jasper e brigou comigo por conta dele, agora Scorpius! Eu não acredito nisso!

Rose Weasley! Sempre Rose Weasley! Quando Madeline achou que finalmente tinha superado Jasper, lá estava aquela sardenta mal-amada se metendo nas escolhas do seu coração outra vez! ERA ODIOSA! ERA VULGAR! ERA…!

Aaaaaaargh!

Madeline girou os calcanhares, sentindo o rosto formigar desesperadamente. Sentia tanta raiva de si mesma por ter se permitido querer tanto Scorpius Malfoy e ter freado tanto sua investida que seria capaz de transformar toda aquela revolta em socos na cara da Weasley. Como pode ser tão idiota?! Esses caras são todos iguais! Encaram um par de olhos grande e escutam uma voz feminina dizendo que eles são insuficientes e “filhotes de comensal”, então, de repente, estão lá de quatro por megeras grosseironas da Grifinória! AAAAAAHHHHHH!!!

Caminhou com longos e furiosos passos de volta para Hogwarts, escutando Dake lhe chamar da forma mais discreta possível enquanto corria ao seu encalço.

— Madeline! Maddie! Ei, volta aqui! — chamava, quase pulando ao lado dela. — Não é tão ruim assim. Quer dizer, Rose Weasley não é exatamente o antiCristo pra atrair o Malfoy para o fim dos tempos, né? Pense pelo lado positivo, ele vai estar bem treinado quando você…

Madeline parou seus passos e se voltou para Dake com os olhos maiores que bolas de bilhar.

— Treinado? Ele está infectado! — Ergueu o dedo indicador até tocar a ponta do nariz do Zabini. Porém, a palavra ecoou em sua cabeça. Infectado de fato! Um sorriso maligno se formou em seus lábios, e o plano começou a se formar. — Mas não por muito tempo.

Dake piscou duas vezes e abriu a boca para falar alguma coisa, mas seu queixo foi segurado pela mão da garota.

— Sabe que é por comentários assim que te chamam de doida, né?

Madeline sorriu e voltou a andar de volta para Hogwarts.

Ainda estava enfurecida. Além de enfurecida, estava perturbada! Queria trucidar as entranhas de Rose Weasley com força. Que tipo de nome era esse, afinal? Weasley! Nome de caipira! E caipiras como ela perdiam os namorados para garotas como Madeline Nott antes mesmo de conseguirem de pensarem em procurar um vira-tempo para se safarem! Por isso, a tarde de Maddie foi cheia de preparativos.

Velas. Precisava de velas! Arranjou-as no estoque à disposição para treino dos alunos em rituais e leituras. Fez com que Dake preparasse o terreno enquanto ia para o Salão Comunal da Sonserina se certificar de que Scorpius e Albus não se encontrassem antes que Madeline arrancasse todo o coração do Malfoy para si. Não que fosse contra a amizade deles, mas sabia que ele não precisava de distração no momento. E ela faria tudo ser… Perfeito.

 

.

 

Scorpius

 

— Maddie? Maddie, pra onde a gente tá indo?

Scorpius estava vendado e completamente perdido. Tropeçou pelo menos duas vezes tentando andar nas escadas e nem tinha ideia de que horas já eram. Madeline simplesmente surgiu no dormitório dos meninos quando ele  estava lendo Poções e o arrastou para fora. Não era exatamente o melhor momento, estava esperando Albus chegar para terem a conversa — uma droga que Rose estava com o mapa. De repente, lá estava ele, sendo levado pelas mãos da Nott para Merlin sabe onde, escutando risadinhas dela toda vez que ele quase caía.

— Vamos, logo logo vou tirar a faixa — disse Madeline com suavidade.

Pararam de subir degraus e começaram a andar num corredor. Scorp sabia que haviam chegado ao térreo pelo vento ter ficado mais presente e frio. Estava com calças xadrez de pijama aquecidas e um moletom preto com flanelas para se proteger do frio. Porém, os pés estavam quase descobertos em chinelos simples, mas tão simples, que ao passar mais alguns instantes caminhando, sentiu a sensação de grama. Para onde diabos ela o estava levando?!

Eis que os passos finalmente pararam junto às risadas dela, e a venda foi desatada. Scorpius abriu os olhos meio atordoado apenas para ver luzes espalhadas no ar, flutuando por entre eles como se fossem vagalumes. Estavam fora do Castelo, o que o deixou ainda mais surpreso. Não tinha notado de forma alguma quantas voltas eles tinham dado com suas vendas ou como Madeline fez para saírem sem serem notados. Já passava do horário de recolher, então estar onde estavam era terminantemente proibido.

— Maddie. — Faltou fôlego nele ao encará-la. A garota sorria abertamente, parecia ainda mais animada com a cara que ele fez. — Isso aqui está...

— Espero que tenha gostado. — Madeline abriu os braços, apresentando o lugar romântico para o rapaz. — Eu queria, você sabe, um tempo a sós. E como sei que você tem problemas com vassouras… — Ela deu uma rápida corridinha até uma árvore próxima, pegando duas vassouras arrumadinhas que estavam encostadas nas raízes altas. — O que acha de aprender uns truques comigo? Tenho muita paciência e carinho para ensinar. Até preparei uns quitutes para nós esta tarde.

E por fim apontou para uma cestinha no chão com a tampa aberta mostrando alguns bolinhos.

Ele ficou completamente errado, tanto que se aproximou com passos lentos, encarando uma vela de cada vez. Quando ela fez tudo aquilo? Como? Era impressionante, gentil e meigo, mas assustava-o também.

— Você não precisa fazer isso. — Ele parou de frente para a garota e olhou para as vassouras com um sorriso abobado. — Seria ruim se o castelo acordasse com os meus gritos.

