Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 19
Capítulo 18 — Grifinória vs. Corvinal: a vingança de Rose Weasley.


Notas iniciais do capítulo

Fiquei tããão feliz que não fui abandonada hahaha. Sério, eu nem merecia isso pelo meu atraso kkk, mas obrigada a todos por existirem! De verdade! E, nossa, no último capítulo eu estava tão ocupada louca pedindo desculpas que até esqueci de oferecer os capítulos ao pessoal que recomendou a fic! De verdade, obrigada por existirem! Eu me arrepio toda com as recomendações, quase piro na batatinha com cada uma delas hahaha. Esse capítulo então vai para a Courtney (u/98114/), para a GIO (u/751930/) linda princesa minha amiga do coração hahah e para a Gabriela Faria (u/383825/). De verdade, foram recomendações LINDAS! E eu de coração espero que gostem desse capítulo que dedico a vocês ♥



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Capítulo 18

Grifinória vs. Corvinal: a vingança de Rose Weasley.

Scorpius Malfoy

 

Certo. Pela primeira vez em muito tempo, Albus estava com raiva de Scorpius. Não uma raiva qualquer com briga digna de tremer o chão de Hogwarts, mas uma raiva enciumada com farpadas rápidas e constantes. E o motivo?

Quando foi o jogo da Sonserina, Albus precisou dizer para Scorpius que passaria uma semana sem falar a palavra “quadribol”, mas agora foi completamente diferente.

— Então, vocês vão para o meu jogo? — disse Roxanne na noite anterior. Scorpius assentiu com a cabeça, e ela se alegrou. — Ótimo! Nos vemos amanhã então.

Bastou ela dar as costas para Albus cruzar os braços com as narinas expelindo fogo.

— No jogo da Sonserina, eu preciso fazer chantagem emocional, né? — resmungou com a cara amarrada. — Se você tá paquerando com a Roxanne, pode ir dizendo logo, ou eu vou pensar que você está querendo trocar meu posto de melhor amigo por ela!

Scorpius só conseguiu rir de nervoso. Se Albus soubesse que o verdadeiro motivo de querer ir a um jogo da Grifinória era poder ver, sentada na arquibancada com cara de tacho, a pessoa mais irritante de Hogwarts, ele certamente não deixaria o Malfoy em paz até tirá-la da sua cabeça.

— Ahhhh, mas você sabe que eu só fiz aquele drama no dia do jogo pra te perturbar. — O que era 80% verdade. Os outros 20% de mentira aconteciam porque era realmente muito muito bom estudar na biblioteca em dias de jogo. — Não fica assim, claro que eu não tô gostando da Rox e nem querendo te trocar.

Humpf. Eu vou fingir que acredito — disse Albus, soltando os braços e o ar que estava segurando. — Ei, soube o que aconteceu na última aula de Aritmância? O cálculo ficou tão grande que a gente saiu escrevendo no chão e nas paredes! A professora ficou louca quando voltou pra sala e viu tudo pintado com números hahaha.

Os dois riram, mas Albus não esqueceu a história do jogo.

Foi uma longa noite com alguns insultos e choramingos. “Ahh, achei que fosse falar com sua nova melhor amiga”, “Achei que você tinha escolhido a Roxanne”, “Se fosse a Roxanne aqui…”. Parecia até uma mulher traída. Essa era basicamente a forma que Albus achava de mostrar que estava enciumado, o que nem sempre era ruim. Da última vez que isso aconteceu foi porque Scorpius viajou nas férias para a Noruega com seus pais e não conseguiu mandar cartas. O Potter se vingou enchendo a cama de Hogwarts do melhor amigo de papéis de carta e dizendo “pronto, agora você tem tempo para escrever para mim até eu decidir que já chega”.

Não que Scorpius ligasse para essas coisas. Na verdade, achava até engraçado. Só que estava guardando a sete chaves o segredo sobre seus sentimentos que, talvez pela prática de mentir para todo mundo, estivesse dando certo enganar Albus.

Bom, foi o que ele pensou antes de chegar com o amigo no Grande Salão para o café da manhã daquele sábado de jogo. Do outro lado, no fundo da imensa mesa da Grifinória, estavam os cabelos ruivos de Rose Weasley balançando de um lado para o outro enquanto ela conversava com Samuel Thomas e Roxanne. E o peito de Scorpius bateu um pouco mais forte. E o rosto dele se aqueceu. E ele parou de andar. E quis bater na própria cara para cair na real.

