Admirador secreto? escrita por Isa


Capítulo 13
Finalmente...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695510/chapter/13

No fundo Tyler sabia que, talvez, aceitar o convite de Dylan para irem ao shopping para “passearem um pouco” – como dissera o outro quando o convidara – podia não ter sido a melhor das ideias. Quer dizer, haviam concordado em ser apenas amigos e estavam bem com isso, apesar de todos os recentes acontecimentos, contudo, desde o último beijo, não tinham saído sozinhos, sem Lydia, Elliot, Nate, Maritza ou qualquer pessoa disposta a acompanhá-los. Mas agora, caminhando com ele enquanto conversavam se esforçando ao máximo para não dizerem nada minimamente ambíguo, que pudesse despertar a costumeira tensão que pairava sobre eles, é que pôde ter certeza de que deveria ter ficado em casa, assistindo algo na TV e esperando a namorada dar-lhe algum sinal de vida, por mínimo que fosse.

Dylan não sabia dizer se estava confortável na presença do garoto que amava, por mais que a ideia daquele “passeio” tivesse partido dele. Queria passar um tempo com ele, pôr o papo em dia e, quem sabe, descobrir se seriam de fato capazes de manter uma amizade, sem segundas intenções. Porém, era difícil estar perto dele sem se sentir... Estranho. Algo dentro dele mudava toda vez que via Tyler, sabia disso. E temia não ser capaz de manter o acordo.

— Ty... – chamou e, imediatamente, os olhos azuis se direcionaram à ele. – Posso te fazer uma pergunta?

— Claro. – Tyler abriu um sorriso. – Estamos aqui ‘pra isso, não é? Para conversar...

— É, acho que sim. – sorriu de volta. – Bem... Antes de perguntar, não quero ser invasivo, então já aviso que é algo bem pessoal.

Tyler riu. Já até sabia do que se tratava.

— Quer saber do meu relacionamento com a Lydia, não é isso?

Dylan ficou um tanto surpreso com a perspicácia do ex “alguma coisa”.

— Sim. Mas eu não estou perguntando por causa do que houve entre nós, é só uma curiosidade mesmo. – apressou-se em explicar.

Outra risada escapou pelos lábios de Ty.

— Relaxa, Dyl. – disse, com a voz carregada de carinho. – E respondendo a sua pergunta, nós estamos bem. Muito bem, na verdade.

— Que bom. – Dylan se esforçou para dizer. Para ele aquilo era péssimo, por mais que não desejasse voltar com seja lá o que for que tivessem. – Elliot e eu também estamos muito bem.

— Imagino que sim. – murmurou Tyler. Logo, completando mentalmente: “Também, do jeito que vivem agarrados por aí, não tinha como não estarem.”

Continuaram andando, até que chegaram a um cinema.

— Quer ver? – Dylan perguntou, apontando para um dos filmes que se encontrava em cartaz. Era uma comédia, daquelas que Elliot nunca assistiria com ele, por ser muito “sem conteúdo”, mas tinha certeza que Ty seria menos sem graça.

E não é que estava certo? A resposta do – não muito – mais alto foi exclamar um “óbvio” e, em seguida, puxá-lo cinema a dentro. Sorriu consigo mesmo ao notar que estavam de mãos dadas, mas assim que Tyler também notou, soltaram e foram até a fila de ingressos.

***

De mãos dadas, as garotas corriam pelo estacionamento, gargalhando. Estavam tão felizes! Fazia tanto tempo que não saiam juntas, só elas. Era tão bom poderem, finalmente, aproveitar a companhia uma da outra, sem Tyler para atrapalhá-las. Claro, amavam o rapaz – de maneiras diferentes, óbvio – mas ele às vezes se tornava uma pedra no sapato delas quando se tratava de terem as suas tão aguardadas “noites das meninas”.

Sequer haviam planejado nada, faziam o que vinha à mente. E era isso, no fim das contas, que tornava tudo mais divertido. Começaram com uma maratona de filmes na Netflix, algo bem simples, depois foram a um bar, um dos poucos na cidade que não cobrava identidade, onde beberam um pouco – que suas mães jamais descobrissem! – e dançaram muito. O que, em algumas músicas, acabou criando um “clima” estranho entre elas e, Deus, como Lydia quis que a bff tivesse alguma iniciativa. Mesmo sabendo que seria obrigada a afastá-la, já que tinha um namorado. Contudo, desejava que ao menos pudesse ter a chance de ter algum contato com os lábios da loira, por menor que fosse... Sentia-se uma grande tola graças àquilo. Em sua mente – mal imaginava o quão errada estava – Allison nunca a veria daquela forma.

