Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 11
Capítulo 10 — Além dos nomes.


Notas iniciais do capítulo

Yaaay! Mais um capítulo saindo na margem dos quinze dias! E a fic tá de capa nova? Tá siiim! Que lindo, que delícia.
E, MAIS IMPORTANTE! Temos mais uma recomendação! AHHHH! Esse capítulo maravilhoso e cheio de Scorose é dedicado à fofíssima da looneylu (u/108810/). Sim, vocês leram certo! Tá cheio de Scorose! FINALMENTE, NÉ?! Espero que curtam a leitura. Depois de tanta confusão e briga, finalmente estamos atingindo um nível minimamente respeitável aqui kkk.
Boa leitura!



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Capítulo 10

Além dos nomes.

 Rose 

 

A sala de Poções de Slughorn tinha várias bancadas extensas e um clima de penumbra que provavelmente não deixava as rugas do professor se sobressairem — assustariam toda a pequena multidão de alunos reunida ali. Devia haver mais ou menos uns vinte e cinco estudantes, variando entre todas as casas, sendo a maioria berrante de corvinos. As más línguas diziam que antes de Horace Slughorn voltar à escola, o sexto ano de Poções era quase que predominantemente de alunos sonserinos, pois precisavam fechar com "Excelente" nas NOMs do ano anterior. O antigo professor devia ser um crápula...

Rose suspirou, apoiando o rosto com a mão enquanto olhava atravessado para o outro lado da sala, vendo a cabeça loira que balançava desajeitada e sozinha na primeira mesa.

Os últimos dias não foram uma droga, foram piores!

— E quanto à Dominique? — perguntou, retirando o olhar de Scorpius Malfoy e encarando o rosto de Roxanne ligeiramente preocupado com a poção borbulhando cores azuladas e púrpuras de uma vez. — Experimenta usar as raspas da asa de vagalume, ajuda a conter o efeito para cristalizar.

Roxanne se apressou para jogar as raspas de asa de vagalume no caldeirão folheado a prata. Deu até para ouvir seu alívio alto quando as bolhas pararam.

— Obrigada, eu nunca que ia pensar nisso. Ia acabar jogando semente de raio, ou algo assim — disse, recostando-le na cadeira alta e cruzando os braços. Não era à toa que Poções era a matéria favorita de Roxie. Sementes de raio seriam eficazes, mas não tanto quanto as raspas de asa de vagalume.

— Não foi nada. Só me diz o que você acha da Domie.

Rose raramente se sentava no fundo da sala, ficando, na maioria das vezes, ou com Priya ou com Samuel. Porém, naquela segunda feira, em especial, precisava estar ao lado da outra Weasley. Desde que James meteu a boca no trombone, a ruiva começou a ficar paranoica com possíveis familiares traiçoeiros, o que a fez iniciar uma lista de análise fria e sistemática de cada um de seus primos, perturbando Roxanne por respostas.

— Grindy, lembra do que eu te disse no sábado quando você me contou o que o James falou? Você fez a sua própria imagem. Você sabe que se considera melhor que os outros. Não adianta ficar perambulando com essa cara de coitadinha. Se quer ter outra imagem, passe a agir diferente.

Rose lançou um olhar mortal para a prima, fazendo-a dar de ombros e se afastar como quem lava as mãos do assunto. Era fácil para ela falar que Rose devia agir de forma diferente. Difícil mesmo era seguir em frente, olhar na cara de cada um dos seus primos e pensar no que James havia dito sobre ela.

E sobre o Malfoy.

Voltou a encará-lo lá na frente, ainda terminando sua poção com atenção. Albus não fazia Poções, então ele realmente ficava só. E James havia pegado tão pesado nos insultos que cada frase começava a vibrar na mente de Rose. De certa forma, os insultos para ela, apesar de um tanto injustos, tiveram algum fundo de embasamento. Os dele eram simplesmente referentes à sua família e ao que ele representava: a sobrevivência de uma família de Comensais da Morte. Nenhum se referia realmente à pessoa de Scorpius Malfoy.

— E quanto à Lucy? — Rose forçou um risinho baixo para se distrair do próprio pensamento, voltando a mexer na poção. — Tudo bem que ela costumava ser legal demais comigo e com a Lily, mas hoje está ficando cada vez mais parecida com o pai. A gente costumava brincar com as bonecas que a tia Fleur trazia da França, lembra disso?

