Na manhã seguinte

Assim que acordei senti meu pescoço doer. Percebi agora que dormir sentada na cadeira em frente à bancada do quarto.

– Bom dia, senhorita Stark - Jarvis falou enquanto eu passava a mão pelo pescoço na tentativa de aliviar a dor

– Bom dia Jarvis - ajeitei a postura e minha coluna doeu - Posso te pedir um favor?

– Se estiver ao meu alcance, senhorita Stark - ele falou

– Da próxima vez que ver que eu estou dormindo sentada, me acorde e diga que devo ir pra cama, por favor - falei me levantando

– Como quiser, senhorita Stark - ele falou prontamente - Devo informá-la que a Senhorita Potts está chamando-a pra tomar café

– Ok! Diz que desço em 20 minutos - falei e fui em direção ao banheiro

Tomei um banho rápido, escovei os dentes, fiz uma trança no cabelo e a deixei cair sobre o ombro direito. Vesti um short curto, uma blusa branca folgada, calcei uma sandália simples e fui para a sala de jantar. Ao chegar lá encontrei a Pepper sentada tomando uma xícara de café enquanto a Doralice terminava de por a mesa

– Bom dia! - falei assim que me aproximei da mesa

– Bom dia, Su! - responderam em uni som

– Pensei que estivesse doente. Ontem você quase não saiu do quarto - Doralice falou

– Eu estou bem, só não estava muito afim de descer - falei e ela assentiu

– Bom dia! - meu pai falou entrando no recinto

– Bom dia! - Pepper respondeu e eu ignorei totalmente

– Conseguiu falar com o pessoal do Buffet? - meu pai perguntou e por um segundo fiquei sem entender, mas logo lembrei

– Consegui - respondi de forma vaga.

O café se passou de forma tranquila. Todos comiam em silêncio, quando terminei levei o meu prato, copo e talheres para a pia.

– Não precisava, eu já ia buscar - ela falou se levantando da cadeira que estava sentada

– Não foi nada - falei e dei um beijo na bochecha dela - Preciso ir, tchau

– Tchau menina - ela falou e eu sorri.

Voltei para o meu quarto, liguei a notebook e invadi os sistemas e o que encontrei me surpreendeu. O Capitão América é oficialmente um fugitivo da SHIELD, a acusação é de ocultamento de informações envolvendo a morte do diretor Fury.

O que o Steve teria que é de tão importante para a SHIELD nomeá-lo fugitivo? O Fury foi interceptado no apartamento do Steve. Comecei a olhar as coisas que foram encontradas na casa do diretor, no escritório, nos bolsos e etc. Nada de grande importância. Mas o que me chamou a atenção foi o que não foi encontrado. O pen-drive com os arquivos do navio. É isso. O que ele quer é o pen-drive, foi isso que o Fury foi fazer no apartamento do Steve, Fury queria deixar os arquivos em segurança.

Procurei nos arquivos da SHIELD mais sobre esse pen-drive, vi que ele tinha um protocolo de segurança, um programa de detecção nível 6, assim que é conectado a SHIELD recebe a localização dele. Sei que desde o reencontro com os Vingadores todos eles se lembraram te tudo. E sabendo do envolvimento dele com a Natasha sei que estarão juntos nisso.

Vi que os agentes da SHIELD, receberam ordens pra vigiar todas as câmeras de segurança privadas ou públicas apenas para encontrá-lo. Então tenho que ajudá-los a ficarem invisíveis. Fiquei de olho nos monitores e vi que apareceu a localização do pen-drive nos arquivos da SHIELD. De acordo com eles o tempo estimado para chegarem ao local era de 9 minutos.

Rastreei a localização e descobri o dispositivo que estava sendo usado. Vi que a Natasha estava tentando rastrear a fonte dos arquivos. Então fui limpar os rastros deles. Apaguei todas as imagens deles dos sistemas desegurança do shopping. Natasha é espiã e sabe trabalhar com disfarces, preciso apenas dar uma pequena força. Os agentes estavam a poucos quarteirões do shopping e tudo que eles tinham descoberto era que a fonte fica em Nova Jersey. Preciso ajuda-los e rápido. Digitei as coordenadas mais precisas e fiz aparecer no monitor do dispositivo que usavam. "Wheaton, NJ"

Vi pelas cameras de segurança que os agentes já estavam espalhados pelo shopping, deixá-los fora do alcance das câmeras não ajudaria em muita coisa. O jeito seria usar magia, liberei o sistema de câmeras e me concentrei neles.