— Ah, eu realmente amo surpreender as pessoas. Vamos! A noite é longa para nós dois passarmos mais tempo juntos e-

Scorpius sentiu o impulso de sua mão indo na direção do pulso de Madeline. Ela o encarou com seus grandes olhos negros como pedras do rio um tanto quanto receosa, mas ainda sorrindo. Era realmente uma pena que o loiro precisasse desanimá-la antes que seu coração viesse a quebrar.

A verdade era que Madeline foi a primeira garota que disse abertamente que gostava dele. Para os outros, mas abertamente. Nate, Killik, Benjen e mais um monte de sonserinos achavam a maior graça quando ela aparecia com uma expressão derretida, ficava linda! Mas como Scorp poderia achar que ainda estava linda em comparação com os olhos que vira naquela tarde? Com os beijos e com os risos? Com Rose...

— Maddie, tem algo que eu preciso te falar.

Aquelas pequenas palavrinhas pareceram quebrar a imagem de Madeline. Seu encarar de olhos mudou dramaticamente ao escutá-lo, tanto que ela mesma percebeu e precisou sacudir a cabeça para voltar ao sorriso normal e agradável.

— Antes que diga, devíamos ao menos tentar...

— Maddie, é que eu não acho que deveria estar aqui.

Foi assim que ela suspirou de vez, revirando os olhos. Soava como quem já sabia o que ele queria dizer. Quer dizer… Ela não poderia saber, poderia? A menos que Roxanne tivesse dito algo. Mas elas não eram amigas! Não poderiam ser! Poderiam?

Não. Não. Não mesmo. Você só está sendo paranoico ansioso, Scorpius!

— Por favor não diga isso — falou ela, desviando olhar por um segundo. — É que eu preparei isso aqui de um jeito bem especial para você e… — Parou e tornou a encará-lo com seus grandes olhos negros. Madeline certamente conseguia ser uma garota incrivelmente bela quando o mirava daquela forma. Sempre tinha um ar de segurança e doçura ao falar com ele, ar este que praticamente ninguém da escola acreditava muito que ela tinha. Ou melhor, que Rose não acreditava. Tudo bem que o próprio Scorpius sofreu nas mãos dela quando eram mais novos, porém, agora, ela estava como uma garota na frente de um garoto. Simples, dócil e com um sorriso sem graça. — Para você e para mim.

O problema era ele não corresponder aquilo. Não depois daquela tarde. Não depois do Dia das Bruxas. Não depois de ele e Rose Weasley terem trocado mais do que duas palavras sem xingar um ao outro mentalmente. Só de pensar nisso já dava vontade de sorrir. Era mesmo um idiota apaixonado.

— Eu sei, eu realmente sei. — Scorpius retraiu os lábios e tomou coragem. Precisava ser completamente sincero daquele ponto em diante. — O negócio é que existe outra garota. Uma garota de quem eu gosto de verdade. Eu não posso estar aqui com você porque ela está na minha cabeça. E por isso, eu sinto muito.

Madeline abriu a boca num “Ouch!” sem som, colocando a mão no peito e quase cambaleando para trás. Claro, Scorpius se desesperou imediatamente! Tinha magoado ela, tinha lhe dado um susto, tinha…!

— Nossa, eu não achei que você e Rose Weasley eram algo tão sério assim.

A pequena Roxanne imaginária do seu ombro surgiu com uma bombinha de fumaça, falando: “Ela disse “Rose Weasley”?”

O pequeno Albus imaginário do outro ombro também apareceu, respondendo: “Oh sim! Com todas as letras, ela disse!”.

Todo o sangue do rosto do garoto se esvaiu e foi para sabe-se Dumbledore onde. Ele arregalou seus grandes olhos azuis e ficou completamente em choque. Como ela sabia sobre Rose?! COMO?!

— R-R-Rose Weasley? Como assim eu e Rose?! — gaguejou sem parar, sacundindo os ombros para Albus e Roxie desaparecerem. — N-não! C-claro que não há nada entre ela, Rose Weasley! Quer dizer, Rose Weasley?! Não há nada entre nós! Até porque, como assim um “nós”? “Nós”? Nós nada, né? Nós...

— Eu vi vocês dois se beijando na frente do Lago Negro. — Ela deu de ombros, e o queixo de Scorp caiu. — Eu sei que ela é a garota de quem você gosta.

Ele já nem sabia se tinha cuspido ou se o coração que tinha pulado para fora da boca. O fato é que travou em choque. E ainda por cima engasgou! Rose iria matá-lo se soubesse daquilo. E se mais alguém descobrisse?! Como conseguiu ser tão descuidado?!

— Maddie, você não pode falar para ninguém, por favor! — Scorp pôs as mãos na testa, procurando uma forma de ajeitar aquele problema. — Ela… Ela não quer que ninguém saiba de nada, ela não quer...

— E ainda assim, eu te perdi para ela.

A voz de Madeline foi mais suave naquele momento. Foi, na verdade, triste. A sonserina se sentou gradativamente, puxando o ar com peso e sobriedade sobre a grama. Junto a ela, as velas encantadas desceram para uma altura mais baixa.

— Eu sinto muito, Maddie...

Ele abaixou o rosto e a acompanhou no chão, abraçando as pernas. Arrependeu-se de quando ficou alegre pela ideia de ser objeto de afeto de Madeline Nott. E pensar que Nate Parkinson lhe dissera que sua grande amiga estava gostando dele sem saber que iria quebrar o coração da garota.