Pff, claro que eu lembro. Lucy não queria que eu brincasse porque não tinha uma boneca negra para eu ser. A Vic e a Domie sempre me salvavam com os jogos e com os álbuns das viagens do tio Gui. — Roxie resmungou, pulando de ladinho para sentar em cima da bancada. — Se bem que Lucy pode ter mudado de opinião quanto a você, assim como ela mudou com relação a mim.

Aquilo fez Rose rir de verdade, parando imediatamente de mexer na poção.

— Por Dumbledore, é verdade! Ela fazia mesmo isso! Nossa, como é que a gente não via maldade nessa época?

— Ué, éramos crianças. Até alguns anos atrás, eu mesma não via, foi só os meninos daqui da escola começarem a me perturbar pelo meu cabelo que a ficha começou a cair. — Roxanne arregalou os olhos e deu de ombros. Mas Rose recordava claramente do roxo que ficou nos olhos deles depois de falarem que ela tinha cabelo ruim. — Mas a Lucy se esforça para mudar, pelo menos. Ela até me pediu desculpas no natal do ano passado.

— Juro que eu queria ter a sua fé na humanidade.

— Rose e Roxanne Weasley — berrou Slughorn da frente da sala — já terminaram os cristais?!

As duas baixaram a cabeça, rindo entre si. Rose já havia terminado sim, mas o desânimo de minutos atrás era tão grande que nem mesmo apresentar sua obra prima para o Professor Slug era animador. Só que era necessário.

Devagar, a ruiva começou a despejar o conteúdo do caldeirão num papel grosso que estava estendido do seu lado da bancada. Bastou tocá-lo para que o líquido anil cristalizasse sozinho, mostrando várias pontas diferentes se espalhando e formando um tipo de arte brilhosa e surpreendentemente valiosa.

Roxanne continuou a tentar atenuar a acidez da mistura que havia feito, ignorando completamente as instruções do livro, enquanto Rose levava o cristal até a mesa de seu professor. Como sempre, havia sido a primeira a acabar.

— Mas que maravilha, Rose — exclamou Slughorn, batendo na pança grandiosa enquanto media a qualificação da pequena arte. — Boa angulação. Ligação muito boa de partículas. E com certeza afiado! Devo dizer, Granger pode ter bastante orgulho de você.

— Eu apenas tenho bons professores. — Sorriu com simpatia, mesmo sabendo, no seu interior, que tudo era graças à sua imensa capacidade de aprendizado.

— Ora, não seja modesta. — Aproximou-se dela, erguendo as sobrancelhas. — Cá entre nós, haverá tempo demais para falar isso no próximo encontro do Clube do Slug. Estou planejando uma reunião para o dia seguinte à Noite das Bruxas. Estará lá, certo?

— Ah, cert-

Subitamente, Rose se interrompeu quando escutou um passo ao seu lado. Chegou até mesmo a se perguntar se não estava delirando por não ter parado de pensar no que havia acontecido no sábado à tarde. Lógico que seria ele! Era um corpo alto, magro e justamente ao seu lado. O destino era uma droga? Sim, o destino era uma droga.

— Professor, aqui está. — Rose suspirou antes de encarar o dono da voz rouquinha, Scorpius Malfoy. Ele estava da forma como ela havia instruído no início da semana anterior, desarrumado e sem cabelo ensebado de gel. Parecia até uma pessoa normal. — Espero que o senhor não se importe, mas ao invés de usar o pilão para moer o dente de fada das Terras Altas, eu raspei a superfície deles. Ouvi dizer que a parte interna do dente deixa mais lento o… processo...

Scorpius carregava um cristal mais brilhoso que o de Rose. Talvez até um pouco maior também.

— Tudo bem, Sr. Malfoy — disse Slughorn, passando a mão no queixo. — Coloque-o sob a sua bancada. No final da aula, olharei mais atentamente para ele.

De imediato, Rose franziu a testa. Quer dizer, o cristal era muito bom! Não melhor que o dela, isso podia ser comprovado com algum tipo de teste, mas era algo realmente de bom grado. E Slughorn sequer se deu o trabalho de encarar o que ele tinha feito.

Na verdade, não importava que fossem boas as poções que o garoto preparava, era irônico o fato de ele nunca ter sido convidado para o Clube do Slug. Até mesmo Albus foi convidado no segundo ano deles — pouco antes de ser convidado a se retirar por causa de uma confusão com os livros do professor.

E Rose quis vomitar. Devia estar ficando louca! Esse tipo de pensamento incomodava o suficiente para tirá-la do sério, fazer sua boca se mover e para sua voz sair.