Já fazia mais de uma semana desde que ele havia colocado a mão dela no seu peito e dito aquelas palavras:

Você deu calor a um coração nascido para correr.

— Olha lá — falou Albus com um sorriso cínico — a sua próxima melhor amiga. Vamos lá falar com ela?!

— Não, Albus, vamo para a mes-

— Vem logo!

A mão de Albus agarrou o pulso de Scorpius ao passo que o arrastava para o lugar onde Rose estava sentada. Claro que Albus faria algo assim! Tinha o intuito de perturbar o amigo com a presença de Roxanne, mas os olhos de Scorpius só conseguiam mirar a presença radiante (e quase ofuscante) de Rose. Era como se  mundo se resumisse a ela, e todo o resto apagasse, repetidas e repetidas vezes. Até mesmo quando iam estudar juntos na biblioteca, parecia que o dia não iria acabar nunca só para ele ver mais um pouco a expressão atenta que ela fazia com a pena na boca, enquanto passava as páginas de três livros diferentes só para comparar informações.

Era… Incrível.

— Bom diaaa, minha dupla favorita de sonserinos — exclamou Roxanne quando os garotos estavam a alguns passos deles. — Vieram me desejar boa sorte?

Rose voltou a atenção para eles e parou seu olhar em Scorpius. Ele sorriu. Ela sorriu. Seus olhos castanhos pareciam verde àquela hora da manhã e casavam com as sardas em seu rosto.

— Eu vim entregar o traidor para você — falou Albus, cutucando as costelas de Scorpius com seu cotovelo.

Roxanne, Rose e Samuel franziram o cenho de imediato.

— Ele tá exagerando. — Scorpius devolveu a cutucada na mesma intensidade. — É ciúme porque eu vou pro seu jogo e botei banca pro jogo dele, aí o Albus tá dizendo que você vai ser minha nova melhor amiga.

— Ei, ninguém rouba a minha melhor amiga assim e sai impune! — exclamou Rose com seu tom mandão clássico.

— Nem se preocupa com isso — riu o garoto loiro, passando o braço com cima do ombro de Albus. — Ele tá tão enciumado que até mesmo está achando que eu tô com uma queda pela Roxanne.

— Não é minha culpa se você e ela estão tão amiguinhos ultimamente! — respondeu o Potter rapidamente com carinha de nojo.

Porém, o que Scorpius achou que havia sido uma piada, acabou não entrando como piada tanto assim nos ouvidos dos grifinórios. Quando ele olhou para Rose novamente, sua expressão autoritária da última resposta havia se desfeito. Ela apenas o encarava um tanto perdida.

— Uma queda pela Roxie? — repetiu Rose, pestanejando um pouco.

Foi como se o sangue no rosto de Scorpius tivesse sumido de uma vez. Quer dizer, ela não estaria pensando que ele e Roxanne teriam algo, estaria?!  Seu sorriso tremeu. Por Merlin, havia falado alguma besteira?!

Pfffffffff! — Roxie bufou, levantando-se do banco com uma risadinha. — Que viagem, Albus! Está tão ameaçado assim por mim que até tem medo de perder o amigo?

Samuel Thomas deu uma risada baixa e aproximou o rosto de Rose, falando:

— Eu sempre achei que rolava algo entre a Roxanne e algum sonserino, mas não sabia que era o Albus. Pra tanta briga assim, tem que ter muito amor, né?

Os dois primos se encararam com uma careta medonha e viraram para lados opostos, soltando barulhos de vômitos que fizeram os outros rirem.

— Depois dessa, eu faço até questão de ir embora — sentenciou Roxanne, acenando para que Samuel a acompanhasse. E ele de fato o fez ao se levantar da mesa também. Então, olhou para Albus e o agarrou pelas vestes. — Você vem com a gente.

— M-Mas eu nem tomei café da manhã! Roxie! — Ele quase engasgou tentando se livrar dela, o que foi quase impossível.

Quando Scorpius notou, Roxanne já estava na metade do corredor, acompanhada de Samuel e empurrando Albus Severus Potter para fora do Grande Salão e… Bom, deixando Scorpius e Rose sozinhos.

— Roxanne fica animada nos dias de jogo — murmurou Rose com um suspiro, estendendo a mão para que o rapaz se sentasse ao seu lado. — James e Albus são do mesmo jeito. E a culpa de tudo é do meu pai e dos meus tios viciados em quadribol.

