Admirador secreto? escrita por Isa


Capítulo 19
O famigerado plano.




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Elliot analisava atentamente as expressões de Allison, que observava a interação entre Tyler e Lydia. A garota parecia triste – não é nada fácil ver quem amamos ao lado de outra pessoa, afinal –, porém, determinada. Foi quando a outra garota, ao separar-se dos lábios do namorado e notar que a ex—“amiga” os assistia, passou a encará-la, corada e com um semblante indecifrável. Possivelmente, se perguntando se algum dia existiria uma segunda chance para que ficassem juntas. Isso o fez sorrir. Não tinha dúvidas: seu plano funcionaria. Isso, é claro, se conseguisse convencer Tyler a parar de ser um imbecil.

— Agora? – Nate questionou, se aproximando dele, acompanhado, como sempre, por Maritza.

— Ainda não. – respondeu-o, sem desviar os olhos do casal à sua frente. – Melhor esperarmos que se separem.

— Tem razão. – Maritza concordou.

— Quando é que eu não tenho razão, amor mío? – questionou o asiático, arrogante.

— Bem, geralmente quando você mente, fingindo ser alguém que não é para conquistar o garoto que gosta. – a latina retrucou, fazendo-o revirar os olhos. É, pelo visto, após o sucesso do plano, ainda precisaria se esforçar um pouco mais para ter os amigos de volta.

Embora incomodado, ignorou. Continuou observando Tyler e Lydia, que agora trocavam beijos novamente. Desviou rapidamente seu olhar para Alli, que já não conseguia mais vê-los. Compreendia a sensação e, por um instante, se sentiu mal por pô-la naquela situação. Aquilo era necessário, entretanto. Mesmo assim, seguiu até ela e disse:

— Tudo bem... Agora.

Alli murmurou um “finalmente” e caminhou até os ex-amigos, assim como Nathaniel e o próprio Elliot. Maritza se certificaria de que Dylan não acabasse se encontrando com nenhum dos cinco.

— Hã... Com licença. – emitiu Allison, cutucando Lydia, que se virou, assustada.

— A-Alli?! – a ruiva não sabia como reagir. Não esperava que a outra viesse falar com ela, muito menos em um momento como aquele.

— Podemos conversar? – Allison perguntou, agora mais confiante.

Indecisa, Lydia olhou para Tyler, que deu um meio sorriso e sussurrou um “tudo bem”, bem baixinho. Com isso, ela assentiu e Allison segurou sua mão e levou-a para longe dali, sobrando assim somente Tyler, Elliot e Nate.

— E vocês? O que querem? – Tyler quis saber. – Não, melhor, o que você está fazendo com esse babaca, Nathaniel?

— Ei, cara, relaxa. – Nate sorriu. – Nós queremos te ajudar.

— “Ajudar”? Eu não quero nenhuma ajuda desse daí. – continuou olhando feio para Elliot.

— Sim, você quer. – o asiático redarguiu. – Só não sabe disso ainda.

— Okay, me diga, como eu poderia querer sua ajuda? – “desafiou”.

— Quer o Dylan de volta, não quer? – Elliot indagou, arqueando uma sobrancelha.

Tyler, pela primeira vez, se emudeceu diante de seu “inimigo”. De fato, queria. Mas...

— Eu não posso.

— Isso não responde minha pergunta, Raymond. – Elliot sorriu malicioso. – Se bem que nem precisa, eu sei que você quer.

— E sim, você pode. – afirmou Nate. – Esse seu medo de se assumir é bobagem. As únicas pessoas que precisam te aceitar somos nós. Bem, nós seus amigos, não o Elliot, obviamente.

Tyler riu.

— Eu sei, mas já me ameaçaram aqui.

— Anonimamente, eu presumo. – sugeriu Elliot. – Querido, esses homofobicozinhos de escola são uns covardes. Já ameaçaram me bater inúmeras vezes por aqui, mas não fizeram nada. E quando tentaram, eu estava com o Dyl e nós defendemos um ao outro. Bem, ele me protegeu mais do que eu o protegi, porque convenhamos... – apontou para si mesmo. Mais uma vez, Ty riu. Realmente, Elliot não tinha um físico de quem conseguia brigar com alguns daqueles “bombadinhos” do time e sair vencedor. – Além do mais, para e pensa: vocês não terão só um ao outro, mas também o Nate e bem, um tapa da Maritza também dói muito.

— Dói mesmo. – concordou Nate, divertido. – Mesmo quando é de brincadeira.

E conseguiram outra risada de Tyler.

— É, vocês dois tem razão. Mas, hm, bem... Eu meio que também me preocupo com a minha reputação, entendem?

— Enfia essa sua reputação no...

