Meu melhor amigo escrita por Ahelin


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente!
Espero que gostem da história =3
Até lá embaixo o/



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— Você vai ficar bem?

Mariana tinha que admitir que a pergunta a emocionara um pouco. Mesmo que o corpo do pobre garotinho estivesse deitado a alguns metros dali, todo machucado e cercado por bombeiros, ele insistia em perguntar se ela ficaria bem.

— Claro que sim, querido.

A verdadeira resposta a assustava um pouco. À sua frente, se estendiam duas opções: poderia fazer como qualquer amigo imaginário e simplesmente partir para outra criança, ou lutar por ela.

— Não estou com medo — disse Daniel, deixando a moça sentada a seu lado um pouco surpresa. Como uma criança de 10 anos, jovem o suficiente para ter um amigo imaginário, poderia não ter medo dessa situação? Não se aprende na escola o que você deve fazer se sofrer um acidente de carro e seu espírito sair do corpo. — Só quero saber uma coisa.

Ela poderia ter impedido, ou ao menos acreditava nisso. Ela tinha toda a culpa, ou ao menos culpava a si mesma. Ela devia ter tocado o ombro do pai de Daniel dentro do carro, apenas por tempo suficiente para que ele visse o outro carro se aproximando, mas... se distraiu fazendo o que era seu trabalho: divertir uma criança.

— O que é, querido?

— Você é real?

Pela segunda vez em tão pouco tempo, ele a surpreendia, mas a pergunta tinha certo fundamento; todos dizem às crianças que seus amigos imaginários na verdade não existem, apenas por não poderem vê-los, e ao mesmo tempo acreditam em anjos da guarda que protegem o tempo todo sem ideia de que os dois possam ser um só. Cuide-o, ame-o, faça-o sorrir, é o lema dessas misteriosas criaturas.

Alguns até dizem que são mágicas, mas a realidade é bem simples. Elas apenas fazem companhia a alguém que precisa.

— Claro que sim. Você duvida disso? — O garoto balançou a cabeça e ela lhe lançou um sorriso. — Então vem comigo. Vamos consertar você.

Mariana pegou a mão daquele que, por quatro longos e belos anos, fora seu protegido, e caminhou decisivamente até seu corpo. Se ajoelhou ali ao lado, instruiu o menino a deitar-se, o espírito encaixando como uma mão em sua luva, num silêncio confortável no meio da confusão de pessoas gritando, correndo e tentando em vão trazer aquele corpo de volta à vida.

Quando não podia mais diferenciar as duas partes do garoto, ela se inclinou e beijou-lhe a testa. Em meio a esse pequeno gesto, fechou os olhos e desejou.

Um amigo imaginário nasce com o desejo de uma criança, e tem o poder desse desejo guardado como sua garantia de permanência na terra. Gastando o desejo, que é o mais poderoso do mundo, gasta-se a vida, mas ela não se importava.

Ele fizera um amigo na escola, estava aguentando corajosamente a separação dos pais e seu pai não tivera ferimentos graves. Seu lindo garotinho ficaria bem.

Desejou com toda a força que ele respirasse de novo, e por um atordoante minuto nada aconteceu. Quando ela estava pronta para aceitar a derrota, as lágrimas a meio caminho de cair, Daniel tossiu. Os bombeiros comemoraram: ele estava vivo!

Aos poucos, ela começou a sentir o vazio tomando conta de si. Suas pálpebras pesaram e, pela última vez, sentiu medo. Então, de repente, uma mão escorregou para junto da sua. Seu melhor amigo a olhava, com um grande e caloroso sorriso moldando as bochechas, consolando todo o desespero. Ele podia ver, tanto quanto ela, sua pele de tornando transparente.

— Obrigado — sussurrou, agradecido, tão baixo que só ela ouviu, mas era mais que o suficiente.

Quando a escuridão chegou, Mariana já não tinha mais medo. Ela estava feliz.


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Notas finais do capítulo

E aí, que tal?
Me conta o que achou!
Até a próxima, beijinhos ♡