O conto esquecido. escrita por Triz Quintal Dos Anjos


Capítulo 14
Descubro que não sou nada pontual.


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! Bom pra começar esse título se aplica a minha pessoa também :v
Enfim, peço desculpas por tanto tempo sumida, mas eu estava com bloquei criativo e numa bad total. Ou seja: não estava lendo, nem escrevendo, nem fazendo nada. Tá, talvez eu até estivesse lendo algumas coisinhas, mas enfim.
O que importa é que eu voltei, não? Podem me matar se quiserem :s
Música: New Romantics - Taylor swift
Boa leitura!



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  Os dias que se seguiram foram entediantes, mas com isso não quero dizer que foram calmos. As mesmas coisas aconteciam todos os dias e eu simplesmente odeio isso, porque era exatamente como eu me sentia quando estava no orfanato. Contudo o que me deixava mais assustada era, sem dúvidas, a forma como Arthur me olhava e me tratava. Foram poucas as vezes em que ele se aproximou nas semanas seguintes ao acontecido, todavia quando se aproximava era rude e eu tinha que me segurar para não começar a chorar como uma criança.

  Mesmo assim não deixei de manter contato com Ariana. Seu irmão estava sempre de olho em nós duas, então eu procurava fazê-la se desligar um pouco dele. Ás vezes funcionava, por exemplo, quando contei uma história doida que inventei do nada. Nós duas nos deitamos no chão enquanto eu inventava coisas que não faziam o menor sentido e fazia as caras e vozes de cada personagem. Naquele dia ela riu de verdade e senti que estávamos nos aproximando a cada dia.

  Em momento algum Ariana falava, porém fazia gestos, algo que ninguém mais conseguia fazer. Com o tempo nós duas já éramos as loucas do acampamento e, para os outros, parecia muito absurdo que eu fosse roubar ao invés de ficar “de olho” na irmã do líder. E foi assim que eu me tornei babá de Ariana.

  E meu mais novo objetivo se tornou fazê-la falar. Eu só tinha um vislumbre de sua voz quando ela ria e, definitivamente, queria mais que isso.

—Ele vai matar você. – João falou sacudindo a cabeça negativamente quando lhe contei minha ideia.

—É por isso que o senhor vai se certificar de que essa tal caça não seja rápida. – Repliquei com o dedo indicador em seu peito.

  João revirou os olhos.

—Você não tem jeito, Lilly Cat.

—Vai fazer isso por mim? – Perguntei, ignorando o que ele tinha acabado de dizer. – Por favorzinho! Lembre-se que há uma criança no meio disso tudo!

—Está bem, está bem.

  Pulei em João, abraçando-o forte e murmurando dez milhões de “Obrigada”.

  Depois de tanto tempo me aturando, eu já poderia me referir a ele como um amigo.

—Ei, eu gosto muito de você, mas saiba que seu peso não é o de uma criança magricela. – Zombou João.

  Ri e me afastei.

—Sério, muito obrigada. Prometo que vou tomar cuidado.

  Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa Safira se aproximou. Era esse o nome da menina loirinha dos olhos azuis safira  – provavelmente o nome era intencional  – que havia distraído a mim e a Helena e que havia nos posto na confusão em que nos encontrávamos. Eu nunca a via circulando pelo acampamento, a não ser quando iria haver algum assalto.

  Porém eles não iriam roubar ninguém hoje, então o que ela estava fazendo ali?

—O líder está lhe esperando João. – Ela disse com a voz tão baixa que quase não entendi.

  João sorriu para ela e vi as bochechas da menina ficarem vermelhas enquanto ela desviava o olhar.

—Bom, acho que vocês já se conhecem, não? – Ele perguntou. – Bom, de qualquer forma, Lilly Cat, esta é Safira. Fira, esta é Líria Catarina.

 Estendi a mão para ela com um sorriso no rosto. Safira hesitou parecendo meio confusa, mas logo apertou minha mão.

—Prazer, pode me chamar de Lilly.

  Ela assentiu e disse algo que não consegui escutar. João pareceu perceber meu olhar confuso e repetiu prontamente.

—Ela disse que também é um prazer te conhecer e que você pode chamar ela de Fira.

