Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 15
Capítulo 14 — Sonos interrompidos.


Notas iniciais do capítulo

Quase cinquenta dias sem atualização! Cadê a minha cara de voltar aqui? kkk. Desculpem a demora, gente. Várias coisas estão acontecendo (é, elas ainda não sossegaram) na minha vida pessoal, o que resultou meio que num "afastamento" do Nyah, das fanfictions e do resto do mundo kk. E eu juro, tô com esse capítulo pronto há séculos! Só que eu gosto de responder os reviews antes de postar, e como os ânimos para baixo não permitiram, só estou voltando agora. QUERIA AGRADECER À FOFA DA FEEH QUE VOLTOU A ACOMPANHAR A FIC COM SEUS REVIEWS MARAVILHOSOS! Ela jogou cinco lindos em cima de mim, o que me ajudou a terminar dois capítulos de ontem para hoje. Sim, dois! Esse de hoje e o próximo eram originalmente um só, mas a inspiração bateu e excedeu 10k de palavras. Resultado: vamos dividir e vamos melhorar as coisas! Não quero dar spoilers, mas acho que os shippers de Scorose vão gostar deles dois hahaha.
Boa leitura!



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Capítulo 14

Sonos interrompidos.

Scorpius Malfoy

Não dormir à noite era algo até suportável se tivesse um bom motivo (estudar, ler um dos livros da lista da biblioteca, digerir um bolo de mamãe, etc), mas passar a noite inteira rolando e rolando na cama sem conseguir pregar os olhos estava, com certeza, entre as piores sensações da vida. E que beleza! Podia ficar pior! Scorpius foi literalmente jogado para fora da cama em seus pijamas ridículos pela mais sofrida força de vontade. Entrou no banheiro, não devia ser nem cinco da madrugada… De domingo! Era domingo, pelo amor de Morgana!

A cara estava amassada, o cabelo assanhado, os olhos com bolsas, e o espelho fazia questão de mostrar cada defeito na clara luz da matina. Porcaria de noite, porcaria de madrugada. Porcaria de Rose Weasley…

Lógico, Rose Weasley! Scorpius bateu a mão na pia e voltou arrastando o pé no chão para dormir direito nem que fosse uma hora. Bastou deitar a cabeça no travesseiro para, mais uma vez, ela aparecer no canto do seu pensamento entre gritos e julgamentos. Depois da missão quase fracassada de guardar o mapa original na sala do Professor Lupin, era como se algo tivesse mudado na forma de olhar para Rose. E de repente, ela não tinha apenas a feição ridícula de nariz empinado, mas também uma cara de susto e um sorriso sincero.

Rose era humana.

“Acredite, você não está fazendo as perguntas corretas” foi o que Roxanne disse no sábado em que foram a Hogsmeade. E, subitamente, essa frase resolveu ecoar na mente do sonserino. Quando deu por si, havia decidido que iria tentar olhar para aquela garota ruiva de maneira diferente. Não iria inocentá-la de nenhum dos seus crimes contra a comunidade bruxa — Merlin, Dumbledore e os quatro fundadores de Hogwarts sabiam que eram muitos! O que Scorpius colocou na cabeça e estava com imensa dificuldade de tirar era seu novo objetivo: entender como funcionava a mente de Rose Weasley para mostrá-la que podia ser uma pessoa melhor.

Claro que ele não conseguiu dormir! Lógico! Quer dizer, repetir várias e várias vezes em sua mente o que havia observado da moça tornava as coisas mais complicadas. Como a sua risada, limpa e aberta, e como seu jeito de passar uma mecha de cabelo para trás da orelha ao dar um sorriso amarelo… Também tinha muito nela que Scorpius nunca viu. “Nunca perguntou” seria o que Roxie retrucaria em defesa da prima. Mas estava tão disposto a conhecer para retribuir a ajuda que ela estava dando que o sono foi embora.

