Admirador secreto? escrita por Isa


Capítulo 20
A verdade vem à tona (FIM).




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Dylan se olhava no espelho, arrumando o cabelo de maneira a deixa-lo perfeito. Assim que o fez, passou a focar em sua tentativa – fracassada – de dar um nó em sua gravata. Já havia o feito duas vezes e em todas elas falhara miseravelmente. Após sua terceira tentativa, desistiu e resolveu que ceder não faria tão mal assim, virou-se para Maritza e disse:

— Pode me ajudar com isso aqui?

A amiga riu satisfeita.

— Eu avisei. – Mari fez questão de dizer e o rapaz revirou os olhos.

— Eu nem quero ir nesse baile, estou fazendo isso por você e o Nate, porque querem ser rei e rainha e blá-blá-blá. – Dylan recordou. – Mas já aviso, é provável que o “casal maravilha” vença.

— Fala do Tyler e da Lydia? – ela disse, naturalmente. – Pode ser.

— Não te incomoda a ideia de perder para um casal falso? – ele indagou, estranhando.

— Não. Está tudo bem. Eu ainda tenho mais dois bailes depois desse. O de primavera do ano que vem e o de formatura. – Maritza explicou, enquanto finalizava o nó. – Prontinho. Agora... Vamos? Nate está nos esperando lá em baixo.

— Claro.

***

Tyler não tinha palavras para descrever o quão grande era seu nervosismo. Não podia negar que o “plano B” de Elliot era indiscutivelmente melhor do que o primeiro. Começava a ter sérias suspeitas de que aquele era, desde o início, o verdadeiro plano do asiático e que seus amigos sabiam de tudo, pois somente Allison e Lydia demonstraram alguma surpresa quanto à falha do “plano A”. De qualquer forma, não voltaria atrás agora. Precisava fazer aquilo, ou jamais se perdoaria por deixar Dylan Churchill, aquele que ele amava, ir embora daquele jeito.

— Ty... – ouviu a voz de Lydia e se virou para vê-la. – Está pronto?

— Estou. – disse convicto.  – E você?

— Também. – ela sorriu. – Estou tão feliz porque Allison e eu finalmente conseguimos nos acertar.

— Acho que agora ela e o Dylan são os únicos que não sabem o que vai acontecer hoje, não é? Por que não conta a ela?

— Sim. – Lydia confirmou. – Eu irei contar, depois da minha surpresa.

Oh... – ele ergueu uma sobrancelha. – Então a senhorita também andou armando algo, Evans?

— Claro! Achou que só você faria algo especial pela pessoa que ama?

— Acho que posso dividir os holofotes um pouco, então. – disse ele, rindo. – Vamos logo para o ginásio, o baile já deve ter começado.

***

Assim que avistou seu ex – amigo e namorado –, Elliot “correu” em direção à Maritza e Nate, que o acompanhavam. Assim que o viu, o até então sorridente Dylan, fechou a cara, encarando-o com desprezo. Doeu. É claro. Por mais que odiasse admitir, ele ainda o amava e saber que era odiado por ele machucava. Era exatamente por essa razão que havia armado tudo aquilo. Queria não somente resolver tudo, como também dar ao garoto a noite mais feliz de sua vida. Tudo precisaria ser perfeito, para que Tyler obtivesse sucesso em seu “plano B” – que, na realidade, era o plano A, todo o tempo.

— Ei, Dyl, relaxa. – pediu Maritza. – Elliot veio aqui para se desculpar.

— É isso mesmo. Eu sinto tanto por toda a dor que te causei. – foi sincero. – Sei que eu estar apaixonado por você não justifica o que eu fiz. Eu te manipulei e fui um tremendo babaca. Infelizmente, só percebi o quão absurdo era tudo isso tarde demais. Por isso, decidi vir aqui te dizer. Sei que não será o suficiente para me perdoar, mas... Eu precisava fazer isso.

— Não posso dizer que te perdoo. – Dylan disse, sendo docemente delicado. – Não agora. Não hoje. Mas posso te dar uma segunda chance, para provar que está mesmo arrependido. O que me diz?

— Obrigado! Prometo que não irei decepcioná-lo. – não se conteve e o abraçou.

Dylan, o surpreendendo mais uma vez, retribuiu o abraço.

— B-Bem... Você sabe que essa segunda chance é somente para a nossa amizade, certo? – ele quis se certificar.

Elliot riu.

— Sim, Dylan, eu sei. Não se preocupe.

— Sendo assim, podemos dançar? É muito deprimente vir ao baile sem um par...

... – queria tanto aceitar, mas não podia. – Terei que educada e amigavelmente recusar.

— O quê? Por quê? – Dyl ficou visivelmente surpreso e confuso.