— A, sim. – Disse com um aceno de cabeça.

—Eu vou indo meninas. – Continuou. – Até mais tarde.

—Até! – Respondemos em uníssono.

  Quando resta no acampamento somente eu, Safira e Ariana é que percebo que algo está errado. Por quê Safira está aqui? Era para eu e Ariana estarmos sozinhas! Me viro e pergunto isso a ela.

—O líder pediu para eu ficar com Ariana, e com você.

  Franzi a testa.

—Você sabe o motivo?

  Safira encolhe os ombros.

—Certo, olha só, vamos fazer um passeio hoje.

  E com essa palavras me viro e vou atrás de Ariana.

                         ❀✿❀

  Quando finalmente chegamos ao nosso destino, Ariana solta um gritinho e me faz rir. Nunca a tinha visto tão animada, da mesma forma que nunca tinha visto alguém tão apreensiva como Safira está. Mesmo eu tendo dito mil vezes que nada irá dar errado, ela insisti que deveríamos voltar para o acampamento.

—Safira, respire fundo e apenas aproveite esse tempinho de liberdade que teremos.  –Digo girando com os braços abertos.

  Talvez a cena possa ser assustadora para ela, afinal Ariana está correndo em volta de nós duas soltando gargalhadas esquisitas, e eu, bem, eu sou estranha até quando não quero ser.

  Paro para olhar o lugar. É, basicamente, uma clareira cheia de flores. João havia me trazido ao lugar alguns dias atrás, quando Arthur nos mandou roubar alguém. Eu me recusei a pegar qualquer coisa que não fosse minha sem permissão e, para evitar mortes, João me deixou aqui enquanto foi fazer o que o líder tinha mandado. Mais tarde, quando voltamos ao acampamento, ele mentiu dizendo que eu tinha ajudado.

  Ele era uma pessoa boa. Um amigo, de fato.

—Ari, que tal brincarmos de pique-pega? – Me vejo perguntando.

  A menina assente animadamente e me lembro da primeira vez em que fizemos isso. Tive que explicar detalhadamente como funcionava, já que Ariana nunca tinha ouvido falar na brincadeira, e depois ainda levei bronca de Amadeu – um dos ladrões que poderia ser considerado um cozinheiro, apesar de sua comida ter um gosto horrendo – por estar fazendo barulho e “atrapalhando” o jantar.

   Ariana assente.

—O que é pique-pega? – Safira pergunta.

  Sorrio para ela e explico com calma, respondendo a todas as perguntas que ela me faz quando tem alguma dúvida.

—Quer participar? – Digo por fim.

  E então, quando percebo ,somos três malucas correndo entre flores e abelhas.

  Tudo parece resolvido. Os problemas desapareceram. De repente é como se tudo fosse perfeito. Sinto algo crescer em meu peito. Uma sensação maravilhosa que percorrer minhas veias: felicidade.

                             ❀✿❀

  Quando o dia está quase no fim, é que percebo que chegou a hora da surpresa. O gran finale. Eu já assisti a esse episódio antes e é estranhamente empolgante saber o que irá acontecer.

  Ariana está sentada terminando sua terceira coroa de flores e, ao seu lado, Safira repete mecanicamente a brincadeira que a ensinei algumas horas antes – Bem me quer ou mal me quer. Essa deve ser a milésima florzinha que ela despedaça. Imagino que cada uma deve ser para uma pessoa que ela ama.

 

A única pessoa a quem eu amava me traiu, então a brincadeira se tornou meio dolorosa.

  Me levanto quando vejo a pequena nuvem de borboletas se aproximar. Ariana percebe primeiro, mas não dá muita atenção. Eu fico bem parada e estendo os braços a minha frente, deixando com que algumas pousem em mim.

  Apesar de me deixar um pouco nervosa, é até divertido.

  Então, conforme o tempo vai passando, mais e mais borboletas surgem, algumas já estavam por ali, voando de flor em flor.

  Logo minhas acompanhantes estão tão encantadas quanto eu. Ariana tenta não fazer movimentos bruscos, mas todas vez que uma borboleta pousa em seu dedo estendido ela acaba assustando-a com sua animação.

—Isso é fantástico! – Exclama Safira. – Nunca vi nada assim!