Isso! Para retribuir a ajuda! Claro que era para retribuir a ajuda, seria perda de tempo imaginar que fosse algo diferente daquilo.

A manhã chegou e não houve conclusão alguma sobre o que faria, apenas a imagem fixa daquelas malditas sardas e daquele ridículo cabelo estirado. Por diabos ela os alisava de qualquer forma? Scorpius bem lembrava do primeiro ano em Hogwarts, Rose tinha uma juba ruiva muito mais legal do que aqueles cabelos sem vida.

De tanto pensar, a mente de Scorpius acabou se cansando. Sequer percebeu quando finalmente conseguiu dormir ou quanto tempo realmente ficou deitado antes de acordar com um grito que vinha diretamente de ninguém menos que Albus Severus Potter:

— FELIZ DIA DAS BRUXAS!!!

Ele saltou em cima de Scorp, jogando o travesseiro e o lençol do loiro no chão antes de pular diretamente para a cama de Luke Flint, e depois do cara vizinho a ele. Albus acordou todo o dormitório masculino da Sonserina antes de acordar o resto da casa com uma animação que só podia ser vista anualmente naquele fatídico 31 de Outubro.

— Não tem jeito. Esse é o único dia do ano que ele acorda sozinho — resmungou um dos caras do dormitório.

— Todo ano é a mesma coisa! Controla esse cara, Malfoy — disse outro.

Scorpius riu baixinho para disfarçar a ressaca. Albus voltou entre pulos, jogando pirulitos e bombons na cabeça de todos que podia. Aquele era o seu jeito de desejar “Feliz Dia das Bruxas” indiscriminadamente, coisa que ele só podia fazer na escola em respeito ao seu pai.

— Scoooorpius! — berrou o moreno, jogando-se de lado na própria cama. — A programação de hoje não vai ser nada básica. Faz tempo que um dia das bruxas não cai num domingo, então temos que aproveitar ao máximo. Trate de lavar essa cara porque temos muito o que fazer!

— Bom, eu estava planejando estudar agora de manhã, já que você me arrastou ontem para… Para o que foi mesmo?

Albus torceu o nariz.

— Ha-ha, não adianta me tentar. Eu não vou falar aquela palavra com quadris e bolas — cantarolou ele, retirando um papel amassado sabe-se lá Merlin de onde. — Depois do banquete do jantar vai ter um James vs Nate, então nosso tempo foi reduzido esse ano. Primeiro, nós vamos cobrir as gárgulas do primeiro andar de papel higiênico, depois vamos enfeitiçar as abóboras da estufa do professor Longbottom para que elas fiquem suspensas no pátio, aí vamos...

— Ei ei, tá certo. — Scorpius o interrompeu com um risinho. — Que tal começarmos depois do meio dia? Você me deixa estudar e depois eu faço qualquer distração que você quiser para as travessuras. Fechado?

Albus deu um sorriso maligno e se levantou de uma vez com uma espécie de aura obscura o envolvendo.

— Você devia ter fechado negócio depois de me escutar falando do que faremos desta vez com o quadro da Virgem de Tintagel. — Ele apertou a mão do loiro e correu para fora do dormitório entre saltinhos antes que Scorpius pudesse ter qualquer reação.

Não importava quantos Halloweens acontecessem, em cada um deles o brilho nos olhos de Albus era singular.

Apesar de muito sono e extrema preguiça, a responsabilidade falava mais alto no pé do ouvido de Scorpius. Pôs os livros na mochila, a camisa de lã preta que sua mãe comprara antes das aulas e a coragem na cara para subir as escadas. Não havia muitos alunos perambulando pela escola aos domingos, para a alegria imensurável do garoto. E Madame Pince abria a biblioteca com um ciúme dos livros distinto dos outros dias, talvez para proteger seu santuário de arruaceiros que não tinham o que fazer no final de semana. Como Albus, claro.