Eis que ela rapidamente se posicionou na frente dele, erguendo a mão para chamar sua atenção e dando um sorriso paciente. Foi assim que começou:

— Eu gosto de você, Scorpius. Eu realmente gosto de você. Gosto num nível: te ponho num pedestal ainda que você não mereça e nem me dê tanta atenção, te abraço e sinto que você tem mais cheiro de amaciante de roupa que de perfume, te espero sair do dormitório com cara de felicidade… Li mais livros nas últimas semanas na biblioteca para poder estar perto de você do que li nos últimos tempos, só para te dar uma noção.

Scorpius não fazia ideia do que fazer. Não sabia onde enfiar a cara por simplesmente não ter resposta para aquilo. Esteve tão focado em sobreviver a Rose e não morrer na sua paixão por ela que sequer percebeu que Madeline estava realmente ali. Quer dizer, ela estava! Estava próxima e à sua espera. Ficou tão errado e desesperado com a confissão que ela fez, que perdeu-se nos próprios pensamentos de… de… de… ARGH!

— Maddie, eu não sei…

— Eu gosto de você a ponto de suportar a ideia de que você foi beijado por Rose Weasley e ainda querer tentar te conquistar — continuou calmamente. — Gosto do seu olhar sutilmente agridoce de ironia e doçura ao mesmo tempo, gosto do seu porte físico nada trabalhado, gosto da forma como você fica nervoso quando é o centro das atenções e até da forma como não acredita quando te valorizam, como no dia em que tocou piano para nós do Clube do Slug. Eu realmente, realmente gosto de você.

Pronto. Ela o matou com as palavras. Deixou-o completamente sem reação.

— Eu não sei o que dizer.

Calmamente, Madeline bufou e fechou a expressão.

— Imaginei. É por isso que geralmente os garotos que dão em cima das meninas. Quando acontece o contrário, vocês ficam sem saber o que fazer.

Scorpius quase escutou no fundo de sua mente a voz de Roxanne cantarolando “masculinidade frágil” como se fosse piada. Ele acabou sorrindo..

— Garotas como você deixam caras como eu sem saber o que fazer. — Ergueu os ombros por ser a única reação possível. — Você é uma garota muito linda e incrível, Maddie. Se não fosse pela minha, ahn, situação, eu com certeza estaria louco por você. — Ela sorriu sem mostrar os dentes como resposta, estava muito chateada, e isso era claro no olhar. — Quer dizer, olha pra sua cara! É uma mistura perfeita de Rainha Má e bruxa-modelo-hipnotizante! Eu não sei como foi a situação com Jasper Wood ou com os outros caras da escola que já se apaixonaram por você, mas eles certamente também viram o quão sensacional você é. Não quer dizer que você me perdeu para Rose, é só algo que acontece. É normal...

Era o que podia falar. Disse com animação e toda sinceridade de seu peito. Queria que Madeline não pensasse de forma alguma que ele estar apaixonado por Rose era algo que diminuía a própria Nott. Não que ela apresentasse ter problemas de autoestima, ao menos não como ele tinha, mas devia compreender que ela mesma era épica! Madeline Nott era épica! Ela sorriu com a afirmação do rapaz é até mesmo deu pra ver seu rosto fino enrubescer no reflexo das luzes das velas. Simplesmente colocou os cabelos para trás da orelha e reanimou a expressão. Aquilo o deixou bem mais confortável de certo. Não tinha quebrado totalmente o coração de Maddie.

— Você e Jasper se parecem, sabia?

— Por favor não diga isso. — Scorpius deu um sorriso sem graça que a fez rir também.

Já era ruim ele mesmo se comparar com o cara que estava a um zilhão de quilômetros de distância, piorava quando outra pessoa fazia isso.

— Não me leve a mal, isso é algo bom — disse ela com calma, levando os olhos para o céu. — Jasper sempre foi muito gentil no jeito de se expressar e encarar os outros. Ele e Nate nunca de deram bem, mas isso não significava que ele queria que nós dois ficássemos muito tempo brigados. Sempre me apoiou e me fez ler bastante. — Os olhos voltaram a ficar na direção do loiro. — E ambos vocês dois gostam muito de fazer tudo por quem amam.

Ele era… Um cara legal. Quer dizer, era descrito daquele jeito mais tranquilo, soava até que Maddie ainda sentia algo pelo rapaz, o que talvez tenha acontecido e acabou se misturando com a paixonite por Scorpius. Talvez fosse isso. Talvez não… Só havia um jeito de descobrir.

— Maddie — falou, ajeitando-se no chão já. — Eu sei que talvez não seja uma boa hora, mas o que houve com vocês dois? Nate me contou da sua briga com Rose no pátio da escola há dois anos atrás, e eu até lembro do pessoal comentando que vocês duas se estapearam por ele, mas só sei a versão dela do que houve, sabe? Você nunca me disse como as coisas acabaram entre você e Jasper.

Madeline refletiu por um instante, analisando-o com o olhar. Certamente estava pensando se deveria contar algo. Quando abriu a boca, não olhava para Scorpius. Tinha o rosto direcionado para cima, perdida em lembranças.

— Jasper e eu nunca fomos apenas amigos. Ele era dois anos mais velho, da sala de um dos meus irmãos, então nossa proximidade de início foi bem “a irmãzinha do meu amigo Klaus”. — O sorriso de Maddie saiu tão rápido, parecia inevitável, desses que surgem na superfície com memórias boas. — Só começamos a conversar mesmo quando eu estava no terceiro ano porque ficamos nos feriados em Hogwarts. Klaus e Raymond, dois dos meus irmãos mais velhos, também ficaram conosco. Só que as minhas conversas com Jasper eram bem diferentes. Ele me contava histórias sobre seu pai ser goleiro e sua mãe trabalhar com demônios japoneses e evitar contrabando ilegal de criaturas orientais. Eu contava sobre os meus irmãos mais velhos serem todos um combinado chato de pés no saco.

Scorpius riu baixinho.

— Você quase não fala dos seus irmãos.