– Nat, por favor colabore fazendo ele agir naturalmente - murmurei e manipulei a nevoa.

A aparência do Steve mudou pouca coisa, apenas ficou com uma barba e a Natasha mudei a cor do cabelo pra loira. As roupas deles não precisavam ser alteradas. Ela falou séria e o Steve passou o braço por cima do ombro dela e riu como se ela tivesse dito algo engraçado, dois agentes passaram por eles e não os reconheceram. Eles seguiram em direção a escada rolante que descia e um agente estava na escada rolante ao lado que seguia na direção oposta.

Natasha se virou pra ele e falou algo, eles mantiveram o que aparentemente era um pequeno debate e ela o beijou. O agente desviou o olhar enquanto passava por eles e depois olhou brevemente na direção deles. Quando romperam o beijo eles desceram as escadas e foram para o estacionamento e roubaram o carro, mas fiz parecer que eles abriram normalmente é desfiz a magia da nevoa.

Fiz as câmeras de trânsito não captarem o rosto deles quando o carro passava. O carro podia ser visto, mas não os rostos. Eles seguiram de carro até onde as coordenadas mostrava, começava a escurecer e eu não tinha mais contato visual deles, na verdade não tinha mais certeza de sua localização, eu olhei os arquivos da SHIELD pra saber se eles sabiam de algo, mas eles sabiam menos do que eu. Quando apareceu a localização deles na tela dos arquivos da SHIELD. Vi que eles ativaram um míssil de curto alcance, invadi um dos computadores e avisei a Natasha que o local onde estava seria interceptado em 40 segundos.

– Filotes, deus da amizade eu te imploro. Dei-me a visão dos meus amigos - falei e senti como se minha alma saísse do meu corpo e fosse onde o Steve e a Natasha estavam.

Abri meus olhos e vi que estava em uma espécie de base militar antiga, com computadores de tecnologia quase primitiva. Olhei na direção da Natasha e ela olhava o celular

– Steve, tem um míssil vindo. Balística de curta distância, 30 segundos no máximo - ela falou olhando-o

– Quem disparou ele? - Steve perguntou

– A SHIELD - Natasha respondeu

– Sinto muito ficar enrolando capitão - Zola falou e Natasha pegou o pen-drive - Mas admita, é melhor assim - Steve tirou uma grade do chão e o lugar servia perfeitamente como trincheira ele chamou a Natasha - Nós dois estamos fora do nosso tempo.

Nesse momento Natasha pulou na espécie de trincheira, Steve logo em seguida e no fundo da sala uma explosão aconteceu. Eu sabia que apenas a minha consciência estava ali então não me machucaria. Então me concentrei na magia e fiz um campo de força pra protegê-los. Me esforcei para manter o maior tempo que pude, mas por eu não estar 100% ali o campo de força foi fraco, mas consegui conter os escombros maiores. Quando tudo parou de desabar desfiz o campo de força aos poucos para que eles saíssem sem se machucar. Após sairem do meio dos destrosos o Steve correu rapidamente com a Natasha em seus braços. Logo senti minha consciência sendo puxada de volta

– Senhorita Stark! É mais recomendável que a senhorita durma na cama. - a voz do Jarvis se fez presente

– Tudo bem, Jarvis. Eu já acordei - falei sentindo minha cabeça latejar - O jantar já foi servido?

– Será em alguns minutos - ele respondeu

– Ok! Obrigada Jarvis. - fui ao banheiro lavei meu rosto, vi que eu estava um pálida.

Fui até a minha mala e peguei o meu remédio e tomei para evitar um possível desmaio. Fui para a sala de jantar, dessa vez tudo já estava arrumado. O jantar hoje era bolo de carne, depois do esforço que eu fiz não sentia fome, apenas cansaço. Fiquei mexendo com a comida, mas sem comer.

