Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 25
Capítulo 24 — Cabeça quente e água fria.


Notas iniciais do capítulo

O capítulo não está grande, está ALÉM! Mas eu tô realmente feliz por ele. Não só por ele, mas pela DELICIOSA recomendação que Aprendendo a Mentir recebeu esses dias da lindíssia Isa Hayley (u/776142/). Cara, sério! Eu fiquei babando horrores essa recomendação ♥ tá muito cheia de amor e carinho pelos personagens da fic. Esse capítulo é dedicado a você com muuuuuito agradecimento!
Mas vamos ao que interessa hahaha. Eis que o plano de Nate é posto em prática. Veremos o que acontece com nossa dupla dinâmica!
Boa leituraaa!



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Capítulo 24

Cabeça quente e água fria.

Albus

 

“James está te procurando” foi o que Lily Luna disse quando encontrou com o irmão no Grande Salão. Claro, Albus Severus Potter deu um jeito de correr para o outro lado da escola na mesma hora. Não estava com paciência para lidar com James Sirius e nem com suas conversas sempre tão iguais e tão idiotas. Na verdade, não estava com paciência para nada e para ninguém naqueles últimos dias. Queria ficar na sua e evitar a todo custo contato com mais uma pessoa que pudesse lhe julgar.

Os dias estavam… Difíceis. Não apenas difíceis, estavam tristes. Vazios. Albus parecia um animal ferido, ainda mais com Roxanne, que sempre o escutava. Toda vez que estavam juntos, e ela era a única que realmente queria ficar ao seu lado, o menino Potter arrumava um jeito de cutucá-la de alguma forma. O que era ruim! Ele sabia disso, mas não conseguia parar. Tudo que aconteceu nos últimos dias não foi realmente querendo. Não queria brigar com Scorpius. Não queria ter acertado Alice. Por Merlin, queria se jogar do alto do castelo pelo que fizera com Alice! Nunca se perdoaria, ainda que não tivesse sido sua intenção.

Dez dias inteiros se passaram desde o incidente, e lá estava Albus Severus, deitado na grama próximo à cabana do guarda-caça, matando aula com um resto de maçã na mão. Se o descobrissem, talvez seria até bom. Ficaria de detenção e não precisaria se preocupar com ninguém mais pegando no seu pé. Ainda mais se a detenção tivesse um pedaço de bolo de chocolate com cobertura.

Quando estava triste ou abalado, comia descontroladamente. Comida foi o que Albus Potter desejou do fundo de seu coração, não uma intromissão repentina no seu sossego.

A visão do céu e de suas nuvens foi subitamente tapada por um cabeção o encarando. O garoto sonserino cerrou os olhos ao identificar a peça. Não adiantou fugir. James Sirius o encontrou.

— Não sabia que vocês do sexto ano tinham sido liberados das aulas mais cedo. — A voz do irmão o fez querer resmungar. — Lily não avisou que eu estava te procurando?

— Avisou. Acho que só nos desencontramos — ironizou sem arrependimento.

Albus ergueu o tronco para se sentar, quase indo embora. Porém, James sentou-se ao seu lado, apoiando o braço num joelho erguido. Era só o que faltava, ele queria virar irmão.

— Você mente melhor do que isso — murmurou com calma, olhando para o horizonte. Albus suspirou. Agora precisava ficar. — Eu soube que você e o Malfoy estão sem se falar. O que aconteceu?

Os olhos esverdeados do garoto encararam o outro, cujas orbes eram praticamente iguais.

— Veio comemorar? — Novamente ríspido. Sabia que estava agindo como agia com Roxanne, mas não conseguia parar de pegar na ferida dos outros. A sua ardia demais.

— Vim por curiosidade. Soube também do que aconteceu com a Alice.

Alice! James Sirius era da droga da Grifinória! Ele com certeza descobriu isso logo no primeiro dia, mas só foi falar com o irmão agora! A raiva que começou a subir em Albus só não era maior que a angústia da lembrança do rosto que Alice Longbottom fez naquele fatídico dia. Então, voltava o pensamento de se jogar do alto do castelo. Era um imbecil mesmo.

— Já faz dez dias que isso aconteceu, James. O que você quer?

Então, o garoto o encarou. Sendo bem honesto, não era como se eles brigassem vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana. Eles simplesmente… Não sabiam conversar. James não o respondeu com aquilo, apenas voltou a olhar para frente, provavelmente refletindo o que estava de fato fazendo ali. Como Albus pensou, não era como se eles apenas brigassem, eles só não se entendiam. Devem ter passado mais de dois minutos em silêncio antes que uma lâmpada acendesse na cabeça do mais novo.

Se agora a única pessoa além de Roxanne que estava disposta a ficar perto de Albus Severus era James, algo estava muito errado. Tipo MUITO errado.

— Sabe, eu estive pensando em algo nos últimos tempos depois de uma carta de mamãe — murmurou o grifinório. — Lily é a favorita.

Um quase riso escapou de Albus.

— Ela é a mais nova, a única menina e a mais normal, claro que ia ser a favorita.

— Não esqueça que a gente tem deméritos. Eu sou o problemático, e você é o estranho. — James voltou a olhar para o irmão naquele instante, fazendo-o cogitar até onde queria chegar com aquela conversa. — Quer dizer, você é da Sonserina, é amigo de um Malfoy, fez quatro vezes mais traquinagens na escola que eu e foi expulso do Clube do Slug. — A cara de Albus se fechou mais e mais para cada item da lista do irmão. Se ele queria que os dois rolassem na grama socando a cara um do outro, bastava dizer, não precisava fazer rodeios. — Ainda assim, papai sorri para você de um jeito diferente.

— Diferente?

James assentiu com a cabeça.

— Acho que é porque você consegue ser mais original que eu.

— Pensei que estava aqui para descobrir o que estava acontecendo comigo, não para se fazer de coitado — resmungou Albus, cerrando os olhos. — Aonde quer chegar?

— Já que você não falou nada, abriu espaço para o meu lamento. — Ele deu de ombros e desviou a atenção para as árvores.

Não falaram mais nada por alguns instantes. O que foi completamente estranho e quis fazer Albus chacoalhar o irmão para que desenbuchasse o que estava fazendo ali! Ele estava fazendo suspense com uma das pessoas mais ansiosas da escola, que simplesmente odiava ficar tanto tempo em silêncio! Isso não se faz!

A verdade era que Albus e James nunca foram tão diferentes. Engraçadinhos demais para seu próprio bem, cresceram tão próximos na idade que compartilhavam gostos parecidos demais, como o quadribol, as tortas de mirtilo de Ginny e de vovó Molly, os álbuns de figurinha e até mesmo a admiração por basicamente tudo que Teddy e Victoria faziam — não que isso fosse muito diferente dos outros primos, quando eram mais novos todos se sentavam no chão para escutar as aventuras dos dois nos intercâmbios pelo Brasil e por Uganda. A diferença veio quando James entrou em Hogwarts mesmo. Na escola, ele era outro, um cara cheio de pompa e que queria mostrar sempre como era O filho de Harry Potter. Acabou que Albus pegou abuso de tudo isso, tentando arrumar sua própria identidade com seus bons e velhos bordões de “10 pontos para a Grifinória”.