Com calma, Scorpius ignorou que deveria estar comendo na mesa da Sonserina ao se sentar ao lado da garota. Ele a fitou por um momento, distraída com o olhar um pouco longe, antes de um prato de mingau surgir na sua frente com dois pãezinhos, então suspirou. Quer dizer, o coração não cessava os batimentos, mesmo que ele pedisse a si mesmo que seu interior parasse de embrulhar. A culpa era da presença dela, daqueles olhos castanhos que o encaravam, daquele sorriso que aparecia esporadicamente e até mesmo daqueles gritos e resmungos característicos dela. Tudo aquilo causava apenas… calor.

— Eu acho legal que eles têm algo para ocupar a mente — disse Scorpius antes de assoprar o mingau e tomar uma colherada. — Então, você vai assistir o jogo também?

Rose fez uma careta ao torcer a boca.

— Você sabe que eu não gosto de quadribol.  — Ela balançou os ombros e apontou para a cara de Scorpius. — Mas se tem uma coisa que a Roxanne pegou de você e do Albus foi essa mania de querer que o melhor amigo esteja sempre presente. Então lá vou eu ser tiete da minha prima. Culpa sua!

— Ah, mas é algo legal hahaha. Não sei se peço desculpas por isso.

Então os olhares dos dois se chocaram outra vez, e Rose sorriu sem mostrar os dentes.

— Não peça — murmurou sem desviar o olhar dele. O que era extremamente angustiante, já que Scorpius simplesmente não conseguia ficar muito tempo quieto a observá-la! Quer dizer, qual era o problema dela com essas paradas silenciosas?! Ahhhhh! — Scorpius, o que você vai fazer depois do jogo? — Ele piscou um pouco, recobrando a consciência. — Eu estive pensando em algo e, bom, queria saber se você não gostaria de ir comigo.

Talvez uns trinta pensamentos diferentes tenham passado pela cabeça de Scorpius naquele instante, mas nenhum condizente com a realidade.

— E-Eu? — O rapaz gaguejou. — Eu acho que n-nada.

Rose arqueou as sobrancelhas de forma incisiva e pulou para mais perto dele, que sentiu as maçãs do rosto começarem a formigar.

— Você lembra daquele dia em que eu te substituí na detenção? James falou algumas coisas que até pouco tempo atrás me perturbavam como louca, e nós falamos sobre isso. — Ela observou rapidamente ao redor e mordeu involuntariamente o lábio inferior antes de voltar-se a Scorp novamente. — Cheguei à conclusão de que preciso de um fechamento para aquela história. Então, desde semana passada, venho arquitetando um plano...

Gênio do mal. Era isso que Rose Weasley era, um gênio do mal que em toda sua maldade e genialidade abriu a lateral de sua manta, retirando um pedaço de papel envelhecido do bolso. Era o Mapa do Maroto deles.

— E você está pensando em fazer o que?

— Depois do jogo, eu irei me vingar das grosserias de James Sirius Potter — exclamou Rose, passando o mapa pela mesa para Scorpius. — E quero que você venha comigo.

Ferrou.

 

.

 

Scorpius deve ter lido num livro há alguns anos que o primeiro passo para dizer “não” era simplesmente abrir a boca. Mas ele conseguia? Não, ele não conseguia. Conseguia dizer na própria mente vários “nãos” de várias formas possíveis. Talvez até mesmo fosse capaz de ficar de cabeça para baixo para soltar um “não” em alto e bom tom. Mas para Rose Weasley, dizer que não iria ajudar numa vingança era simplesmente… Difícil!

E que defesa! A Grifinória está com toda a força esta manhã! — gritava o locutor microfone a ponto de ensurdecer todos os presentes no campo de quadribol. A partida havia iniciado há 15 minutos, mas Scorpius não prestou verdadeira atenção em nenhum instante dela. Afinal, havia aceitado fazer parte do plano mirabolante de Rose. — Mais um passe feito para Roxanne Weasley com sucesso. Parece que a Corvinal precisa instigar um pouco mais seus artilheiros a interceptar a bola do trio Weasley, Thomas e Potter!

— ME DÊ UM “R” DE “RIDICULAMENTE TALENTOSA!” — Albus berrava na frente de toda a torcida da Grifinória, que repetia o que ele gritava, gesticulando ainda por cima! — ME DÊ UM “O” de “OLHEM PRA ELA QUE É MELHOR QUE JAMES SIRIUS”!

