Depois que a polícia chegou ficou óbvio que a minha guarda não poderia continuar com Kinney, o que me deixou bem feliz.

Claro que nem todos saíram satisfeitos dessa. Joanna Lance, por exemplo, acabou morta em um porão. Eu descobri o nome da pobre coitada depois que a perícia achou a identidade dela jogada no quintal. Duas filhas e um marido amoroso. Se eu não tivesse contado, ela ainda estaria viva.

Estamos no Jeep à caminho de Deaton. A tensão é clara entre mim e Stiles. 

—Bom, parece que você finalmente vai se livrar do Kinney.- Disse com os olhos na estrada.

—É.-

—Então?-

—Então o quê?- Arqueei as sobrancelhas.

—Você não tocou no assunto desde que acordou.-

—Que assunto?- É CLARO QUE EU SEI QUE ASSUNTO É! Mas... -Seja mais específico.-

—O que eu te disse antes de você desmaiar.-

—Oh, aquilo? Bobagem.- Me virei para a janela.

—Loren, eu sei que você deve estar chateada comigo, mas...-

—Eu não estou.- Sorri.

—Que bom.- Focou na estrada. -Nós podemos conversar melhor quando sairmos da clínica do Deaton.- Disse estacionando.

Sai do carro imediatamente e entrei na clinica antes que Stiles pudesse falar algo.

—E aê.- Passei por Erica.

—Então, agora que estamos todos aqui, precisamos decidir o que fazer com Jackson.-

—É fácil.- Falei. -Matamos ele.-

—Loren...- Derek começou. 

—Eu sei que vocês já decidiram isso. Sem mim. Aliás,  isso aqui é só proforme pros humanos, né?- Sorri para Scott.

—Nós não temos opção...- Stiles falou.

—E você sabia esse tempo todo.- Me referi a Stiles.

—Você sabia que o Kanima evolui quando conclui o seu objetivo? Quer saber como eu descobri isso?- Se aproximou. -Lembra aqueles rabiscos que você fez?- Perguntou abrindo alguma imagem no smartphone e me mostrando. -Eu passei a noite juntando e depois de conseguir montar encontrei isso. - Os rabiscos juntos formavam o desenho de um Kanima com asas! É tipo uma barata que voa. 

Suspirei e me afastei levando a mão à cabeça. -Temos outra opção?- Perguntou retórico. -Eu pesquisei a lenda na internet e bateu com o desenho-.

—E todo mundo aqui concorda em matar o Jackson? Não estamos falando sobre uma maldita lagartixa!- Gritei. -Acordem! Ele é uma pessoa! Não é da melhor espécie e merece se ferrar por muitas coisas mas não por isso.-

—Ele é um assassino.- Derek disse. 

—Você também.- A sala entrou em silêncio e Erica se pronunciou.

—O que você está fazendo aqui mesmo?- Perguntou. -Quero dizer, você é só uma órfã intrometida. Uma menininha azarada que acabou esbarrando com algo maior.- Veio em minha direção. 

—Ah, realmente, o Derek é bem mais alto que eu.- Sorri cínica e ela me deu um empurrão. Derek a puxou pra longe.

—Você não deveria estar aqui. Aliás, quem é você pra falar do Derek? Você ia matar aquele homem na floresta.- Riu. -Primeiro tem essas alucinações com o ex-alfa louco, depois essa de agressiva, mas não vamos esquecer do seu mais recente talento pra vidente.-

—Erica, cala a boca.- Derek a repreendeu.