Mas as prateleiras estavam distintamente decoradas. Algumas sombras de sorriso de abóbora flutuavam sobre as estantes, além de vultos de gatos escuros transpassarem os livros. Era tudo um grande feitiço. Talvez a bibliotecária tivesse bom humor no Halloween no fim das contas.

— Bom dia, Madame Pince — disse Scorpius ao passar pela mesa da bruxa de chapéu pontudo.

Ela o observou debaixo de seus óculos finos, murmurando sem muita expressão:

— Se o Potter vier plantar alguma de suas artes na biblioteca, irei proibir a entrada de ambos por dois meses.

— Não, não. — Scorpius riu, erguendo as mãos. — Sou só eu hoje.

— Então tenha um bom dia, Sr. Malfoy. — Ela voltou a prestar atenção no manuscrito que tinha em suas mãos, deixando-o passar.

Scorpius foi o mais silencioso que pode até o fundo da biblioteca, ao lado de uma das janelas altas na melhor hora, quando o sol não batia. Acomodou suas coisas dramaticamente retas umas sobre as outras antes de começar a maratona do Guia de Transfiguração Avançada. Estava até bem na matéria, grande parte fora adiantada sem grande dificuldade, tinha um prazer maior em estudar essa matéria por conta de seus sonhos para o futuro. De acordo com sua mãe, a coleção de “Excelentes” no boletim de Scorpius era de dar orgulho a qualquer mãe corvina. E dar orgulho para Astoria Malfoy significava fazê-la estampar na própria cara sorrisos que ela mesma não sabia segurar.

Depois de transfiguração vinha Poções. Estavam estudando poções inodoros e incolores, como a Veritaserum — bem chatinha apesar do feitio relativamente tranquilo. No meio da leitura, Scorpius se lembrou de um livro que havia visto umas duas semanas antes sobre o uso de suportes no disfarce dos compostos. Levantou para ir até a seção de Poções, mas bastou encarar o corredor para ver, na mesa ao seu lado, alguém que estava sentado com a cara enfiada no meio de uma enciclopédia de poções. A única coisa que o fazia reconhecer esse alguém era o cabelo ruivo e liso esparramado sem fim pela madeira da mesa.

Rose Weasley estava dormindo sobre um livro.

Não, mamãe… o prêmio sorriso mais atraente do semin…

E falando consigo mesma em sonho.

Scorpius precisou segurar a própria boca para não dar uma risada grosseira com aquilo. Quem diria que a sabichona podia dormir em serviço? Talvez a concentração de antes não tivesse permitido que visse a presença dela ali. Há quanto tempo poderia estar?

Com um suspiro, o rapaz pegou o livro que queria e sentou-se em sua mesa novamente, de frente para as costas reclinada de Rose. Observá-la por trás era um pouco cômico, a garota tinha tirado os sapatos e, vez ou outra, tinha um espasmo no pé que chamava a atenção. O que acontecia geralmente antes de ela falar algo como:

Os coelhos estão soltos…

Ou:

Vou banir todos do meu reino…

Sentar ali foi o pior que poderia ter feito ao seu método de estudo sistematizado. Até conseguiu ler alguns parágrafos, mas a cada mexida que Rose fazia ou frase que dizia, a atenção dele mudava por completo.

Não devia ficar encarando-a daquela forma. Era desrespeitoso… Até quis sair e voltar aos planos de leitura, mas os assobios suaves que Rose fazia ao dormir o deixavam inerte. Ela estava… bom, não era educado pensar daquele jeito, imaginar coisas como se a estivesse admirando. Ainda mais porque todo o cabelo dela estava bagunçado, e as suas roupas largadas claramente diziam que a Weasley tinha saído às pressas do dormitório da Grifinória para estudar! Mas ela estava tão… simples. Engraçada. Sem barreiras. Estava tão suave que Scorpius sentiu uma pontada no âmago por estar vendo seus traços daquela maneira.

Nem soube ao certo quanto tempo ficou ali, arrependido e envergonhado, imaginando o que ela faria se um dia descobrisse sobre esse momento.