– Você não gosta de bolo de carne? - Pepper perguntou

– Não é isso - falei olhando-a em seguida - Apenas meu estômago, que não está muito bem hoje

– Porque não nos avisou? Poderíamos ter te levado ao médico. - Pepper falou preocupada

– Está tudo bem, foi apenas um mal estar - falei e ela relaxou um pouco

– Se quiser, posso preparar um caldo pra você - Doralice falou me olhando

– Não precisa se preocupar, eu já ia fazer - falei me levantando, mas ela colocou a mão sobre meu ombro impedindo que eu levantasse

– Dessa vez, não permitirei que faça - ela falou decidida - Fique aqui, logo eu trarei seu caldo

– Obrigada! - agradeci e ela retirou o meu prato da mesa

Depois de alguns minutos, ela voltou trazendo um prato de caldo de frango com milho. Tomei mais da metade do caldo e disse estar satisfeita.

– Vou pro meu quarto - falei me levantando

– Su, eu não acho que deva passar tanto tempo no quarto - Pepper falou

– E o que eu faria fora dele? - perguntei olhando-a e ela ficou em silêncio - Foi o que imaginei

Segui caminho em direção ao meu quarto. Peguei um pijama leve, que era um short curto de seda e uma blusa de alcinha do mesmo tecido. Tomei um banho demorado, vesti meu pijama e quando voltei pro quarto vi meu pai. Sentado na cadeira giratória

– O que está fazendo aqui? - perguntei olhando-o

– Saber o que está acontecendo - ele falou como se fosse óbvio

– Não há nada acontecendo - falei simplesmente

– Acha que me engana? Vi como estava nervosa ontem, antes do jantar você estava pálida parecia que iria desmaiar, mal comeu e acha mesmo que não notei? - ele falou se levantando - Me fala o que está acontecendo

– E porque isso importaria? - perguntei desinteressada

– Sua mãe pediu pra que eu cuidasse de você - ele falou cruzando os braços

– Eu tô de saco cheio, é isso. Estou confinada nessa casa. Em Vermont, eu tinha uma vida, uma rotina, amigos. Eu era uma pessoa normal. - falei normalmente - Eu preciso sair, tenho trabalho a fazer. E nem tudo posso resolver daqui. Mas não posso, por que sou praticamente refém, não posso dar um passo sem ser vigiada e isso tá tirando minha sanidade.

– E você sabe por que eu não deixo você sair? - ele falou se aproximando, mas não esperou minha resposta - Porque eu não confio em você. Eu tento confiar, mas a forma que você age me diz que não posso.

– Eu não quero que se apegue a mim - falei séria - Assim que eu fizer 18 eu vou embora. E nunca mais terá noticias minhas.

– É por isso que não consigo confiar. Você sempre fala que vai embora, mas até você completar 18, você está sobre minha responsabilidade - ele falou alterando um pouco a voz - Eu não deixo você sair porque sei que não vai voltar

– E quem disse isso? - perguntei olhando-o

– Você dá a entender isso - ele falou

– Mesmo que eu quisesse nunca mais voltar. Eu não posso - falei e ele me olhou confuso - Estou presa a uma promessa.

– Que promessa? - perguntou curioso

– Não importa - falei me virando pra a penteadeira e fazendo uma trança no cabelo

– Tudo bem, você pode sair, trabalhar, conhecer a cidade, ou qualquer outra coisa - ele falou e eu o olhei - Prometa que não vai sumir.

– Eu já disse que mesmo que eu quisesse, não posso - falei voltando a trançar meu cabelo

– Estou confiando em você - ele falou e saiu do quarto

Uma lágrima escorreu dos meus olhos, apesar de tudo que fiz ele ainda me deu um voto de confiança.

– Mas porque não confia quando digo que não é pra se aproximar? - murmurei secando a lágrima e fui me deitar

No Dia Seguinte

Acordei mais cedo que o normal, fiz minha higiene, vesti uma leggin preta que ia até os joelhos, uma regata justa branca e uma blusa fina por cima da mesma cor. Tudo estava silencioso, fui até a cozinha olhei na dispensa e peguei alguns ingredientes, estava sentindo falta de cozinhar, preciso disso pra colocar minha mente em ordem.

Preparei a massa de um pão, peguei alguns frios na geladeira e usei como recheio. Enquanto esperava a massa descansar um pouco, preparei um bolo. E coloquei no forno, fui para o meu quarto, peguei o notebook e voltei pra cozinha.

