The Wonders Vol 1: Catastrofe escrita por Marcos Bossolon


Capítulo 6
Episódio 1: Eclipse (pt 6)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695367/chapter/6

Felipe - São Paulo

 

Felipe acordou atordoado. Piscou algumas vezes para tentar focalizar sua visão. Percebeu que estava em um quarto de hospital. Sua cabeça latejava de dor e sentia seu corpo completamente exausto. Em outras vezes que usara sua aprendizagem sobre-humana sentira dores de cabeça, mas nunca chegara a desmaiar.

Uma jovem enfermeira com cabelos loiros encaracolados entrou no quarto. O sorriso que ela deu a Felipe fez seu coração disparar. 

—Seus pais estão aqui para vê-lo. — Disse a enfermeira. Mas Felipe queria mais saber dela do que de seus pais.

— Obrigado. Qual é seu nome? — Perguntou o rapaz.

— Samanta. — Respondeu a enfermeira.

— É a enfermeira mais jovem e bonita que já vi.

Samanta sorriu novamente sem graça e ficou corada. A moça se dirigiu para a porta a fim de chamar seus pais.

— Vou vê-la de novo, não é Samanta? — Perguntou Felipe

— Claro. — disse Samanta. — Virei aqui com freqüência cuidar de você.

Poucos minutos depois de Samanta sair, seus pais entraram. Um homem de cabelos negros como o de Felipe, alto, com a barba bem aparada vestindo camisa social, gravata e calças, garregava o paletó no braço. Sua mãe, também de cabelos negros e magra. Seu rosto já apresentava leves rugas e um pé de galinha abaixo do olho. Sua mãe correu e o abraçou enquanto seu pai se limitou a dar-lhe um tapinha no ombro.

— Como você está, campeão? —Perguntou o pai.

— Foi só uma daquelas dores de cabeça. — Respondeu Felipe. — Nada demais

— Meu filho. Você desmaiou no meio da aula e com o nariz sangrando.

— Não se preocupe, mãe. É só porque eu tenho estudado demais ultimamente.

— Você precisa se cuidar melhor, filho. — Disse o pai olhando-o nos olhos. — Nós morremos de preocupação.

Felipe concordou com a cabeça mais para que eles não insistam no assunto do que por ter aprendido a lição.

— Você tem estudado demais. — comentou a mãe. — Não precisa de tudo isso, já tem tirado as melhores notas no simulado! É um gênio!

— Nós queremos que você saiba que sua saúde é muito mais importante para nós do que seu conhecimento — disse o pai. — Você já nos deixa extremamente orgulhoso.

Extremamente orgulhoso? No fundo Felipe sabia que o motivo de tudo aquilo não era deixar ninguém orgulhoso. Também não era para encontrar seus pais verdadeiros. Tudo que ele queria era o conhecimento. Mais conhecimento. E desde que começou a perceber que era diferente, passou a pesquisar mais sobre mutação genética. Talvez ele seja mesmo um “EVO”.

— Tem esse vídeo rolando na internet, dessa garota... — Começou Felipe, mas foi interrompido pelo medico do hospital entrando pela porta.

O médico devia ter entre 35 e 40 anos. Tinha cabelos castanhos escuros bem penteado e uma barba rala. Estava nitidamente um pouco acima do peso e usava óculos de armação quadrada sobre os olhos azuis.

— Muito bem... — Disse o médico olhando a ficha do paciente. — Felipe Abreu, não é?

Os pais se ajeitaram na cadeira ao lado de Felipe. Estavam apreensivos e tensos. A mãe segurava nas mãos do filho. O pai esfregava as próprias mãos por baixo do paletó.

— Boas noticias, doutor? — Perguntou o pai tentando soar positivo.

— Temo que não, senhor, Fernando. — Disse o médico com ar sério.

Os três se entreolharam preocupados. Felipe se ajeitou na cama, sentando-se.

— O que descobriu? — Peguntou receoso. Imaginou que o médico daria a resposta final de que ele era um EVO. Mas a resposta do médico foi diferente.