— É porque eles são todos grandes insuportáveis, ciumentos e implicantes. — Madeline suspirou. — É duro ser a mais nova de cinco.

A mais nova, então eram quatro irmãos! Uau! Era engraçado como cada um tinha uma visão diferente de sua própria família. Albus costumava reclamar de ter dois irmãos que se juntavam para implicar com ele, Rose dizia que ter um irmão mais novo não era nada e Scorp estava sozinho para contar a história de ter pressão familiar toda para si. Agora, Madeline Nott tinha quatro irmãos, todos mais velhos.

— Pelo menos você tem o Nate. Ele sempre diz que vocês são como irmãos. — Scorpius sorriu e mostrou a mão espalmada para ela. — Cinco irmãos, você tem haha.

E ela riu também, pegando a mão dele para baixo. Porém, não a soltou com o movimento.

— Nate é meu melhor amigo desde que usávamos fraldas. Ele sabe do meu pior lado e está sempre daquele jeito legal demais para ser de verdade — disse com suavidade, fitando os olhos do loiro enquanto crescia os seus próprios. — Acho que ele nunca te contou isso, mas Nate arrumou briga com o Jasper por minha causa.

Lentamente, Scorpius olhou para a mão que Madeline segurava e puxou-a para levar ao cabelo, fingindo que ele estava coçando. De repente, ela estava perto demais, e ele não sabia quando as coisas tinham acontecido.

— J-Jura? — gaguejou sem pensar. — Eu achei q-que eles tinham brigado porque Jasper Wood dedurou que ele se pegava com a menina da turma de vocês no banheiro.

— Sim, isso teve implicância, mas a maior parte foi por minha conta. — Madeline deu de ombros e trouxe as pernas para perto de si, abraçando-as como uma garota. Quer dizer, claro que era era uma garota! Não era como se fosse mesmo um tipo de Medusa que os meninos tanto pregavam. — No quarto ano, Jasper e eu começamos a nos encontrar às escondidas dos meus irmãos, nenhum deles podia saber que estávamos, sabe, ficando e coisa e tal. Éramos inseparáveis quando ninguém olhava, e Nate me ajudava a manter as coisas em segredo. Foi ele quem compartilhou comigo o segredo do banheiro dos monitores, e nós nos aproveitamos que Jasper tinha passe livre nessas horas.

Uma imagem retorcida começou a se formar na cabeça de Scorpius com a cara de Jasper Wood um tanto quanto nebulosa. Toda vez que pensava nele, imaginava o cara justamente com Rose, o que o enojava por completo e o fazia querer vomitar todas as refeições do dia. Entretanto, com a declaração de Maddie, não pode deixar de pensar que, é… Talvez ele não fosse um cara tão ruim assim… Para alguém como Madeline!

— Vocês deviam gostar um bocado um do outro — exclamou Scorp com as sobrancelhas erguidas. Do seu interior, queria desesperadamente que ela e Jasper fossem ficar juntos no final para tirar qualquer vestígio de lembrança do ex de Rose. — Mas só por curiosidade, como foi que ele e Rose Weasley começaram a namorar?

A cara de Madeline se fechou, e ela revirou os olhos.

— Aquela megera… — resmungou e se ajeitou na grama para ficar frente a frente com Scorpius. — No ano seguinte, meu irmão, que era do ano de Jasper, estava começando a suspeitar. Achamos melhor que ele desse em cima de qualquer outra garota para não parecer que estávamos em um relacionamento. O resultado foi que Rose Weasley achou realmente que algo estava acontecendo entre eles e fez de tudo para amarrar suas garras medonhas ao redor de Jasper.

Havia fúria imensa nos olhos de Madeline, algo que tocava na própria alma de Scorpius e o amedrontava. Talvez Jasper Wood estivesse certo no final das contas: fugir para jogar num time bem longe de Hogwarts era uma ótima solução para não encarar Madeline Nott e Rose juntas.

— Então ele que…

— Ela o enrolou de um jeito que eu não quero nem pensar, ficou contando histórias tristes sobre a família e o levou para baixo da arquibancada para eles se pegarem. — A cara de raiva de Madeline evoluía para nojo a cada palavra dita. — Aí, quando eu percebi, os dois estavam namorando, e eu fui deixada de lado. — Ela suspirou por fim e ajeitou os cabelos, lançando-os de um lado para o outro. — Acabou não demorando muito tempo para Jasper vir reclamar para mim como ela estava incomodando com assuntos de formatura, que eles iam ficar separados e muitos choros. Nossa! Como ele reclamava dela! E num desses desabafos, a gente estava conversando no meio do pátio e rolou um beijo. Todo mundo viu.

Eis que um sorriso vitorioso surgiu nos lábios de Maddie. Scorpius apenas engoliu a seco.

— Foi quando aconteceu a sua briga com ela? — murmurou já sabendo a resposta. Ela apenas assentiu.

— Entre chutes, gritos e puxões de cabelo. Akilah nos deixou na detenção por duas semanas inteiras. — Madeline riu com um balançar de ombros. — Jasper terminou com as duas por conta da formatura, e até hoje nós nos odiamos.

Scorpius abriu a boca para dizer algo, mas hesitou por um instante. Corria o sério risco de ser apedrejado por sua própria sinceridade ou queimado pelas velas, mas… Precisava falar. Franziu o cenho e deixou que as palavras saíssem pela boca rapidamente.

— Maddie, se ele saía com você e ficou com a Rose e depois saía com a Rose e ficou com você — sibilou com o rosto começando a ficar vermelho — por que vocês têm raiva uma da outra e não dele?

De repente, foi como se o fogo das velas tivesse crescido por um rápido instante, assustando o rapaz, que pestanejou incessantemente. Ao tornar a fitar Madeline, a sonserina estava em quase choque, travada com a boca entreaberta.

