O conto esquecido. escrita por Triz Quintal Dos Anjos


Capítulo 11
Bem-vindas ao inferno!


Notas iniciais do capítulo

Bom, talvez eu esteja atrasada chcvisdvcs Foi por causa daquelas provas que tinha que fazer, acabei me ocupando demais com os etudos e não consegui tempo pra vir postar hcbbcs MAAAAAAAAASSSSS a boa notícia é que, como já fiz as provas, tenho tempo! (EEEEEEEEEE!)
Bom, espero que gostem do cap, beijinhos! :*
Música: The sweet escape - Gwen Stefani / Akon



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Senti alguém me balançando levemente. O que estava acontecendo? Abri os olhos devagar, deixando a escuridão da noite invadir minha visão.

—Mas que diabos...?

—Ora, ora a bela adormecida finalmente despertou?

  Procurei o dono da voz, mas minha visão ainda estava turva e confusa. Pisquei os olhos algumas vezes, até que vi milhares de homens mal encarados sentados em volta de uma fogueira gigante. Em vários pontos havia barracas improvisadas e, nos galhos e troncos das árvores, redes onde, presumi, eles dormiam.

—Que lugar é esse? –Perguntei involuntariamente.

O acampamento dos ladrões,- Só então percebi que a voz vinha da minha direita, olhei para o lado, dando de cara com o Líder dos bandidos sentado tranquilamente. -  é como as pessoas chamam. Mas você pode chamar de inferno.

  Revirei os olhos e tentei sair dali, porém, como eu já imaginava, estava amarrada á uma árvore. Minhas mãos estavam amarradas atrás de meu corpo, que estava amarrado á árvore. Meus pés também estavam amarrados. Perguntei-me qual era a necessidade de amarrar os pés de uma garota de 14 anos.

—Prefiro o nome original. –Resmunguei.

  Por que raios minha cabeça estava doendo tanto? E, céus! Que posição mais desconfortável.

  Repentinamente me lembrei de Helena. Não havia sinal da menina em lugar algum. Engoli em seco, o que será que tinham feito a ela?

— Onde está Helena? –Surpreendi-me com o quão assustada minha voz soou.

—Quem? –Ele franziu a testa. –Ah! Aquela garotinha que estava com você? –Assenti.- Por que quer saber?

—Ela estava comigo, você e seu bando apareceram do nada querendo nos roubar e ignoraram o fato de que não temos dinheiro; de repente eu acordo num lugar repleto de marginais, já anoiteceu e não tem qualquer sinal dela. - Iniciei ironicamente, cheia de raiva. Olhei-o com os olhos semicerrados e completei:

— Preciso de mais motivos?

  Ele comprimiu os lábios e entortou a cabeça levemente.

—Faz sentido.

  Continuei olhando-o como uma idiota esperando minha resposta. Quando percebi que não a teria joguei a cabeça para trás bufando, esquecendo-me que havia u tronco de árvore ali.

—Ai! –Reclamei num sussurro fazendo uma careta de dor.

  O líder riu, mas ignorei-o completamente e tentei conseguir mais informações do que estava acontecendo:

 –Posso saber o que quer?

—Dinheiro, minha cara.

  Incrédula, voltei meu olhar para ele novamente.

—Está brincando comigo? -Minha voz se elevou. .- Eu já disse que não tenho dinheiro!

—Bom, é o que vou saber agora.

  Fiz uma cara de “não entendi” até ele tirar minha mochila de suas costas, sentar-se no chão e jogar tudo o que tinha ali dentro no mesmo.

—Ei! Essas coisas são minhas! Você não tem o direito de colocar essas suas patas imundas nelas! –protestei.

  Fui completamente ignorada.

—Interessante. –Ele comentou segurando meu livro de contos de fada. –Gosta de histórias? –Dirigiu-se a mim erguendo uma sobrancelha como se aquilo fosse uma coisa extremamente besta.

—Não é da sua conta.

 Ele jogou o livro em cima da mochila, logo ao seu lado, e continuou garimpando, até que pegou Roxinha e, dando algumas gargalhadas, me olhou.

—É da minha irmã, - Menti envergonhada. –Helena.

—Então ela é sua irmã... Bom saber.

  Após ele colocar tudo de qualquer jeito dentro da minha mochila eu disse cheia de razão:

—Viu, eu disse que não tinha dinheiro.

  Ele deu uma risada sem humor.

—Isso não muda o fato de que quero dinheiro.

—Não posso fazer nada. Não é como se eu conseguisse transformar palha em ouro.

—Na verdade, minha querida...

—Líria. –Completei, com má vontade.

—Bem, você pode.

  Franzi a testa. Não gostei nem um pouco do rumo que aquela conversa estava tomando.

—Eu desperdicei meu tempo com você que não tem qualquer dinheiro, –Explicou, já de pé novamente.- enquanto poderia ter enganado alguém que realmente tivesse algo de valor.

—E...?

—Você é a culpada por isso, portanto...

—Ei, ei, ei, ei, ei! Eu não tenho culpa se você é azarado! –Disparei.

—Quieta! –Ordenou e, infelizmente, obedeci. –Como eu estava dizendo, a culpa é sua, portanto, a partir de hoje, você trabalha para mim, até que me pague tudo o que eu acho que mereço.

—Como é que é?! –Explodi. – Isso é ridículo!

—Não minha querida, isso é justo.

  Bufei.

—E por que acha que vou permanecer aqui? Que vou te obedecer?

  Ele olhou-me de cima a baixo rapidamente.

—Porque, você está presa nessa árvore e não pode fugir e porque suponho que queira sua irmã e suas coisas de volta.

  Senti meu sangue ferver.

—Você é louco!

