Corações Quebrados escrita por Clara Eduarda


Capítulo 2
Família


Notas iniciais do capítulo

MUITO OBRIGADA a quem comentou e favoritou a fanfic, fiquei tão empolgada que decidi postar o segundo ainda hoje *u*

Aqui está, boa leitura!



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POV Bella

Prometi que visitaria minha mãe hoje, mas nem vontade de levantar para tomar um banho eu tinha e já eram aproximadamente 3 da tarde de um sábado. Estava deitada na cama com os olhos inchados de tanto chorar, coberta e com o ânimo no chão. Meu quarto estava um caos; centenas de lenços sujos espalhados pelo piso e o lençol emaranhado entre minhas pernas, o cabelo sujo e desarrumado. Meu desejo era dormir e não acordar jamais. Voltei a ser aquela Bella deprimida sem vontade de fazer nada.

Havia 10 chamadas perdidas de Francesca, 45 whatsapp de seis conversas que com toda certeza seriam de minha mãe e irmã, mas não estava a fim de conferir. Acabei por atirar o celular longe quando ele começou a tocar, pronunciei um gruído enquanto apertei minhas mãos por sobre as orelhas. Respirando com dificuldade, com o peito subindo com demasiada força.

 Não conseguia tirar Renesmee da mente, nem a forma que seus olhos me olharam. Nunca mais poderei olhá-la novamente, se é que a oportunidade surgirá, sem sentir vergonha.

 Alguém toca a campainha e depois bate na porta.

 Rosnei cobrindo minha cara com o travesseiro.

 Escuto uma voz estridente quando voltam a tocar a campainha.

 — Traga sua maldita bunda até a porta Swan!

 É Francesca. Fecho meus olhos fortemente, mas relutantemente me arrasto para fora da cama.

 Francesca seguiu gritando da porta e desisti de tentar dar uma ajeitada no meu desarrumado, então antes dos vizinhos se incomodarem me apressei a abrir a porta. Francesca é minha irmã menor de 20 anos. Possui um caráter tão podre quanto o meu, no quesito arranjar problemas. Ela é o tipo de pessoa que entra em apuros desde o jardim de infância. Não somos muito parecidas, exceto nas sardas. Por exemplo, Francesca é ruiva, sardenta e tem olhos verdes. Eu pelo contrário tenho o cabelo castanho, também sou sardenta, mas tenho os olhos castanhos.

 Ela quase caiu de bruços em cima de mim quando abri a porta, já que seu braço estava apoiado na mesma. Logo que entrou já se apossou do sofá, colocando os pés em cima da mesa com brutalidade, coisa que odeio quando não se trata de mim, mas como estou de mau humor não diria nada.

 — O que faz aqui Fran?

 — Como o que eu faço aqui? Te esperando pra comer! Não atende minhas ligações, muito menos as mensa… — abruptamente Fran se interrompe olhando-me dos pés a cabeça. — Você está bem?

 Dei ombros.

 — Só um mau dia.

 — Bom, isso se nota e… — me seguiu olhando-me minuciosamente. — Irmã, é que de verdade, você está tão mal.

 — Obrigada!

 — Está parecendo que está… depressiva?

 — Gripada! — menti.

 Ela me conhecia muito bem para saber que não se tratava disso. Porém, não seguiu fazendo perguntas. Ficou de pé em um salto pegando meus braços me arrastando até o quarto, apesar dos meus protestos.

 — Vai ser muito bom pra você ir para casa, fique bem bonita. Nany preparou tiramisù, nunca, nem mesmo se você estiver morrendo você pode rejeitar o tiramisù da vovó.

 Sem opções segui para o banho, afinal se rejeito seu convite Fran saberá que a coisa é grave, o jeito seria fingir que tudo está bem.

 (...)

 Minha avó Nany sempre usou bengala, desde quando me entendo por gente. Ela tem 70 anos e é a mais lúcida de todos os integrantes de minha família. Seu cabelo branco como cal, as pontas levemente inclinadas para cima. Ama a cor roxa e estranhamente não te nenhuma ruga em seu rosto e por esta razão aparenta ter menos idade. É fanática por todo o tipo de creme, talvez esse seja o segredo do porque seu rosto ser tão bonito e liso.

 Minha mãe faz questão de chamar a atenção.

 — Consegui emprego na padaria aqui pertinho.

 Minha avó deu um grito.

 — Isso sim que é um milagre! — Exclama ela. — Isso é graças ao seu pai, que descansa em paz. Pedi tanto a ajuda para aquele velho ranzinza.

