AMORES VIRTUAIS escrita por Projeto Literário ColetâneaS, Georgeane Braga, Maxine Sinclair, Hanna Martins, Piper Palace, Sr Devaneio, itsmemare, arizonas, Serena Bin, Amauri Filho, Sabrina Azzar, Leeh, Natasha Alves


Capítulo 1
Conto 1 - Eu te amo@.com


Notas iniciais do capítulo

AOS QUERIDOS LEITORES:

Oi Pessoal! Meu nome é Georgeane Braga, alguns já me conhecem, outros não, mas enfim, é com muito orgulho e alegria que eu apresento a vocês o Projeto Amores Virtuais!

É um trabalho de 14 escritores aqui do Nyah! feito com bastante dedicação para vocês. Pensamos e concordamos com esse tema, pois, é bem atual e de experiência de muita gente, não é?

Quando falamos de algo virtual, pensamos logo em redes sociais de um modo geral, assim como em paixões arrebatadoras. No entanto, o relacionamento virtual vai muito além disso: pode se tratar de grandes amizades por cartas, bilhetinhos deixados em secreto, ou mesmo aquele amigo(a) que não sabe que você o(a) ama...
Alguns desse relacionamentos podem se concretizar, outros não, mas sempre deixarão as marcas dos momentos importantes.

Conheçam as histórias que todos os sábados postaremos aqui. Algumas tristes, outras engraçadas; fictícias ou baseadas na realidade, mas todas feitas com carinho.

Lembrando que, eventualidades acontecem e por mais que planejamos esse projeto para ser o mais agradável possível, caso aconteça alguma falha, os leitores serão avisados, ok?

Sejam bem-vindos! Esperamos que gostem desse trabalho. Deixem seus comentários. Boa leitura!

SINOPSE DO CONTO:

Malu descobriu estar apaixonada num momento não muito favorável.
Após dois anos de relacionamento virtual com Marlon, ela recebe uma noticia desesperadora. O que Malu irá fazer? Em meio a tantas adversidades ela aposta todas as suas fichas e decide: Eu irei lutar por você!

Classificação: Livre
Trilha Sonora de Marlon e Malu: Stone Cold (Demi Lovato)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/694881/chapter/1

 

Eu te amo@.com

 

[Oi]

[Oi]

[Como vc ‘tá?]

[Legal e vc?]

[‘Tô Bem. E o trabalho? Conseguiu a promoç~so?]

[Promoção?*]

[A gerência ainda não me chamou

mas estou otimista...]

Vamos ver no que dá, né?]

[Vc vai conseguir...vc se empenhou mto pra isso.

Estou torcendo por vc, Marlon]

[Valeu XD

Vc viu que vai ter um concurso pra nossa área em Palmas? Você podia tentar, Malu.]

[Eu ainda não sei... tenho a sociedade e não sei se seria o momento certo pra desfazer isso, sabe...]

[Sei como é... Mas tenta mesmo assim,

pra ir praticando pro futuro. Nós podemos trocar ideias enquanto estudamos, né?]

[Seria bom mesmo. Vou pensar no assunto. Prometo!]

[Ok]

Vou ter que ir agora, linda. Estou trabalhando num projeto e preciso apresentar essa semana]

[Entendo... Ok. Depois a gente se fala, então]

[Bjss ]

[Beijão ;)]

Assim era o teor das nossas conversas dia após dia. Nosso primeiro contato foi por meio de um comentário que fizemos para a revista Integra Projetos Arquitetônicos. O tema do assunto era sobre projetos sustentáveis na construção de moradias verticais e havia vários engenheiros e arquitetos participando desse fórum virtual. Várias vezes ele concordou sobre o meu ponto de vista e me mencionava nos seus comentários. Dias depois, ele me solicitou amizade na rede social e a partir daí começamos a conversar sobre trabalho, propostas, perspectivas e coisas cotidianas, porém, nunca ultrapassamos a barreira para falar sobre coisas mais íntimas.