Olhei o sistema da SHIELD e eles não tinham nenhuma pista de onde o Steve e a Natasha estavam, fui olhar minha caixa de e-mails e vi alguns e-mails da Talita. O planejamento e a lista de convidados das inaugurações das filiais, a equipe selecionada para trabalhar no dia, as opções de menu, as idéias da decoração, as imagens do estabelecimento após as reformas, tudo estava praticamente preparado, mas eu precisava assinar alguns documentos.

Comecei a fazer o download dos arquivos dos documentos que eu precisaria assinar, para poder lê-lo.  Após alguns minutos eu tirei o pão e o bolo do forno. Me servi com o suco que estava na geladeira, cortei uma fatia de pão e uma de bolo. Sentei na cadeira, lendo os arquivos, mas minha mente não estava concentrada.

Ainda estou tentando entender comoo Zola vai fazer pra saber exatamente os alvos. Se eles matarem as pessoas que ameaçam a existência da Hydra outras pessoas no futuro podem se rebelar, seria uma guerra sem fim. Mas o Zola tinha total confiança de que isso não aconteceria, então eu sei que tem mais por trás disso. Estava perdida em pensamentos que nem percebi que alguém entrou na cozinha.

– Acordada tão cedo? - meu pai perguntou me trazendo de volta a realidade

– Tenho meus motivos - respondi e ele pegou um copo d'agua

– A Doris chegou cedo hoje - ele comentou cortando um pedaço de bolo

– A Dora não chegou ainda - falei dando ênfase no nome dela.

– E esse bolo? - ele perguntou me olhando

– Eu não tinha nada pra fazer - falei simplesmente

– Está bom. Você leva jeito - ele falou comendo o bolo.

– Obrigada - falei enquanto fingia ler o arquivo e ele se aproximou

– Trabalho? - ele perguntou olhando a tela

– É - respondi enquanto fingia estar concentrada

– Vou deixar você trabalhar então - ele falou e saiu da cozinha

Olhei na direção que ele saiu e suspirei frustrada. Não importa o que eu faça, ele sempre tenta se aproximar e já estou quase sem saber o que fazer. Não fiquei muito tempo com esses pensamentos, pois logo apareceu na tela uma chamada no Skype da Talita e eu atendi.

– Bom dia, Tals! - falei sorrindo

– Bom dia, Su - ela respondeu

– Como está o andamento do Buffet? - perguntei olhando-a

– Muito bem, tanto que eu já estou surtando aqui - ela falou e eu ri - É sério, não sei como você consegue cuidar de tudo sem surtar.

– Fui criada nesse Buffet, então já estou acostumada - respondi simplesmente e suspirei - Eu daria tudo para estar aí

– Porque teve que se mudar, de uma hora pra outra? - ela perguntou

– Era o desejo da minha tia - falei e ela assentiu - Vou ver um dia para que eu possa ir no Buffet

– Viu a documentação? - ela perguntou e eu assenti - Su, já que você entende de programação e tal. Porque você não cria um programa para facilitar nosso trabalho?

– Como assim? - perguntei curiosa

– Algo que ajudasse a gente a saber o padrão de cada cliente - ela respondeu

– Um programa que faça a análise dos eventos passados de cada contratante para sabermos o padrão de decoração, menu e etc, para podermos montar as opções de eventos para cada um, de forma mais rápida e eficaz - falei simplesmente enquanto ela me observava pela webcam

– Não entendi nada do que você disse, mas se isso for facilitar nosso trabalho, é isso mesmo - ela falou e eu ri

– Tudo bem, eu posso escrever um algoritmo pra prever as opções de eventos e... - foi então que eu entendi o plano do Zola - Então é isso que tem no pen-drive

– De que pen-drive, você tá falando? - ela perguntou me olhando confusa

– Não é nada. Eu preciso ir. Assim que der eu entro em contato com você - falei e ela assentiu - Tchau!

– Tchau, Su! - ela respondeu e encerramos a vídeo.

Então é assim que ele vai fazer, ele criou um algoritmo pra prever ameaças em potencial. Homens, mulheres, crianças, todos de uma só vez. Não posso me envolver diretamente, se antes não queria que o governo soubesse de mim, imagine agora que sei que está comprometido. Mas preciso ajudar o Steve a deter a Hydra.