Sai do quarto e fui andando em direção a escada, desci e caminhei em direção que Pepper indicou que ficava a cozinha. Quando cheguei uma mulher de aparentemente 40 anos, estava começando a colocar a mesa. E resolvi ajuda-la, lavei as mãos e peguei as coisas pra levar a mesa.

– Não faça isso, senhorita Stark - ela falou e eu parei achando que estava fazendo a coisa errada - O senhor Stark, não iria gostar de que fizesse isso.

– Qual o seu nome? - perguntei olhando-a

– Doralice, senhorita Stark - ela respondeu e eu assenti

– Vou deixar algumas coisas claras aqui, tá bem? Primeiro, não me chame de senhorita Stark, meu nome é Susan ou pode me chamar de Su - falei suavemente - E segundo, eu amo tudo relacionado a cozinha, então terá vezes que assumirem a cozinha e você não poderá me impedir.

– Mas o senhor Stark... - ela tentou argumentar

– Deixa que com ele eu me resolvo depois - falei impedindo que tentar me fazer mudar de idéia

– Está bem, senhor... - eu a repreendi com o olhar - Susan.

– Ótimo! O que teremos para sobremesa? - perguntei começando a arrumar a mesa

– Eu ainda não fiz nada. O que gostaria que tivesse? - ela me perguntou

– Não se preocupe quanto a isso. Eu faço a sobremesa - falei e percebi que ela ia questionar - Eu vou fazer e assunto encerrado. Estamos entendidas Doralice?

– Estamos. E pode me chamar de Dora - ela falou e eu assenti, fui para cozinha e comecei a olhar o que tinha nos armários e na geladeira

Peguei o material que iria precisar para fazer o pavê de chocolate, como eu já estava acostumada a fazer esse tipo de coisa, fui bem rápida na montagem. Peguei alguns morangos e fiz a decoração na parte de cima e levei ao congelador.

Ajudei a terminar de levar as travessas de vidro com a comida para a mesa.

– Jarvis, pode chamar o senhor Stark e a senhorita Potts - Doralice falou

– Sim, senhora Mendes - Jarvis respondeu

Em poucos minutos o Stark e a Pepper chegaram e eu já estava próxima a mesa.

– O cheiro está ótimo - Pepper falou sorrindo - Acho que nunca vi essa mesma tão bem arrumada.

– Obrigada, senhorita Potts, mas tive ajuda - ela falou, olhou rapidamente pra mim e eu pisquei o olho pra ela

– Bom, podemos comer? Estou com fome - falei normalmente - E esse cheiro está torturando meu estômago

– Vamos comer - Pepper falou rindo brevemente

Sentamos e começamos a nos servir, depois de servidos começamos a comer em silêncio.

– Então Su, gostou do quarto? - Pepper perguntou

– Sim, mas achei o tamanho exagerado - respondi simplesmente e voltei a comer

– Bem... todos os quartos da casa, exceto o do Tony, tem o mesmo tamanho - Pepper falou um pouco sem jeito

– Foi você que cuidou da decoração do quarto? - perguntei a Pepper e ela assentiu - Obrigada! Amei as cores dos móveis e forma que foram organizados.

– Por nada! - ela falou sorrindo e começamos a conversar assuntos aleatórios, as vezes ríamos de algo que dizíamos. Enquanto o Stark apenas observava

Terminamos de almoçar e a Doralice veio recolher os pratos e na hora eu levantei para ajuda-la.

– Não precisa fazer isso, Su - Dora falou me olhando

– Eu faço questão, não é trabalho algum pra mim - falei tranquilamente e a ajudei

Quando voltei pra mesa, Doralice trouxe o pavê de chocolate decorado com morangos.

– Eh... Doralice, acho que esqueceu que sou alérgica a morangos - Pepper falou

– Não se preocupe, os morangos estão apenas enfeitando, basta removê-los da fatia - falei simplesmente

– Ok! - Pepper falou, se serviu retirando os pedaços de morango e experimentou - Dora, dessa vez você se superou, esse foi o melhor pavê que já provei.

– Obrigada, senhorita Potts, mas não fui eu que fiz - Pepper a olhou sem entender - Foi a Su.

– Foi você? - Pepper perguntou surpresa e eu apenas dei ombros - Parabéns, está incrível

– Obrigada Pepper - falei e continuei a comer

Depois de alguns minutos, sinto meu celular vibrar no bolso. Peguei e vi a mensagem da Talita, dizendo que precisava falar comigo com urgência.

– Com licença - falei me levantando

– Onde vai, Su? - meu pai perguntou e eu parei no lugar

– Não me chame assim - falei simplesmente

– Isso não parecia te incomodar a poucos minutos - ele rebateu

– Foi totalmente diferente - falei como se fosse óbvio

– E qual a diferença? - ele perguntou cruzando os braços enquanto me olhava

– Elas podem, você não - respondi e voltei a caminhar

– Pra onde você vai? - ele perguntou

– Pro quarto - respondi simplesmente enquanto caminhava

Subi a escada, segui o caminho para o quarto, entrei e fechei a porta trancando em seguida. Me sentei na cama e liguei o notebook, mandei um mensagem pro celular da Talita e iniciamos uma vídeo conferência, enquanto eu estivesse confinada nessa casa teria que trabalhar assim.