Eu sabia pouco sobre Marlon. Sabia que era engenheiro civil, formado há pouco mais de dois anos, que morava em Petrópolis, mas nascido na capital carioca; que gostava de jogar futebol com os amigos no sábado à tarde e depois terminar a noite em um barzinho de ambiente calmo para bater papo. Trabalhava em uma Construtora há cinco anos, onde começou como estagiário e foi oficialmente contratado após a empresa investir na sua formação por se mostrar engajamento.

Eu, por minha vez, tinha um escritório de arquitetura associado com mais dois colegas também arquitetos – Betina e Jaime Baruque – e casados. Eu morava sozinha, quer dizer, tinha a Pipa, minha cachorrinha. Gostava de tomar sorvete no pote e assistir comédias românticas, imaginando quando chegaria minha vez de amar e ser amada. Gostava de passear de bicicleta pelas ruas da tranquila Ouro Preto. Visitava museus regularmente e tirava fotos para inspirar meus projetos.

Nada de novo acontecia na minha vida. Mas quando Marlon apareceu, algo mudou. Havia um novo sentido, alguém para me dar atenção, para conversar nas noites solitárias, trocar fotos e mencionar em postagens bobas. Mas mesmo Marlon sendo um bom amigo, eu sentia que havia uma barreira entre nós e não era apenas a distância. Ele parecia seco, às vezes, e a sensação que eu tinha era que eu estava o incomodando. Devido à minha timidez, eu não conseguia ter o “jogo de cintura” necessário para ter uma conversa mais descontraída ou, pelo menos, não deixar a conversa morrer.

Em contrapartida, tinha dias que ficávamos horas a fio falando sobre trabalho, ideais de vida e a possibilidade de conhecermos um ao outro pessoalmente. Nós ríamos, trocávamos links de sites de humor ou de livros virtuais. Tínhamos muito em comum, mas totalmente opostos em outros aspectos, como por exemplo, concepções religiosas ou simplesmente as preferências por café e leite. De qualquer forma, ele era encantador e passou a ser bem mais quando acessei seu Facebook.

Marlon era negro, trazia seus cabelos cortados quase no “zero” e um sorriso perfeito; o mais branco que eu já vira. Um belo homem! Um homem desejável!

No dia 18 de abril, dia do meu aniversário, recebi logo cedo uma encomenda. Achei estranho, pois minha mãe não tinha o costume de me enviar presentes. Ela sempre deixava para me entregar quando eu ia visitá-la. Observei o pacote em minha frente e, ainda vestida com meu pijama, comecei a abri-lo. Fiquei surpresa ao constatar que dentro do pacote encontrava-se um quadro com um desenho em grafite. Era o meu rosto. No canto inferior direito estava a assinatura do desenhista: M. Lopes.

Marlon. Ele desenhou uma réplica fiel da foto que eu enviara para ele há dois meses. Na ocasião em que ele me pediu, disse que queria ter uma do meu rosto, mais nítida, para guardar; então eu não questionei, apenas enviei.

Por mais que nossa amizade tinha chegado a um patamar sólido, dentro das possibilidades virtuais, fazia mais ou menos um mês que eu não conversava direito com Marlon. Ele apenas me deixava mensagens rápidas de “Bom dia”, “Oi”, “Desculpa, mas estou correndo por aqui”... Eu já estava enciumada e com certo temor de ele ter cansado de mim e sem coragem para falar. Mas, esse presente, era a certeza de que ele ainda me queria como amiga.

Amiga.

A emoção tomou conta de mim com aquele gesto tão lindo de Marlon. Eu abracei aquele quadro, não porque minha imagem estava nele, mas porque eu, naquele momento, constatei o incontestável: eu estava apaixonada por Marlon e eu não sabia como lidar com isso.