— Elliot! – Nathaniel o interrompeu. – Estamos tentando ajuda-lo, não brigar.

— Certo. Tem razão. – o asiático respirou fundo antes de prosseguir: – Enfim, seja sincero, o que é mais importante, sua reputação ou estar com quem você ama?

Mais uma vez, Tyler se viu sem argumentos. Eles tinham razão! Ele estava sendo muito estúpido! Por que se preocupar com algo que não existiria após o colegial, quando tinha a possibilidade de ficar com aquele que poderia vir a ser o amor de sua vida, se permitisse?

— Sem falar que você não precisa se assumir agora. – Maritza “surgiu” ali, de repente. Ao receber olhares interrogativos do namorado e do ex-amigo, ela se justificou: – Dylan entrou na sala, não irá aparecer aqui agora. Continuando...  Não se esqueça de que várias celebridades fingem namoro em Hollywood. Você pode manter essa coisa fake com a Lydia por um tempo, até estar pronto.

— Você tem razão, Maritza! – disse Tyler, empolgado. – Mas... E quanto a Lyds? Nós estamos tentando mesmo dar uma segunda chance a nós.

— Não, vocês estão perdendo tempo lutando pelo relacionamento errado. – Mari corrigiu. – E por que acha que incluímos a Alli no plano? Queremos ajuda-las também.

— Meu Deus, isso é perfeito. Vocês pensaram em tudo mesmo, hein?

— De nada. – Elliot piscou.

— Vocês acham que o Dylan irá me perdoar? Do jeito que ele me olha, acho que nem querer falar comigo ele vai... – admitir tal fato fez com que o rapaz desanimasse um pouco de toda a ideia, até então, genial dos amigos e de Elliot.

— Como você mesmo disse, nós pensamos em tudo. – Nate declarou, com um sorriso de orelha a orelha.

***

As garotas se beijavam intensamente. O coração de ambas estava acelerado e, vez ou outra, sorriam em meio às carícias que trocavam. Deus! Elas haviam sentido tanta falta daquilo... Naquele momento todos os questionamentos e medos não existiam mais. Só queriam estar ali, uma com a outra, para sempre. Qualquer dúvida de que o que sentiam era amor, tinha desaparecido no exato momento em que seus lábios se encontraram. Não houve conversa, ou explicações... Apenas fizeram o que sentiram a necessidade de fazer, por mais que isso contrariasse o plano que Allison supostamente seguia.

— Fica comigo. – a loira pediu, ao finalizar o beijo. – Eu te amo, Lyds! E eu quero estar com você, algo sério. Sem o Tyler para atrapalhar. Eu sei que você já não sente o mesmo por ele há um tempo...

Lydia que, até o momento, tinha os olhos fechados, abriu-os e sorriu, abraçando a melhor amiga.

— Isso é um sim?

— É o que eu precisava fazer. – a ruiva respondeu, com lágrimas nos olhos. – Eu também te amo! E, por alguma razão, não consigo mais amar o Tyler como costumava amar, bem como você disse.

— Então fica comigo!

— E-Eu não posso. Não posso abandonar o Ty agora, n-nós...

— Lyds, o Nate e o Elliot estão com ele agora, lembra? Eles estão falando com ele, sobre ir atrás do Dylan e seguir seu coração. – Allison informou, segura de que aquilo a ajudaria a não se sentir culpada.

— Sério? – Lydia enxugou as lágrimas. – M-Mas... O Dylan parece estar bem bravo.

— O Elliot também pensou nisso, não se preocupe. – sorriu. – E então, o que me diz?

— E-Eu... Quero tentar! Acho que podemos nos dar essa chance.

— Mas...?

— Ainda não sei se estou pronta para me assumir. Ty e eu prometemos que o faríamos juntos. – Lydia revelou. – Não posso quebrar esse acordo, terei que esperar por ele. Tudo bem?

Allison engoliu em seco. Sabia que se Nate ou Elliot mencionassem a ideia ridícula de Maritza de continuarem com o namoro, só que sendo falso, Tyler não recusaria. Então, teria que aguentar ver mais de sua amada com outra pessoa, mesmo sendo mentira... Porém, que outra opção tinha?

— Tudo bem. Eu não esperava o contrário mesmo.

E Lydia sorriu, “pulando” no pescoço dela para abraçá-la novamente.

***

Dylan estava sentado no auditório do colégio, esperando por Maritza, que havia dito que o encontraria lá, para contar-lhe uma “super novidade”. A amiga já tinha se atrasado um pouco, mas não se importava, sua curiosidade era maior que sua impaciência. E do jeito que ela parecia feliz, parecia até que havia sido pedida em casamento.

“Será que...?” se perguntou, mas logo descartou a ideia. Nate jamais tomaria uma decisão tão precipitada. Ele não era exatamente do tipo impulsivo quando se tratava do amor. Era algo que ele admirava no relacionamento dos dois.