— Porque... Hm, eu prometi ao diretor que vigiaria o ponche, ‘pra ninguém batizá-lo. – inventou e em poucos instantes havia sumido do campo de visão do amigo.

Nesse momento, Dylan olhou para a amiga ao seu lado e disse:

— E você? Também vai inventar uma desculpa esfarrapada para me deixar dançando sozinho?

— Bem, até o Nate voltar, não. – ela respondeu, fazendo-o rir.

— Ei, falando em você e no Nate... – ele começou a olhar ao redor. – Não estou vendo a urna de votação.

— Então...

— Não acredito! Você inventou isso ‘pra me fazer vir? – Dylan adivinhou.

— Já disse como está lindo hoje? – ela falou e ele bufou, resmungando: “tem muita sorte por eu ser um ótimo amigo”.

Enquanto isso, do outro lado do ginásio, Allison procurava Lydia com o olhar, para perguntar sobre o andamento do plano. Ela estava tão empolgada com aquilo! Tyler se assumir, significava, que Lydia também o faria, em algum momento próximo, segundo o “acordo” que os dois tinham. Ah, mal podia esperar para tê-la completamente para si, sem nenhum namoro falso ou real no meio.

— Procurando alguém? – ouviu-a sussurrar atrás de si.

Sorriu.

— Sim, minha namorada. Viu ela por aí?

— Surpresa! – Lydia brincou, virando-a delicadamente pela cintura. – Vamos dançar!

— Aqui? Não acha que os outros podem, sei lá, estranhar?

— Quem liga? – o questionamento fez com que uma expressão de desconfiança surgisse no rosto de Allison. Lydia estava aprontando alguma coisa! Bem, não questionaria ou criaria expectativas... Não queria acabar se decepcionando.

Juntas, seguiram até a “pista de dança”, onde se encontravam os outros casais e, também, Dylan e Maritza. Próximas aos dois – pois eram os rostos amigos mais próximos ali, já que Tyler preparava-se para o “grande momento” – começaram a dançar no ritmo da música, que por sinal era bem romântica. Isso atraiu alguns olhares e, estranhamente, a ruiva não pareceu dar a mínima.

— Mari... – Dylan sussurrou no ouvido da amiga. – A Lydia e a Allison... Eu estou louco, ou elas parecem um casal?

— Ah, Dyl, você que está pondo maldade onde não tem. – Maritza respondeu, mentindo descaradamente.

Conforme a música prosseguia, as garotas se moviam juntas, literalmente grudadas. Àquele ponto, era bem difícil vê-las somente como melhores amigas e isso punha vários questionamentos na cabeça do rapaz. Será que as duas formavam um casal e o namoro falso entre Lydia e Tyler era para esconder a sexualidade de ambos?

— Ei, vocês...

— Deixe as duas em paz, Dylan! – Mari chamou sua atenção. – Não estraga!

— Estragar o quê?

— Nada. Shh.

Então, a música mudou, repentinamente. Allison logo identificou, era Lucky, do Jason Mraz. “Deve ser só uma coincidência.” Disse para si mesma e continuaram dançando. Entretanto, contrariando o que acreditava, no momento em que o refrão foi proferido, sentiu a delicadeza dos lábios de sua melhor amiga – e namorada – tocarem os seus.

Todos ali pararam o que faziam anteriormente para vê-las, embasbacados. Por aquilo, ninguém esperava. E Dylan murmurou um “oh”, compreendendo o que não deveria estragar. Ao olhar para cima, para ver quem cuidava das músicas enquanto a tal banda que se apresentaria não chegava, e avistou Nate.

— Ele foi ao “banheiro”, né? – brincou com Maritza, que confirmou, rindo.

***

Conforme o baile progredia, a ansiedade de Tyler aumentava. No entanto, assim também funcionava sua empolgação. Mal podia esperar pelo “grande momento”, tanto que até suas inseguranças quanto a sair do armário eram agora insignificantes. Sua vontade de consertar todos os seus erros e conseguir o que sempre quis – estar com Dylan – superava tudo isso, uma vez que seus amigos o tinham dado todo o apoio do mundo. O plano de Elliot havia sido aperfeiçoado por Lydia e por ele mesmo, de forma que tudo saísse perfeito.

Quando a hora finalmente chegou, quase pensou em desistir, porém, ao olhar sua ex-namorada tão feliz dançando com Allison, não perdeu tempo. Fez o sinal de “positivo” para Elliot e logo a luz – e, consequentemente, a música – do ginásio foi cortada. Como o esperado, todos os alunos começaram a se questionar sobre o ocorrido e os professores anunciaram que procurariam uma solução.