Vezes por vezes, pegou-se imaginando como seria melhor se não fosse o pai deles quem tivesse salvado o mundo bruxo anos atrás. Parte de si achava legal a glória e tudo mais. Outra parte simplesmente se rebelava ao máximo para não seguir os passos do Chefe dos Aurores. Aí começava a explodir coisas e lugares, para o desespero de McGonagall. E pior, rebelava-se porque todo mundo fazia seu sangue parecer a coisa mais importante do mundo.

Até Scorpius pensava isso quando o lembrava que seu pai era Harry Potter. Mas não era isso tudo! Ele sabia da história de seu pai, sabia das coisas que ele fez quando estava na escola, das lutas que teve fora dela principalmente.

— Papai não é tão diferente com nós dois. Tudo bem que ele não concorda com o seu jeito de reagir na maior parte do tempo, mas ele te admira de outras formas. — Ponderou por um momento e riu para si mesmo. — Ele até te protege quando a mamãe surta.

James riu junto.

— Dá até para escutar a voz dela…

— “A culpa é daquela parte do Voldemort que você tinha!” — gritaram juntos, lançando os braços com objetos imaginários para imitar Ginny Weasley com ódio. A cara dos Potter certamente tinha uma veia Weasley forte.

E riram até pouco a pouco voltarem a ficar em silêncio. Em meses, aquela foi a melhor conversa que já tiveram e nem tinham passados mais que oito minutos nela.

— Papai sempre diz que você parece com ela. Tome isso como um elogio, chorão. — Albus chutou o pé do irmão para chamar sua atenção. — Mas só porque você é da Grifinória. Se tivesse caído na Sonserina, ia ser pior que eu.

— Taí algo que eu nunca entendi: você na Sonserina — falou James com a voz mais anasalada, claramente desdenhando um pouco da casa do irmão, mostrando os dedos para enumerar seu argumento: — Você não é do tipo que prefere ficar sozinho, adora ser o centro das atenções e definitivamente não é lá muito tradicional. Fora que não é uma pessoa ruim. Ia se dar muito bem na Grifinória.

Albus sorriu de verdade. Anos atrás, fez o mesmo questionamento com seu pai. Deve ter sido logo depois da seleção das casas, mandou sete cartas para o pai, uma seguida da outra. Para ser bem sincero, chorou um bocado quando o Chapéu Seletor anunciou que o colocaria na Sonserina. Ninguém viu ou soube, mas era algo bem difícil para ele aceitar que James estava certo quando ameaçava que ele iria parar na casa das serpentes.

Ainda bem que o Chapéu Seletor não levou em conta o que Albus lhe pediu. Se tivesse levado em conta, a mente do jovem Potter seria outra. Seria, talvez, como a de James. Quem sabe, pior.

— Sonserina não é só maldade, James. Sonserina é… — Olhou para cima e suspirou, lembrando-se das palavras de seu pai. O pensamento imediato veio: É, ainda bem que eu sou filho dele. — Uma vez, papai me disse que ser da Sonserina é coisa de espertos. Esperteza não é ruim quando a usamos para nos divertir ou para o bem dos outros. Sair por cima não é ruim quando coisas boas surgem em consequência. Ambição, determinação e essas coisas que podem ir pro lado do mal não têm que necessariamente ir, se liga? O mundo precisa de líderes tanto quanto precisa de pessoas gentis, inteligentes e corajosas. — Aquelas eram as palavras de Harry, e Albus ainda tinha a carta que o pai lhe escrevera com elas. Quando tinha dúvidas sobre si mesmo, lia cada uma das frases e se olhava no espelho. 10 pontos para a Sonserina. — Eu realmente gostei de ir para a Sonserina.

James apenas assentiu para cada parte do discurso do irmão, sorrindo com o final dele.

— E a Sonserina, infelizmente, te deu um melhor amigo. — Eis que ele suspirou e se virou completamente para Albus. — O Malfoy representa muita coisa que eu odeio nesse mundo. A família dele tem a pior história com bruxos das trevas, ele constantemente se engraça para cima da Lily e, o pior de tudo, ele conseguiu se tornar seu melhor amigo mais rápido do que eu aprendi a soletrar Araramboia. E quanto mais eu tentei afastar vocês, mais fui fechado da sua vida e da vida de Lily. Acredite ou não, mas essas coisas também doem e fazem com que eu me arrependa um pouco. — Sorriu. James realmente sorriu com a afirmação, saudoso de si mesmo. Parecia até que acreditava nas palavras que estava falando! Para a surpresa de Albus, que tinha a cara completamente retorcida de choque pelo que escutava, soava até como algo genuíno. — Queria que fôssemos mais amigos, irmão.

Em qualquer outro momento, o jovem Potter iria soltar um palavrão com um “Não mesmo!” e sair correndo dali para contar para Scorpius da fumada bem lombrada que seu irmão mais velho deu para dizer aquelas viagens. QUE viagens! Só que depois da semana que teve, tudo ficou mais nublado ao seu redor. Nublado o suficiente para que não saísse correndo e nem fizesse careta. Afinal, não tinha para quem correr.

Aquele foi o momento chave em que Albus deitou-se na grama de uma vez. Não ia dizer para James “ah, isso é impossível porque você é um ser humano terrível”, não! Eram irmão, gostavam das mesmas coisas e até mesmo tinham convivências quase normais quando era mais novos. Fora que se Scorpius havia se tornado amigo de Rose, nada era impossível nesse universo. Não era como se James Sirius Potter e Rose Granger-Weasley fossem pessoas tão diferentes assim.

Só que a referência de amizade era o que Scorpius e Albus têm. Scorpius sempre teve uma vida meio sofrida, os preconceitos na escola e fora dela aconteciam com ele bem frequentemente. Albus era privilegiado nesse sentido. Ainda que derrubasse uma torre do castelo de Hogwarts, as consequências para ele nunca seriam como as consequências para Scorpius. Quer dizer, isso antes da briga dos dois no corredor. Agora, era Albus quem estava fugindo dos olhares e era Albus quem estava sendo excluído por suas próprias ações, não por herança de um nome.

Os dois eram diferentes, mas ao mesmo tempo eram melhores amigos. Isso Albus nunca poderia esquecer, nem mesmo quando sabia que havia pisado na bola — se havia algo que odiava era admitir que estava errado. O que significava que James também merecia novas chances. Aquela pergunta significava isso, não era? Ele queria uma nova chance também.

— Você é meu irmão, James — disse deitado, levando os olhos para o mais velho. — Não importa quantas brigas a gente já teve ou vai ter, também podemos ser amigos.

Foi quando levantou o braço com o punho cerrado, oferecendo-o a James. O irmão olhou para a mão de Albus e deu um leve riso, fechando a sua própria e batendo soquinho com soquinho.

— Me desculpa por sempre pegar no seu pé e do seu amigo — confessou e se deitou na grama também. — Acha que vão voltar a se falar?

— Sinceramente, eu não sei. — Albus suspirou com as palavras que simplesmente flutuaram para fora da sua boca. — Ele foi um idiota, mas eu acho que fui o pior de todos. Se tivesse dito antes o que estava sentindo, acho que as coisas não teriam chegado onde chegaram.

— Mas isso é remediável, não é?