—Sua casa pefou fogo, não é? Quem garante que não foi você quem provocou isso?- Minha mão voou na cara de Erica em um tapa que ecoou pelo lugar. O rosto dela virou e avancei com a mão sem seu pescoço. -Nunca mais...- Apertei minha mão ao redor do pescoço dela e fiquei muda. Eu não consegui terminar a frase. Olhei para Erica e vi que ela estava sufocando. Olhei ao meu redor e vi como todos me encaravam. Soltei a lobisomem, que caiu no chão arfando. -Eu...Eu...- Enfim, depois que gaguejar uns trocentos "eu...", eu corri pra fora da clínica. Não me importei com Derek correndo atrás de mim, mas eu queria ficar sozinha. Na verdade eu queria desaparecer. Adentrei a floresta e rezei para que ele não me encontrasse. Corri o mais rápido que pude.

—E aí? Apostando em alguma coisa?- Peter me perguntou enquanto corria charmosamente de costas. Ele é uma alucinação, é claro que não vai tropeçar.

—Sai daqui!- 

—Nenhum lance? Então vamos mesmo ficar com "vidente"? Ahh, Loren. Você pode fazer melhor que isso.-

—Por quê você não some?- Gritei e tropecei, caindo de cara no chão. -Por quê não some?- Chorei. 

—Querida, ficar aí no chão, chorando e se lamentando não vai mudar nada.- Se acocorou ao meu lado e deixou a cabeça cair pro lado. -Mas sabe o que vai mudar?- 

—Loren!- Ouvi a voz de Derek. "Droga, ele me encontrou".

—Ahh, é. Você tem o faro de um cachorro.- Ri.

—Loren, levanta daí.-

—É, escuta ele. Aqui tem muitas formigas.- Peter informou enquanto se olhava em um pequeno espelho que estava magicamente pendurado numa árvore.

Suspirei cansada. -Me deixa sozinha, sai daqui.- 

—Aqui perto tem um formigueiro...-

—Ironicamente Peter acabou de me falar isso.- Me levantei e voltei a caminhar em direção à lugar nenhum.

—Você tá um lixo.- Peter voltou a me acompanhar. -Acho que vou aliviar pra você. Vou procurar o meu plano B.-

—Plano B, Peter?- Derek me acompanhava atentamente.

—Ah, não é como se vocês se dessem bem. O engraçado é que vocês são concorrentes em tudo.- Gargalhou. -Mas não sinta ciúmes, você tem um lugar especial no meu coração.-

—Peter, como assim plano B?-

—É pro seu próprio bem. Veja isso como a minha demonstração de amor.-

—Lydia!- 

—Tchauzinho.- E desapareceu.

—Loren?-

—É a Lydia.- Disse perplexa. 

—Como assim?-

—Lydia! Ele vai usar ela! Por isso ela estava toda esquisita na escola. Ela também vê ele. E ele vai usá-la.- Comecei a correr de volta para a estrada. 

Bati na porta da casa da Lydia e um cara atendeu. Deu pra perceber que haviam várias pessoas lá. 

—Lydia Martim se encontra?-

—Claro! Como não? É a festa dela. Pode entrar!- O rapaz me puxou pra dentro e Derek o empurrou pra longe de mim, seguindo comigo a procura de Lydia.

—Isso é ciúmes?- Ri.

—Isso é a lua cheia.-

—Por isso a Erica estava agindo como uma vadia?- 

—Ela estava agindo mal, mas ela não é má.-

—Como você se controla? Quero dizer, à essa hora ele estão presos em algum porão, né?-

—Sim.- 

—E?-

—Eu encontro uma âncora, algo em que me apoiar. Um vínculo significativo pra manter o lado humano no controle.-

—Ah é, tinha me esquecido que você é de pele e osso. Foi mal, eu confundo com Inteligencia Artificial.-

—Qual é a sua âncora?-

—Raiva.- 

—Olha ela lá.- 

Encontrei Lydia perto da piscina. 

—Lydia!-

—Loren! Que surpresa, achei que não viria. Você não respondeu os meus torpedos. Eu convidei você, que bom que veio. Ponche?- Ofereceu um copo com o líquido. -É sem álcool, eu garanto. Faz mal pra pele.-

Aceitei o copo virando o líquido.