De todo modo, agora estavam apenas voltando ao carro da de olhos azuis, sem ideia do que fariam a seguir. Provavelmente, iriam a um ringue de patinação ou ao parque de diversões da cidade. Faltava se decidirem.

Não importava.

Desde que estivessem uma ao lado da outra, estariam felizes. Independentemente do que fizessem...

***

Dylan respirou fundo, de olhos fechados, contando de zero a dez mentalmente. Quando abriu-os, focalizou sua atenção nos pinos enfileirados e mirou, ignorando os avisos do amigo – amigo? – que insistia em dizer que ele fazia aquilo errado. Como Tyler já esperava que fosse acontecer, ele errou. Bufou. O outro devia ter-lhe lançado algum tipo de maldição, não era possível!

— Eu disse. – vangloriou-se o não tão mais alto. – Nós não teríamos vencido da outra vez, contra o Elliot e a Maritza, se não fosse por mim.

— Ou pelo interesse dos dois fofoqueiros na sua briga com a Lydia. – Dylan fez questão de lembrar, rindo. A garota havia realmente surtado. Seria trágico, se não fosse cômico. – Ei, eu acho que nunca chegou a me contar o que deu nela naquela noite...

— Ah, não foi nada demais. – afirmou Tyler. – Só uma crise boba de ciúmes. Agora... Vai me deixar te ajudar ou não?

Dylan olhou para ele, desconfiado.

— Sem segundas intenções?

— Sem segundas intenções. – Ty assegurou, segurando a vontade de rir. – Eu ajudei a Alli daquela vez, lembra? É só ‘pra competição se tornar mais justa, Dyl. Não tem graça vencer se for tão fácil...

— Do jeito que você fala até parece que eu sou o pior jogador de boliche do mundo. – revirou os olhos.

— Não é. – o sorriso de Tyler se alargou. – Seu namorado é pior.

Dylan não teve como não rir. De fato, ele estava certo.

Porém, sua expressão mudou completamente, quando sentiu o corpo de Tyler ser colado ao seu, de forma que este pudesse mostrar-lhe como jogar de maneira efetiva. Fechou os olhos por um segundo, aproveitando a sensação de tê-lo tão próximo, mas logo voltou ao seu normal, quando a imagem de Elliot surgiu em sua mente. Precisava parar de ter aqueles pensamentos! Seu “caso” com Ty deveria ficar no passado. Agora, tinha um namorado que era – ao menos, até onde sabia – seu admirador secreto.

— Vai ver como é a coisa mais fácil do mundo. – Tyler murmurou, próximo ao ouvido do outro, ajudando-o a manter sua mão junta à bola com firmeza e guiando-o para baixo e para trás e, sem seguida, lançaram, juntos.

Quando todos os pinos foram derrubados, um enorme sorriso surgiu em ambos os rostos.

— Viu?! – Ty exclamou. – Um strike!

— Graças a você! – Dylan acrescentou, em um misto de incredulidade e empolgação. Então, “pulou” nos braços de Tyler, que o girou no ar e, em seguida, envolveu-o em um abraço carinhoso.

Qualquer um que os visse acharia aquele momento completamente desnecessário e exagerado, mas para eles havia sido a desculpa perfeita – feita de maneira inconsciente, claro – para que pudessem ter algum contato. Porém, quando foram se afastar é que veio o grande problema. Tudo teria ocorrido como deveria, se seus olhares não tivessem se encontrado. Foi ali, encarando um ao outro, tão de perto, que se perderam. Ambos os sorriso desapareceram. Estavam sérios e confusos, graças ao turbilhão de pensamentos e emoções que os invadiu.

Tyler pensou em Lydia. Dylan pensou em Elliot. Sentiam-se dois estúpidos, babacas, egoístas... Mas nenhum deles importava naquele momento. Sabiam o que viria a seguir, só não faziam ideia de quem agiria primeiro...