Tudo então me veio à mente: as noites pensando nele, a falta no dia em que não conversávamos, a vontade de ouvir a voz dele pelo telefone, a vontade de conhecê-lo além da tela do meu notebook ou celular, a saudade de alguém que eu nunca vi... Como isso foi acontecer? Como eu pude deixar isso acontecer? Ele não me via como um romance na vida dele. Ele era apenas um amigo pra conversar sobre os problemas, as angústias, para rir, para partilhar, e eu o deixei transpassar uma barreira que eu tinha medo, muito medo: a do coração.

Minhas lágrimas desciam pelo rosto e eu apertava aquele quadro com todo o meu pesar, questionando a mim mesmo se eu era uma mulher de 25 anos ou uma espécie de adolescente por permitir isso.

Eu estava perdida.

Levantei-me do sofá para escolher um lugar especial para colocar o quadro, mas ao fazê-lo, vi um envelope dentro da caixa. Olhei e peguei.

“Para Malu”, era o que estava escrito em letra cursiva. Malu era o apelido carinhoso que ele me dera, quando disse que Maria Luiza era um nome muito grande para digitar. Sorri ao ver a letra dele pela primeira vez. Naquele instante, tudo era mágico pra mim e meu coração estava disparado. Eu sabia que aquele conteúdo teria apenas palavras de amizade. O que mais poderia haver?

Abri com cuidado e comecei a ler:

Oi Malu,

primeiramente quero parabenizá-la pelo seu dia. 25 anos, né? Você está ficando velha, hein?

(Haha, engraçadinho!)

Bom, eu quis muito que o presente fosse algo que marcasse nossa amizade,

(Amizade...)

então, tive a ideia de pintar esse quadro, pois, toda vez que você olhar para ele, se lembrará de mim.

(Pode apostar nisso, querido)

Você é uma pessoa que vale a pena ter por perto. Pena que o nosso perto seja tão longe, mas acredito que podemos resolver isso de uma maneira muito simples: avião. Teria coragem?

Se você disser que está disposta, eu compro uma passagem para você.

(O Quê? Ele quer que eu vá vê-lo? Ele quer me conhecer? Ai, meu Deus...)

Sei que nos conhecemos há pouco mais de um ano, mas nunca fui tão próximo de alguém para compartilhar coisas da minha vida como somos um com o outro. Isso de certa forma é contraditório, pois, como confiar e gostar tanto de alguém que nunca se viu? Mas eu sinto isso com você. Sinto que posso confiar minhas decisões e meus segredos.

(Céus! Isso é algum tipo de declaração?)

E por isso escolhi este momento para te fazer um convite. Quero que venha para Petrópolis. Eu tomei uma decisão e gostaria de você por perto para que minha felicidade seja completa.

(Meu Deus...! O que será? Um emprego novo? Eu faço parte da felicidade dele!?)

Como eu disse anteriormente, você já faz parte da minha vida e isso é irreversível. Portanto, Malu, por favor, peço que aceite vir para cá, pois nunca precisei de uma pessoa como preciso de você nesse momento.

(Eu vou desmaiar...)

Confesso, homens são medrosos e quando estão noivos, então...

(Noivo??? Como assim?)

É isso mesmo, Malu, eu estou noivo e vou me casar. Desculpa não falar com você antes sobre isso, mas acho que não é algo para se falar na correria em que estou vivendo ultimamente. Eu conheço Ingrid há uns três anos e já namoramos, porém, ela teve que ir para outra cidade fazer uma especialização e nos separamos. No início, ainda fazíamos contato, mas depois a rotina pesada nos separou de vez. Mas ela nunca saiu do meu coração e, pelo que sei, nem eu do dela. Foram apenas as circunstâncias, sabe.

Ela voltou no final do ano passado e reatamos. Você foi a maior colaboradora desse acontecimento.

(Eu???)

Quando eu estava na ‘deprê’, você me alegrava e me fazia ver as coisas de forma diferente, me levando a refletir sobre minhas decisões. Obrigado por tudo, minha amiga. Você é muito especial.

Marcamos o casamento para agosto

(Já?)

e queremos você aqui.

(Como assim, “queremos”?)

Mandaremos o convite para você assim que estiver pronto, ok? Faço questão. Falaremos mais tarde, prometo que vou arranhar um tempo.