—Olha, precisamos conversar...-

—Opa, foi mal. Olha o Jackson ali!- Lydia correu para longe indo falar com Jackson A.K.A: Kanima.

—Droga!- Exclamei ao perceber que ela estava escapando. Me virei pra falar com Derek, mas ele não estava mais ali.  -Derek?- O chamei. - Derek?- Ahhh, filho da mãe.

—Loren Koreshkov?- Um desconhecido perguntou. 

—Pois não?-

—Somos do Jornal da Califórnia, gostaríamos de entrevistá-la sobre o incêndio da mansão Koreshkov. Ficamos sabendo por meio de um informante que você causou, é verdade?-

—O quê?- Perguntei perplexa.

—Ah, claro. Obrigada por sua resposta.- Eu estava me sentindo meio tonta. -Então, o que a motivou?-

—Mas eu não...-

—Seu depoimento será bastante valioso. Sabe que pode publicar da prisão, não sabe? Nossa editora gostaria de lançar um livro. Você será a Elizabeth Borden do século vinte um.-

—Mas eu não...- 

—Loren estou decepcionado.- Red apareceu de algum lugar. 

—Mas eu não fiz nada! Red, eles estão mentindo. Eu não coloquei fogo na minha casa.-

—É por isso que eu prefiro a Lydia. Ela não é assassina como você. Sabe, nem pra substituir ela você presta- Stiles me falou. 

—É, e daí? Ninguém pediu a sua opinião.- Falei.

—Eu pedi, filha.- Meu pai apareceu ao lado de Stiles.

—Pai?- Ele me empurrou na piscina. Quando subi a superfície e tentei sair da piscina ele fez algo que eu nunca achei que ele faria. Puxou o meu cabelo. Gemi ao sentir o puxão no meu couro cabeludo.

—Você sabe que é a culpada.- 

—Eu não sei do que o senhor está falando... Pai, deixa eu sair daqui. Tá me machucando.- Ele nada fez. -Red?- O chamei e ele se sentou em uma mesa bebendo chá, me observando cruelmente. -Stiles?- Pedi ajuda e ele se baixou na borda da piscina, ao lado do meu pai.

—Você merece isso.- Sorriu e meu pai afundou a minha cabeça. Tentei lutar, mas a pressão que ele fazia para me manter embaixo d'água era forte. A sensação era terrível e logo a água invadiu os meus pulmões.

P.O.V Stiles.

Eu estava bem bêbado. Por algum motivo eu vi o meu pai chegar na festa da Lydia. Ele gritou comigo, disse que eu matei a minha mãe e que estava matando ele. Foi horrível. Depois disso eu enchi a cara com o maldito ponche.

—Stiles?- Scott chegou perto de mim. -Stiles, levanta daí! Você está bêbado?- Perguntou e ignorei. -Stiles, bebe essa água, você precisa ficar sóbrio. Tá acontecendo alguma coisa bem estranha.-

—O que foi que aconteceu?- Ouvi uma voz feminina.

—Ele está bêbado.-

—Meu filho, não é assim que ele vai voltar a ficar sóbrio.-

—Tem ideia melhor?-

—Tenho.- Respondeu e me derrubou na piscina, me levantando logo em seguida. Foi o suficiente para eu me sentir melhor.

—Stiles, tá tudo bem?-

—Estou repensando seriamente meu conceito de não bater em mulheres.-

—Ele está sóbrio.- Ela disse. -Meu trabalho aqui está feito.- E foi embora.-

Nos levantamos e percebi que a festa da Lydia estava um caos. 

—Cara, todo mundo que bebeu o ponche tá muito louco.- Falei. De fato, tinha gente se agarrando, caras brigando, pessoas se jogando na piscina. Aquilo parecia um inferninho. 

—Eu percebi.- Respondeu.