— Ora porque… — Olhou para um lado e para o outro. — Porque se não fosse por ela, isso não teria acontecido, não é? Digo, é, não é?

Ele ergueu os ombros em silêncio, retraindo os lábios para si. O que não esperava era que o rosto um tanto quanto contorcido de Madeline continuasse inconformado. Ela jogou a cabeça para trás e depois o fitou de volta. Logo, estava com a mandíbula retorcida.

— Não fique com raiva pelo que eu estou dizendo.

— Eu não estou com raiva — rebateu rápido. — Não disso. Na verdade, estou até um pouco feliz que não tomou o partido dela.

— O partido de vocês duas é melhor. — Eis que ele sorriu.

Calmamente, Maddie estendeu o corpo na direção de Scorpius e agarrou seu pescoço num abraço apertado e cheio de sentimento. Ele o aceitou sem hesitação, pondo uma mão nas costas delas em forma de acalento.

— Eu sempre achei que você fosse um garoto tão fofo e maravilhoso quanto Jasper. — Ela afrouxou o aperto para poder trazer o rosto para trás e poder encará-lo. — Mas é melhor que ele.

Madeline aproximou o rosto lentamente a ponto de mostrar para Scorpius o que estava fazendo. Tocou sua pele pelos dois lados e encarou os olhos dele com os seus, escuros como o breu de seus cabelos. Ele sentiu o coração ficar nervoso, um tanto quanto angustiado por achar que estava fazendo algo errado. Talvez estivesse. Talvez não. Ninguém ia saber.

Quando os lábios dela encostaram nos seus, Scorpius fechou os olhos na sensação clara de ser a coisa errada, trazendo o rosto imediatamente para trás. Os dois sonserinos se encaram, e algo na feição de Madeline declarou que ela havia compreendido a mensagem.

— Que droga — falou ela com um sorriso, voltando ao seu lugar. — Achei que podia te roubar pra mim. Você não queria me beijar, não é?

— Me desculpe.

O rosto dele ferveu como se tivesse dentro de um bule, mas Madeline riu.

— Oh, não! Quem tem que pedir desculpas sou eu.

Eis que a mão dela se ergueu e apontou para trás das costas de Scorpius.

Foi o momento tenebroso que acontece em todos os desenhos animados, e algo profundamente no rapaz o alertou que sua vida estava para ser encerrada. Olhou por cima do ombro apenas para matar a curiosidade, mesmo sabendo quem encontraria ali.

— Cuidado, Malfoy. — Rose podia estar de pijamas longos e confortáveis, mas seus olhos incendiavam no fogo que ferve o mármore do inferno enquanto ela cruzava os braços e retorcia o queixo. — Beijar sapos pode dar boqueira, doenças mágicas incuráveis, hálito ruim e ainda podem te transformar em um anfíbio cheio de espinhas e gosma.

Scorpius nunca pulou tão rápido quanto fez naquele instante, levantando-se com seu rosto ardendo. Pior! As mãos tremiam, e  o sangue começava a se dispersar dele, fazendo-o querer passar mal.

— R-Rose… Eu…

Ela ergueu uma única mão e o calou. Com passos largos, ultrapassou seu corpo de vara e foi até Maddie, posando na sua frente ao mesmo tempo que a sonserina se levantava.

— O que foi, Weasley? O monstro verde do ciúme te tirou da cama? — Madeline sorriu, dando-lhe uma piscadela. Isso ia dar muito errado. — Ou está me perseguindo igual fazia com Jasper?

— Engraçado, eu podia me perguntar a mesma coisa! — Rose sorriu também. Parecia que o coração de Scorpius ia sair do peito daquele jeito. — Eu sempre achei que você tinha uma queda pelos rapazes à minha volta, não percebi que eu era seu alvo no final das contas. Se está apaixonada por mim, basta dizer, Nott.

Uma risada maligna soou por entre os lábios de Madeline, eriçando os pelos de Scorpius em pavor.

— Ah, por favor, com 7 bilhões de pessoas no mundo, trouxas incluídos, como eu poderia olhar para você?

— Jasper olhava — disse Rose, fazendo o rosto de Maddie minguar à medida que o seu crescia. — Ele olhava muuuito. E adivinha só, até mesmo Scorpius “cobra albina” Malfoy também prefere olhar pro meu do que pro seu..

Foi quando Scorpius engasgou.

— Meninas, eu...

Cala a boca — rosnaram as duas ao mesmo tempo.

Maddie suspirou bem fundo, mais fundo do que ele já a observou fazer. Seus olhos escuros se abriram calmos e direcionados aos de Rose com cuidado. Por um momento, Scorp teve medo que ela falasse seu segredo.

— Você se acha muito especial, Weasley, mas não deu tempo suficiente para nenhum desses garotos idiotas entenderem o quão perversa realmente é. — Ela deu um passo para a frente, ficando próxima demais do rosto de Rose, que estava parado e fixo como pedra. — Jasper caiu na sua rede uma vez, mas na minha esteve várias e várias vezes. Scorpius está aqui comigo também, não está? Você que ficou sobrando.

Mas! Mas, mas, mas, mas, mas! Scorpius levantou os braços como quem pergunta “QUAL É?!” para a afirmação de Madeline. Ele deixou bem claro que estava lá por acidente de percurso, para ser apenas um amigo! Ela não podia usar isso para brigar com Rose! Ou podia? Quer dizer, ele estava mesmo lá. Droga, Malfoy!

E Rose sorriu, quase peitando a outra garota com sua frente pouco avantajada e com sua testa grande.

