Iguaká - Amazônia

O calor úmido e tropical percorria todo o interior da floresta amazônica. Animais de diferentes tipos produziam seu som pelas árvores como uma complexa sinfonia. No centro da mata densa da floresta amazônica abria-se uma clareira onde algumas ocas formavam uma pequena comunidade indígena, próximo a uma gruta.

Numa parte isolada do território da tribo indígena, um homem sentava-se ao chão, rodeado de algumas cuias de tinta feita a base de sangue animal e areia. O chão onde estava sentado era mais duro que em outros lugares. Não tinha areia para atrapalhar seus desenhos.

Os olhos do homem eram estavam completamente brancos, parecendo que estava em transe. fazia movimentos rápidos no chão, molhando os dedos nas tintas vez ou outra. Quando terminou o que desenhava piscou algumas vezes e seus olhos voltaram ao normal, mostrando seus olhos escuros como a noite.

— O que viu dessa vez, Iguaká. — Falou o pajé atrás dele, em língua Tupi-guarani.

Iguaká se levantou e limpou a terra de suas calças jeans velhas e surradas. Tinha o peito nu e partes do corpo pintado de tinta vermelha. Ao longe ouvia o soar dos tambores da tribo. Iguaká nunca sabia exatamente o que tinha desenhado até olhar por si mesmo.

Sob seus pés uma esfera negra parecia cobrir outra esfera mais brilhante, deixando apenas um feixo de luz transpassar pela lateral. Era claramente um eclipse. No entanto, tanto Iguaká como o pajé ou qualquer outro membro da tribo sabia o que aquele eclipse significava.

— Vai começar novamente, Pajé — Respondeu Iguaká na esma linguagem Tupi-Guarani — E o eclipse é só o começo de algo muito maior. Algo que pode nos destruir.

O pajé observou pensativo o desenho feito por Iguaká. Meditou sobre aquilo enquanto dava algumas tragadas em seu cachimbo.

— Quanto tempo até o eclipse começar? — Perguntou o pajé

— Uma semana. — Respondeu Iguaká —E menos de um mês até fim.

— E qual é o fim? — Perguntou o pajé.

Iguaká não respondeu, apenas esticou o braço apontando para outro desenho a alguns metros de onde desenhara o eclipse. O pajé moveu seu corpo forte e de ombros largos na direção que Iguaká apontara. Chegou até um estranho símbolo que parecia-lhe familiar. Um símbolo que lembrava um “S” aberto, mas com dois traços do lado esquerdo e um traço no lado direito.

Contudo, não era aquilo que Iguaká mostrava. O que ele deve ver está além daquele símbolo. Continuou sua caminhada até o próximo desenho e quase se espantou ao vê-lo.

De algum modo, um furacão gigante acompanhado de uma onda igualmente grande parecia estar engolindo toda a costa leste do Brasil. E em outras áreas havia fogo e destruição. O pajé estremeceu com a cena. Sabia o que aquilo significava. Sua tribo costumava dizer que era a vinda do deus da destruição, mas na crença que a maioria dos homens brancos acreditavam era diferente. Eles o chamavam de catástrofe. Mas o intuito era o mesmo: O fim do mundo.