Albus não moveu o rosto. Queria que fosse remediável. Do fundo do seu peito agitado, queria poder fazer algo em relação a eles. Mas a partir do momento em que gritou com Scorpius e disse todas aquelas coisas, provavelmente o amigo estaria melhor sem ele. Pouco importava já estar de bem com o resto da turma. Se estava mal com seu melhor amigo, estava sozinho.

— Eu tenho medo que não… — O peito doeu ao falar aquilo tanto quanto sua cabeça girou, mesmo estando deitado. — James, eu fui muito escroto com ele desde o início da nossa conversa. E por mais que eu tivesse percebido isso, não dava para parar! Tinha que falar tudo que tinha guardado! — Ergueu as mãos, gesticulando de um lado para o outro. — Ele mentiu para mim e agiu como se eu fosse ficar com raiva enquanto só me deixava de lado, e eu simplesmente explodi com tudo! Como um verdadeiro Potter!

— Acho que a veia de explodir veio da mamãe, mas tudo bem.

— Só que eu consegui ser pior do que todas as pessoas que a gente caçoava antes. Soltei tudo que tava na garganta de um jeito que nem mesmo Dumbledore iria me perdoar — murmurou mais calmo. O peso ainda batia em seu corpo com a declaração. Sentia-se estúpido por lembrar como feriu Scorpius ao invés de só declarar que estava se sentindo sozinho. Era mesmo um animal ferido. — Mas a pior parte de todas foi ter machucado Alice. Não foi querendo, não foi intencional, mas eu a machuquei. Nunca vou me perdoar por ter afastado eles dois de uma só vez.

Escutou um suspiro de James ao seu lado e mordeu a própria boca. Não iria chorar, mas os olhos logo logo se encheriam de água se continuasse falando o que sentia. Estava tudo errado, e não sabia por onde começar a remendar os retalhos da sua dignidade.

— Se é perdão que você quer — disse James. — Eu te perdoo. Perdoe a si mesmo, eles também vão te perdoar.

A mordida na boca ficou mais forte a ponto de dar realmente dor ao rapaz. Havia orgulho em pedir perdão, claro. Entretanto, a parte mais difícil era realmente perdoar a si mesmo. Queria ser sua melhor versão e não sabia como chegar nela realmente. Porque se não fosse ela, provavelmente todos perceberiam que Albus não era nada nem ninguém demais para sentirem falta.

— Se eu pedir perdão — sibilou, mas foi escutado pelo irmão mais velho — será se irão me perdoar?

— Você disse por si mesmo, esqueceu? O que há entre o Malfoy e você está além da amizade, são quase irmãos. Essas coisas não mudam de uma briga para a outra, ainda mais brigas envolvendo o físico que vocês não têm. — James riu, conseguindo pescar até mesmo um sorrido de Albus com o que disse sobre o físico. Realmente, não deve ter sido uma briga bonita de assistir. — Você só precisa ir falar com ele com calma, sacou? Que nem eu vim hoje.

Ele assentiu com a cabeça, ainda que outro não lhe visse por estarem deitados.

— Inclusive, quem foi que te abduziu para estar sendo tão legal assim? Não me leve a mal, não estou achando ruim, mas devo me preparar para segunda que vem você voltar a ser um troglodita?

— Foi a Roxanne. — James ria baixo com a ideia. Porém, não negava ser um troglodita. — Nunca achei que você fosse querer conversar comigo ou que a gente ia ter esse tipo de troca de ideias, ela quem sugeriu do nada.

— Louca.

— Concordo, louca. — Deu de ombros. — E acabou sendo eficaz. Quem sabe ela não me ajuda a ser menos troglodita para não decepcionar você e Lily próxima segunda. Prometo não bater no Malfoy até minha formatura se vocês fizerem as pazes.

— Se o papai superou um professor escroto e botou o nome dele no próprio filho… — Albus apontou para si mesmo. — A gente supera você ter arrastado o Scorpius no chão algumas vezes nos últimos anos. Só precisa continuar com sua honestidade que Ginny Potter tanto gosta, só que sem a parte da… Brutalidade.

James riu com o comentário.

— Honestidade brutal. Cara, eu sou uma das pessoas menos honestas dessa escola. — Albus escutou e maneou com a cabeça. Não tinha pego seu irmão em mentira ainda, não como ele e os amigos mentiram, ainda mais para se safarem de detenção. — Mas se é para ser honesto, tudo bem. Eu sou gay.

Como?

As sobrancelhas de Albus imediatamente se juntaram, como se fossem imãs grudando num único segundo. Ele ergueu o tronco e encarou James com a intensidade de mil sóis nos olhos, enquanto o irmão simplesmente continuava olhando para o céu. Como se tivesse dito que, que, que, que, que comeu pão no café da manhã!

— Como?

James o olhou para a cara meio perplexa de Albus e chegou a piscar duas vezes de surpresa. Os dois se encararam sem saber o que fazer. O que havia acabado de acontecer?

— Eu… Sou… — A voz dele saiu quase falha.

— Gay. — Os olhos verdes de Albus tinham dois grandes pontos de interrogação. Porém, eles não eram pelo tipo da declaração. Eram porque simplesmente veio DO NADA. — Cara, é sério isso? Eu dou na sua cara se for mentira.

Rapidamente, James levantou o tronco para se sentar também, rosnando:

— Eu tenho cara de quem tá mentindo com isso?

Albus não teve resposta. Torceu o queixo, olhou para um lado, pro outro e de volta para o irmão. James Sirius era gay.

— Foi mal! É que você me pegou de surpresa mesmo. — Começou a falar, tentando não parecer confuso. — Quem mais sabe?

Foi assim que ele pela primeira vez ficou com uma expressão desconfortável, quase envergonhada.

— O Fred sabe. Contei para ele ontem.

Albus assentiu com a cabeça e suspirou, passando a mão no cabelo. James Sirius havia acabado de confiar ao irmão com quem sempre brigava um de seus maiores segredos. Essa ideia de irmandade que Roxanne Weasley implantou realmente funcionava, então!

— Eu não fazia a menor ideia. — Moveu-se rapidamente para a frente do outro, encarando-o rosto a rosto. James era maior que Albus, mas os dois se pareciam no formato do rosto e nos cabelos escuros. Isso fora os olhos. Os olhos eram os mesmos de Harry e de Lily Luna. — Estou feliz se você estiver feliz. De verdade! E se tiver medo de contar para a mamãe e pro papai, eu também tô aqui para dar qualquer apoio.

— Valeu. — James começou a rir baixo com as sobrancelhas juntas. — Acho que as coisas estão sob controle. Quando chegar a hora certa, eu conto pros nossos velhos e para a Lily.

Uou era o que vinha à mente de Albus. Apenas uou. Se alguém lhe dissesse que seu irmão lhe contaria um segredo naquele ano e daquela forma, ele nunca acreditaria. Estava realmente feliz por ter recebido aquilo como um ato de confiança.

Todavia, ainda que tivesse trinta anos de experiência em receber segredos, ele provavelmente nunca deixaria de zoar com eles.

— Ah, então é por isso que você sai batendo nas pessoas sem explicação, né? Reafirmando masculinidade heteronormativa de fachada… — Albus encarou James, que estava com uma expressão completamente confusa. — Cedo demais para as piadinhas?

— Fico feliz que o seu lado mais idiota esteja de volta.

— Ele nunca sumiu, só estava adormecido.