— Sabe, Loucaline? Eu te perdoo. — A ruiva enfiou o dedo no ombro de Maddie. — Eu perdoo esse seu péssimo gosto para se vestir, essa sua cara de pau sem vergonha, esse seu pouco amor próprio e todas as vezes que abriu a boca pra destilar veneno que nem cobra.

— Disse a outra naja.

Rose e ela sequer piscavam.

— Meu perdão é um rito para a sua salvação, querida. Aproveite-o em toda sua qualidade.

— Engraçado — disse Madeline, rindo teatralmente —  quando você fala “rito” eu penso logo que está fazendo sacrifícios humanos com direito a animais indefesos e sangue de virgens. Ah! Virgens como você!

Foi quando Rose pôs novamente o dedo no ombro de Maddie, recebendo um empurrão como resposta. Claro, empurrou a morena de volta. Elas iam se matar.

— Tá certo, agora é hora que acabar com isso. — Scorpius interveio ao se colocar no meio delas e abrindo os braços para separar o caos. — Nada de provocações e nem gritos, senão vão nos pegar do lado de fora da escola e acabaremos os três de detenção pro resto do ano.

Certamente a palavra “detenção” que fez efeito. Ambas pararam de se encarar para jogar os olhos na direção do rapaz. Que deu um passo rápido para trás no puro reflexo.

Madeline retirou do bolso sua varinha e agitou-a rapidamente, cortando todas as velas suspensas, fazendo com que elas caíssem no chão sem vida, e o escuro os rodeasse. A única luz que os iluminava provinha das janelas do castelo.

— Vamos, Scorp. É melhor corrermos para a Sonserina antes que nos peguem — disse ela rapidamente, colocando ambas as vassouras debaixo do braço. — Não sabemos quem essa troglodita atraiu com suas pisadas fortes e seu hálito de testrálio.

— Como se você não tivesse uma suvaqueira de carcaça de dragão — resmungou Rose.

— Eu desisto de vocês duas — murmurou Scorp.

Os olhares das duas chocaram como raios altos cruzando o céu. Cruzaram, na verdade, uma a cara da outra! Só foram parar depois que Maddie levou sua atenção para o Malfoy, suavizando como se fosse a verdadeira primavera encarnada.

— Vou deixar você dar boa noite para a “Podre” Weasley. Nos vemos lá no Salão Comunal, sim? — Pegou a cestinha dos bolinhos e cheirou-os intensamente. — Quando chegar, vou te dar um bolinho recheado de Amortentia para te dar uma boa noite de sonhos.

Suavemente, ficou na ponta dos pés e beijou a bochecha de Scorpius, que ficou imobilizado enquanto encarava Rose lhe queimando com a expressão de desgosto e ódio. Madeline acenou rápido e começou a quase saltitar para longe, deixando os dois sextanistas sozinhos num silêncio que parecia ter durado eternidades dentro de alguns segundos.

Segundos estes que Scorpius quebrou ao soltar o ar que estava praticamente lhe engasgando.

— Então, a Madeline...

— Eu nunca achei que você fosse esse tipo de garoto. — Rose o interrompeu, encarando-o em seriedade mortal. — Desses que beijam duas garotas no mesmo dia. Não achei que fosse assim mesmo.

Mas ele! Mas ele! Abriu a boca e não conseguiu se defender outra vez. Era patético.

— Não aconteceu desse jeito. Quer dizer, ela me me me beijou, mas não foi um beijo de verdade. — Ergueu as mãos e as sacudiu como pode. Pra onde ia com todo aquele sacudir de mãos e braços não sabia, só era seu único jeito de se expressar. — Madeline, ela… Ela me disse o que sentia, e eu a escutei. Eu a dispensei, na verdade. Ela está bem magoada comigo para falar a verdade.

Seu coração estava mais que acelerado. Batia como patas de unicórnio trotando em olimpíadas. Porém, Rose não parecia estar muito convencida. Cruzou os braços e mordeu o lábio como se estivesse transtornada de alguma forma.

Humpf. E quem poderia gostar dessa louca? Você viu a cara da maldita?! Ainda falando de bolinhos com Amortentia para te provocar?! — Ela deu um muxoxo para si mesma, batendo os dedos no próprio braço. — E você disse a ela que não gostava assim dela? Disse com todas as palavras?

Scorpius lentamente assentiu. Odiava aquela sensação de não corresponder a alguém.

— Ela sabe que há alguém que gosto muito — sibilou e sentiu o rosto enrubescer.

Mas logo que achou que Rose estava normal com o acontecimento, o demônio interior dela deve ter arrombado a jaula de contenção, pois Rose urrou para cima sem paciência e bateu os dois pés no chão, louca!

— Me diga como você consegue ser tão cara de pau em me dizer que gosta de Lily Luna, sair me beijando e logo depois ir para piqueniques românticos com a Loucaline Nott! Sério, parece que existem três Scorpius diferentes e nenhum deles olha pro mesmo canto! É ridículo, pretensioso e incrivelmente sem noção!

— Três?! Eu sou amigo da Maddie e é por isso que… — Parou um instante, rebobinando a fala de Rose em sua mente. — Espera, como assim Lily Luna é a garota que eu gosto?

Rose revirou os olhos e saiu andando na direção do Castelo, deixando-o imóvel no gramado, ligando os pontinhos lentamente.

Então, ela achava que ele estava afim de Lily. Se pensava isso, significava que estava dando desculpas e mais desculpas para não ficarem juntos por conta da prima? Ou ela sabia que Lily o chamou para terem um encontro? Ou estava apenas sendo Rose ao evitar o fato de que ele claramente estava se esforçando por eles dois?

Não importa! Ela não podia achar que ele gostava de Lily!