— Professor — disse ao cutucar Slug — não pude deixar de notar o quão interessante foi o Malfoy ter pesquisado sobre os dentes de fada. Eu certamente não pensaria sobre isso. — Mentira. Pensaria e ainda teria feito melhor. Mas era necessário mentir para que aquilo desse certo. — O senhor não ficou admirado com a esperteza dele? Quer dizer, podíamos discutir bastante sobre essas, essas… Alterações de metodologia com outros alunos.

Slughorn franziu a testa, mas não tanto quanto Scorpius.

— Rose, o que você está sugerindo?

— Sugerindo? — Sorriu, piscando violentamente antes de metralhá-lo com palavras. — Estou apenas apresentando motivos claros para o senhor admirar o trabalho do rapaz. Tenho certeza de que o professor concorda comigo que a falta de influência parental dos Malfoys o ajudou bastante a se tornar um bom aluno. Bom jovem, podemos dizer!

O professor ficou atordoado com a velocidade com a qual a boca de Rose se movia, sacudindo ligeiramente a cabeça. Mas o mais engraçado de todos foi o loiro embasbacado ao seu lado.

— Oh, sim sim. — Slug ergueu as sobrancelhas e deu de ombros, virando-se para Scorpius. — Inclusive, podemos discutir mais sobre o seu conhecimento do antigo e gracioso preparo de Poções na próxima semana. Não sei se você conhece, Malfoy, mas eu costumo reunir alguns dos alunos mais promissores no chamado…

— Clube do Slug! — Rose exaltou-se por seu objetivo ter sido tão bem atingido.

O queixo de Scorpius caiu, ao passos que seus olhos ziguezagueavam entre a ruiva e o chefe da Sonserina, que disse:

— A próxima reunião será no dia após a Noite das Bruxas, está interessado?

O garoto de vestes verdes assentiu com a cabeça, mas nada disse. Patético, era para aproveitar esse tipo de situação para criar vínculos com o professor que podia ajudar a garantir sua vida pós Hogwarts! Se bem que se ela fosse comparar “ficar calado” com as mentiras esfarrapadas — que salvaram sua pele — para o Professor Akilah, certamente era melhor ficar na sua.

— Ótimo! Estamos combinados então! — Rose deu um giro, caminhando na direção da sua própria bancada.

Se seus cálculos e suas esperanças coincidissem, Scorpius Malfoy não a seguiria nem perguntaria o motivo de ter feito aquilo. E, numa utopia, ninguém naquela sala teria escutado seu discurso desastroso.

Bastou chegar ao lado de Roxie para ouvir Slughorn bater palmas, anunciando o final da aula e pedindo para que todos que não tivessem terminado suas poções as deixassem cobertas e com pitadas de ervas para conter a cristalização. Ele as inspecionaria antes de lançar notas individuais para cada.

Deu para ver a pequena decepção de Roxanne Weasley em seus olhos. Ela gostava muito de Poções e raramente encontrava dificuldades em adaptá-las ao seu jeito. Tio Harry costumava dizer que ela seria, um dia, uma grande Aurora, o que fazia tia Angelina torcer a cara. Rose deu dois tapinhas no seu ombro, começando a andar na direção da porta com os outros alunos. No instante em que passasse por ela, estaria livre da possibilidade de alguém perturbá-la.

Porém, o sonho de sair dali ilesa de comentários foi frustrado no segundo em que vestes negras e verdes se puseram na sua frente. Ela ergueu o olhar e viu Scorpius Malfoy encará-la.

— Que merda foi aquela?

Não podia conversar aquilo no meio das pessoas. Roxanne também não ajudaria com o que ela tinha a dizer.

— Vem comigo — sibilou, acenando para a prima logo em seguida. — Nos vemos no Salão Comunal da Grifinória.

Roxanne ergueu as mãos e deu passagem para os dois com um sorriso nos lábios animado. Iria querer saber de todos os detalhes.

Passaram pelas masmorras em passos ligeiros, Scorpius logo atrás do passo de Rose. Com certeza, ele não tinha prazer em ser visto com ela. Chegaram ao térreo, e ninguém olhava. Ninguém desconfiava. Ao, finalmente, saírem de dentro do castelo pela frente, o rapaz ficou ao seu lado. Cruzaram a entrada de madeira que dava para grandes pedras verticais numa colina pouco acima da cabana de Guarda-Caça. Ali era o lugar perfeito! Bastou parar de andar e se virar para o Malfoy que ela escutou:

— Por que fez aquilo?