— Nany! Não fale assim do vovô! — Ri Francesca a contrariando.

 Nany sacudiu a língua.

 — Que ele aguente, eu tive de aguentar ele por 40 anos, sardenta 2. Quarenta!

 Eu era a sardenta 1.

 — Mamãe — Renée a olha com os lábios franzidos, suspirando pouco depois. — A senhora sempre tão carinhosa.

 — Claro que sou carinhosa, carinho eu carrego a flor da pele — sussurrou e suas palavras pareceram letras de uma canção de tão serena.

 Estava sentada à mesa também, remexendo meu pedaço de tiramisù que quase nem toquei.

 — Bella, amor. Não vai me felicitar?

 Voltei para a realidade.

— Quê? Por quê?

 Nany se vira para me encarar.

 — Por um acaso sardenta 1 você voltou a se apaixonar?

 Arregalei meus olhos diante de sua pergunta.

 — Claro que não... vovó!

 — Então não há razão para que apenas prove meu tiramisù. Você está bem Bella?

Minha mãe muda de cadeira se sentando ao meu lado mostrando-se preocupada.

 — Bella, você está como se estivesse… — Renée deposita uma de suas mãos em minha testa. — Está com febre!

 — Isso é porque ela trabalha muito minha filha. — Diz minha avó para Renée. — Um dia desses vai te dar um treco como aconteceu com seu falecido pai e ficaremos sem a única Swan sensata e madura da família.

 — Mamãe, não fale besteira, bate na madeira! — Reclama Renée horrorizada. — Francesca, traga uns paninhos e água fria, farei algumas compressas.

 Me fez levantar e caminhar.

 — Mãe, não seja exagerada é só uma gripe!

 Recebi um olhar severo, o mesmo olhar que recebia como quando era criança e começava a teimar tudo. Com esse seu olhar, por vezes, terminava me freando. Renée nunca foi uma pessoa dura ou aquele tipo de mãe que restringe tudo. Por exemplo, não me lembro que tenhamos brigado alguma vez, ao menos não ao ponto de ficarmos sem nos falarmos. Não é assim com minha irmã, pois brigam a cada cinco minutos.

 Foi minha mãe a primeira que me apoiou, foi ela que apesar de ter uma filha pequena, Francesca, me defendeu mesmo sabendo que meu ato era perigoso.

 Me deitou na cama de meu antigo quarto.

 Não é o quarto de minha infância; mamãe comprou esta casa logo depois que meu pai morreu, mas aqui vivi na etapa de meu divórcio e é onde ainda restam algumas coisas minhas. A cama e os travesseiros me pareceram bem confortáveis, pois a este ponto minha cabeça estava explodindo ao passo que minha febre aumentava. Escutei a bengala de Nany pelo corredor logo que ela chegou dentro do quarto eu fingi que estava dormindo para não deixar ela ler meus olhos. Um cobertor suave foi depositado por cima de mim o que agradeci mentalmente.

 — Descansa sardenta 1. — Diz ela e logo o sono chegou.

 Sonhei com Renesmee.

 Mas não com a menina ruiva, sardenta e de olhos castanhos-escuros. Sonhei com a Resnesmee de 14 anos atrás.

A carregava em meus braços com dificuldade, com medo de machucá-la ou apertá-la forte. Havia bastante cabelo ruivo e seus olhos se mantinham fechados todo tempo. Toquei sua boquinha rosinha com meu dedo admirando-a sorrir e ao mesmo tempo também sorri vendo como suas sobrancelhas se movimentam. Seu corpo estava quentinho pertinho do meu e a vontade de ficar assim pra sempre foi tentadora, mas as coisas começam a mudar. Inesperadamente a bebê já não está mais em meus braços e já não me encontro mais no quarto do hospital.

 Acordei com um salto sobre a cama.

 Olho ao me redor desconfiada, controlando minha respiração tentando afastar a terrível vontade de gritar. Minha mãe entra no mesmo instante no quarto com uma pilha lençóis limpos e dobrados. Ao notar que acordei sorri carinhosamente.

 — Você tirou uma boa soneca, hein! — diz com satisfação por me ter ali ao passo que começa a guardar os lençóis e fronhas no armário sem se dar conta de nada. Basta alguns segundos até que ela nota.

 Passei minhas mãos sobre o rosto me livrando do suor.

 — Não foi nada, foi só um pesadelo — advirto vendo que ela prossegue me encarando.

 Mamãe continuou então a terminar seu serviço no armário.

 — Me diz o que está acontecendo, Bella. perguntou sabendo que estava acontecendo algo.