POV Stark

Depois que a Susan sumiu das nossas vistas eu comecei a conversarcom a Pepper

– Viu que não é exagero meu? - perguntei olhando-a - Sempre que tento me aproximar ela se vira com 7 pedras nas mãos.

– Calma, Tony - ela pediu me olhando - Com o tempo ela vai te aceitar, foi uma grande mudança pra ela

– Talvez - falei não querendo remoer o assunto e me levantei

– Pra onde você vai? - Pepper me perguntou

– Vou pra minha oficina - falei simplesmente e sai

Como posso ser o pai dela se ela não permite? Como posso tentar cuidar dela se ela não deixa? Quando tentei impor a minha vontade ela desapareceu. Não sei mais o que fazer para me aproximar dela e as palavras duras que disse a ela no avião não facilitaram as coisas.

– Jarvis, conseguiu alguma descriptografar os arquivos da Susan? - perguntei ao entrar na oficina

– Não senhor Stark, parece que a senha dela muda a cada minuto. - ele falou e eu bufei

– É claro que muda - falei pra mim mesmo e baguncei meu cabelo

– O que devo fazer, senhor Stark? - Jarvis me perguntou

– Pode parar de tentar Jarvis, obrigado - falei bufando alto

– Sim senhor Stark - ele respondeu

Comecei a trabalhar no meu novo projeto das armaduras, não sei quanto tempo passei na oficina. Estava tão concentrado que só me dei conta do horário quando o Jarvis avisou que a Pepper estava me chamando pro jantar. Limpei as mãos e sai da oficina, quando cheguei a mesa já estava posta e o jantar servido, assim que me viu entrando Susan tratou de se servir, fiquei em silêncio enquanto a Susan e a Pepper conversavam sobre assuntos aleatórios. Ela fazia de propósito, ela brinca e conversa com os outros normalmente apenas para me provocar, para mostrar que o que eles conquistaram dela, ela nunca permitirar que eu consiga. Eu mal havia terminado o jantar e me levantei

– Onde vai? - Pepper perguntou me olhando

– Oficina, tenho trabalho a fazer -respondi simplesmente, sem sequer olha-la

– Já vai tarde - ouvi o murmúrio da Susan e isso me machucou, mas não voltei a olhar pra ela e simplesmente sai

Fui para minha oficina, finalizar um projeto novo, um dispositivo com câmera, como um mini drone, estava concentrado do trabalho, depois de algumas horas meu pescoço começou a doer pela posição que eu estava, então fui me sentar na poltrona pra descansar um pouco e não sei quando peguei no sono.

Acordei bruscamente devido a mais um pesadelo. Estava ofegante, coração acelerado, suando, fechei os olhos tentando espantar aquela sensação, passei a mão pela nuca tentando aliviar a tensão que estava sobre o meu pescoço, olhei para o relógio que marcava às 4h30min. respirei fundo e desci ir à cozinha tomar alguma coisa pra me acalmar.

POV Susan

Acordei sentindo a familiar sensação de mais um pesadelo com meu pai, eu sei que ele está da mesma forma que eu. Me sentei na cama, respirei fundo algumas vezes até meu coração desacelerar, mas as imagens não saiam da minha mente e consequentemente eu não conseguiria dormir. Me levantei da cama, fui em direção ao guarda roupa, peguei meu conjunto moletom, meu tênis de corrida e vesti. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e sai do quarto. Quando desci a escada vejo meu pai saindo da cozinha com um copo d'agua na mão.

– Acordada a essa hora - ele falou me olhando

– Perdi o sono - falei caminhando em direção a porta

– Onde você pensa que vai? - ele me perguntou

– Correr - foi tudo que eu respondi antes de sair pela porta.

POV Autora

Depois que a Susan saiu, Stark correu de volta para a oficina em direção a bancada onde estava o seu protótipo concluído, então o ativou. Ele programou, logo o dispositivo estava funcionandoperfeitamente e o drone saiu procurando pela Susan. O Stark estava vendo as imagens pelo monitor.

– Está na hora do teste - ele falou olhando o monitor - Onde essa garota se meteu?