A música foi a primeira a voltar. Porém, agora era outra: For him, do Troye Sivan. Em seguida, a luz. Mas não a iluminação comum do ginásio e sim, um dos holofotes que eram usados pelo clube de teatro. Como Elliot havia conseguido autorização para tirá-los do auditório e levá-los até lá? Ele não fazia ideia. Não sabia nem se ele ao menos tinha pedido autorização. Se se importava? Desde que tudo ocorresse como o planejado, é claro que não. De qualquer maneira, quem a luz iluminava era Jacob Sylvester, um dos jogadores do time de basquete. O mesmo segurava um cartaz com a seguinte mensagem: “Ele ama ver você sorrindo, ainda mais quando é para ele.”

Então, outros dois foram acesos, iluminando assim três de seus colegas de time. Cada um deles dando continuidade à mensagem anterior:

“Aliás, ele ama tudo sobre você.”

“E ele sente muito por ter te decepcionado tanto.”

Nesse instante, o terceiro holofote acendeu em Dylan. E o quarto, em Elliot, que também segurava um cartaz:

“Mas saiba que...”

— Dylan Churchill, eu te amo e não irei mais esconder. – disse Tyler, em alto e bom som. Assim, o quinto holofote foi aceso, iluminando-o, com um buquê em mãos. – De ninguém.

Logo, a iluminação normal do ginásio voltou e Tyler correu o olhar por todos ali. Desde o “grupinho” de homofóbicos que pareciam furiosos com ele, Dylan – também com Allison e Lydia, com certeza – e todos os rapazes do time que o tinham ajudado, até enfim seu amado, que possuía uma expressão ao mesmo tempo incrédula e emocionada, embora fosse óbvio que essa última parte ele procurava esconder.

— Bem, vejo que alguns não reagiram muito bem. – comentou. – Saibam que o ódio de vocês não muda nada em minha vida. A única coisa que irá mudar, talvez para melhor, talvez para pior, é a sua resposta, meu amor.

Ignorando o fato de que todos o encaravam, Dylan abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido:

— Ainda não. – Tyler prosseguiu. – Ainda não disse tudo o que queria. – fez uma pausa “dramática”, enquanto passava o buquê para Nate, que entregou-o a Churchill. – Sabe, gente... Eu costumava ter tudo o que qualquer cara hétero no ensino médio sonha. Essa vidinha clichê que estamos cansados de ver se repetir em séries e filmes. Eu tinha boas notas, era um atleta e namorava uma das garotas mais lindas desse lugar.

“Aí vocês decidiram virar bicha e sapatão” ouviu alguém da “plateia” gritar. Gargalhou.

— Olha, que eu me lembre, eu não virei nada. E sou bissexual, ou pansexual... Ou sei lá, ainda não sei como me identifico, porque me descobri e aceitei muito recentemente. Não que eu deva alguma satisfação ‘pra você, ou que qualquer coisa que eu diga irá mudar sua mente fechada. – respondeu-o, sentando-se então na arquibancada, onde, até então, se encontrava de pé. – Continuando com a história, eu tinha tudo isso. E, acreditem, eu realmente amei essa garota. – apontou para Lydia, que o assistia orgulhosa, segurando a mão de Allison. – Mal sabia eu que não era o único. – as duas riram. – Apesar disso, com o tempo surgiu essa pessoa, um garoto, ao qual passei a admirar à distância. Quando esse sentimento se tornou forte demais para guardar apenas para mim, comecei a escrever cartas e mandar presentes para ele, me tornando seu admirador secreto. – sorriu consigo mesmo – Eu não sei dizer o que esperava com tudo isso, sendo sincero. Mas Deus, o destino, ou alguma força universal, acabou nos dando uma mãozinha e começamos a sair, como amigos. Até que demos nosso primeiro beijo e o drama de verdade começou. Uma sequência de acontecimentos nos levou àquele dia no auditório, Dyl. E eu sinto muito por esperar que você se sujeitasse àquilo. Fui um tremendo babaca, eu sei. Mas agora aqui estou eu, assumindo para a escola toda, que eu te amo, mais do que já amei a Lyds, ou qualquer outra pessoa. Meu coração é seu e eu acredito que “nós” seja o certo ‘pra mim. Não quero mais perder tempo, minha mãe já sabe, afinal. Por que eu deveria temer a reação de uns babacas que daqui a alguns anos nem me lembrarei dos nomes? Dylan, eu quero ficar com você e fazer dar certo dessa vez. O que me diz?

Novamente, todos os olhares se voltaram a Churchill, que abriu um largo sorriso, antes de dizer:

— A resposta já era “sim” antes mesmo desse discurso.

Tyler então sorriu também e, com o peito cheio de alegria e os olhos lacrimejando, caminhou até ele e puxou-o para um beijo apaixonado. Beijaram-se querendo passar tudo que havia dentro deles, sem se importar com quem pudesse estar assistindo.  Nada mais importava, apenas os dois e o que sentiam um pelo outro. 

 

 

 

 

FIM. 


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