— Me desculpa — murmurou ele para Rose, ainda em sono profundo.

Para sua surpresa, ela não acordou naquele momento. Acordou, na verdade, quando Scorpius se virou e fechou o livro, determinado que iria estudar nas masmorras. De sopetão, Rose ergueu o tronco num susto, batendo os pés na mesa e fazendo a cadeira que estava sentada sambar.

Frente ao palácio!

— POR MERLIN! — gritou Scorpius, largando o livro e jogando—se por cima da própria mesa para impedir a cadeira dela de cair. Foi quando deu de cara com os olhos de ressaca assombrosos de Rose. No fundo da biblioteca ainda deu para escutar Madame Pince pedir silêncio. — Você quase me matou de susto!

Rose sacudiu a cabeça para despertar direito, levantando-se com o rosto vermelho.

— D-desde quando você está aí?

— Eu, ahn… — Ele apontou para o livro. — Estou estudando. Mas juro que não te vi dormindo muito, só… falando… algumas coisas...

Além de vermelha, a cara dela começou a inchar.

— Falando? Não me diga que eu falei do...

— Prêmio Sorriso mais Atraente do Seminário das Bruxas.

Rose bateu as duas mãos no rosto para segurar um gritinho abafado de vergonha e desespero. Era a primeira vez que Scorpius a via com essas expressões, então riu baixo.

Vivendo e aprendendo que Rose Weasley não é um ciborgue.

— Foi mal, não era minha intenção escutar essas coisas — disse ele, coçando a própria nuca. — Não vou contar a ninguém, prometo.

— É bom mesmo que não conte — murmurou Rose, recompondo-se com a aura mortal de sempre. — Ou irei me certificar de que você pegue uma doença mágica intratável pelo St. Mungus. — Era provavelmente a terceira ameaça que ela fazia naquele final de semana. Scorpius engoliu a seco e pulou com a cadeira para trás, enquanto assistiu a garota arrumando suas coisas. Havia pelo menos cinco livros apenas sobre poções em mãos. Não era pra menos que ela era a primeira da turma. — Ei. Aproveitando que está aqui, quero que revise comigo poções incolores e inodoras.

Scorpius deu um sorriso de lado e ergueu as sobrancelhas casualmente, o que fez a moça franzir a testa como quem não entende.

— Eu saquei a sua, Rose — disse ele antes de se ajeitar na própria mesa. — Eu sou um aliado nos estudos melhor que um inimigo. Já saquei tudo..

Hmpf. — Ela o acompanhou com o nariz empinado e um sorriso malandro se formando em seus lábios, sentando-se na sua frente. — Não vá se achando. Você vai ter que acompanhar o meu ritmo, afinal. E não é todo mundo que aguenta a maratona Granger-Weasley sem pedir por socorro aos prantos.

Para um pouco de surpresa e um pouco de tristeza, não chegaram a conversar nada além de dicas, métodos e técnicas que impressionassem Slughorn. Rose tinha quase um lista de coisas que os professores gostavam de ver em seus alunos, como metodologias diferenciadas para Akilah e “decorebas” para Slug.

Mas na cabeça de Scorpius, estavam praticamente redesenhando um universo com aquelas conversas. Toda vez que Rose ficava empatada em uma questão, começava a bater a ponta do pé freneticamente no chão. Ela também não estudava calçada. Fazia caras e bocas enquanto pensava, retraindo o cenho inundado de sardas sem a menor vergonha.

Para de encarar, Scorpius! Ele dizia a si mesmo em pensamento. Aí Rose mostrava algum item no maior entusiasmo que o fazia esquecer que estava tentando se controlar. Com certeza se mencionasse aquele encontro matinal para Albus, o Potter nunca o deixaria em paz. Diria coisas como:

Entre se apaixonar pela Rose e pela Lily, você realmente ficou com a ruiva sociopata da família?!