— O Clube do Slug é importante para o meu plano — mentiu descaradamente, apoiando-se numa das pedras com a mão. Ela estava úmida, devia ter chovido. — Quer dizer, você é minha única boa concorrência naquela sala. Era estranho Slughorn nunca ter te convidado antes.

Ele se colocou ao seu lado, recostando-se na pedra alta.

— Obrigado, eu acho — disse Scorpius, deixando a mochila cair. Rose fez o mesmo. — Ele não quer nada com os Malfoy, então eu sempre tive certeza que nunca iria ser convidado. Tomei o maior susto quando você começou a tagarelar.

Rose franziu o cenho. Não havia tagarelado!

— Como assim não quer nada com os Malfoy? — Tecnicamente, ninguém queria nada com os Malfoys. Pelo menos ninguém que ela conhecesse, além de Albus.

— Vai dizer que você nunca pensou que minha família está em segredo me preparando para ser uma espécie de Comensal da Morte da nossa geração?

— Com esse porte atlético? Não, você deve virar algum tipo de “Intendente da Morte”, no máximo.

Ele riu, coçando a nuca.

— Pois Slughorn acha isso. Ele também não gostava do meu pai e do meu avô, não desmerecidamente — falou com o olhar longe. O céu estava cheio de nuvens.

A família Malfoy era conhecida pelo sangue-puro. Já fora muito rica, mas, agora, sacudia-se em grandes camadas de poeira. Ao menos era isso que o pai dela falava toda vez que o assunto surgia na mesa de jantar.

— O que houve com eles depois da Segura Guerra Bruxa? — Rose encarou o garoto, e ele a encarou de volta. Esse tipo de conversa era estranho, provavelmente para os dois.

— Você está interessada na minha família? — disse ele, seco. — É sério isso?

—  Como assim “sério”? — Rose deu um sorriso marelo, passando uma mecha de cabelo para trás da orelha. Não deveria ter se mostrado assim. — Eu adoro histórias, especialmente se elas incluem o lado fracassado de uma guerra. É como escutar um manual de consequências de péssimos atos!

Scorpius entortou a cara numa careta engraçada. Estava incrédulo.

— Alguém já te disse como você pode ser pedante? — Ele sacudiu a cabeça. — Sabe, esse tipo de comentário não se faz.

Não importava se deveria ou não falar daquela forma. Estava até se segurando para não ser mais incisiva sobre seu pensamento envolvendo a família Malfoy. Durante toda sua vida, houve pequenas marcas e migalhas do que o lado deles fez com o seu. Ron nunca cansou de resmungar sobre os maus tratos que sofreu na época da escola e durante a guerra, ainda mais no que se referia à sua mulher. Na cabeça da Wesley, a ruína da família de Scorpius era justa! Ele que teve um azar tremendo de nascer naquela linhagem.

E era por isso que ela estava ali. Ao sentir as palavras de desprezo de James e a indiferença de Slughorn, Rose quase, bem quase, amoleceu. Pelo menos foi isso que ela disse a si mesma.

— Durante toda a minha vida, eu escutei histórias dos meus pais e tios sobre Hogwarts — disse ela um tanto pensativa, parando de olhar para o loiro. — Meu sonho era chegar aqui e viver um xadrez de bruxo verdadeiro, lutar contra monstros gigantes, entrar no time de quadribol e ser melhor que todos os sonserinos, em especial que você. Imagine a minha decepção em viver numa escola pacífica e em ter medo de altura.

— Você tem medo de altura? — Ele perguntou e recebeu um empurrão.

— Isso não importa. O que eu quero dizer é que a única coisa que eu precisava que desse certo era uma rivalidade épica com o filho de Draco Malfoy — murmurou, passando a encarar o garoto. Ele entendia o seu ponto. Seus olhos congelados diziam claramente isso. — Eu sou cruel com você muito por conta disso. Tem muita história por trás, percebe?

Ele assentiu com a cabeça, suspirando.

— Quando meu pai descobriu que Albus e eu éramos amigos, ele me contou sobre seus anos em Hogwarts e todas as coisas que fazia. O que as pessoas não sabem, hoje, é que ele não é mais o mesmo.

— O que o fez mudar?