“OLHEM PRA ELA QUE É MELHOR QUE O JAMES SIRIUS!”

Scorpius meio que acordou do transe durante a torcida organizada. Virou-se para Lily Luna, sentada ao seu lado e disse:

— Lily, não.

A garota Potter tornou o rosto para ele com uma expressão confusa, soltando um risinho. Alguns bancos acima deles estava Rose com uma bandeirinha carmim e dourada balançando em completo desinteresse pelo jogo.

— Achei ofensivo — brincou a quintanista. — O que foi?

— Estou treinando dizer “não” para meu bem estar físico e moral futuro. — Ele suspirou e esfregou a mão no rosto. — Lily, se eu morrer hoje, diga ao Albus que ele pode ficar com os meus quadrinhos do SuperMago edições 4, 27 e 31. Ele sabe onde estão guardadas.

A garota achou graça e voltou sua atenção para o jogo novamente. Roxanne era artilheira do time, assim como James Sirius. Por mais que os dois brigassem bastante, ninguém poderia negar que eram uma boa dupla. Porém, o apanhador da Corvinal era realmente excelente, talvez até melhor que Albus se fosse um pouco mais rápido. Quando tivesse jogo da Corvinal contra a Sonserina, seria um verdadeiro banho de sangue.

GOL DE ROXANNE WEASLEY! — berrou o locutor extremamente tendencioso para o lado da Grifinória. A torcida pulou toda junta de uma vez! — Grifinória marca o terceiro ponto da partida! Vamos lá, Corvinal, há tempo suficiente para virar esse jogo!

— Ela está matando todo mundo hoje, né? — Comentou Lily, aproximando-se de Scorpius.

Ele assentiu, sorrindo. Estava orgulhoso da amiga. E a torcida de Albus não parava.

— LEÕES, LEÕES! — Ele batia palmas compassadas, ordenando a tocida, que o seguia extremamente animada. — LEÕES, LEÕES!

— Albus está adorando ser animador de torcida, inclusive — disse o Malfoy. — Como ele sempre está em campo, é novidade pra ele se esgoelar em gritos.

— Eu estou vendo! — Lily pôs o dorso da mão na frente de seu sorriso para cobrí-lo graciosamente. — Eu imagino o que ele faria se fosse a Sonserina jogand-

De repente, algo surgiu de cima entre Scorpius e Lily, afastando—os um do outro com um pulo. A surpresa dele não foi maior quando notou o olhar sério e a expressão azeda da pessoa responsável por aquela aparição repentina: Rose.

— É um saco ficar lá em cima sozinha — bufou ela, apoiando o queixo com uma mão enquanto balançava a bandeirinha com a outra. — Do que estão conversando?

Lily ergueu as sobrancelhas e encarou Scorpius por um momento, que engoliu a seco com o surgimento da ruiva. Droga, o peito estava voltando a bater acelerado.

— Bom… Estávamos… Nós… — Ele pigarreou e olhou para Albus gesticulando coisas para as garotas da Grifinória como se explicasse algo. — Notou que o Albus está mais animado que o normal hoje?

Mas Rose não olhou para Albus, ela levou sua atenção para Scorpius, e o flechou com seu rosto. Devem ter passado uns dez segundos se encarando em silêncio antes que Lily interrompesse com sua voz melodiosa.

— Rosie, você pode fazer companhia ao Scorpius por um momento? Eu vou ali falar com a Alice rapidinho — disse a garota, acenando para os dois com a mão enquanto subia as escadas atrás dos dois jovens. Ótimo. Ela tinha deixado Scorpius sozinho com a psicopata por quem ele nutria sentimentos. Como aquilo poderia acabar bem?!

— É, não achei que a Lily era esse tipo de garota. — Rose resmungou mais para si mesma do que para os ouvidos de Scorpius ouvirem. Mas quando notou que ele a encarava, tornou a falar: — Ah, você sabe… Foi só eu chegar aqui para ela debandar. É feio ficar fugindo das pessoas assim.

Por meio segundo, quase que Scorpius dizia que Rose era a rainha de fazer esse tipo de escapatória artística.

— Está tudo bem.

GOL DA CORVINAL! — O locutor berrou, ensurdecendo os dois jovens.