Não que a brincadeira sobre a agressividade desmedida não tivesse lá um fundo de verdade. Fazia sentido se esse fosse o motivo.

— Isso significa que você e Scorpius Malfoy vão voltar a se falar?

O rosto de Albus maneou de um lado para o outro. Fazia dez dias desde que as coisas erradas entre eles tinham atingido o ventilador e se espalhado desesperadamente pelo resto do mundo. Até James havia percebido que havia murchado de alguma forma. Albus Severus nunca foi melancólico e nem gostava da ideia de andar triste por aí como há algum tempo estava fazendo.

— Roxanne realmente fez uma lavagem cerebral em você. — Albus riu.

— Alguns dias atrás eu meio que me distanciei do meu melhor amigo por uma briga idiota — murmurou com o olhar distante. — Quando a Roxanne me falou do que estava acontecendo, isso meio que pegou no meio calcanhar de Aquiles. Não queria que isso acontecesse com você também. Chame de lavagem cerebral se quiser.

Estranho. Não tinha prestado atenção que James estava brigado com alguém. Na verdade, não prestava atenção em James Sirius há muito tempo. O que fez Albus se perguntar se estava do mesmo jeito com Lily Luna, perdendo a vida dela.

— Achei que o seu melhor amigo era o Fred. Ou é um amigo tipo namorado?

Ele negou com a cabeça.

— Outro dia eu te conto sobre esse cara. — Parou um momento em silêncio, umedecendo os lábios antes de voltar a olhar para o irmão. — O negócio é que a gente brigou por uma estupidez da minha parte. Eu estava com raiva e com medo que descobrissem o meu segredo, acabei descontando nesse amigo também. E eu nem sei o que está acontecendo direito com a gente. Acho que ele não vai mais querer olhar na minha cara.

Tanto para um quanto para o outro, era hora de mudar aquela situação.

— Vou pedir desculpas ao Scorpius hoje. Já está na hora de essa confusão toda acabar — declarou por fim, recebendo um balançar de cabeça de James antes de ambos se levantarem com uma boa espreguiçada. — Você deveria falar com seu amigo também.

Deram outro soquinho um para o outro. Se seus olhos conversassem, diriam um para o outro que as coisas iam ficar melhores tanto entre si quanto em suas situações individuais. Parecia que tinham feito um pacto ou algo do tipo. Mesmo que não fossem melhores amigos, eles eram… Irmãos, afinal.

— Por sinal... — James piscou rapidamente um tanto quanto relutante de continuar a falar. — Já que agora somos os Potter-que-não-brigam 24/7, você percebeu que a Lily também anda estranha?

.

Scorpius

 

Era outono e estava frio. Tão frio, tão frio, mas tão frio! Que dava para tremer os queixos próximo ao Lago Negro. Porém, mesmo que estivesse nevando, Scorpius não aguentava mais ficar dentro do Castelo, ainda mais quando chegava o final da aula de Transfiguração e o garoto se via completamente perdido sem ter Albus por perto para comentar que o Professor Jon Akilah estava cobrando algo que ele estava muito interessado. Ou que Slughorn provavelmente iria pegar no seu pé por não ter concluído a tempo um dos registros de treino de poções da semana. Ou até mesmo que Herbologia estava começando a ficar legal.

Não tinha Albus. E agora, até Roxanne estava querendo ficar longe dele. Tudo bem que o resto dos colegas de turma subitamente o achavam divertido e interessante, alguns até mesmo pediam para sentar ao seu lado na hora dos exercícios, mas isso não era suficiente. Scorpius nunca quis ser popular daquela forma, a custo do que tinha antes.

Dez dias se passaram, e lá estava o rapaz loiro fugindo de tudo e de todos. Levou uma manta bem fofinha para perto do Lago, estendendo-a com um dos livros de Transfiguração em mãos e uma maçã bem vermelha para lanchar. Queria estudar para tirar de perto de si o pensamento sobre a briga com o Potter. Estava literalmente tentando de tudo sem sucesso.

Àquela altura, não sabia mais nem dizer como as coisas tinham dado tão erradas.

— Você parece solitário.

Ouviu uma voz característica de seus melhores sonhos e piores pesadelos vindo por trás de si. Scorpius não evitou quase pular no próprio lugar para olhar para a dona dela. E lá vinha Rose Weasley com sua farda bem passada de camisa branca por dentro da saia de pregas. Ele se sentiu um inútil por estar com frio, mesmo vestindo seu moletom e tudo.

Só que aquela era a primeira vez que dirigiam a palavra um ao outro direito nos últimos dez dias também, desde que ele a chamou para tomarem um chá em Hogsmeade.

Quem chama outra pessoa para tomar um chá?! Perguntou-se somente ali. Não tinham mais falado sobre outra coisa relacionada a eles dois simplesmente porque Scorpius estava em tempos sombrios envolto de tantas outras pessoas que nunca esteve antes.

Aí a escuridão bateu novamente.

— Talvez eu queira ficar sozinho — respondeu o rapaz, voltando-se novamente para seu livro. Nem deu tempo ler uma frase sobre desfazer feitiços de cura malfeitos. Rose surgiu ao seu lado e pigarreou para chamar a atenção dele. — Posso ajudá-la?

— Posso ajudá-lo? — Ela repetiu.

Os olhos de Scorpius subiram e encararam os escuros olhos de Rose Weasley, e a sua expressão mais serena. Estava estranha. Muito estranha.

— O que está fazendo aqui?

— O que está fazendo aqui?

Certo, aquele jogo de repetição estava começando a pegar nos nervos do Malfoy, que fechou o livro se se levantou para encará-la direito. Não que a diferença de altura deles fosse pequena, mas era suficiente para que Scorpius não se sentisse tão abaixo por estar sentado.

— Sério, o que foi? — disse, encarando o rosto sardento dela e seus cabelos ruivos alisados.

Mas ela? Ah, Rose Weasley… Rose sorriu de forma irônica, balançando a cabeça ao se recostar de lado na árvore em que ele estava apoiado com seu livro.

— Bem que a Roxanne disse que você está estressado — falou sutilmente. — A briga com o Albus te deixou assim?

Se ela tinha acordado naquele dia com o espírito maligno de pegar no pé dos outros, tinha acertado em cheio o sal na ferida aberta do garoto.

— Albus é um idiota — resmungou, cruzando os braços e desviando o olhar dela. — Por favor, não vamos falar dele.

Rose moveu o rosto procurando pelos olhos dele, forçando-o a encará-la novamente. Então, sorriu.

— Mas eu vim até aqui justamente para falar com você sobre ele. Roxie me pediu para te convencer a fazer as pazes. — Ela pausou um instante, olhando para cima, provavelmente querendo adicionar suspense à situação. Quando finalmente voltou a olhar para o rapaz, quase o assustou. — Mas eu acho que deveriam continuar separados.

— Como é que é?

Ele não acreditou nas palavras que saíram da boca de Rose. Não havia a menor chance de ela realmente pensar aquilo, havia?

— Pense comigo, Scorpius. — Rose começou, dando dois passos ao redor do rapaz. — Desde que vocês pararam de se falar, sua popularidade apenas cresce, você nunca foi tão amado quanto agora, e as pessoas da escola realmente querem ser suas amigas. Albus é burro como uma porta e ainda conseguiu a proeza de brigar com você na frente de muita gente só para mostrar para elas o quanto você, Scorpius, é mais legal. — Então parou do outro lado dele com a sua cara mais cínica. —  Não acha que é bom ficarem separados?

