Fora do normal - Draco e Luna escrita por karinacardoso


Capítulo 4
O dilema de Draco




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O inverno se aproximava e, com ele, o baile que se tornara tradicional desde o quarto ano. Draco nunca gostou muito dessa ideia. Bailes formais lhe lembravam as festas tediosas às quais teve que acompanhar os pais a vida toda. E, tal como naquelas festas, ele sabia que tinha que comparecer, e bem acompanhado. A última parte sempre foi o menor dos problemas, pelo menos até o ano anterior. Agora isso estava realmente tirando-o do sério. Faltavam três semanas para o baile e todas as suas tentativas de convidar alguém haviam falhado, pois as garotas decentes (as que mereciam a honra de acompanhar Draco Malfoy) já tinham par. Depois de um grande número de frustrações, ele havia ido falar com Pansy.

— E aí, Pansy, nós vamos juntos, não é?

— Aaahhh, Draquinho, agora? Eu já tenho par...

— E o que isso importa? Eu estou te convidando.

— Eu sei, mas eu meio que já disse para todo mundo com quem eu ia e já compramos a roupa combinando.

— Roupa combinando? Você ainda insiste nesse absurdo?

— Bom, você nunca quis combinar a sua roupa comigo, e o Crabble não parece ter problemas com isso, então...

— O Crabble?! Você vai deixar de ir comigo para ir com o Crabble?!

Pansy deu de ombros, constrangida. Parecia dividida, mas a perspectiva de realizar seu sonho para o Baile de Inverno superava o desejo de aparecer novamente com Draco perante todos. 

— Que seja – disse ele a Pansy – Espero que valha a pena aparecer na frente de toda a escola com um gorila de estimação. Não vai ser nenhum problema arrumar outra garota... – ”Eu espero...”

— Por favor, Draquinho, eu sinto muito...

Ela se aproximou para abraçá-lo, mas ele a repeliu.

— Não importa. Então, divirta-se.

E saiu sem olhar para trás. Tudo bem que ele não estava em um período de sorte, mas ser trocado pelo Crabble era um atestado de decadência. Enquanto caminhava em direção ao dormitório, tentou repassar mentalmente as opções que ainda lhe restavam. Desde o princípio, quando tentava imaginar a garota mais bonita que pudesse levar ao baile, sua mente projetava instantaneamente olhos verdes e cabelos negros. Afastando esse pensamento, todas as demais pareciam opacas e sem vida diante da lembrança de Penny. E nessa apatia, ele tinha demorado demais para convidar qualquer garota, e agora estava sem nada: não conseguia pensar em ninguém que ainda não tivesse convidado. Sem perceber, ele havia chegado ao dormitório. Sentou-se em uma das poltronas em frente a lareira, passando a mão pelos cabelos enquanto espremia seu cérebro obcecado em busca de um par, mas ao menor sinal de distração, Penny aparecia em sua mente. Ele deu um tapa na própria testa.

Precisava mudar de estratégia. Quem sabe se ao invés de buscar a melhor garota, não tentasse simplesmente a melhor garotapossível? Era um fato que ele não conseguiria nenhuma das que julgava à sua altura, então talvez fosse hora de revisar suas opções de baixo para cima. “Vejamos, a pior das hipóteses seria... bom, Granger é claro. Depois aquela menina da Lufa-lufa que parece o Snape com bigode...” Enquanto listava suas piores opções, ele casualmente olhou para o canto da sala e viu Luna sentada sozinha. “Será que... Não, não, não se atreva nem a pensar nisso!” Mas era tarde demais, ele já tinha pensado. E se chamasse Luna para o baile? Ela com certeza não tinha par. No entanto, a simples ideia de uma noite inteira de conversas semelhantes à da aula de Poções lhe dava um desgaste emocional tremendo. Era melhor ir sozinho! Mas ele sabia que não era. Aparecer sozinho no baile seria coroar sua ruína. Ele relutou por alguns minutos, mas logo se deu conta que, se não convidasse alguém logo, seria obrigado a acompanhar a Murta-que-geme.