— De qualquer forma, é bom que ela tenha saído — disse a ruiva rapidamente. — Precisamos falar sobre o plano de vingança de hoje.

Ele engoliu a seco.

— Sabe aquela história de não mexer com quem está quieto? Alguma vez já te falaram dela? — falou Scorpius, recebendo uma negação de Rose na maior cara de pau. — Por Merlin.. Certo, você disse que vamos atrás dele depois que o jogo acabar. Pra quê mesmo?

— James geralmente some depois dos jogos da Grifinória, o que é no mínimo suspeito! Nós iremos seguí-lo, ver o que ele faz de errado, descobrir seus podres e usá-los da pior forma possível. — Então, ela sorriu sádica. — Improvisamos o resultado no processo dependendo dos nossos achados.

— Você tem problemas — respondeu o rapaz com os olhos arregalados.

Rose, entretanto, não ligou. Os dois ficaram quietos quando Albus retornou arfando para o lado de Scorpius, dizendo que tinha acabado de marcar um piquenique com ninguém menos que uma das garotas mais bonitas do sétimo ano, Gage Lawrence.

— Dez pontos para a Grifinória! — exclamou em comemoração.

O jogo seguiu incrível. Roxanne era bem ágil, o que combinava bastante com seus movimentos sincronizados aos de James Sirius. Não era à toa que ela brigava tanto com ele e o perturbava com o quadribol, os dois tinham o que oferecer em campo. Scorpius pegou-se até mesmo imaginando como seria uma partida de quadribol na família de Albus nos natais. Costumeiramente, os Potter se juntavam no mesmo time pelo que o amigo dizia, enquanto o resto se desentendia de várias formas. Talvez aquele fosse o único momento em que Albus, James e Lily verdadeiramente agissem como irmãos, quando estavam na presença do pai.

Por isso, Scorpius riu internamente. Não poderia ajudar Rose na sua vingança… Não por medo ou por ser desajeitado! Ah, não! Tudo bem que isso era um fator a ser considerado, mas a necessidade ali era de paz. Um dos motivos para James e Albus nunca se entenderem foi a amizade Potter-Malfoy, e por isso aquilo precisava mudar. Scorpius não iria participar da vingança contra James Sirius justamente para tentar ajudar seu melhor amigo.

Então, pensava em Rose. Olhava para ela discretamente, sentindo uma ligeira angústia no peito. Ele não era Jasper Wood. Ele não tinha um sobrenome que a família gostasse, e isso ela sempre deixou muito claro. E se, talvez, apenas o fato de andarem juntos às vezes fosse um problema para o relacionamento dela com seus pais? Como era entre os Potter.

Scorpius desviou o olhar e apertou a própria mão. O que sentia por aquela garota era perturbador. Se aquilo era verdadeiramente paixão, precisava por um balde de água gelada em qualquer tipo de esperança que tivesse dentro de si. Não deixaria jamais que seu nome prejudicasse Rose.

FIM DE JOGO! GRIFINÓRIA GANHA COM 100 PONTOS!

Ele apenas ergueu o rosto quando todos da arquibancada da Grifinória pularam em comemoração. Até mesmo Rose tinha aquele fogo interno aceso nos olhos ao ver o placar, parecia que ela mesma tinha jogado.

NUMA PERFORMANCE ESPETACULAR, O TRIO ARTILHEIRO DA GRIFINÓRIA DÁ UM SHOW! MAS A DEFESA CORVINA NÃO FICOU PARA TRÁS! JOGADORES ESPETACULARES EM CAMPO MOSTRARAM QUE ESSE ANO TERÁ MUITA EMOÇÃO, GARRA E…

Muito bem, senhor Gallangher — interrompeu Minerva ao microfone. — Acho que todos já entenderam a mensagem.

Albus começou a gritar como louco, chacoalhando os ombros de Scorpius e rindo. Porém, quando ele virou para falar com a garota do sétimo ano do piquenique, Rose tomou os dedos da mão de Scorpius e sussurrou quase inaudivelmente:

— Vem.

E ele foi.

Não foi arrastado, foi acompanhando os passos da ruiva com a certeza em seu interior que precisava ficar a sós com ela. Não chegaram a sair do campo de imediato, apenas entraram no interior das arquibancadas, em meio às madeiras que sustentavam cada uma delas, escondidos de quem pudesse passar. Era o local mais seguro para Rose sacar a varinha e o mapa, apontando para ele com os dizeres:

— Juro solenemente não fazer nada de bom.