—O que é que a gente faz?-

—Sei lá, mas não dá pra...-

—Eu não sei nadar! Não me joguem!- Ouvimos Matt Daehler gritar. Uns caras estavam carregando ele até a piscina. Mas ela é rasa. O escândalo que ele estava fazendo era suspeito. Eles acabaram jogando ele na piscina e ele se debateu como se estivesse no meio do Atlântico. Jackson foi imediatamente ajudá-lo e tudo ficou claro.

—O que é? O que estão encarando?- Gritou com as pessoas ao redor. Depois disso passou com ódio por mim e por Scott, acompanhado por Jackson.

—A polícia chegou! A festa acabou!!!- Alguém exclamou e todo mundo saiu correndo.

—Scott, tem alguém na piscina.- A garota que havia me ajudado apontou para alguém que estava no fundo da piscina. -Scott, vai atrás dele! Eu vou depois.-

—Por quê?A polícia está chegando e pode muito bem pegar quem quer que esteja se afogando.-

—Porque aquela é a Loren.- Respondi entrando na piscina. Ela estava inconsciente e tive que tirá-la da piscina.

—Loren? Loren!- Chamei, mas era óbvio que ela não iria acordar. -Loren, por favor...Você tem que me ajudar a te ajudar, então acorda!- Tentei massagem cardíaca, mas nada. -Você vai me odiar, mas isso é pro seu bem.- Tapei o nariz dela e iniciei uma respiração boca-boca. Me afastei e ela começou a tossir água. Loren se virou de lado e colocou boa parte da água pra fora. 

—Ai...- 

—Loren?-

—O que aconteceu? Meu peito tá doendo muito.- 

—Você se afogou.-

—Isso explica a dor, fez massagem torácica, né?- Perguntou e confirmei. - Eu só queria deixar claro...que você é péssimo nisso. Ai, minhas costelas...- 

—Como você foi parar lá?-

—Por favor me diz que eu voltei com a massagem...-

—Eu...-

—Ai, não! Eu te odeio.- Revirou os olhos. 

—Se eu não tivesse feito isso, você estaria morta. Prefiro você me odiando do quê à sete palmos de terra.-

Ela começou a levantar meio tropega e a cambalear para a saída.

—Loren, como você foi parar lá?- Repeti a pergunta.

—Sei lá, eu devo ter tropeçado.- Respondeu enquanto seguíamos em direção à floresta, que aliás eu não faço ideia de o porque de ela estar indo pra lá, já que acabou de acordar de um afogamento.

—Tá mentindo.-

—Lydia colocou alguma droga na minha bebida.-

—Eu sei, aconteceu com todo mundo. Você também viu alguma coisa?-

—Não.-

—Loren...-

—Eu não vi nada! Tá legal?-

—Loren! Você tem que parar com isso!-

—Parar com o quê? Pelo amor de Deus, Stiles! Estamos discutindo no meio do mato!-

—Porque você quer!-

—Eu quero?-

—É, é exatamente o que você quer! Tudo agora é motivo pra me afastar. Você só aceitou ficar na casa do Derek pra me castigar.-

—E você só falou aquilo porque a Lydia não quer você!-

O lugar ficou silencioso depois do que a Loren disse.

—Então é isso? Acha que eu estou usando você como Step?-

—É exatamente isso.- Lágrimas brotaram nos olhos dela. -Quer saber o que eu vi, Stiles?- Soluçou. -Eu fui acusada de assassinato, eu vi o meu pai e eu vi você.- Disse e apressou o passo em direção a casa de Derek, me deixando pra trás.

—Só pra sua informação, o líder do Kanima é o Matt! Eu tô indo pra delegacia..-Dei meia volta e fui embora.

P.O.V Loren.

—Lydia! Lydia!- Gritei chamando-a.

—Tarde de mais.- Deaton apareceu.

—O que houve?-

—Você estava certa. Ele voltou.-

—Ele...-

—Peter.-

—Droga!-

—Derek está inconsciente. Lydia usou ele pra trazer Peter de volta.-

—Cadê ele?- Perguntei e Deaton me levou à sala de estar, onde Derek estava desmaiado.