Te adoro. Te considero uma irmã,você sabe disso.

Um grande abraço de seu amigo doidão,

Marlon”

Desespero. Era isso que eu sentia naquele momento. E raiva! Muita raiva! Como ele pôde fazer isso comigo? Num súbito de fúria, eu amassei a carta e a joguei longe, caindo de joelhos e chorando com toda minha angústia e dor.

Eu não conseguia assimilar mais nada a não ser: “estou noivo”, “vou me casar”, “você colaborou com isso”, “você é como uma irmã pra mim”... Minha cabeça girava e eu queria gritar, gritar e quebrar tudo!

Não, Marlon! Por favor, não se case! Eu te amo!

Deitei no chão em posição fetal e quis morrer. Chorei por horas. Meu mundo tinha sido destruído por causa de uma amizade virtual que eu interpretei errado. Ele nunca me viu como uma possibilidade e eu nunca me senti tão inútil na minha vida. Esse era o pior dos aniversários!

Quando dei por mim, estava na frente do espelho, com meu rosto inchado de chorar, e meus cabelos  desgrenhados.  Será que eu não era bonita o suficiente para ele? Meus cachos castanhos e os meus olhos caramelos não foram capazes de agradá-lo? Não sou inteligente a ponto de encantá-lo? Não. Ele não consegue me ver...

Os dias passaram e eu tentava me reerguer do pó. Marlon me chamou algumas vezes para conversar, mas eu me esquivava com respostas curtas ou apenas não respondia. Betina soube do meu drama e me aconselhou a confessar tudo a ele e depois acabar com essa amizade. Segundo ela, isso não ia me fazer bem, mas antes ele tinha o direito de saber do rompimento dessa relação.

Eu com certeza não faria isso. Seria muito humilhante. Voltei a falar com Marlon aos poucos e tentava demonstrar minha cordialidade com seu casamento da melhor maneira possível, agradecendo a Deus por ele não poder ver meu rosto e meu estado.

Na segunda semana de julho, o convite de casamento chegou e o muro que eu tentei reconstruir nesses meses, mesmo com bases fracas, ruiu. Eu estava no chão novamente. Com o convite, chegaram as passagem de avião e a mensagem de Marlon me convocando para passar as duas semanas que antecederia o casamento na casa de sua família. O que eu iria fazer? Eu não aguentaria vê-lo com a noiva, cheios de sorrisos para todos os lados. Eu não podia aceitar, minhas atitudes iriam me delatar na mesma hora em que todos me vissem.

Eu não tinha chance, Ingrid era linda e ele a amava. As fotos que ele me enviara todos esses meses afirmavam isso. Eles eram o casal perfeito! Parecia que nada abalava ou ameaçava aquela relação. Nem mesmo uma amiga virtual. Que tipo de mulher aceita o noivo e futuro marido ficar de papo com outra garota nas redes sociais? Teria que ter uma autoconfiança muito grande, e mais: confiança extrema nele.

Era isso! Eles ainda não me conheciam. Marlon ainda não sabia quem eu era de verdade, apenas o que eu deixei conhecer. Eu poderia, muito bem, ser a ameaça dessa união; eu seria o motivo da desestrutura do casal. Usaria todo o meu poder antes não necessário na conquista de um homem. Eu precisava fazê-lo me amar e, depois, ele repensaria sua decisão com toda certeza.

Eu iria apostar todas as minhas fichas para brigar pelo homem da minha vida e Ingrid não seria sua esposa!

Peguei meu celular e enviei a mensagem para Marlon:

[Oi, querido, recebi o convite e as passagens. Muito feliz por em breve estar aí. Vocês terão uma bela surpresa. Beijos. Te amo ♥]

♥ ♥ ♥

 


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, o que acharam desse primeiro conto?
Deixem seus comentários, tudo bem?
Próximo sábado tem mais!
Ah! Breve o trailer da coletânea estará pronto.
Beijão ♥