Lentamente, ele aproximou de Luna. Ela estava com os olhos vidrados, assim como no primeiro dia em que a vira no quarto. As semelhanças com aquele encontro não pareciam um bom presságio, mas agora que havia se decidido, não pretendia recuar. Quando se sentou ao lado de Luna, ela tirou algo dos ouvidos e se virou para ele. Ao menos isso era um grande avanço. Ele olhou para o fio que estava nas mãos de Luna, e um pequeno aparelho em seu colo que ele nunca havia visto antes.

— O que é isso? – perguntou, já sabendo que a resposta seria algo sobre o qual ele nunca ouvira falar na vida.

— Um Ipod.

— Um o que?

— Um Ipod. É um aparelho trouxa para ouvir música.

— Onde você conseguiu um troço desse?

— Meu pai me deu. Ele comprou de um caixeiro-viajante.

— De um o que? Olha, não importa, eu queria s...

— Caixeiro-viajante é um comerciante que vai para os lugares mais distantes vendendo coisas diversas, sabe, porque os trouxas não podem aparatar. Meu pai encontrou um uma vez, na ilha de Cuba, e me trouxe esse eletrônico de presente.

— Entendi. Eu que... Espera, aparelhos eletrônicos não funcionam em Hogwarts. A Granger vive tagarelando isso – deixou escapar Draco, incapaz de se conter e imediatamente arrependido de dar continuidade no assunto.

— Bom, essa é a melhor parte. Meu pai modificou ele sozinho, agora ele pega frequência bruxa e tudo! – sorriu ela, claramente orgulhosa – Ele também deixou mais discreto para não chamar atenção na rua, porque os aparelhos bruxos são muito diferentes...

Draco riu. Se Luna andasse na rua, dificilmente seria o Ai-sei-lá-o-quê que chamaria a atenção. Absolutamente nada nela era discreto. Os cabelos loiros e ondulados nas pontas chegavam até a cintura, e até que seriam bonitos se não estivessem sempre despenteados. Uma presilha prestes a cair fazia um semi rabo, e haviam alguns acessórios estranhos dispostos pelos cabelo. Seus olhos eram azuis, e possuíam uma eterna expressão de surpresa, o que dava a impressão de que a garota estava sempre em outro mundo. Draco não pode observar seu corpo, pois as roupas que usava eram largas, mas reparava agora que ela não era assim tão mal. Talvez ele estivesse tentando amenizar o fato de ter que ir ao baile com ela, ou talvez não.

—... e por isso ele teve essa ideia, que eu achei brilhante...

— Luna...

—... porque na verdade era o que eu precisava, entende...

— Luna...

— ... e no fim foi muito bom, porque...

— CALA ESSA BOCA!

Luna o olhou com uma expressão ainda mais surpresa, e depois se tornou séria.

— Se não quer conversar, não venha até aqui.

— Eu quero conversar, mas você não me deixa falar!

— Certo, me desculpe.

Ela se levantou, mas Draco a puxou pelo braço.

— Eu quero falar com você, senta aí!

Ela se sentou, ainda de cara fechada. De repente, ele não soube o que falar. E se ela recusasse? Não que essa fosse uma experiência nova para ele, ainda mais nos últimos dias, mas... um fora da Di-lua? Ir ao baile pelado seria um fim mais íntegro para sua dignidade. Luna interrompeu seus pensamentos:

— Está vendo? – disse ela como se falasse com uma criança retardada – Se eu não falo, não tem conversa.

Draco suspirou. Era uma sorte Crabble e Goyle terem exercitado sua paciência durante tantos anos.

— Olha, eu... eu quero saber se você tem par para o Baile de Inverno.

Ela olhou desconfiada

— Por que?

Draco a olhou exasperado. Ela parecia fisicamente incapaz de ter uma reação normal aos eventos mais cotidianos. Draco ergueu a voz:

— Porque sim! Tem ou não?

— Não...

— Quer ir comigo?!

Ela estava realmente surpresa agora.

— Eu... pode ser...

— Ótimo!!

Levantou-se com um ruído e se dirigiu pisando forte para o dormitório. Aquela garota realmente o tirava do sério.


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Notas finais do capítulo

Aguardando ansiosamente os comentários de vocês! Me ajudem a me inspirar hahaha. Qualquer dica, feedback ou pensamento é bem-vindo :)



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