E Scorpius diria que não estava apaixonado. Claro que não! Quer dizer, estavam falando hipoteticamente nos pensamentos do Malfoy, mas ainda estavam falando dele e de Rose Weasley! Há um mês, ela era a pessoa que mais o odiava em toda Hogwarts. Não fazia o menor sentido!

Para mim faz, comentou uma miniatura de Roxanne imaginária no ouvido de Scorpius. Vocês dois estão se dando tão bem que dá até vontade de espremer e fazer um doce pra vender na Dedos de Mel.

Fica quieta, Roxanne! Brigou o Albus imaginário, chutando—a. Me escuta, Malfoy! Não tem a menor chance de algo dar certo entre vocês dois, então esquece essa hipótese sem noção e foca em me ajudar com uma nova estratégia pro time de quadribol da Sonserina!

— Você não pode falar em quadribol, Albus imaginário.

— Disse alguma coisa? — Scorpius tomou um susto e encarou os olhos de Rose, atentos e ligeiros. — O que tem o Albus?

— Ele, bom… — gaguejou, piscando violentamente. — Ele está me esperando. Sabe, hoje tem travessuras Potter obrigatórias.

Na mesma hora, o rosto de Rose se fechou.

— Argh, garotos. Ano passado ele quase colocou fogo no castelo. O que vai fazer esse ano? Congelar o lago?

— Bom, não. Mas não seria uma má ideia para ano que vem. — Scorpius riu ao imaginar a cara que McGonagall faria. Rose também amoleceu a expressão, empurrando o ombro do loiro. Com certeza tinha imaginado a cena do lago congelado em pleno Outubro. Mas, gradativamente, a graça foi cessando. Um silêncio cruel se fez entre os dois, ambos de olhos baixando novamente para seus livros, como nos anos em que nunca tinham trocado palavras amigáveis. Scorpius tomou aquela sensação de regressão como fôlego para voltar a encarar a ruiva e dizer: — Rose, eu estive pensando...

— Ótimo. É sempre bom manter a cabeça funcionando. — Ela o cortou antes de subir os olhos castanhos ao seu encontro.

E Scorpius sentiu a pele formigar com aquela troca de olhares.

— Err… Estive pensando em você e no irmão do Albus. Você disse ontem que não conseguia tirar da cabeça que ele havia te chamado de “megera”. E ele não é a primeira pessoa a te chamar assim.

— Como se eu não soubesse. — Rose rolou os olhos e cruzou os braços, recostando-se na cadeira.

Scorpius pressionou os olhos e os lábios, raciocinando com ela.

— Eu só queria que você soubesse que não precisa ficar com essas besteiras na cabeça — disse, lembrando-se mais uma vez das palavras de Roxanne: “Acredite, você não está fazendo as perguntas corretas”. — Debaixo de toda essa cara feia, antipatia e atitude discriminatória, você é uma pessoa divertida. Acho que ainda vai ser capaz de conquistar o mundo.

— Conquistar o mundo como “Grindelrose, a megera sem coração” deve ser fácil — ironizou ela, sacudindo os ombros.

— Se você quiser, claro — murmurou, ainda que não soubesse se aquilo era o certo a dizer. Existia uma grande chance de Rose interpretar os seus pensamentos da forma errada e resmungar sem parar. Mas ele tinha que dizer algo, senão a noite inteira sem dormir teria sido em vão. — Mas pode ser só como “Rose Granger-Weasley” também. Você só precisa se fazer as perguntas corretas sobre como quer agir com o apelido de “megera”. Abraçá-lo, ignorá-lo ou passar por cima dele.

Ela torceu a cara num misto de sorriso e confusão.