Scorpius não resistiu. Arrancou com passos rápidos na direção dela. Precisava lhe contar tudo. Era o momento perfeito, era a noite mais perfeita também! Tinha que tirar todo aquele discurso outra vez sobre o fogo de Rose se alastrar na sua alma e devorá-lo entre risos e beijos. Precisava mostrar a ela que podiam ficar juntos, que sobrenomes não importam se eles se olhavam sempre de um jeito diferente. Se dissesse a ela que estava apaixonado, talvez, só talvez, Rose pudesse ver que aquilo ali não era tão bizarro quanto soava! Que eles eram… Eles eram…

— Rose!

Não ligou que pudessem ser pegos. Rose já estava na entrada do Castelo quando virou o rosto para ele, acendendo a luz da varinha.

— Fica quieto — murmurou ela, ainda andando para dentro do corredor do térreo. — Se os monitores nos pegarem, eu rasgo seu pescoço com uma faca de patê.

Scorpius segurou o braço dela que segurava a varinha, forçando-a a parar de vez e encará-lo. Podiam estar no corredor, podiam estar sendo vigiados por mil quadros, porém ele não ligava. Estava louco demais para não dizer absolutamente nada.

— Eu não estou apaixonado por Lily — falou de uma vez, arfando pelo peito acelerado e quase sem ar. — Nunca estive.

Ambos os olhos de Rose cresceram um pouco, e ela mordeu o lábio inferior. Scorpius deu um passo para frente e ficou ainda mais próximo dela, permanecendo com a mão em seu braço. Já nem sabia mais se queria falar para ela a verdade ou se queria beijá-la primeiro.

Beijar. Falar. Beijar. Falar. Para o inferno com decisões!

— Scorpius, eu sei de tudo, tá legal? — resmungou a garota idiota, cheia de soberba e de nariz mais empinado do mundo. Ela nunca, nunca! Dava o braço a torcer! Essa era uma das coisas que o Malfoy mais gostava na Weasley. — Lily é uma garota maravilhosa, gentil e inteligente. Fora que nosso plano só funciona 100% com ela estando ao seu lado. Eu vi como ela te olhava. É fácil olhar para ela também.

— Como? Eu repito: como?! — exclamou e levou um “Shhhhh” de um dos quadros.

Vão conversar longe daqui, pirralhos — rosnou uma das pinturas.

Sempre esse Malfoy maldito! Albus Potter deve estar escondido em algum canto para gritar ainda mais nos nossos ouvidos! — choramingou outro homem de quadro, jogando-se para dentro de um vaso de argila.

Minha dica, garotos, é que subam as escadas — murmurou uma velha senhora num quadro esverdeado. — O Professor Lupin vem aí no final corredor.

Rapidamente, Scorpius sacou a própria varinha do bolso da calça, acendendo a luz da sua ponta numa conjuração ligeira e clara:

Lumus.

Puxou Rose na direção das escadas tão rápido quanto pôde, correndo com suas pernas longas de avestruz no medo de serem pegos por Teddy. Claro, podiam ficar de detenção, mas a pior parte seria perceber que não utilizou aquela situação como poderia. Como deveria!

Um lance de escadas. Dois lances de escadas. Correram juntos até chegarem no terceiro andar e até Scorpius olhar para baixo sem ver e sem ouvir ninguém.

— É melhor corrermos de volta para nossas Casas, Scorp — sussurrou ela, puxando-o pela camisa para longe do parapeito das escadas. — Teddy vai nos deixar de detenção até a formatura se nos encontrar.

— Você pode ter razão.

Ele girou o corpo, tocando as mãos dela para trazê-la para perto de si. Relutante, porém, Rose permaneceu travada enquanto o encarava.

— É, eu geralmente tenho. — Grosseira como sempre, Rose bufou.

— Você pode até ter razão que elas são bonitas e incríveis.

— Olhe lá, eu nunca disse que a Loucaline era essas coisas. — Novamente, ela o interrompeu.

E, novamente, ele tentou se aproximar. Só que desta vez, com sucesso o suficiente para que os corpos próximos ficassem presos na tensão do momento. Afinal, estavam escondidos e eram mentirosos com eles mesmos. As mãos de Scorpius deixaram de segurar Rose pelo braço para tocarem seu rosto e forçarem a garota a encará-lo. E sorriu. Mentir para si mesmo era algo comum demais, já o fizera tantas vezes que perdeu a conta! Entretanto, com aqueles olhos nos seus, aqueles olhos escuros, amargos, cheios de soberba e pompa, não podia mais esconder nenhuma verdade.

— Rose, como diabos eu poderia olhar para elas, para qualquer uma delas, quando você está na minha frente?

Ela abriu a boca. Nada disse. O rosto enrubesceu, e Rose ficou sem saída com o que ele lhe dissera. Na cabeça do loiro estava claro, mais claro que isso só se usasse todas as palavras que poderia, como Madeline fez.

Mas a coragem? A coragem desapareceu no silêncio entre eles.

Não era um grifinório. A quem estava tentando enganar?! Soltou o rosto de Rose e deu um passo para trás, sentindo o rosto ficar tão vermelho quanto o dela, respirando pela boca por subitamente ter desaprendido a usar o nariz e sentindo um redemoinho se formar em seus pensamentos.

Por que começou com aquilo?! Ainda que fosse completamente apaixonado por ela, não significava que seria correspondido! Claro! Havia bem mais fatores envolvidos do que apenas a vontade de se beijarem. Não podia fazer isso com ela, não com ela! Fazê-la escolher entre tê-lo e entre não tê-lo, fazê-la escolher entre aquilo que seus pais lhe mostraram a vida inteira e o garoto com quem conversava há dois meses! Não.

Acovardou-se. Minguou como um acidente de vassoura ambulante. Deu um riso nervoso e foi até o parapeito das escadas novamente, olhando o térreo do castelo por ele.