E foi Dylan. Esvaziando sua mente das preocupações, aproximou-se um pouco mais do amigo, que ainda mantinha as mãos firmes ao redor de seu corpo e o beijou. Não passou de um selinho. Tyler se afastou. Porém, contradizendo todas as expectativas – ou falta delas – do pouco menor, disse:

— E-Eu quero estar com você.

— O quê? - os olhos de Dyl se arregalaram. – E quanto a Lydia?

Ty voltou a olhá-lo nos olhos.

— Sendo sincero? Não sei o que vai acontecer a partir de agora. Eu estou muito confuso. Não sei mais o que sinto pela Lyds, nem se estou pronto ‘pra deixá-la ir, mas tem uma coisa que eu sei, com certeza absoluta. E é que eu te amo e quero estar com você, sabe, ‘pra valer.

— Eu teria que terminar com o Elliot... – Dylan disse, mais para si mesmo que para o outro. – Por mais que você não saiba ainda o que vai fazer em relação ao seu namoro, ele é meu melhor amigo e não seria justo enganá-lo assim. Só que... Não quero magoá-lo, terminando assim de repe...

— Tudo bem. Eu entendo. – Tyler cortou, decepcionado.

— Não! – Dylan exclamou, puxando-o de volta antes que pudesse se afastar. – Eu faço. Mas vou precisar de um tempo.

O sorriso que surgiu nos lábios do de olhos claros não podia ser maior. Aquilo era um “quase sim”!

— Totalmente justo. – aceitou a condição do outro garoto, tornando a abraçá-lo.

E ali ficaram por um bom tempo. Em frente à pista de boliche, abraçados.

***

A música soava em alto e bom som no carro, não impedindo, no entanto, que as duas conversassem e rissem. Ah! Como era bom estarem juntas, só as duas... Sem Tyler, ou qualquer outro inconveniente que a loira às vezes se forçava a sair, mesmo sabendo que não gostava de meninos.  Talvez fosse apenas uma “garantia” de que a melhor amiga não descobriria sobre sua sexualidade. Quer dizer, não que ela fosse homofóbica ou algo do tipo – muito pelo contrário – mas mesmo assim temia sua reação... Ainda mais caso seus sentimentos verdadeiros fossem revelados.

— Alli? – Lydia chamou, estranhando o repentino silêncio. – O que foi?

— Nada. – mentiu, completando em seguida com uma meia verdade: – Só estava pensando sobre como me diverti essa noite.

O sorriso que surgiu nos lábios de Lydia foi tão maravilhoso, que Allison não conseguiria encontrar palavras para descrevê-lo, caso perguntada sobre.

— Que bom! Porque eu também amei passar esse tempo com você.

Allison sorriu de volta, corando logo em seguida, ao notar a maneira como a bff lhe encarava, fixamente.

— O sinal abriu. – Lydia avisou-lhe, após mais alguns segundos de contato visual intenso.

Suspirou, voltando sua atenção ao trânsito. Aquele “momento” deveria ter sido apenas mais um fruto de sua imaginação fértil... Deus! Como era idiota... Por um momento, havia achado que Lydia poderia, em alguma hipótese, retribuir seus sentimentos. É, gente apaixonada se ilude fácil mesmo.

Mal sabia o quão errados estavam aqueles pensamentos. A ruiva, àquele ponto, somente conseguia pensar no porquê não criava coragem o bastante para contar a Allison o que andava sentindo nos últimos tempos. Ela precisava tirar aquilo de dentro dela, de alguma forma. E Alli era sua melhor amiga... Ela entenderia, certo? Até porque, não é como se fosse exigir um beijo, ou algo assim. Tinha Tyler.  

— Agora é você quem está estranha. – comentou Allison, rindo. – O que houve?

— Você já beijou outra garota antes? – Lydia perguntou, sendo direta.

Achando que seria julgada pela amiga – baseando-se no tom de voz sério usado – preferiu mentir:

— N-Não! Claro que não... Por que está me falando isso?

— Só curiosidade. – deu um sorrisinho mínimo, percebendo o quão constrangida a outra ficara. Algo bem esquisito, considerando que não era do feitio da loira ficar daquele jeito por uma simples pergunta. – E, ei, não precisa ficar assim, isso não é grande coisa.

— Hã? – Allison franziu o cenho. – Chegamos. -  anunciou, enquanto estacionava o carro em frente à casa da bff. – Lyds... O que quer dizer com “isso não é grande coisa”?