—Nem eu! – Respondo com uma gargalhada e fecho bem a boca, pois uma borboleta pousou em minha cara.

  Safira ri.

—Você sabia, não? Trouxe ela aqui porque sabia que iria amar. – Ela disse, convicta, apontando com a cabeça para a mais nova.

  Apenas assinto.

—Você fez bem. Há tempos ela não se divertia tanto. – Sussurra, talvez sem a intenção de falar tão baixinho.

  Sorrio e só então me lembro que temos que voltar para o acampamento antes de Arthur e os ladrões.

—É melhor irmos. – Digo alto o suficiente par que as duas me escutem. – Temos que chegar lá antes de todos, vocês sabem que Arthur iria me incinerar se soubesse disso aqui.

—Você tem toda razão. – Diz Safira, com uma careta.

  Enquanto nos balançamos para nos livrar das borboletas, ou da maior parte delas, Ariana se aproxima de mim com um sorriso e estende a coroa de flores.

  Me pergunto que desculpa irei inventar para Arthur por causa dela, mas mesmo assim me abaixo para que ela ponha a tiara em mim e assim que ela o faz, seguimos para o acampamento.

—Onde você fica? –Pergunto á Safira, de repente.

 Ariana vai saltitando á nossa frente.

—O que? – Ela pergunta franzindo o cenho.

—Sabe, eu nunca te vejo no acampamento, a não ser quando temos que roubar e tudo o mais. Por quê? Onde você fica?

  Ela parece desconfortável e eu rapidamente acrescento.

—Não precisa responder se não quiser.

  Ela hesita, mas suspira e diz:

—Bom, eu não estou lá por vontade própria. Na verdade sou uma prisioneira, como você. Existe um motivo para eu ficar lá.

  Assinto.

—E onde você fica?

  Ela nega apertando os lábios.

—Não posso dizer. O líder me proibiu.

  Olho para ela desconfiada, todavia não pergunto o que realmente quero saber. Ao invés disso fico calada remoendo as palavras dela.

  Por quê Safira não pode me contar onde fica? O que isso iria mudar? Qual é o problema? Decido perguntar outra coisa sem muita importância e esquecer isso tudo.

—Por quê você só se refere a Arthur desse jeito? Tipo, você sempre diz “o líder”, não “Arthur”.

—Eu não sei. – Responde parecendo envergonhada.

  É difícil manter uma conversa com Safira, ela parece sempre se esquivar. As palavras não fluem.

  Passamos o resto do caminho caladas. Eu ainda converso com Ariana, mas ela parece estar em algum lugar muito distante dali.

  Quando finalmente chegamos ao acampamento sou surpreendida pelo próprio Arthur. A primeira coisa que penso é: vou morrer.

  E não tenho dúvidas disso quando me aproximo. O ladrão parece estar com fogo nos olhos e sua feição nada amigável só piora a situação. Safira e Ariana estão estáticas ao meu lado e eu não faço a mínima ideia de como se respira. De repente a ideia de que passei treze anos fazendo isso me parece absurda.

—Safira, João está te esperando. – Ele diz com a voz parecendo um trovão.

  A loirinha pigarreia e segue em frente, completamente assustada. Quando já está mais longe me dirige um olhar de “Corre!”, mas sei que é tarde demais quando Arthur diz entredentes:

—Acho que está na hora de termos uma conversinha.

                         ✽Continua...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Sei que ficou meio monótono, mas foi por causa do bloqueio. Boa parte eu escrevi quando ainda estava passando pelo dito cujo e esse finalzinho foi quando eu estava melhorando. Tentei melhorar, mas não sei se funcionou. Acho que não. Sorry. Prometo caprichar no próximo :/
Olha gente, escrevi um conto de ficção histórica pra um concurso e tals (quem lê O livro sem título já sabia) e ficou bem legal, seria muuuuuuuuito bondoso da parte de você ir lá dar uma lida, comentar e tudo o mais e.e
O link tá aqui: https://fanfiction.com.br/historia/723803/Flor_do_campo/
Bom pessoinhas, obrigada por terem lido e por aguentarem esses meus bloqueios e tudo o mais. Sério, vcs são incríveis!
BEIJOS E ABRAÇOS!



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