—Ai, droga!- Exclamei. -Derek? Derek! Acorda, miserável!- Dei uns tapinhas no rosto dele. Depois de um tempo, quando percebi, já estava esmurrando ele. -Derek, acorda!- De repente ele levantou subitamente. -Droga, que susto! Tu tem problema?-

—Loren? Deaton? O Peter...-

—Eu avisei.- Bocejei. 

—Droga...Loren, eu...-

—Eu sei, eu sei..."Loren, eu fui um completo babaca", "Loren, me perdoa, eu pago um hambúrguer pra você", "Loren, bla, bla bla...". Sim, eu aceito o hambúrguer. Tá perdoado.-

Depois de Deaton ter falado um monte de baboseira pro Derek, do tipo: "Você está em perigo, a Loren também.", "Não confie no Peter, ele é mentiroso", "Não coma crustáceos por uns dias, isso pode inflamar esses ferimentos" e outras incríveis e inéditas novidades, eu decidi ir até a delegacia pra avisar à Stiles.

Liguei pra ele para avisar que estava chegando.

—Loren, não é uma bora hora.-

—Eu tenho péssimas notícias, já tô chegando.-

—Loren, não vem!-

—Tchau, já já eu tô aí.-

Depois de um tempo caminhando cheguei à delegacia, que estava meio deserta. 

—Stiles? Sheriff?- Os chamei e nada. Fui até a recepção e não encontrei a recepcionista. Deixei meu celular cair no chão sem querer e quando me baixei pra pegar vi sangue. -Droga...-

Lá estava ela, atrás do balcão...morta. Ouvi dois cliques e reconheci o som da arma sendo engatilhada. 

Bufei. 

—Que merda, heim...-

—Oi, Loren.- 

—Oi, Matt.-

Matt me levou contra a minha vontade, óbvio, para a sala do Sheriff. Stiles, Scott e o Sr. Stilinski estavam lá.

—Boa noite, Sheriff.- Falei. 

—Loren...- Stiles sussurrou.

—Olha, Matt, o que está acontecendo...Quero que saiba que tem solução, não precisa machucar ninguém. Sei que não quer machucar a Loren- O Sheriff tentou convencê-lo.

—Olha, na verdade eu quero...muito.- Disse. -Aliás, eu quero machucar muitas pessoas.- 

—Cara, quanto ódio, o que foi que eu te fiz?-

—Sempre tão insensível. Sério isso, Loren?-

—Mas eu nunca te fiz nada.-

Flashback on

—Ai, não sai com ele, não, Allison. Ele tem cara de doido.-

...

—Matt, esse seu casaco é ridículo.-

...

—Alguém já percebeu como esse rapaz parece um psicopata?-

...

—Matt, eu sei que você esqueceu o dinheiro do almoço e eu tenho dos hambúrguers, mas eu não vou te dar um porque senão vai ser um a menos pra mim.-

Flashback off

—Ahhh, isso? Meu filho você guarda muito rancor, já pensou em fazer terapia?-

—Argh! Você fala demais.- Disse.

—Matt, a Loren não sabe de nada, pode deixar ela ir embora.- Stiles falou.

—Stiles cala a boca.- Falei.

—É sério, cara, não precisa machucar ela, se quiser machucar alguém, me mach...-

—Então é isso? Ah meu Deus!- Droga. - É apaixonado por ela? Como eu não percebi isso antes!- Gargalhou. -Se soubesse, já teria tirado vantagem.- Falou engatilhando a arma novamente e apontando para a minha cabeça. -Então? Vocês vão calar a boca ou vão catar a massa encefálica da Loren do chão?- Perguntou. -Muito bem...Então, vamos lá. Coisas que podem ser perigosas: Nada de falar, nada de tentar ligar pra alguém como o Scott está tentando fazer agora...- Disse e Scott tirou a mão do celular - Isso! Isso pode ser perigoso para alguém! Principalmente pra Loren.- Disse e encostou a arma na minha cabeça. Engoli em seco e fechei os olhos bufando. 