Quando a porta se abriu, desceu do palco em um salto e se pôs a caminhar até lá, contudo, quando avistou Tyler parou o que fazia. O que ele estaria fazendo ali?

— Dyl, olá! – o garoto se aproximou dele, com um lindo sorriso.

— Tyler? Foi por isso que a Mari me pediu para vir aqui, não foi? – não demorou para que compreendesse. – Não acredito nisso! Me desculpe, mas não quero falar com você. Sei exatamente o que vai dizer.

— Sabe? – Ty questionou, se aproximando mais.

— Sei. Você vai vir com aquele papo de que podemos tentar uma amizade e blá-blá-blá. – disse, revirando os olhos. – E eu não quero isso, sinto muito. Dói demais ver quem eu amo com outra pessoa. Principalmente quando eu sei que está com ela por covardia e não porque realmente a quer.

— Errou feio. – disse o outro, com um largo sorriso. – Não é por isso que estou aqui.

— N-Não? – Dylan se surpreendeu. – Por que então? – se arriscou a perguntar.

Tyler então o puxou para si, selando seus lábios em um beijo que Dylan sequer se esforçou em tentar lutar contra. E assim permaneceram, se beijando, por longos e deliciosos minutos. Até que:

— Isso é sério? – Dyl precisava ter certeza.

— Sim. Eu quero estar com você. O que eu sinto, é mais importante do que esse medo besta. – Tyler assegurou, beijando-o mais uma vez.

A alegria de Dylan naquele instante não cabia em seu peito. Queria chorar, mas não queria passar essa “vergonha”, na frente do garoto.

— Então... O que nós somos?

— Depende. – Tyler ponderou. – Você quer namorar comigo?

O coração de Dyl acelerou.

— É claro que eu quero!

— Então somos namorados. – Tyler riu. – Só que... Ainda não estou pronto para me assumir. Tudo bem por você?

— Sim! Claro! – Dylan disse, sendo o mais compreensivo possível. – Faça isso no seu tempo, okay? – deu-lhe um selinho. – Ei, você já conversou com a Lydia sobre isso?

— Então... Nós meio que vamos continuar com nosso namoro. – foi sincero.

— O quê?! – Dylan se soltou de seus braços, indignado. – Tyler, eu entendo que você esteja confuso, não queira se assumir e tal... Mas eu sou monogâmico. ‘Pra mim não funciona isso de dividir namorado, desculpa.

— Não vai ser de verdade. E eu não estou confuso. – Ty tentou se explicar. – Nós só faremos isso até terminar o ensino médio.

— Ainda falta mais um ano! – Dylan contrapôs. – Eu... Eu não posso aceitar isso. Por mais que eu te ame e queira estar com você, esse é tipo de coisa inaceitável ‘pra mim. É um absurdo que espere isso de mim.

— Eu sei que será difícil, Dyl, mas eu preciso que você entenda...

— “Entender”? Não dá! Eu entendo que não esteja pronto para se assumir, mas isso?! Isso não. – Dylan decretou. – Vamos, nós podemos tentar ficar juntos, de verdade. Você não precisa disso...

— Sim, eu preciso, na verdade. Lydia e eu fizemos uma promessa, de nos assumirmos juntos.

— Então boa sorte achando um novo namorado! – Dylan replicou, se irritando. Então, deu-lhe as costas e saiu correndo pela porta do auditório, quase trombando com Elliot, que entrava ali naquele exato momento. Estava tão magoado, que sequer se importou em saber o que o ex queria ali.

Elliot então se aproximou de Tyler, que estava visivelmente abalado, e comentou:

— Vejo que o plano não funcionou...

— Eu sou um idiota! – Ty exclamou, parecendo querer chorar, mas não o fazendo por causa da presença do asiático. – Como eu pude esperar que o Dylan se sujeitaria a algo assim?

— Bem, essa parte foi ideia da Maritza, não se esqueça. – Elliot quis deixar claro. – Mas eu tenho um plano B. E ele é infalível. Bem, desde que você esteja disposto a fazer alguns sacrifícios para isso.

— “Sacrifícios”? – Tyler interpelou. Vindo de Elliot, era melhor se certificar antecipadamente de que não era algo maluco. – Como o quê, por exemplo?

O rapaz suspirou profundamente, encarando-o com toda a seriedade do mundo, para então dizer:

— Como se assumir.

Tyler arregalou os olhos por um instante, mas então concluiu: “Que outra opção eu tenho?”. Era tudo que podia fazer naquele momento. Não podia perder Dyl daquela maneira, justamente quando havia decidido lutar por ele, graças a inseguranças e medos bobos.

— Diga. 


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