Scorpius não soube como reagir. Apenas sentiu o queixo ficar mais leve e simplesmente cair. Rose foi a causa da briga e agora estava estupidamente dizendo a ele que deveria permanecer longe de Albus.

Espera. Ela realmente foi a causa da briga?

A mente de Scorpius voou longe com aquilo. Quer dizer, o plano dela foi o que os distanciou, mas eles que pediram por aquilo. E ainda que Rose realmente estivesse como o centro de toda atenção de Scorpius, poderia culpá-la por isso?

— Rose, eu não tô num bom momento para discutir essas coisas. — Ele suspirou e deu de costas para a garota, começando a andar na direção do lago.

Claro, de nada adiantou porque ela o seguiu.

— Pense comigo, Scorpius! Sem Albus no caminho, você seria coroado o rei da Sonserina que nem Nate Parkinson! Teria glória, garotas, notas e atenção suficiente para ser admirado por seu pai como nunca!

Não conseguiu evitar encará-la depois da afirmação. Estava sorrindo como uma garotinha colhendo flores, quase saltitando enquanto falava. Nem parecia que da sua boca saía algo pior que veneno de basilisco.

— O que você ganha com isso, Rose? Você nunca foi contra a minha amizade com Albus. Por que isso de repente?

— Uma garota não pode admirar a ideia de ver seu plano concluído? — Então, fez um bico com os lábios em deboche. — Não fica tristinho, logo logo vai ver que eu estou certa. Eu sempre estou certa.

— Quer parar com isso? Por Merlin, as coisas não são assim.

Se aquele momento pertencesse a um cartoon, Rose seria a pessoa jogando lenha na fogueira infernal que consome almas do purgatório bruxo. E teria uma garrafa de querosene para piorar a situação. Talvez tivesse também carvão para jogar e algumas virgens para sacrificar. Ela estava com chifres endemoniados saindo dos cabelos e um tridente para enfiar seus sonhos no fogo e fazer churrasco.

— E elas são como? Com você aceitando seu melhor amigo ficando cada vez mais distante sem mover um dedo para acertar os problemas de vocês?

Os dois trocaram olhares. Então era isso que ela estava tentando fazer? Cutucar Scorpius até que ele abrisse o jogo? Queria que ele defendesse Albus? Ah, psicologia reversa não serve quando o alvo vê claramente seu objetivo por trás de tantos insultos. O tiro saiu pela culatra, pois só fez o rapaz começar a ficar vermelho e procurar por fôlego para não explodir.

— Rose, eu juro pelos céus, se você não parar de falar no Albus, eu vou…

— Vai o quê? Chorar? — Ela o desafiou, colocando as mãos na cintura. — Albus e você deveriam ser inseparáveis e ainda assim quebraram por uma bobagem de nada — bufou como se fosse realmente superior. — Parece que a amizade de vocês não era grande coisa então. Até porque precisamos considerar as famílias inimigas juramentadas. Não há como escapar desse destino cruel, nem mesmo Romeu e Julieta conseguiram.

Aquilo. Foi. A. Gota. D’água.

— Qual é o seu problema, garota?! — Scorpius rosnou de olhos grandes e praticamente em chamas de raiva. Sabia que ela queria pegar no seu pé, mas a raiva estava muito maior do que ele poderia conter! — Encarnou de verdade Grindelwald e Voldemort dessa vez?! Achei que tinha deixado seu pior lado no passado!

Girou os calcanhares e começou a andar para o outro lado, sendo novamente perseguido até que Rose se colocasse na sua frente. O que diabos havia acontecido para ela estar subitamente tão INSUPORTÁVEL?!

— Ah, não vai escapar de mim tão facilmente! — Ela riu, pestanejando. — Preciso me certificar de que não vai correr atrás de Albus de forma alguma. Ele não te merece, sabia? Não merece a sua amizade e todo seu empenho de anos!

Ele espalmou as mãos no rosto, respirou bem fundo para se acalmar e contou 1, 2, 3, 4, 5…

— Quer dizer, ele nunca fez nada direito, né? — Rose continuou sem pensar duas vezes. — Albus se encostou em você a vida inteira, te fez de gato e sapato para tirar proveito da sua inteligência e deixou que te chamassem de “Sombra do Albus” desde o primeiro ano. Nunca se perguntou o motivo de você mentir para seu pai com a popularidade? Estava se comparando com Albus o tempo inteiro por coisas que ele colocou na sua cabeça!

6, 7, 8, 9, 10, 11, 12… E ela não parava:

— Mas a melhor parte é que você sempre rastejou aos pés dele. Dele, do James e da Lily. Qual o seu problema com os Potter? É alguma demência que herdou do seu pai comensal? Ou foi o Albus que colocou na sua cabeça que deveria ser amigo dele para se redimir disso também? Claro, faz sentido! Albus Severus Potter não é nem um pouco estúpido de deixar seu pequeno capacho pensar por si só.

Foda-se a contagem!

O garoto urrou para o céu antes de voltar a encarar Rose. Desta vez, estava tão enfurecido que até mesmo a viu tomar um leve susto e dar um passo para trás.

— Cala a boca. — Foi o que conseguiu dizer. — E não me segue mais.

Rapidamente, os pés dele se moveram para tirar seus sapatos e deixá-los ali. Subiu a barra da calça e saiu andando na direção do lado, entrando na água por imaginar que era o único lugar que ela não o seguiria com seus discursos incansáveis. Podia estar gelado o quanto fosse, mas Rose nunca entraria ali. Tinha que fazê-la desistir de qualquer forma, nem que precisasse sair nadando para longe.

— Scorpius, volta aqui! Eu ainda tenho mais dez minutos de coisas para te falar sobre o Albus ser imprestável e insuficiente para ter a sua amizade!

Fingiu que não a escutou. Cruzou os braços, olhando para a extensão do lago, e tentou respirar mais uma vez. Ao fundo, a voz dela ainda gritava agudamente vários insultos gratuitos e desmedidos. Estava trinta vezes pior que no início daquele ano — ou que em todos os outros anos de Hogwarts que estudaram juntos. Se é que era possível!

— Então não vai me responder?! É assim que são as coisas agora?! Ótimo, porque eu posso continuar gritando sem nunca me cansar até que alguém chegue aqui e veja “NOSSA! Como esse Scorpius Malfoy é babaca em não responder a doce e graciosa Rose com seus gritos! Deve ser um babacão mesmo! BABACA! BABACA!”

Scorpius virou só o rosto com uma expressão confusa.

— Rose, eu já disse para cala a boca! — gritou, dando mais dois passos na água e sentindo que ela já pegava no amarrado das calças em seus joelhos. — Por Merlin, você não consegue dar espaço quando alguém pede? Louca…

A palavra “louca” deve ter sido um verdadeiro gatilho. De repente, soltando fogo pela boca praticamente, Rose começou a tirar os sapatos entre bufadas. Ela não poderia estar fazendo aquilo, poderia?! O queixo de Scorpius caiu quando a viu entrar na água xingando todos os quatro fundadores de Hogwarts de formas que o rapaz nunca sequer havia escutado.