—Cara que tédio!-

—Loren, quer morrer?- Perguntou.

—Sinceramente? Quero. É melhor do que ficar aqui ouvindo você falar várias merdas e fazendo essas ameaças, quando no final das contas eu vou morrer mesmo. Sem falar que tudo isso é recalque porque a Allison não te quer.

—Cala a boa! CALA A BOCA!- Gritou me dando um tapa. Comecei a rir descontroladamente.

—Você é patético.- Gargalhei e ele me deu outro tapa, um que me levou ao chão. -Vai, atira logo! Acaba com esse tédio.- 

—Não agora, agora não, Loren. Temos visita.- Falou e abriu a porta. Derek estava lá parado e já dava pra entender até o que tinha acontecido.

Jackson colocou ele num canto da sala e Matt voltou a falar as várias porcarias dele.

—E aí? O que eu tenho que fazer pra levar uma bala na cabeça?- Perguntei.

—Existir é o suficiente. Sabe, Loren. Você é a pior espécie que pode existir.-

—Então é isso? O líder do Kanima é esse moleque?-

—Olha, Derek, nem todo mundo tem a vantagem de ser um lobisomem grande e mau como você. Ahh, é... Eu aprendi umas coisinhas. Lobisomens, caçadores, Kanimas...É uma maldita festa de dia das bruxas toda lua cheia. Menos você Stiles...No que você se transforma?-

—No abominável homem das neves. Mas isso só acontece no inverno, é uma coisa, tipo, sazonal.- Repsondeu e Jackson o arranhou. O que resultou em Stiles jogado e paralisado em cima de Derek.

—Nossa, essa é a famosa peridural.- Bufei.

—E eu não não mandei você calar a droga dessa boca!- Gritou apontando a arma novamente para a minha cabeça.

—Cara, você já contou a história de vida, já ameaçou, já gritou. Você é um tédio!- Falei.

—Já chega!- Gritou. -Quer um tiro na cabeça? Não é o que vai ganhar. Vamos ver como você se sai com uma morte lenta.- Disse e atirou no meu estômago. Gemi de dor, caindo no chão. A bala havia me cortado toda e ele subiu em cima de mim, fazendo exatamente o que eu queria. Ele tentou me estrangular, mas a distração foi o suficiente para que eu tirasse a arma dele.

—Cara, cê tem doença?- Perguntei. -Atirou em mim!-

—O que vai fazer, Koreshkov? Vai me matar? O Kanima mata você. Vai tentar me chantagear? Ele também mata você. Aliás...- Jackson/Lagartixa usou sua calda para bater na minha mão, me fazendo derrubar a arma.- Ele já te pegou.- O Kanima me arranhou e fiquei paralisada. Um pouco depois as luzes se apagaram e alguém começou a mandar bala.

—Gente, que merda é essa?- Perguntei.

—Eu não sei.- Stiles respondeu.

Tacaram uma granada de fumaça e voltaram a atirar. 

—Scott! Pega o Stiles. Tira ele daqui.-

—Não! Tira a Loren, ela tá ferida.- 

—É um arranhãozinho. Leva ele!-

—É um buraco de bala!- Stiles gritou comigo. -Tira ela daqui.

—É, leva ela, Scott!- Derek disse.

—Scott, eu tô bem. Eu aguento...Se não tirar o Stiles daqui agora, eu conto pra sua mãe o que eu achei no seu histórico.- Falei.

—Tudo bem, eu vou levar ele.- Disse. 

—Não! Não!!! Scott, tá maluco! Loren, qual o seu problema?- 

—Nenhum. Eu tô legal. Caiam fora, eu vou logo em seguida.- Falei.

—Você tá mentindo, tá paralisada e tá sangrando muito.- Derek falou pra mim.

