— E então? – Elliot demandou, exibindo uma expressão um tanto arrogante. – Não há nada que queiram me dizer?

Maritza bufou, contrariada. Infelizmente, não lhe restava outra alternativa senão admitir:

— É um bom plano. – o asiático sorriu ao ouvi-la. – Mas não é genial ou infalível, como fez parecer. 

— Como não? – ele cruzou os braços, sério. – O Dylan o ama, é claro que irá desculpá-lo e logo eles viverão juntos e felizes, para sempre.

— Olha, te vejo falar isso e quase me esqueço do esforço que fez para separá-los. – Nathaniel brincou, parecendo animado. – Acho que pode realmente funcionar!

— Ainda não sabemos se o Tyler irá concordar. – Mari fez questão de lembrar.

Elliot riu.

— Está brincando, certo? Esse aí é louco pelo Dyl.

— Quase tão louco quanto covarde. – ela contraveio, olhando para o namorado e seguiu: – Sei que ele é seu melhor amigo, mas sejamos sinceros aqui, okay?

— Não, tudo bem. – o loiro deu de ombros. – O Ty tem mesmo muito medo de se assumir... O que pode ser um problema e atrapalhar o andamento do nosso plano...

— Meu plano. – Elliot corrigiu-o, recebendo um revirar de olhos do colega de time. – E não se preocupem, eu pensei em tudo.

***

Lydia observava sua ex melhor amiga – e um pouco mais que isso— lendo na sala de aula. A loira ficava tão linda concentrada que ela quase queria desistir de todo o “trabalho” que tivera ao lado de Tyler nas últimas semanas e ir falar com ela, se desculpar e pedi-la, oficialmente, em namoro. Deus! Como queria estar com Alli... E estaria, se não fosse uma covarde estúpida.

Suspirou, vendo que o namorado vinha em sua direção. Assim que veio a seu encontro, Tyler cumprimentou-a com um selinho. Quando seus lábios se tocaram, a garota pôde ver que a outra agora também a olhava e se afastou, de maneira meio brusca.

— O que houve? – Ty estranhou. Então, olhou para trás e viu Allison, que agora desviava o olhar. – Oh... Sinto muito.

— Não, tudo bem. – Lydia sorriu. – Vou ter que me acostumar com isso, em algum momento.

— Sabe que não precisa se afastar completamente dela, não sabe? – ele questionou. – Antes de tudo, vocês já eram amigas... Por que não vai lá conversar com ela?

— Porque não estou certa de que consigo me manter fiel a você estando perto dela. – explicou Lydia.

Ele murmurou um “entendo” e se sentou ao lado dela. Não estava decepcionado, ou nada do tipo, sentia o mesmo em relação a tentar se reaproximar de Dylan. Embora quisesse muito isso...

— É frustrante ver que meu plano para separar vocês não funcionou, mas é ótimo ver como estão infelizes. – disse Camilla, “surgindo” de algum lugar.

Por um instante, Lydia se perguntou se ela fazia alguma ideia do que sentia por Allison, mas logo concluiu que não e que aquele comentário tinha a ver exclusivamente com o fato de estarem ambos com expressões de tristeza 90% do tempo.

— Estamos melhor e mais unidos do que nunca. – Tyler afirmou, envolvendo o braço ao redor da cintura da ruiva e plantando um beijo em seu rosto.

— Exato. – Lydia concordou, sorrindo para ele.

Camilla permaneceu os encarando por alguns segundos e então saiu, rindo consigo mesma. Que encenação tosca! O bom era saber que de uma maneira ou outra, ela vencia. Se ficassem juntos, estariam por algum tipo de “obrigação social” ridícula e se Tyler decidisse voltar para Dylan, Lydia ficava sozinha e com o coração partido.

— Oi, maninha. – cumprimentou, se preparando para sentar com a irmã. No entanto, Maritza pôs sua mochila ali e resmungou algo sobre estar guardando o lugar para Nate. – Vai mudar de dupla agora?

— Uhum. – Maritza assentiu. – Por que não se senta com uma de suas amiguinhas logo ali? Ah, é, todo mundo odeia você por tentar destruir o casal mais amado do colégio e acabar com a reputação do armador principal do time de basquete.

Camilla arregalou os olhos. Desde quando Mari a respondia daquela maneira? E as coisas que ela havia dito... Eram de fato verdade! É, talvez estivesse sendo um tanto quanto presunçosa em achar que aquilo podia ser chamado de “vitória”.

***

Ao sair da sala, Allison deixou que um longo e sofrido suspiro escapasse. Não estava sendo fácil fingir que estava tudo bem, de maneira alguma. Desabafar com Elliot – que havia se mostrado não tão horrível quanto parecia – a tinha ajudado um pouco a entender que, às vezes, o amor não é como gostaríamos e que nem sempre sentir é o suficiente. No entanto, durante a conversa também se deu conta de algo bem importante: ficar choramingando pelos cantos, ou amargurada, não adiantaria de nada. Se Lydia preferia estar com Tyler – e ignorá-la –, bom para ela. Que aprendesse a ser feliz com ele novamente, então! Teria que aprender a deixar de lado esse sentimento, caso quisesse ser feliz. Não queria acabar como Elliot, ou seja, presa à vontade de estar com alguém, de forma que estivesse disposta a cometer erros graves, que a levariam a mais sofrimento...

— Ei, Allison!

Reconhecendo a voz, Alli se virou, estranhando.

— Nathaniel? – o encarou, notando certo nervosismo por parte do rapaz. – O que foi?

— Então... Não nos falamos muito, mas o Ty me contou sobre você a Lyds, sabe, que tiveram uma breve “história de amor”. – ele fez aspas com os dedos.

Os olhos claros da garota se arregalaram. “Ela contou?!” foi o pensamento que a dominou por breves segundos.

— Sim, ela contou tudo. – Nate disse, quase como se lesse sua mente. – Enfim, pode vir comigo um instante?

— ‘Pra quê?

— Só vem. – a puxou delicadamente pelo braço e guiou-a até o laboratório de Química, onde estavam Elliot e Maritza, conversando. – Achei ela!

— Ótimo. – Elliot sorriu. – Olá de novo, Alli.

— Sem querer ser grossa, mas o que vocês querem comigo? – olhou-os, séria. – Se tiver algo a ver com a Lydia, saibam que eu não quero sab...

— Tem a ver com ela sim. Mas garanto que é do seu interesse. – Maritza a interrompeu. – Temos um plano para resolver essa bagunça.

— Ela fala do fato do Tyler e da Lydia estarem juntos, fazendo com que ele, o Dylan e, consequentemente, nós, fiquemos infelizes. – explicou Nate, ao receber um olhar interrogativo da loira. – E bem, tecnicamente, o plano nem envolve você.

— Então por que eu estou aqui? – Allison quis saber.

— Porque enquanto conversávamos, eu me dei conta que não seria justo resolver a confusão do Tyler e do Dylan, sem antes resolvermos a que há entre você e a Lydia. – afirmou Elliot, amigável.

Alli sorriu. Sabia que deveria seguir com a ideia de esquecer Lydia e seguir em frente, mas a ideia de tentar solucionar o problema e, quem sabe, poder estar com ela, definitivamente, lhe soava tentadora demais para recusar.

— Eu topo.