Não houve inscrição de boas vindas como no mapa do professor Lupin, mas as manchas vieram mais ágeis ao formar o castelo e os nomes inscritos nele com seus vários passinhos. Scorpius viu o seu e o de Rose rapidamente, mas, o mais importante, viu o de James Sirius rodando na base da arquibancada dos professores. Mas não estava sozinho, um nome se aproximada ao dele.

— Rose, eu preciso…

— Pelas baba de Dumbledore com a Grifinória. — Ela exclamou, interrompendo-o e apontando para o primo. — Nate Parkinson e o James vão se matar hoje.

Scorp até mesmo parou o que ia dizer. Olhou para o mata e estranhou. Lá estava James Sirius parado frente a frente com ninguém menos que Nate.

— Certo, isso aqui é no mínimo estranho — murmurou com as sobrancelhas juntas. — Você não acha que eles estariam se espancando, acha?

Rose olhou para ele mais séria, como se o pensamento de poder se vingar de James tivesse subitamente desaparecido. Não precisaram dizer mais nada um para o outro. Correram velozes e exasperados, imaginando que possivelmente Nate estaria quebrando a mandíbula do Potter na maior facilidade. Por mais que James fosse mais alto, Nate tinha porte físico maior, era mais bruto. O próprio Scorpius viu quando Roxanne interrompeu a briga dos dois. Droga, esse cara só vai se complicar!

Atravessaram por fora todo o campo, ainda olhando para o papel do mapa. Dava para ouvir as gritarias ao fundo, indicando que os outros alunos estavam saindo de volta ao castelo, mas James Sirius e Nate permaneciam no mesmo lugar. Talvez pelo próprio empenho ou por suas pernas serem mais longas, Scorpius estava na frente de Rose e escutava cada arfar que ela soltava.

Não demoraram. Chegaram na base da arquibancada dos professores e começaram a subir na preocupação. Não viram ninguém descer, talvez todos já tivessem saído do local e…

Quando estava no terceiro lance, Scorpius congelou. A visão dele parecia ter sido em câmera lenta quando analisou o quadro que estava na sua frente, atrás das escadas que iam para o quarto andar. James Sirius tinha um cigarro em uma mão. Nate também tinha um. Os dois não estavam se esmurrando e nem berrando um com o outro. Muito pelo contrário…

— Scorpius! Você! — O grito de Rose escoou quando ela chegou atrás do rapaz e se deparou com a mesma cena.

Nate separou o beijo e olhou para Scorpius, quieto e sem surpresa. Mas James… Ele arregalou os olhos, chocado com a visão de Scorpius e Rose ali parados a encarar os dois septuanistas.

Estavam se beijando. Lábios juntos e colados! Estavam com uma boca na outra, com os olhos fechados até serem interrompidos! Nate literalmente estava empurrando James contra a madeira de suporte da arquibancada!

— Rose e… Malfoy — rosnou James com o rosto começando a ficar vermelho.

Nate pôs a mão na frente do grifinório com sua roupa de quadribol e acenou com a cabeça para Rose e Scorpius.

— Eu seguro ele aqui. Fujam enquanto podem — disse Nate com uma seriedade tranquila bem característica da sua voz.

Não precisava falar duas vezes. Scorpius se virou e colocou as duas mãos nos ombros de Rose para levá-la consigo, mesmo que sua cara ainda estivesse perplexa.

Ela demorou exatos 12 degraus de escada para conseguir abrir o bico:

— Mas… Eles não se odiavam?

— Parece que nem tanto — murmurou Scorpius, ainda levando a garota para fora de uma vez. Então um gosto meio amargo começou a preencher sua boca. Não era nojo nem confusão, era um verdadeiro prenúncio do que aconteceria dali para provavelmente o fim do dia. — É hoje que eu vou morrer…


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Notas finais do capítulo

Eu quero ouvir todo mundo que shipa James e Nate dar um grito bem forte! AHHHHHHHHHHH! Alguém quer mais detalhes sobre eles? Tenho vontade de fazer mais capítulos só voltados a eles dois, mas queria saber o que vocês têm preferência também hahahaha.
E eu só queria dizer que... O próximo capítulo está pronto e possui um nome bem singular e esperado: "Aprendendo a..."
(SOLTA BOMBA DE FUMAÇA E DESAPARECE)



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