Fora do normal - Draco e Luna escrita por karinacardoso


Capítulo 2
Os novos colegas




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Draco virou à direita na cômica estátua de Argus, o Vesgo, e encaminhou-se para a terceira porta à esquerda. Era uma porta grande de madeira, com uma cabeça de gárgula talhada que lembrou-lhe a que guardava a entrada da sala de Dumbledore. “Que original”, pensou Draco. Quando o garoto se aproximou, a criatura o olhou ameaçadoramente. Draco deu uma risadinha desdenhosa da autoconfiança da estátua, que acreditava poder impedir qualquer um que quisesse entrar naquela sala. “Pó de flu,”, disse ele, e a gárgula abriu a porta.

O aposento em que Draco entrou não se parecia em nada com uma sala de penicos. Na verdade, parecia mais com a sala de estar de uma prima de seu pai e que, segundo Lucio, era a maior preparadora de poções que já existiu. Draco a achava uma velha chata que cheirava a coisas defumadas. Claro que essa opinião era influenciada pela habilidade de sua tia em fazer críticas passivo-agressivas, sempre comparando-o desfavoravelmente ao pai. Resumindo, Draco não simpatizou muito com o ambiente. “Começamos bem”, pensou ele, olhando em volta de si. A sala era bem menor que o dormitório da Sonserina. Possuía poltronas aconchegantes perto da lareira, cada uma com a cor de uma casa. Havia uma porta ao fundo que, ele supunha, levava ao dormitório, e alguns quadros nas paredes. Um deles retratava um desses velhos que provavelmente foram importantes em vida, mas que agora só sabiam roncar e babar. No outro, um elfo doméstico corria desesperado pela tela, arrumando e organizando um aposento que era o perfeito caos. Terminado o serviço, ficava alguns segundos em silêncio, e então percorria o quadro como um pequeno furacão, desarrumando tudo. Em seguida começava o trabalho outra vez. Esse era um dos motivos pelo qual Draco desprezava os elfos: eles eram ridiculamente burros. Embora, claro, nem se comparassem a Crable e Goyle.

Voltando a se concentrar na sala, ele reparou também que havia quatro mesas com cadeiras dispostas pela sala. Provavelmente para estudar. E provavelmente não seriam utilizadas. Pensando bem, ele se lembrou, com pesar, que Granger também estaria ali. Nesse caso, quatro mesas seriam insuficientes. Draco atravessou o local e entrou no quarto. Este era igual ao de seu antigo dormitório, mas ao invés de cinco, havia quatro camas com dossel, e seu malão já estava depositado aos pés de uma delas. Caminhando em direção à ela, reparou que não era o único ocupante do quarto, pois na cama ao lado estava uma garota loira olhando vidrada para o teto. Ela devia ser Luna. “Bom, é óbvio que não é Granger nem McMillan, então só pode ser Lovegood”, pensou Draco, temendo que andar com Crable e Goyle estivesse atrofiando seu cérebro.

Olhando-a de esguelha, Draco se dirigiu à sua própria cama sem dizer nada. Não simpatizara muito com ela, que irradiava uma aura de maluca pela forma com que olhava fixamente para o teto. Além disso, a garota tampouco pareceu reparar na sua presença, o que era inadmissível, para não dizer pouco educado. Ele se deitou em sua cama, cansado, e começou a avaliar a situação. Esse ano se encaminhava para ser o pior que já vivera em Hogwarts. Não bastasse os assuntos familiares que lhe reviravam o estômago cada vez que ele se lembrava de casa, dividir o quarto com essas pessoas não o ajudava em nada na resolução de seus problemas. Além disso, não havia sentido para ele em dividir sua presença com gente indigna. Não um Malfoy. Ele não tinha interesse em aprender a conviver com as diferenças pois não pretendia jamais manter em seu círculo social pessoas como... como aquela garota ali ao lado, que não tinha sequer o bom senso de cumprimentar um recém-chegado.

Ele olhou para o lado e viu que a garota nem se movera. Como era possível? Aquele silêncio começou a incomodá-lo. Qualquer pessoa olharia alguém adentrando o quarto. Talvez ela estivesse sob efeito de alguma coisa. Ou talvez... “Não, não” pensou Draco, sacudindo a cabeça para espantar os pensamentos. Ela não podia estar morta. Ele devia estar ficando paranóico, com tantos ataques e mortes ao longo de sua vida escolar. E, além disso, essas coisas só acontecem com Potter. Se bem que, lembrando bem, aquela garota costumava andar com Harry, e a Granger ocupava esse mesmo quarto. “Divagações são para mentes incapazes de viver no mundo real, Malfoy”, repreendeu-se, repetindo um dos mantras de seu pai. Apesar disso, sentiu-se impelido a levantar e verificar por si mesmo. Na pior das hipóteses, ele roubaria de Potter a chance de representar o drama da vez. Draco se levantou e se aproximou da cama dela. A garota continuava imóvel. Nem sequer virara o rosto. “Isso não significa nada”, pensou, tentando se convencer. Ele chegou bem perto. Nada. Seu coração começou a acelerar, indicando que ele estava começando a se preocupar.

De repente, a porta se abriu. Draco, tenso como estava, assustou-se e deu um pulo para trás, tropeçando em um pequeno baú e se estatelando no chão. Luna pareceu despertar e, tirando algo dos ouvidos, olhou para o lado.

— Oh – disse arregalando os olhos – Vocês chegaram juntos?

Draco olhou para trás e viu que a responsável por sua queda era Hermione.

— Granger... só podia ser... – depois olhou para Luna – Eu jamais chegaria com ela.

— Não faz a menor falta – replicou Hermione

— Estranho – disse Luna inclinado a cabeça e olhando para Draco – Talvez você devesse deitar na sua cama, sabe... dormir no chão costuma dar dor nas costas.

Hermione riu e Draco se levantou rapidamente, lançando um olhar frio a ambas. Sentir-se encabulado não é hábito dos Malfoy.

— Vocês tem certeza que não chegaram juntos? Não havia ninguém aqui, sabe, e eu es...

— EU estava aqui – disse Draco asperamente, indignando-se de ter sua presença desprezada pela primeira vez – Não é possível que não tenha notado.

— Tem certeza? Talvez você estivesse lá fora...

— Eu sei perfeitamente bem onde estava!

— É verdade, Luna – disse Hermione – Ele estava te observando quando cheguei.

Draco sentiu o rosto em brasas desta vez.

— Cale-se, sua sangue-ruim. Ninguém lhe chamou na conversa.

Hermione lançou-lhe um olhar fulminante e preparava-se para responder quando a porta se abriu novamente. Ernesto McMillan entrou.

— Olá – disse Luna – Você também estava lá fora?

Ernesto a olhou espantado.

— Hum, na verdade estava.

— E ele por acaso não estava lá? – perguntou Luna, apontando para Draco.

— Você é retardada ou o que? Eu já disse que estava aqui! – exasperou-se Draco antes que McMillan dissesse qualquer coisa.

— Bom, pode ser, mas não custava conferir. – respondeu ela com simplicidade, dando de ombros.

Draco não tinha o que responder. A insanidade daquela conversa superava qualquer coisa que tivesse vivenciado nos últimos tempos, incluindo a vez que Crabble decidiu plantar um pé de corujas. “Ótimo” pensou Draco “Nada é tão revigorante quanto perceber que o poço sempre pode ser mais fundo”.

Mal humorado, deitou-se em sua cama e procurou dormir, desejando ardentemente estrangular alguém.


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