Algumas quadras de distancia a Susan corria mantendo o ritmo da corrida, quando de repenteela sente algo estranho, uma forte palpitação no coração e começou a sentir como se estivesse sufocando, ela se apoiou na árvore, fechando os olhos e tentando controlar a respiração, em pouco tempo ela havia conseguido se controlar. Ela apoiou as costas na árvore, se recuperando do susto, quando ela ouviu um barulho de pequenas elices, ela procurou com o olhar e encontrou o equipamento do pai

– Isso só pode ser piada - ela resmungou e voltou a correr, não por precisar por os pensamentos em ordem, mas pra tentar despistar o equipamento

Não importava o quanto ela corresse ele sempre estava onde pudesse filma-lá. Susan estava começando a sentir o cansaço e as dores nas pernas devido ao longo tempo correndo. Mas ela não ia parar, ela viu o penhasco que tinha uma vista incrível para o mar, ela sabia que havia pedras pontiagudas sobre o mar, mas ela queria de todas as formas despistar o equipamento, ela sabia que lá ainda estaria escuro e não seria problema pra ela, então sem pensar duas vezes ela pulou do penhasco, antes que chegasse na água ela viajou nas sombras reaparecendo em um lugar mais afastado, mais fundo, onde ela não iria se ferir, ao atingir a água ela emergiu e começou a nada em direção ao paredão de pedra da mansão Stark, ao chegar começou a escalar o paredão e viu o pai sair voando na direção do penhasco que ela tinha pulado. Ela deu um sorriso travesso e voltou a escalar até chegar a mansão.

POV Stark

Percebi que ela tentava despistar o drone, mas não conseguia. Então ela correu em direção ao penhasco.

– Ela sabe das pedras, não teria coragem de pular - falei sem desviar o olhar do monitor, mas contrariando meus pensamentos ela pulou

Meu coração bateu em desespero, não esperei nem mais um segundo, coloquei a minha armadura e sai voando em direção ao penhasco. Ao chegar lá olhei a superfície da água e nem sinal dela. Então sem pensar duas vezes eu mergulhei, ativei os repulsores para iluminar agora área e nada.

– Susan, onde você tá? - perguntei olhando em volta - Jarvis amplie o meu campo de visão e ache a Su.

– Senhor Stark, a senhorita Agostini se encontra nesse momento no quarto dela na mansão, senhor - Jarvis falou e eu fiquei sem reação

– Como é? - perguntei incrédulo

– A senhorita Agostini, se encontra na mansão, senhor - ele respondeu novamente

Em fração de segundos a preocupação deu lugar a raiva, voei o mais rápido que podia de volta a mansão. Tirei a armadura e sai da oficina.

– Onde ela está? - perguntei confusa irritação

– No quarto, senhor Stark - Jarvis respondeu e eu subi a escada correndo

Andei a passos rápidos em direção ao quarto dela, entrei sem bater e a vi sentada em frente à penteadeira, usando um casaco roxo, um short enquanto secava o cabelo com uma toalha

– Não te ensinaram que não se deve entrar no quarto de alguém sem bater antes? - ela falou sem se dar ao trabalho de me olhar.

– O que deu na sua cabeça de pular daquele penhasco? Você podia ter morrido - falei gritando

– Podia, mas não morri - ela falou tranquilamentente e começou a pentear o cabelo - Não tenho tanta sorte

– Porque você fez aquilo? - perguntei irritado - Você quase me matou de preocupação, eu pensei... que você...

– Que eu tinha morrido? - ela falou enquanto fazia uma trança - Eu já disse que não tenho tanta sorte

– Qual é o seu problema? - perguntei irritado

– Você - ela falou me olhando através do espelho e se levantou vindo na minha direção - Você realmente acha que vou acreditar que se preocupa comigo? Você não sabe o que é isso. Você não consegue cuidar de ninguém. O único motivo de estar agindo assim é por que feri seu orgulho por não cair de amores por você como todo mundo faz.

– É realmente isso que você acha? - perguntei deixando transparecer na minha voz o quanto ela havia me machucado

– É a verdade, Stark - ela falou sem dar se abalar - Vocênão consegue se importar com ninguém além de si mesmo.

Não esperei mais nenhuma palavra, simplesmente sai do quarto dela, batendo a porta com força quando sai. Antes que eu pudesse abrir a porta do quarto, ela abriu e vi a Pepper me olhando preocupada

– Ouvi gritos, o que aconteceu, Tony? - ela perguntou e eu apenas a abracei, me permitindo chorar no ombro dela - Amor, o que aconteceu?

– Minha filha me odeia, Pepper. Não consigo aguentar mais o desprezo dela - falei soluçando enquanto a Pepper tentava me acalmar

POV Susan

Assim que meu pai saiu do meu quarto, eu fui em direção a porta trancando logo em seguida. Encostei as costas na porta e escorreguei até o chão, começando a chorar. Eu vi o quanto minha palavras o machucaram, vi a dor refletida em seus olhos e isso me mata por dentro, me mata de uma forma pior do que a leucemia está me matando.

– Porque você não acaba logo com isso? Porque não me manda embora de uma vez? - perguntei pra mim mesma - Tudo seria, mais fácil

Decidi que depois do que fiz, seria melhor não vê-lo hoje. Então vou passar o dia todo no quarto.