  Ele se aproximou de mim e tirou uma pequena faca sei lá de onde, pressionando-a contra meu pescoço.

—Exijo respeito de meus seguidores e prisioneiros, portanto seja mais educada e me chame de senhor. Entendido?

  Não movi um músculo. Apenas sustentava seu olhar. Fala sério, por que ele tinha que ter olhos tão lindos?! Eu deveria pegá-los para mim e dar para ele os meus olhos terrosos e sem graça. Ia ser mais justo.

   Ele pressionou a faca com mais força contra meu pescoço e eu pude sentir o líquido quente escorrer.

  Engoli em seco.

—Entendido? –Ele tornou a perguntar com uma voz fria e assustadora.

—Sim, senhor. –Respondi com dificuldade.

  Satisfeito ele se levantou e foi embora, com minha mochila e minhas chances de voltar para casa.

  Joguei minha cabeça para trás, com cuidado dessa vez. Qual o problema desse cara? Eu é que não iria continuar em Flórea se existissem outros grupos como esse por aí. E como eu iria voltar? Precisava ser rápida, para conseguir chegar ao litoral e agora estava presa no meio de um monte de caras do mal. Maravilha. Eu precisava de um plano.

  Tudo bem. Eu não tinha a menor chance numa luta com aqueles caras. Fato. Então precisava dar um jeito de sair sem ser vista, mas também precisava saber onde estava Helena, eu não conhecia nada aqui, precisava da ajuda dela. Porém eles, em hipótese alguma, iriam dizer onde ela estava.

  De volta a estaca zero.

—Olá. –Um garoto se aproximou. Ele era moreno, magro, e parecia mais  jovem que o Ladrãozinho dos olhos azuis. Seu cabelo castanho escuro era volumoso e um pouco mais curto que o de seu líder, mas mesmo assim era comprido.

—Oi. –Respondi apenas por educação, pois além de estar me roendo de raiva, minha cabeça continuava latejando e eu tinha quase certeza de que aqueles nós estavam prendendo minha circulação.

—Nossa, que oi mais seco.

—Infelizmente eu não estou a fim de bater papo. –Ignorei seu comentário.

—Percebi.

  Após alguns minutos olhando para as árvores, ele continuou.

—Sabe, Arthur é uma boa pessoa depois que você conhece bem ele.

—Quem? –Fitei-o com a testa franzida.

—Arthur, nosso líder. –Respondeu como se fosse óbvio.

—Ah.

  Então esse é o nome dele.

—Ei, como você se chama? –Perguntou sorridente.

  Animei-me, mais com esse assunto, apesar de não estar sorrindo.

—Líria.

—Só isso? Que nome curto... –Brincou.

  Permiti-me dar uma risadinha.

—Para que quer saber meu nome inteiro?

  Ele deu de ombros.

—Só para saber mesmo. Estava tentando puxar assunto.

  Dessa vez eu ri de verdade.

—Não sabia que eu era tão engraçado!

—Idiota. –Disse com um sorriso.

—Você não me respondeu.

—Líria Catarina.

—E o sobrenome?

  Droga, eu não tenho sobrenome, pensei. Porém, não estava com vontade de contar toda uma história depressiva, principalmente por essa história ser minha e por eu não querer conta-la para alguém que conheci não faz nem cinco minutos.

—Peterson. –Completei com a primeira coisa que veio na minha cabeça. Por sorte aquilo até parecia um sobrenome, talvez até fosse um.

—Líria Catarina Peterson. Nome estranho, mas legal.

  Revirei os olhos.

—Pode falar que é estranho e horrível. Eu não me importo.

  Ele riu.

—Ei, - continuei. - Estou em desvantagem agora!

  Ele bateu continência sorrindo de lado.

—Desculpe-me senhora, Lilly Cat!

—Cruzes! Isso fica pior como apelido!  –Gargalhei. –Não me chame assim!

—Como quiser Lilly Cat.

  Nós rimos e o garoto sentou-se ao meu lado.

—Sou João.

—É um prazer conhecê-lo João.

—Está se sentindo bem? Acho que exageraram um pouco quando te amarraram. –Constatou ao olhar para minha perna que já estava um pouco roxa. Mais algum tempo e estaria da cor do meu vestido.

  Esbocei uma careta.

—Eu tenho certeza.

  João afrouxou um pouco as cordas. Mesmo eu tendo implorado para que ele me soltasse, o garoto preferiu não me dar ouvidos e me manteve amarrada.

—Eu não posso fugir!  Minhas coisas estão com o seu chefe!

—Grande bosta. Já vi pessoas abandonarem seus filhos para fugir dele.

  Revirei os olhos.

—Eu não sou o tipo de pessoa que faz isso.

—Líria, já disse que não.

  Bufei.

—Não é a sua cabeça que vai ser cortada e queimada se eu fizer o que deseja. –Ele resmungou.

  Não conversamos mais durante aquela noite. João me perguntava algumas vezes se eu precisava de alguma coisa, mas eu sempre respondia que não e ele se cansou de fazê-lo.

  Eu sabia que a culpa não era dele. Mas naquela noite eu sentia raiva de tudo de ruim que sempre me acontecera, e o fato de ele me manter amarrada ali foi a gota d’água.

  Fui abandonada por meus pais, pela Freira Joana e, até mesmo, por Helena. Quem me garantia que ela não tinha fugido e eles estavam mentindo para mim? Em nenhum momento eles deixaram claro que ela estava aqui.

  Tudo estava confuso demais para mim. Então eu apenas deixei que o sono chegasse e me desse um pouco de paz.

                    ✽Continua...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Me digam, pf, vcs estão mais sumidos que eu kkkkkk
Até sexta :*