 Fiquei em um impasse, não estava segura que seja uma boa ideia contar, nem se quer era uma boa ideia recordar. Mas sabia que terminaria doente se não dividisse com alguém, mais doente do que já estava. Renée cruzou os braços e vi uma pequena ruga inquietante em sua testa.

 — Não sei como dizer — confessei suspirando.

 — Só diga!

 Passei minha língua por entre os lábios secos molhando-os levando com as mãos um punhado de cabelo atrás da orelha.

 — Ontem… vi… — as palavras no saiam. Fechei meus olhos e respirei profundamente. — Vi minha filha.

 Renée, durante alguns segundos não teve reação nenhuma. É como se houvesse escutado minhas palavras e estivesse a espera que em algum momento eu dissesse que era uma piada. Descruzou os braços se aproximando se sentando sobre a cama. Seu olhar aterrorizado me deu certeza que agora ela sabia que não estava brincando.

 — Quê?

 — Ela foi até meu apartamento, ela… me encontrou.

 Os olhos de minha mãe estavam hipnotizados absorvendo minhas palavras.

 — Bella…

 — Seu nome é Renesmee. — Sorrio com tristeza. — Ela é linda!

 Mamãe me embala em seus braços quando não suporto mais segurar as lágrimas. Eu precisava desabafar, contudo tinha nós na garganta que impediam que as palavras saíssem.

 Renée acariciou minhas costas dizendo palavras doces para me tranquilizar.

 — Não posso acreditar que você a viu, Bella como foi?

 Sacudi a cabeça incapaz de proferir tudo o que ela me disse.

 — Foi difícil mãe… ela queria que eu lhe desse explicações do porque eu a abandonei.

 — Entendo. — Disse e depois ficou calada analisando o que havia lhe contado. Alguns segundos se passaram e ela voltou a me olhar, — Disse que ela foi atrás de você, como foi isso? Pode descrevê-la?

 Limpei as lágrimas que corriam soltas.

 — Ruiva, olhos iguais aos meus, alta…

 — Com um piercing no nariz? — Completou ela curiosa.

 Olhei para minha mãe pasmada.

 — Como você sabe disso? — perguntei curiosa.

 Renée estava boquiaberta.

 — Meu Deus… ela veio te procurar aqui! E eu disse que você não vivia comigo mais. Então disse se eu podia dar seu endereço, mas eu não dei, pois não a conhecia. Era ela Bella! — Informou levando sua mão a sua boca. — Mas como que ela conseguiu te encontrar?

 Encolhi os ombros.

 — Não sei, mas ela tinha uma foto minha mais jovem. — olhei para Renée que ainda estava surpresa pelas descobertas. — Fran ou a Nany a viram?

 — Não… ou sim, Fran estava saindo quando a atendi, mas falaram pouco. Mas conte-me mais… O que você fez quando a viu?

 Mamãe é muito curiosa e me fez contar detalhe por detalhe, incluindo meu desmaio. Agora compreendeu o porquê meu ânimo estava baixo. Prometeu não dizer nada para minha avó e irmã por enquanto, embora não seja necessário, já que, a possibilidade de nos reencontrarmos são nulas. Relembrei do primeiro contato visual que tive com ela e de sua reação quando disse que era Isabella Swan. Guardei muitas dores no decorrer de minha vida, mas o desprezo de minha filha é o que tenho tentado evitar pensar todos esses anos, algo que está ocorrendo neste momento. Meu peito estava oprimido, as lágrimas se acumulam em meus olhos sem esforço. Reprimi o impulso de correr, desaparecer para sempre.

 Minha mãe acabou me deixando sozinha no quarto.

 Francesca tem vagas lembranças de nós quando nos mudando para Seattle, mas em minha cabeça elas estão bem frescas. Recordo perfeitamente como empacotei e guardei dentro de uma caixa de madeira a única foto que tenho de Renesmee recém-nascida e essa fotografia por anos fico trancada porque não tinha coragem de vê-la.

 Hoje é uma exceção.


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Notas finais do capítulo

Gente, não esperem uma Bella santa, pois como perceberam sua história foi marcada por um grande erro dela mesma... sei lá, personagem perfeito demais é muito utópico, afinal todos erramos e gosto da realidade e em como a pessoa se vira nos 30 pra encarar a mesma e este é meu objetivo em apresentar esta história a vocês!

Espero que vocês tenham gostado e para me animar a postar o próximo rapidinho que tal me dizerem o que acharam? Devo continuar?
Beijos ♥



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