—Eu sei. Cala a boca.- 

—Você é louca.-

—É, esse é o maior talento dela.- Ouvi a voz de Peter, O vivo. -E aí, Loren? Vamos dar um passeio?- Disse me pegando no colo.

—Peter...- Derek o chamou.

—Não se preocupe, eu vou cuidar bem dela.-

Depois disso eu apaguei...De novo.

Acordei com a cabeça pesada e a língua felpuda. Eu sentia muita dor por todo o corpo. Tentei me levantar, mas isso foi como uma martelada.

—Opa, calminha aí.- Ouvi a voz mais irritante do mundo. Peter.

—Peter...O que está fazendo aqui? Onde eu tô?-

—Salva.- 

—Droga, o Derek...- 

—Ele sabe se cuidar, tá bem.- Percebi que estava num hospital. Haviam diversos fios ligados à mim, soro, sangue, o diabo à quatro.

—Eu tenho que voltar lá...- Falei puxando o soro da veia e tentando me levantar.

—Eu não faria isso se fosse você. Acabou de sair de cirurgia. Tudo em você tá meio detonado.- 

—Quem deu permissão pra fazerem uma cirurgia em mim?- 

—Eu, seu amado tio.- Falou mostrando uma identidade falsa. -Sei que está chateada e que quer voltar. Sei que me odeia e que não confia em mim, mas escute, Loren, isso é pro seu bem. Não é a melhor hora para voltar para Beacon.-

—Espera, não estamos em Beacon? Não me diga que Matt explodiu tudo.-

—Matt está morto.-

—O quê?-

—O kanima tem um novo líder.- Me disse. -Gerard Argent. E confie em mim, a primeira pessoa que ele vai tentar matar é você.-

—Olha, Peter, você não tá me explicando muita coisa. Eu tô em branco, preciso voltar.-

—Não pode. Tá sendo caçada.-

—Por quê? Eu sou humana. Eu faço vários nadas. Eu não sei nem dar estrelinha.-

—Não é...- Suspirou. Aquilo parecia difícil até pra ele, que era um canalha. -Loren, você não é humana.- 

O celular de Peter começou a tocar.

—Tio amoroso de Loren Newman falando.- Atendeu. -Ah, a Loren? Ela tá ótima. Tá até comendo sólidos...Não, Derek. Não seja tão agressivo. Eu salvo o amor da sua vida e é assim que me retribui? Acho que agora vou torcer pelo Stiles. Não grite comigo, sou seu tio...Olha só, eu vou desligar. A Loren não vai voltar.- Disse e desligou o telefone. Suspirou. -Ahh, esses jovens...-

P.O.V Derek

—Mas o que que é isso?- Scott perguntou perplexo.

—Pensei a mesma coisa quando vi você com Gerard na delegacia.-

—Ele tentou matar a minha mãe, eu tinha que me aproximar dele.-

—Concordo com o Scott, dessa vez.- Peter disse. -Você já viu a mãe dele? Ela é linda.-

—Cala a boca!- Scott e Derek falaram juntos.

—Quem é ele?- Isaac perguntou.

—Tio do Derek, psicopata. Uma vez ele tentou nos matar, tocamos fogo nele, Derek cortou a garganta, Loren pirou e agora ele voltou a vida.-

—Ahh...-

—Como ele ainda tá vivo?- Reclamei.

—Primeiro, ele está com a Loren. Segundo, ele vai nos ajudar a deter Gerard, que também quer matar a Loren. Ele sabe como parar o Jackson sem que tenhamos que matá-lo.-

—Seria legal, se ele não estivesse morto.-

—Ele morreu?-

—É acabou de acontecer, lá no campo.-

—Se ele morreu, não foi atoa. Vamos, vamos descobrir.- Peter nos disse.

—Já procuramos em todos os lugares.-

—Não procuraram aqui.- Disse abrindo um degrau falso da escada.

—O que é isso, um livro?- perguntei. 