— Teddy não está vindo, eu acho — falou ele, voltando a ficar de frente para ela.

Rose sacudiu o rosto e pestanejou rápido.

— Scorp, você não pode dizer uma coisa dessas e esperar que eu… Que eu...

Os dois se entreolharam outra vez, mas ela não terminou de falar. Andou na direção de Scorpius com quatro longos passos. O instinto dele falou mais alto que as dúvidas. Completou os passos que faltavam para encontrá-la. Mas quando achou que iriam se abraçar ou, sei lá, enfiar a língua um na garganta do outro! O espaço entre eles foi preenchido pela mão de Rose lhe entregando um pedaço de papel amarelado e amassado.

— O mapa? — Ele soltou o ar com peso, sentindo as mãos tremerem.

— Para você vigiar os corredores e não ser pego no caminho para a Sonserina. — Rose empurrou o papel no peito dele sem encarar seu rosto. Abaixou o dela próprio e mordeu o lábio inferior. — Seria ruim se encontrasse Teddy porque… Precisamos conversar amanhã sobre isso. — O queixo dela se ergueu lentamente até fitá-lo outra vez. Estava com o olhar nervoso, desses que apenas pessoas perdidas têm. — Sobre nós.

O coração disparou, mas o Malfoy assentiu com a cabeça. O dia seguinte seria um dia intenso. Conversar com Albus e conversar com Rose. Precisava pedir socorro a Merlin, Dumbledore e todos os outros bruxos excepcionais da história para que pudesse sobreviver.

Ficou apenas nervoso. Foi o suficiente para tremer um sorriso singelo e envolvê-la com seus braços largos num abraço rápido. Por incrível que pareça, o abraço foi retribuído nas suas costelas. Scorpius beijou a lateral da cabeça de Rose e sentiu um rastro de cheiro de limão fresco no seu cabelo. Era um idiota mesmo.

— Amanhã conversamos.

Afastaram-se com um passo para cada lado, ela indo para cima nas escadas, e ele para baixo. Olharam novamente um para o outro na pouca luz que os cercava, e a ruiva acendeu sua própria varinha com um feitiço em volume quase sigiloso, como os segredos que ele mantinha na própria mente sobre os sentimentos que não sabia expressar.

Acenaram um para o outro numa despedida quase sem querer, no entanto Scorpius permaneceu a observar a garota dos seus sonhos girar os calcanhares e começar a subir as escadas.

Perguntava-se se um dia teria coragem, se seria egoísta de pedir que ela olhasse apenas para ele. Aí pensava na conversa com Madeline, nas comparações com Jasper Wood. Não sabia se Rose ainda o amava. Amava? Ela dizia amar. Dizia que ficariam juntos quando ela se formasse, que as coisas seriam um verdadeiro sonho. Era irônico. Os sonhos dele pegavam fogo por ela, e os dela iam de encontro a outro cara, um cara que Scorpius já julgava ser um problema pela forma como lidou com a situação de Maddie e de Rose.

Mas o mundo dá voltas. Esperou um mês inteiro do dia em que se descobriu apaixonado por Rose até chegar naquele ponto, podia esperar mais um pouco. Mais muito. Mais era o suficiente. Olhava para ela subindo as escadas com esse pensamento em mente. Primeiro precisava se resolver com Albus, dizer a ele que sentia muito e remendar como pudesse a amizade dos dois. Depois ia ver o que fazer com relação à Weasley. Em terceiro, precisava estudar DCAT. Dezembro estava na porta, e as provas viriam todas para ferrar com seu psicológico e com sua organização de estudos.

Scorpius deu um último suspiro e quase se virou para ir embora também. Seus olhos perceberam que Rose parou de andar e pôs as mãos sobre a boca, alargando o olhar em choque no meio da escadaria.

Algo aconteceu!

A princípio, Scorpius não compreendeu o que ela vira, apressando-se em ficar ao seu lado. Com largos passos e um bocado de susto, alcançou-a! Porém, sua visão apenas tomou foco com o clarear que ambas as carinhas fizeram sobre o chão.

Um corpo estava esparramado, caído e desacordado, na extensão de vários degraus, tendo os braços estirados e sem tônus algum. Estava pálido e boquiaberto. Pior, os cabelos vermelhos e longos denunciavam a dona do corpo, causando um aperto em toda a alma do rapaz.

Lily Luna Potter estava desmaiada nas escadas de Hogwarts no meio da noite.


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Notas finais do capítulo

Então, gente! Eu realmente demorei para voltar. Estou devendo um capítulo desde novembro do ano passado! O plano antes era dar o gás nas férias e escrever bastante, quem sabe até chegar no natal da fanfic junto do natal da vida real kk. Infelizmente, muita coisa aconteceu na minha vida em off. O final de ano mostrou que eu tinha um lado que eu mesma não reconhecia e me fez ir atrás de ajuda psicológica para lidar com esse lado. As férias foram cheias de turbulências e até um pouco difíceis, por isso acabava não tendo ânimo nenhum de escrever AaM que sempre tem um clima muito tranquilo e divertido. Muita coisa precisou ser trabalhada em mim nesses últimos meses, então provavelmente algumas coisas na minha maneira de escrever também mudem! Espero que entendam minha ausência de verdade e desculpem o meu jeito desastrado de não ter respondido todos os reviews. Vou me esforçar para até o final da semana ter respondido todos, até os de dois meses atrás kk.
Espero também que não desistam de mim! Sei que tenho um sumiço aqui e ali, mas eu amo muito Aprendendo a Mentir para não concluí-la. Vai dar tudo certo, gente! Hahahaha juntos nós somos mais!
Muito obrigada por me acompanharem até aqui e por terem atingido comigo a marca dos 300 comentários! Vocês são incríveis!!!!