— As coisas que eu não faço pela Roxanne — resmungou para si mesma, aproximando-se do Malfoy e balançando freneticamente os braços. — Argh, essa porcaria de lago está congelando! ARGH!

— Agora perdeu o juízo de vez. Rose! — Scorpius passou a mão nas têmporas sem saber o que fazer enquanto a garota se aproximava como se fosse matá-lo se o pegasse. — Eu disse para não me seguir mais!

Ela andava em passos longos e o fuzilava com os olhos. De certo, ela o culpava por estar com as pernas na água. E quando ela ergueu um pouco a saia para não molhar o tecido, Scorpius desviou o olhar rapidamente. Precisava pensar em outra forma de se livrar daquela sanguessuga desesperada.

— Eu vou torcer o seu braço se não vier aqui agora! — rosnava a garota a cada passo. — Vou fazer picadinho das suas entranhas, costurar a sua língua no céu da boca, furar os seus olhinhos azuis com várias garfadas, cortar fora suas mãos e espremer seus ded-

Ela não chegou a terminar a frase.

Rose tropeçou e caiu de uma só vez com o rosto na direção da água. Foi um splash alto! Toda a frente do corpo dela desmoronou feito pedra no lago, esparramando seus cabelos ruivos num rápido segundo que poderia ter sido gravado como uma das cenas mais bonitas de toda existência do universo, quando o carma atinge as línguas afiadas. Scorpius não acreditou que aquilo havia acontecido.

Então, quando ela se ergueu, suas roupas estavam não apenas molhadas, mas cheias de lama! As pontas dos cabelos também se sujaram, e o rosto molhado encarou seu próprio estado e adquiriu uma expressão de puro pânico.

— Scorpius Malfoy!

Ele simplesmente não aguentou.

Toda raiva, toda ansiedade e toda angústia que haviam resultado dos insultos que Rose saiu jogando no vento sumiram. Foram rapidamente convertidos em nada mais, nada menos, que graça e piada.

Scorpius gargalhou a ponto de sentir a barriga doendo sem parar, em apertos. As risadas eram tão naturais que ele não aguentava e ria mais e mais da cena e de si mesmo, que simplesmente não conseguia terminar! Precisou se abraçar para aguentar aquilo, o que foi quase impossível. Olhava para Rose, e as gargalhadas batiam ainda mais fortes e exageradas. Ela estava toda molhada! E a culpa era dela mesma! Bem feito! Bem feito! Aí começou a chorar! Os olhos expeliam lágrimas descontrolados, enquanto procurava por fôlego entre os risos.

Ela estava completamente suja! Ela ia matá-lo e caiu na água! Ela!

Então, os risos se tornaram mais espaçados e poucos. Ele respirava, mas os olhos ainda choravam. Não soube ao certo em que momento a situação se inverteu. O aperto da barriga das risadas subiu, e o som delas misturou-se com a dor do seu corpo e da sua mente. As narinas estavam ácidas. Os olhos pesaram. E lá estava ele chorando de verdade.

Como um bebê. Como um bebê albino. Como um bebê albino de de 1,85m.

Passou a mão na cara para tentar limpar as lágrimas porque já não conseguia enxergar nada direito. Sequer viu quando Rose se aproximou.

Dois braços envolveram o pescoço de Scorpius. Subitamente, ele estava molhado no peito também, mas não porque tinha caído. A camisa de Rose molhava a sua porque ela o abraçava. Molhada e cheirando a mato encharcado, ela o envolveu em silêncio de forma tão terna que não parecia nem um pingo com a louca que o atacou com várias e várias palavras cruéis.

Por isso, a vontade de chorar ficou ainda maior.

— Eu sou muito idiota — murmurou Scorpius sem se mover, sentindo apenas o abraço dela apertar. Tudo ardia. — Rose, eu não consigo… Eu não sou ninguém sem o Albus...

— Scorpius, você não tem o direito de pensar assim — disse ela, afrouxando os braços para trazer o rosto para trás e poder encará-lo. O choro apenas piorou porque o garoto não queria ser visto daquele jeito, especialmente por Rose. — Ei, olha pra mim. Se você está magoado pela forma como a briga aconteceu, está tudo bem. Entretanto, não se diminua a ponto de dizer que não é ninguém sem o Albus. De nada vai adiantar para vocês dois ficar dizendo que um ou outro está errado.

As mãos dela seguraram lentamente o rosto do rapaz enquanto os polegares limpavam as lágrimas.

— Não é simples assim. Não é… — Tentou engolir as lágrimas, mas foi inútil. Abraçou Rose novamente, deixando seu rosto ao lado do dela. A forma como ela o envolveu foi diferente de qualquer uma anterior. — A gente brigou porque ninguém deu o braço a torcer. Ele foi um idiota cheio de pompa com ciúmes da atenção que eu ganhei.

— E ainda assim, esse idiota cheio de pompa é seu melhor amigo. — Ela permaneceu onde estava. Apenas o espaço entre eles que não existia. — De que adianta vencer uma discussão se vocês estão separados? Ele está com o orgulho ferido, e só você seria capaz de remendar essa situação. Não o puna por brigar e nem por sentir o que sentiu, não olhe apenas para trás. Mostre pra ele que a amizade de vocês ainda é a mesma.

Usando as mãos, ele esfregou o próprio rosto. Sentia-se mal por estar com saudades do melhor amigo e por ter deixado as coisas chegarem naquele estágio. Ele foi cruel também, revidou a briga e saiu nos murros com o cara que sempre o defendeu e deu suporte. Sentia-se a pior pessoa do universo todo.

— Eu fui o problema. — Ele afastou o rosto dela, continuando a limpar as lágrimas e olhando para cima numa tentativa de parar com elas. — Eu deveria ter visto que ele precisava de mim também. Eu deveria ter ficado ao lado dele o tempo todo e prevenir esses problemas. Eu sou tão culpado quanto ele por essa briga.

— Então diga isso a ele! — Rose exclamou com certeza e mansidão na voz. Os dois trocaram olhares, e ela sorriu, segurando os braços dele suavemente. — Sendo bem sincera, eu achava que com o tempo vocês iriam se resolver, mas Roxanne mostrou que estão ambos sofrendo mais do que deveriam com o que aconteceu. Não deixe mais tempo passar, Scorpius. Tenho certeza de que Albus só está esperando você se aproximar para dizer que também sente sua falta.

Dez dias se passaram. Porém, quando se está longe da pessoa que sempre esteve ao seu lado, pareciam eternidades.

— Você é uma péssima atriz. — Ele fungou e secou uma última vez a cara, sentindo que as lágrimas paravam. Ela estava certa. Não podia deixar mais tempo passar. — Percebi desde o início que estava tentando me estressar até defender o Albus.

Rose sorriu de lado e ergueu os ombros.

— Se eu soubesse que precisava apenas de fazer chorar, juro que teria só pisado no seu pé. — O sorriso tomou de conta da sua boca como um todo, saudoso para o rapaz. — Me desculpa pelas coisas que falei. Eu te estressei de verdade.

Scorpius assentiu com um suspiro, e um sorriso quis abrir espaço na sua boca. Queria agradecer a ela pelo que disse de forma apropriada. Entretanto, seus olhos involuntariamente desceram do rosto dela para sua camisa branca. Branca e molhada, dando vazão a nada menos do que o cor-de-rosa de um pequeno sutiã.