— Senhora Amélia, senhor Fernando. — Começou o médico procurando uma maneira de falar aquilo de uma vez. — O Felipe... O Felipe tem um tumor no cérebro. Temo que seja terminal.

O choque pegou os três de surpresa. A mãe quase caiu da cadeira e o pai ficou simplesmente imóvel com a boca aberta. Somente Felipe conseguiu se recuperar mais rápido que os demais.

— Tem alguma chance de cura? — Perguntou o garoto.

— Sinto muito. — Respondeu o médico balançando a cabeça. — Onde o tumor está alojado... é arriscado demais para removê-lo.

Felipe não soube como se sentir. La estava ele, com um cérebro capaz de absorver até mesmo noções avançadas de física quântica, mas não viveria tempo o suficiente para ganhar sequer um premio Nobel por isso.

— Isso é tudo? — Perguntou Felipe ainda na esperança de ter suas suspeitas concretizadas. — não encontraram mais nada diferente... no meu sangue?

Seus pais se entreolharam confusos sem entender o que o filho tentava dizer. O médico, por outro lado, pareceu sem expressões, exceto por um leve sorriso que Felipe teve a impressão de ver em seu rosto, mas que logo sumiu.

— Seu sangue está absolutamente normal, Felipe. — Disse o médico — Tirando o câncer, você é um jovem completamente comum.

Essa ultimanoticia deixou Felipe ainda mais abalado que a primeira. Estivera suspeitando que tinha habilidades. Que era melhor que os outros, diferente. E tudo não passava de uma suspeita falsa em sua cabeça. Talvez todo esse lance de EVO’s seja uma mentira no final das contas.

O médico saiu deixando-os a sós. Sua mãe chorava enquanto apertava o braço do filho. O pai não sabia exatamente o que fazer ou dizer. Felipe estava abalado, não apenas pelo câncer, mas por descobrir que era só uma pessoa inteligente. Não tinha mais explicação para sua capacidade de aprendizado nem nada.

— Pai, mãe. Eu... — Disse Felipe baixinho e desnorteado sentindo uma lagrima escorrer pelo rosto. — Eu quero conhecer meus pais verdadeiros.

Novamente os dois se olharam assustados e movidos de medo pelo que pode vir a acontecer.

O médico saiu da sala com um leve sorriso no rosto. Seguiu pelo corredor cumprimentando algumas pessoas que cruzavam com ele. Virou em outro corredor e subiu as escadas que dava para o terraço do hospital. Após fechar a porta atrás de si pegou o celular do bolso e fez uma ligação.

— É o Alexandre. — Disse o médico. — Estive com o garoto agora a pouco. Ele tem um tumor no cérebro e não viverá muito tempo.

Alexandre fez uma pausa escutando quem quer que esteja do outro lado da linha.

— Sim. Creio que mesmo com o tumor ele vai servir. — disse e depois fez outra pausa. — Sim. Ele é um EVO. E já suspeitava disso. Mas eu menti dizendo que não. O coitado ficou em choque.

Alexandre fez outra pausa ouvindo a voz do outro lado do telefone.

— Não se preocupe, só eu tive acesso ao sangue dele. Por enquanto ninguém mais sabe quem ou o que ele é. Vou mantê-lo aqui sob minha supervisão até segunda ordem. E devo admitir, entrar na mente dos funcionários do hospital para eles pensarem que eu sou um médico da casa foi brilhante!

Alexandre desligou o telefone quase no mesmo momento em que ouviu um ruído atrás de si. Virou-se de imediato para se deparar com a enfermeira de cabelos loiros cacheados bem atrás dele assustada com o que acabara de ouvir. A moça estava tão paralisada que não sabia o que dizer ou fazer.

— Oh Samanta. — Disse Alexandre com um tom de tristeza — Você era tão linda...

O médico então enfiou a mão dentro do Jaleco de onde tirou uma pistola com um silenciador. Sem ao menos pestanejar ou hesitar, Alexandre disparou dois tiros silenciosos na enfermeira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Wonders Vol 1: Catastrofe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.