Nas histórias, os Malfoys eram perversos, preconceituosos e covardes. Obedeciam ao Lorde das Trevas e fugiam para salvar suas próprias peles escamosas de cobra. Naquele instante, pensar tudo que já ouviu sobre eles fez uma memória ecoar na mente de Rose. Em sua menor infância, ela escondia Hugo quando sua mãe tinha pesadelos e acordava aos gritos com dores desesperadoras no braço. Os medibruxos a diagnosticaram com trauma psicológico da guerra, e Ron contou a história da Mansão Malfoy. Mesmo tendo retirado a cicatriz de “sangue-ruim” por magia, os gritos mostravam que ela sempre estaria lá.

O que poderia ter acontecido com os Malfoy que se equiparasse àquilo? Ou a seu tio Gui ter sido infectado por um lobisomem? Ou à morte do irmão gêmeo de tio George? A responsabilidade de um Comensal era comum a todos eles.

O problema era que Scorpius Malfoy parecia tudo menos um aprendiz de terrorista. Estava ficando cada vez mais difícil odiá-lo.

— Depois da guerra, meu pai e a mãe dele foram presos, mas Lucius, pai do meu pai, fugiu para algum lugar no oriente — ele falava com tanta calma que aquela história nem parecia ser real. — Os bens foram confiscados e ou congelados, até que fosse dada uma sentença. Narcissa auxiliou o pai de Albus para proteger meu pai, traindo o Voldemort, então eles dois foram liberados após terem cumprido uma pena um tanto branda e terem suas varinhas destruídas. Ambos foram impedidos de praticar magia.

— Então seu pai não terminou os estudos em Hogwarts?

Ele confirmou com a cabeça.

— Sem a Mansão Malfoy, eles procuraram abrigo em outras famílias que consideravam amigas, como os Goyle, os Rosier e os remanescentes dos Yaxley. Meu pai só conseguiu reaver o direito de usar magia há poucos anos. — Scorpius coçou a própria cabeça com profundo incômodo.

— E quanto ao seu avô? Eu soube que ele morreu em Azkaban. Conseguiram pegá-lo?

— Depois de mais de dois anos de perseguição, conseguiram. Os Aurores simularam a morte de Narcissa para que ele entrasse em contato com meu pai, aí o pegaram — disse e encarou o olhar curioso de Rose. — Lucius se matou em Azkaban e deixou uma carta para seu filho, culpando-o por tudo.

Um calafrio percorreu a espinha de Rose. Só de pensar que seu pai poderia se matar e culpá-la por tudo…

— Por Dumbledore. — Estremeceu. — Eu me mataria depois dessa.

Então, algo pesou no olhar de Scorpius. Como se fosse soltar que Draco Malfoy tivesse tentado… Oh, não.

— É, essa parece ser uma solução. Felizmente, papai e Narcissa estavam hospedados na casa dos Greengrass, família da minha mãe. — Aí, ele sorriu — Acredite, minha mãe seria capaz de fazer até Severus Snape rir!

Hermione dizia que Astoria Malfoy era… bom, interessante. Uma mulher de família importante e rica que distribuía bolos diversificados nas assembléias do Ministério. Aquilo fez Rose sorrir involuntariamente. Quando notou a curva que seus lábios fizeram, cobriu-os com a mão às pressas.

— Bem trágica a história da sua família — comentou para se convencer de que não estava mais interessada. Mas estava.

— Bem chata a sua necessidade de autoafirmação baseada nas aventuras dos seus pais — ele falou e deu de ombros. — Continua me odiando?

Rose girou a cabeça, desprendendo-se da pedra para ficar frente a frente com o rapaz.

— Não é como se eu te odiasse de verdade. Eu odeio o que você representa e o fato de nós não sermos verdadeiros inimigos mortais para eu poder te dar uma surra. — Se bem que ela já dava essa surra nas notas com ou sem guerra declarada. Então, ela suspirou. — Mas sábado, eu estive na sua pele. Foi estranho, e... mas… bem…

Sentiu o rosto formigar numa mistura de vergonha e raiva.

— James insultou com você não foi? — Ele suspirou antes de morder o próprio lábio inferior. — Me desculpa por te colocar numa situação dessas. Ninguém devia sofrer nada assim.

— Não precisa pedir desculpas. Pra falar a verdade, já estou começando a planejar minha vingança contra ele e contra meus familiares. — Não precisava entrar em detalhes que ela também havia insultado, isso não contribuiria em nada na imagem que ela queria passar. — O importante é que tudo deu quase certo na sua saída com os garotos da Sonserina. Roxanne me contou em detalhes, parece que a Loucaline está atrás de você, não é?

Desta vez, ele ficou com o rosto rosado.

— Loucaline?

— Madeline Nott, a pulga mais feia da sociedade. — Rose sorriu, fazendo Scorpius dar um passo para trás. — Ela é louca, parte por culpa minha.