— Rose — disse baixinho, desviando os olhos para cima — sua camisa está molhada.

Lentamente, ela abaixou o rosto e se encarou, ficando vermelha como os próprios cabelos.

— Idiota! — gritou com todo o fôlego dos pulmões. — IDIOTA!

A garota colocou as mãos na frente dos seios e saiu correndo de volta à margem. E ele riu para si mesmo. Rose Weasley trouxe sua pior e mais cruel versão de volta e ainda assim acabou por abraçá-lo quando o viu desabar. Aquela garota não existia. Claro, ele ia provavelmente apanhar, mas precisava segui-la. Afinal, estava completamente molhada, e Scorpius tinha deixado a manta ao lado da árvore em que estava encostado.

— Rose, espera! Eu não vi — chamou, começando a andar. Porém, ela não lhe respondeu. Dava passadas enfurecidas, praticamente jogando as pernas para o alto para ir contra a água do lago. — Eu não vi, eu jur

Não terminou de falar.

Provavelmente no mesmo lugar em que Rose Weasley tropeçou e caiu, o pé de Scorpius se enganchou num tipo de raiz alta, e seu corpo foi todo abaixo como tronco de árvore serrado ao meio, caindo de cara estatelada na água. Isso fora a barriga que foi violentamente chicoteada com o impacto no lago. E do nada, era ele quem estava todo molhado e sujo de lama.

Ergueu o rosto apenas para escutar a risada alta dela e ver seu rosto já no seco, tremendo o queixo com o frio enquanto se abraçava.

— C-carma é uma v-v-vadia, não é?!

Aquela risada tinha o mesmo tom maligno que tinha de bela. Scorpius levantou-se às pressas embalado por aqueles risos, caminhando rápido até a margem com ela. O frio do lugar chegou a piorar quando se viu todo ensopado, olhando para a desgraçada daquela garota rindo às suas custas. A pior parte foi que ele também não segurou as próprias risadas. Tudo tremia, os braços, os dentes, os ombros e as penas, e ainda assim achava graça que tinha caído logo ali.

Socorro. Cobras realmente não se dão com frio.

— S-s-sabe, eu acho q-que o inferno é na v-verdade g-gelado — gaguejou, apressando-se para pegar a manta e jogá-la ao redor de Rose. — F-f-frio não é coisa b-boa.

As sobrancelhas de Rose se juntaram, mas o sorriso da sua boca não diminuiu quando ela estendeu a mão para que ele se aproximasse e fosse envolvido também no quentinho do tecido.

Só então que Scorpius se deu conta daquilo que estava acontecendo. E do que aconteceu! Quer dizer, eles se abraçaram! Tudo bem que foi num momento de fraqueza, choro e possibilidade de perder o próprio juízo, mas aconteceu. E ali, com a mão estendida, ela oferecia que aquilo acontecesse novamente.

Abraçaram-se e seguraram a manta ao redor dos dois, de forma a ficarem juntos demais, mas ao menos quentinhos. O peito de Scorpius praticamente saltou! Com ela tão próxima, não podia nem mesmo ficar nervoso daquela forma porque acabaria se entregando. Encarou-a com os olhos azuis ficando ainda mais juntinhos e quis desmaiar.

Não seja frouxo, Scorpius!

— S-se contar a alguém que eu t-tropecei daquele jeito, saiba que eu vou arrancar seus olhos fora — disse ela, calma como um ninja assassino, observando-o com as orbes escuras. Rose realmente o mataria, mas o faria com seu rosto mais angelical e cheio de sardas possível. Eram sardas demais, parecia até que a água tinha limpado a visão para que mais delas aparecessem. E com a encarada que o rapaz lhe deu, Rose começou a corar. — Entendeu?

— Entend-d-deu. — Foi o que saiu na hora porque o garoto não sabia o que fazer.

Então, um momento suave passou. Respirando devagar, Scorpius levou uma de suas mãos ao redor de sua cintura, enquanto a outra ia para suas costas. O espaço entre eles foi diminuindo lentamente, à medida que o rapaz aconchegava o rosto ao lado do rosto dela, sentindo o cheiro de seus cabelos molhados ainda mais forte que antes. A melhor parte foi sentir que ela também o abraçava, aconchegando o rosto no trapézio do rapaz e suspirando. Nunca foram de se abraçar, e ainda assim parecia que tinham sido feitos para estarem daquela forma.

— Gostei do seu perfume — sibilou a garota.

— É o mesmo que o seu: musgo, terra e peixinhos. — Riu e escutou uma risada vinda dela também. — Ficariam melhores se não estivesse tão frio.

E lá estavam eles, abraçados e enrolados na manta. Ainda dava para sentir frio ali dentro por conta do tecido molhado. Porém, o peito de Scorpius o aquecia por estar justamente envolvido com a garota mais irritante de todo Reino Unido, e a única capaz de fazer sua cabeça girar por envolver todos os sentimentos em seu coração. Ah, Rose. Se ao menos ela soubesse o que fazia com ele, certamente não estariam ali daquela forma.

Mas ela estava certa. A briga com Albus aconteceu, não adiantava mais tentar encontrar desculpas e nem afirmar que um ou outro estava correto. Precisava conversar com ele, mostrar quantas vezes fossem necessárias que nunca foi seu intuito deixá-lo de lado. Sempre foram uma verdadeira amizade, e amizades como essa não se desmancham se uma hora para a outra.

— Scorpius. — Rose murmurou, fazendo-o afastar o rosto para cruzar o olhar com o dela. — Por que diabos o inferno é gelado?

Ela piscou algumas vezes com suas sobrancelhas juntas, o que o fez sorrir sem jeito.

— Ah, isso é coisa da minha mãe. — Riu-se, imaginando perfeitamente a voz de Astoria Malfoy explicando sua teoria enquanto tremia o queixo com o frio do inverno. — Tudo aquilo que é ruim geralmente é frio. Pessoas frias são ruins, refeições frias são ruins… Até a vingança quando é fria não é lá muito boa. As coisas boas são quentinhas, como abraços, pizza e… — Astoria usou a palavra "beijos" para terminar sua teoria, mas Scorpius travou antes de dizê-la. Deveria dizer? Não, talvez Rose achasse que estava sendo proposital demais. — E, bom, abraços e pizzas. — Só que ele queria falar. Porque se ela o escutasse falando aquilo, quem sabe também pensasse o mesmo? Falaria ou não falaria? Olhava para a cara dela na dúvida. Falaria ou não falaria? — E beijos também.

— E beijos — repetiu Rose, balançando a cabeça rapidamente. — É uma boa teoria, a da sua mãe. Abraços e pizzas são realmente bons. E beijos…

Por um instante, ficaram em silêncio sem desgrudar os olhos um do outro. Scorpius chegou a engolir a seco, e as palavras reverberaram dentro de si. E beijos. E beijos. E beijos. Queria beijá-la outra vez, ainda que levasse outro “isso foi apenas um treinamento”.

— É, beijos.

Os olhos continuaram ali. Scorpius viu-se refletido no escuro dos dela, encarando-o e puxando ar. Imaginava o que estava passando pela sua cabeça, porque na dele havia uma única possibilidade do que aquele momento poderia significar.