—Não! É um laptop. Em que século você vive?-

—Quando vai devolver a Loren?-

—Quando não for muito perigoso.- Respondeu. -Mas, Derek, você tem que entender que sempre é perigoso.-

—--

Dois dias depois...

P.O.V Loren

—Trago boas noticias.- Peter entrou no quarto. -Ameaça neutralizada, você recebe alta amanhã. -

—Nossa, tô super animada. Perdi toda a parte boa.-

—Olha, não fui eu quem pediu pra ser baleado.-

—Ah, vai se ferrar.-

—Volto mais tarde.-

—--

Eu estava dormindo quando ouvi um barulho vindo do corredor. Passos que eu conheço bem.

—A menininha está sozinha agora.- Ouvi 

—Nossa, que medo, Kinney. Tô até passando mal. Olha minha cara de quem tá passando mal.- Bufei.

—Então é isso! A grande Loren Koreshkov,  fácil de matar, inofensiva. Ouvi bem mais sobre Você. Eles dizem que você é perigosa, mas não vejo perigo algum.-

—Eles?-

—Já que você vai morrer, acho justo avisar que você tem um fan clube especial de gente que te quer morta. Veratrum...-

—Quê? -

—Mas não vamos prolongar isso, não é mesmo?- Disse e vi suas garras saírem de seus dedos.

—Cai dentro.-

— Arranquei os fios de mim, tirei o soro da veia  peguei a faca de caça embaixo do meu travesseiro.

—Vamos acabar com isso.- Avançou e tentei o esfaquear, o que não funcionou muito bem, porque ele me jogou longe. Bati com as costas na parede e percebi que ia me ferrar. Então eu fiz o que era mais sensato: Corri.

Saí escorregando pelos corredores do enorme hospital. Não faço ideia de onde estou. Peter não me revelou e ordenou aos funcionários que não comentassem a minha localização. O lugar parecia um labirinto e piorou quando peguei uma escada. Subi correndo com cuidado para não tropeçar, mas claro que deu em merda.

Kinney me alcançou e puxou meu tornozelo, me fazendo levar uma maravilhosa queda na escada. Chutei seu rosto e saí correndo. Fomos até a cobertura e vi que estava em uma cidade movimentada, grande. Seattle.

—O filho da mãe me jogou na droga Seattle Grace.- Bufei procurando qualquer coisa que fosse me ajudar.

Olhei ao meu redor e observei que haviam vários nadas.

—Não tem pra onde fugir, não tem pra onde correr.- Ponderou. -Eu vou te matar lentamente. Vou estraçalhar você devagar, para que cada momento seja uma tortura...E ninguém vai te salvar.- Abriu os braços.

—Não preciso de ninguém pra me salvar. Eu preciso é de comida de verdade, o que me servem aqui é péssimo.- Falei me aproximando. Deferi um soco no rosto de Kinney. Doeu mais em mim do que nele, é verdade, mas pelo menos eu tentei. O chutei e fui parar no chão. Me levantei cambaleando e Kinney me pegou pelo pescoço, me erguendo no ar. Aproveitei a proximidade dele e enfiei a faca de caça o mais próximo do coração que consegui. Kinney me soltou por reflexo e começou a cambalear para trás. Ele estava sangrando muito, tropeçou e caiu do sei lá qual andar estávamos. 

—Eita.-

—Loren?- Ouvi a voz atrás de mim.

—Peter?- 

—O que...-

—Eu matei ele.- Falei. -Eu matei ele...eu...- Eu caí ajoelhada no chão, isso sim. Peter veio até mim rapidamente. 

—Não matou ele, ele se matou. Ele caiu.- Explicou. Os olhos dele lembravam muito o de Derek e se ele não fosse um psicopata, talvez fosse um bom tio. 

—Eu o esfaqueei.- Solucei. -Eu o machuquei.- Disse chorando. -E eu gostei.- 

Continua...