— Que não é grande coisa. – Lydia respondeu, rindo, enquanto ela revirava os olhos. – Desculpe. É só que, sei lá, andei pensando bastante sobre isso nos últimos dias...

— Se eu já beijei alguém do mesmo sexo? – Allison ainda se encontrava perdida e, por um segundo, isso pareceu divertir a ruiva, contudo, ela logo ficou séria.

— Não. – balançou a cabeça negativamente, olhando para Alli e se perguntando se deveria mesmo dizer aquilo. Acabou optando por sim. Que mal faria, afinal? – Se você me beijaria.

Os olhos de Allison se arregalaram e a boca se entreabriu e se fechou, diversas vezes. O que responder? Deveria dizer a verdade? Mentir outra vez? E se Lydia estivesse perguntando apenas por que suspeitava de seus sentimentos e queria testá-la? Não podia correr esse risco...

— Alli, estou esperando.

— E-Eu... Não sei. – acabou optando pela opção mais segura, de novo. – Sabe, você é minha melhor amiga, quase minha irm...

— Okay. Chega. – foi interrompida pela ruiva, que soou ríspida e um tanto... Frustrada? – Já entendi. Até amanhã.

Vendo a outra tirar o seu cinto e abrir a porta, Allison se surpreendeu. Por que a amiga estava agindo assim?

— Espera. – a segurou pelo braço, impedindo sua saída. – O que foi? Está brava comigo?

— Não... Eu só... – Lydia começou, pela primeira vez não sabendo o que dizer. Mais uma vez, por estarem tão perto, os olhos verdes foram direcionados à boca de Alli. Se sentiu tão idiota... Claro que ela jamais a veria daquela forma! Mas... Queria tanto. Porém, não podia trair Tyler. Ela ainda o amava... Ou não? Nem isso sabia mais. Mesmo assim, não podia se dar ao luxo de perder um ano e meio de relacionamento por algo que nem correspondido seria. – Não é nada. Só... Me solta. Depois conversamos sobre isso.

— Não, Lyds! – Allison exclamou. – Me diz qual é o problema. V-Você... Queria que eu quisesse?

— E-Eu... – Lydia gaguejou e odiou-se por isso! Por que estava tão nervosa? Era só dizer. Parou de falar. Será que ela podia...? Sabia que corria o risco de perder a amizade de Alli, mas... Precisava tanto sentir aquilo, mesmo que por pouquíssimo tempo, mesmo que logo em seguida fosse empurrada... – Sinto muito.

De início, Allison não entendeu o porquê da amiga se desculpar. Apenas quando sentiu a aproximação é que foi capaz de entender... Seu coração falhou uma batida. Aconteceria o que ela imaginava que aconteceria? Oh, Deus...

Quando seus lábios se tocaram, uma sensação boa tomou conta de ambas e o medo anterior que sentiam desapareceu. Lydia sequer parou para pensar nisso, mas não houve resistência. Allison tinha esperado tanto por aquele momento, que decidiu que não perderia tempo tentando entender a ação da amiga, apenas aproveitaria.

E, conforme se beijavam, o que deveria ser algo rápido, acabou se tornando um beijo de verdade, apaixonado, completa e absolutamente perfeito. Estava sendo muito melhor que o imaginado. Sabiam que, depois, teriam que conversar sobre isso e não seria nada agradável, mas não queriam pensar nas consequências. Não naquele momento...

Contudo, a consciência de Lydia logo fez questão de lembrá-la que tinha um namorado e xingá-la de todas as formas possíveis. Se afastou, abrupta. Droga! Havia traído Tyler. Se sentia uma estúpida. Justo agora, que estavam bem...

— M-Me desculpe, eu não deveria ter feito isso. – disse, antes de deixar o carro e sair correndo para entrar em casa.

Allison até quis ir atrás dela, mas logo concluiu que não adiantaria. O melhor seria dar a ela o tempo que ela precisava para processar o que havia acontecido entre elas. Porém, sabia que não dormiria bem naquela noite... Não após ter beijado a garota que amava pela primeira vez.

Com esse pensamento, deixou escapar um longo e um tanto sofrido suspiro, antes de dar partida e seguir para casa...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Admirador secreto?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.