Foi quando ela abriu a boca, sorrindo discretamente ao falar:

— Bom, nós não temos pizza aqui...

— E já estamos nos abraçando, sim — respondeu rapidamente.

O peito acelerou, e Rose deu uma leve mordida no próprio lábio.

— Acha que…?

— Acho.

O beijo selou feito um contrato tão rápido que até mesmo a manta que os aquecia caiu. Foi tão fácil! Não desesperador e nem confuso como o beijo, o primeiro beijo, começou. A mente dele explodiu de tal forma que não temeu e nem fraquejou, apenas entregou-se e recebeu a boca de Rose com sua própria intensidade.

E que intensidade.

Depois do primeiro toque, tornou-se um beijo mais urgente, ansioso e desejoso. Um beijo em que ambos concordaram e que certamente o rapaz agradeceu ao sentir os lábios que tanto queria sobre os seus, e o carinho das mãos que tanto queria em seu pescoço, e o corpo pequeno que tanto admirava assistir. Beijou-a quase sorrindo com o peito pulando em seu interior. Tudo em Rose conseguia ser cativante e delicioso. O perfume, a maciez da pele, a aspereza da língua, a suavidade da respiração.

Cessaram o encontro dos lábios apenas quando Rose deu dois passos para trás. Scorpius a acompanhou até colocar a mão nas dela e levá-la a ficar com as costas contra a árvore. Os olhares dos dois se encontraram. Sorriram um para o outro. Scorpius não fazia a menor ideia do que aquele sorriso queria dizer. Queria apenas que fosse para ele diretamente, assim como seus abraços mais apertados.

Mas aqueles olhos… Eram olhos escuros que tinham o mundo inteiro resumidos em seu interior. O fogo de Rose refletia-se nos seus gritos mais espontâneos e faziam Scorpius virar cinzas quando os encaram daquela forma, astutos, corajosos e cheios de poder.

Então, aproximaram os rostos novamente, beijando como se estivessem rindo juntos. Contra a árvore, Rose até mesmo ficou na ponta de seus pés e o abraçou, trazendo-o para si com mais insistência e ardor. Foi mais devagar também. Gravavam juntos cada milésimo em que os lábios compassavam seus toques e gostos. Poderiam passar o dia inteiro daquela forma, sentindo a carne e a pele um do outro nos movimentos de rosto e ausência de respiração, isso se o interior de Scorpius aguentasse não entrar em combustão. E quando paravam os beijos, o rapaz sentia o frio bater em sua pele apenas para lembrar que poderia continuar a beijá-la para se aquecer.

Soltaram os lábios um do outro, e Scorpius recostou a testa na dela de olhos fechados, escutando claramente sua respiração mais falha. Estava apaixonado por aquela garota. Daria o mundo para ela se pedisse, ainda que essa não fosse uma possibilidade remota. Era uma droga estar preso daquela forma a Rose Weasley, especialmente quando ela dobrava seus sentimentos e sentidos de forma tão fácil.

Mas a pior parte era não ter coragem de admitir isso a ela. Talvez até mesmo tivesse se tocado do que ele sentia. Deu todas as pistas ao beijá-la, ao chamá-la para sair e até mesmo ao ficar tão vulnerável na sua frente. Aquela parecia ser a melhor hora para dizer a verdade e acabar com seu próprio segredo.

— Rose — murmurou, dando meio passo para trás. Ela sorria sem mostrar os dentes ao fitá-lo. Por isso, a coragem começou a se esvair por entre os dedos do rapaz, que apenas riu de nervoso.

— Scorpius — falou ela, mordendo o lábio inferior com suavidade. — Me passa a manta outra vez, por favor.

Sacudiu a cabeça e apressou-se em pegar o pano no chão, entregando-o a ela, que se enrolou como antes. Os cabelos ainda estavam molhados, e o rosto sardento começava a enrubescer. Ele não fazia a menor ideia de como sair daquele clima.

— Eu vou… Falar com o Albus. Vou tentar remendar as coisas hoje mesmo.

— Ótimo. — O sorriso dela se aqueceu como se tivesse luz própria. — Se eu voltasse para a Roxanne sem uma declaração sua concreta do que iria fazer sobre o Albus, acho que ela bateria a vassoura em mim.

O garoto retribuiu o sorriso e aproximou o rosto do dela novamente, desta vez beijando sua bochecha lentamente. Ainda que ela também fosse a garota que gostava, sabia que as primas Weasley eram boas amigas, pessoas que queria manter por perto.

— Obrigado por ter vindo atrás de mim no lago, eu...

— Está tudo bem — disse a garota. — Claro, contanto que eu não pegue uma pneumonia e nem morra por alguma doença misteriosa que só dá no Lago Negro para gente enxerida como nós dois, eu também fico feliz de ter ido.

— Então não fique chateada comigo se eu te disser uma coisa. — Respirou fundo sem tirar os olhos do rosto dela. — Isso que aconteceu não foi um treinamento.

A boca dela se entreabriu para dizer algo. Não disse. Voltou a fechar-se e a deixar um instante em silêncio no meio dos dois ser preenchido pelo barulho do vento.

— E o que foi? — Rose ergueu as sobrancelhas com uma expressão nervosa.

Engolindo a seco, Scorpius fincou os pés no chão e disse assertivamente o que queria ter dito há muito tempo:

— Foi um beijo. Nós nos beijamos

— Nós nos beijamos. — Rose repetiu tão admirada quanto o próprio Scorpius com a própria declaração. Aí, algo entortou no canto da sua boca. Ele notou, ainda que ela virasse o rosto para tentar escondê-lo. Foi um quase sorriso. — Nós... Nos beijamos sim. E foi bom.

— Foi mesmo.

Ele sorriu, e os dois voltaram ao silêncio enquanto ela começou a acenar um “tchauzinho” e a andar de volta no caminho do castelo em marcha ré. Não foi a vitória que Scorpius queria de poder dizer a ela o que estava sentindo, mas foi muito mais difícil do que imaginou que seria. Rose reconheceu que algo havia acontecido entre eles, que não foi um treinamento coisa alguma. Foi algo grande como um beijo — ou vários beijos.

Talvez não fosse um sentimento tão unilateral como ele imaginava. Caiu na água do lago, mas definitivamente não tomou um banho de água fria. Na verdade, estava pegando fogo, e a única pessoa com quem queria dividir aquele fato era seu melhor amigo.

Faria Albus voltar a falar com ele. Faria Rose Granger-Weasley se apaixonar por ele. Faria seus pais acreditarem que não havia motivo para não se orgulhar dele. Determinado como um sonserino, Scorpius viu na sua frente o caminho que queria seguir. E nada nem ninguém poderia impedi-lo de traçá-lo.


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Notas finais do capítulo

Eu SEI que esse beijo ajudou a abalar as estruturas, mas pleeeease comentem o que acharam da conversa do James e do Albus! Hahahahah. James Sirius pode ser bem odioso quando quer, por isso quero saber o que acham dele aqui (pós-briga com o Nate). Depois podem comentar sobre Scorpius e Rose sendo nossos bons Scorpius e Rose briguentos e amorosos ao mesmo tempo hahaha.
Espero que tenham gostado. Próximo capítulo está cheio de treta para nossos corações porque teremos uma Madeline Nott bem irritada ♥ ♥ AMO! Até ele!