— Você soou exatamente como a Roxanne agora. — Sua voz saiu baixa, como se no fundo estivesse pensando em outra coisa. — Uma pena que eu precisaria suprimir tudo que eu sou para poder agradar aos outros e deixar de ser a “megera” que o James pregou. Sabe, eu realmente pensei muito sobre isso. Só que tudo que eu faço é verdadeiramente parte de mim, não são coisas que eu posso simplesmente calar de um segundo para o outro... Como tudo que eu fiz para você um tempo atrás. Acredite, eu precisei de todo um trabalho para te ver além do sobrenome que, para mim, era um terror de histórias verdadeiras. E se o James me chama de megera porque me vê como mandona, egoísta e intensa… Eu nem sei o que ele diria se eu o tratasse da maneira que tratava você.

Scorpius sorriu com aquilo.

— Fico feliz que você usou o verbo “tratar” no passado. Seis anos de bullying já deu para mim — disse ele. Então, ela riu pelo nariz de forma desconcertada. Era, de fato, muito tempo naquele mesmo lenga-lenga que ali mostrava—se ter sido completamente desnecessário. — Não acho que você deva mudar quem “Rose Granger-Weasley” é. Basta usar um pouco de empatia que tudo fica bem.

Aquilo fez Rose franzir as sobrancelhas, pensativa, enquanto assentiu com um movimento de cabeça.

— Mas me diga, Scorpius, quem você acha que é “Rose Granger-Weasley”?

Scorpius engoliu a seco. Aquela era a única pergunta que ele não queria que ela fizesse, a única para qual ele não tinha resposta.

Só que bastou apenas ver o rosto dela e o seu olhar para entender. Rose não estava fazendo pouco dele ou insultando a afirmação sobre conquistar o mundo. Estava pedindo sua opinião.

— E-eu não sei — gaguejou e sacudiu a cabeça.

Quando percebeu, Rose tocou a mão do rapaz com seus dedos aveludados de quem nunca lavou a louça na vida, segurando dois dedos esticados com uma expressão suave.

— Me dê dois motivos para não abraçar a megera em mim.

O rosto de Scorpius formigou desesperadamente! E de repente, as coisas começaram a girar! Quer dizer, os olhos dela estavam ali, direcionados a ele como tantas vezes estiveram, mas, desta vez, processavam o fato de que Scorpius estava na frente deles. Tanto que o hipnotizaram, e ele não percebeu o momento em que fora devorado por aquela íris forte e feroz. Ou o momento em que voltou a ter consciência de onde que estava, de frente para ela com uma resposta para dar sem ter pensado em coisa alguma. Diria o que viesse a mente por não conseguir tirar os olhos da figura maldita da ruiva Weasley.

E pior, Rose não soltou sua mão.

— “Rose” é fogo. — Tinha dito mesmo aquilo? Um riso lhe escapou da boca por desleixo ou por aflição. Estava perdido. — Fogo inflama, queima e mata. Fogo pode ser errado em milhões de maneiras, usado para os piores fins e destruir civilizações inteiras se for jogado com más intenções. Fogo é a catástrofe mais intensa porque se espalha e contagia. E você, como fogo, é capaz de influenciar quem quer que se aproxime da sua presença incontrolável e, às vezes, chata pra caramba. — Parou para respirar, largando seus dedos da mão de Rose para que pudesse segurá-la por si só. Era realmente uma mão macia. Mas essa era a sua vez de hipnotizar aquela garota, encarando-a com o peito disparando assustado. — Mas fogo é a fonte primária da luz, e sem luz o mundo parece um lugar meio sem graça, né?


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. Foi mais curto do que ultimamente eu ando postando... Mas foi por uma boa causa, sério! O próximo capítulo tem mais de 6 mil, e eu estou tentando desesperadamente (e sem sucesso) reduzir o coitado kk. Apesar de tudo, foi um capítulo importante e muito muito gostosinho de escrever. Espero que tenham gostado! E não se preocupem, haverá mais "ação" no próximo haha. Beijinhos nos seus corações e obrigada por não desistirem de mim, mesmo eu sendo uma péssima autora por deixar vocês na mão tanto tempo kkk.



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