— Ahh, por causa do Jasper Wood. Roxanne contou a história. Vocês dois namoraram, certo? Eu mal lembro desse cara.

Finalmente, o assunto havia se tornado prazeroso!

— Ele é perfeito. O homem perfeito! Jasper é bonito, talentoso, inteligente, e, o melhor de tudo, meu pai gostava dele. — Havia algo de nostálgico na sua voz, como se pudesse beijar Jasper só de falar dele. Eram beijos deliciosos. — A Loucaline quase infartou quando nós começamos a namorar. Na briga do pátio, eu arranquei um tufo de cabelo dela. — Ainda podia ouvir os gritos estridentes de ódio da garota da Sonserina.

— Vocês, garotas, são assustadoramente violentas, Jasper Wood deve ter ficado com medo — disse ele, rindo baixinho, recebendo um murrinho no ombro de Rose. — Ai! Não precisava disso. Era só uma hipótese...

— Ele estava se formando, então nós meio que nos distanciamos e terminamos para evitar problemas para o seu lado. Aí ele disse que ia esperar eu me formar para ficarmos juntos outra vez.

— E você está me dizendo isso por…

— Porque você me contou do seu trauma de família. — Deu de ombros, vendo-o revirar os olhos sem desmanchar o sorriso. — Como eu não tenho nenhum caso obsceno com a minha, estou te contando dos meus relacionamentos cheios de incógnitas. Nós somos, sei lá, parceiros, afinal.

Scorpius maneou a cabeça. Talvez alguma parte dele não acreditasse, mas aquela era Rose se esforçando para ser simpática.

— Acho que estamos mais para sócios. Essa é nossa primeira conversa semi-pacífica em semanas.

Ela concordou, sorrindo. Scorpius nunca saberia que o coração dela latejava algo parecido com arrependimento pelos maus tratos. Que ela queria, na verdade, ser sua amiga... e nunca contar para ninguém isso!!!

— Dizem as más línguas que eu não sou tão ruim quanto pareço, Scorpius.

Viu-o pressionar o olhos e virar o rosto, como se tentasse entendê-la.

— Certo... — disse quase forçado — Sabe, se você não se achasse tanto, nós poderíamos ter sido amigos.

Uma gargalhada escapou dela um tanto alto.

— Se você não fosse um Malfoy, nós provavelmente seríamos amigos, Scorpius…

— Okay, isso de chamar pelo nome é muito estranho. — O rosto dele ficou vermelho como as vestes grifinórias dela.

Rose negou com um movimento de cabeça.

— Eu odeio o nome da sua família, mas cansei de odiar você. Só irei me referir à sua existência pelo seu primeiro nome. — Ergueu a mochila nos ombros outra vez, dando dois passos para trás.

Scorpius suspirou e enfiou as mãos nos bolsos dianteiros da calça da farda, afinando os lábios antes de falar com relutância:

— É com você, Rose… Depois nós combinamos o próximo encontro do seu plano.

Ela assentiu. Suas pernas davam marcha ré, de forma ela ainda pudesse encará-lo.

— Leve as varinhas de alcaçuz. Elas fazem parte da próxima etapa. — Girou de vez, apressando o passo para voltar ao castelo. Ainda havia muito o que fazer naquele dia além de estudar para Defesa Contra as Artes das Trevas, incluindo analisar o perfil de cada um de seus primos para saber quem falou para James que ela era uma megera e preparar o terreno para a fase dois do plano: conquistando lufanos.

Rose chegou a achar engraçado que havia retornado à Torre da Grifinória sem ter notícias do mapa. Estava ficando distraída demais.

Sequer deu atenção ao pressentimento de estar sendo seguida. Afinal, era apenas um pressentimento! Ainda havia muito a ser feito!


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Notas finais do capítulo

Alguém seguiu a Rose? Quem? Quais os hábitos estranhos tornam uma pessoa perseguidora? Tudo isso você vai sair no próximo capítulo...
E aí, meu povo mais lindo? O que acharam do capítulo? Particularmente falando, essa conversa da Rose e do Scorp é uma das minhas favoritas desse primeiro cenário da fanfic.
Mas enfim! ESTAMOS CHEGANDO NO REVIEW 100 YAAAY ♥ então, eu resolvi fazer mais mimos para os meus lindos leitores! Aquele que fizer o melhor comentário do décimo capítulo vai receber um mega mimo ♥
Beigos imensos! Até mais hahahaha.