She Will Be Loved escrita por Miss Houston


Capítulo 1
She always belonged to someone else


Notas iniciais do capítulo




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Dois meses e meio. Fazia exatamente dois meses e meio que Edward tinha me abandonado e levado uma parte minha consigo, deixando que minha rotina fosse resumida a tentar de todas as maneiras não pensar nele, ao mesmo tempo que evitava esquecê-lo. Meu pai me ameaçou com a mudança para Jacksonville, porém argumentei que poderia melhorar, por mais que nós dois soubéssemos que eu estava mentindo.

Então, como contraproposta, ele ofereceu uma passagem de avião para Coldwater, Maine, onde minha mãe estava com o Phil. Meu padrasto viajava muito por conta de seu trabalho como jogador de beisebol em um baixo escalão. Parecia que a vida tinha dado uma volta, obrigando-me a retornar no ponto de partida: Privar minha mãe de seguir seu marido nos treinos, apenas para que eu não ficasse sozinha. Entretanto, ou era isso ou uma mudança permanente.

— Coldwater parece ser legal, por mais que seja pequena. — Reneé disse no carro. — Deve ter pessoas interessantes aqui. — apenas murmurei, concordando com s suas palavras. Ainda que a maioria delas despertasse uma chama em mim, enquanto continha indiretas sobre recomeços.

Encolhi-me, procurando por algo que me deixasse sozinha, ou pelo menos longe das pessoas que supostamente conheciam a minha dor. Vi a placa de um fliperama e pus a mão no antebraço de Reneé, chamando a sua atenção.

— Vou ficar por aqui, mãe. — avisei saindo do carro e me inclinando na janela em seguida. — Ligo quando quiser voltar.

Tentei sorrir, porém era como se o meu sorriso estivesse quebrado. Puxei o capuz de meu casaco por cima de meus cabelos escuros ao sentir as gotas de chuvas tocando minha pele e ignorei a preocupação na expressão de Reneé.

— Tudo bem. — ela respondeu com lentidão, como se analisasse a situação em que estava deixando sua filha. — Apenas me ligue.

Assenti, correndo para dentro do Fliperama do Bo - como dizia a placa - e desci as escadas, arrependendo-me automaticamente por ter pisado ali. A primeira coisa que reparei foi o cheiro de charutos e álcool, fazendo-me enrugar o nariz, além de estar cercada por homens com expressões pouco confortáveis.

Edward não iria gostar se me visse aqui. Meneei a cabeça, querendo tirá-lo da cabeça quando fui abordada por um cara. Meu peito se apertou ao reparar em seu cabelo acobreado e seu sorriso bonito. Parecia que quanto mais tentava me afastar, mais era puxada para as lembranças.

— Rainha da beleza, o que faz em um lugar desse? — questionou olhando-me de cima a baixo. — Deve ter apenas dezoito anos. — franziu o cenho. — Parece estar tendo problema consigo mesma e quer extravazar.

Antes que pudesse responder, o garoto foi interrompido.

— Rixon, deixe-a em paz. — outro garoto disse se aproximando. Diferente de seu amigo, tinha olhos e cabelos escuros, além de ser visivelmente musculoso. Lembrou-me de Emmett. Encarou-me frio. — Mas ele tem razão. Não deveria estar aqui, rainha da beleza.

 — Bella — apresentei-me.

— Rixon e Patch — o loiro os apresentou.

Patch deu um passo na minha direção, gesticulando para a saída.

— Venha. Aproveite que estou de bom humor.

Assenti, querendo evitar qualquer tipo de confusão. Pensei que ele iria descer novamente depois de garantir que eu não cogitava retornar, porém ele começou a caminhar comigo pela rua com as mãos no bolso. Caminhamos por baixo dos telhados das lojas, evitando-nos molhar.

— Seu namorado está por perto?

O buraco em meu peito se alargou mais um centímetro.

— Ele foi embora. — respondi. — Ele nunca me deixaria entrar em um lugar daqueles. Na verdade, nunca me deixaria ficar desse jeito. Ele sempre esteve lá para me ajudar. — suspirei e novamente tentei compartilhar meu sorriso quebrado quando paramos na esquina. — Obrigada.

Patch pigarreou.

— Quer ficar mais um pouco? Essa tentativa de sorriso foi horrível.

Surpreendi-me com seu comentário, pensando se estava convencendo a todos. Assenti, pensando que falar com um desconhecido fosse o melhor naquele momento. Afinal, nunca mais nos encontraríamos.

— Ele disse que não me amava. — revelei. — Uma parte de mim sabe que ele estava mentindo, mas outra se pergunta o motivo dele fazer uma coisa horrível dessas.

O olhar de Patch estava enigmático.

— Ás vezes somos obrigados a fazer coisas que não queremos.

Assenti, entendendo.

— Minha mãe quer que eu conheça outras pessoas, mas não entende que pertenço a outro.

— Olhe, nem tudo são arco-íris e borboletas — ele disse sincero. — Dói, eu sei. Mas e se ele não voltar? Sua mãe quer seu bem. Não parece, mas são concessões que nos impulsionam. Você vai ser amada. Senão por ele, por outro.

Abaixei-me no chão, querendo sentar - e encolher. Patch também se abaixou. Por mais que suas palavras fossem duras, eu sabia que ele estava dizendo a verdade. Automaticamente minha mente foi em Jacob. Ele poderia me amar.

— Tem dias que não aguento todos me pressionando a seguir em frente. — desabafei. — Escondo-me sozinha no carro, implorando para que alguém me segure toda vez que cair. Literal e figuradamente. Eu sei que tenho, mas para mim, dizer adeus não significa nada.

— Então não se force tanto a dizer adeus à ele. Quando for a hora certa, irá acontecer.

Encarei-o, querendo saber como tinha encontrado alguém que me ouvisse sem me julgar. Talvez Maine não fosse tão ruim.

— Você parece entender bem do assunto. — destaquei.

Desviou o olhar para a chuva.

— Vamos apenas dizer que já tive de abrir mão de uma coisa que amava, apenas para protegê-la. — esticou a mão, fazendo-me levantar. — Sei que é irônico dizer isso, mas quando vier à Maine novamente, procure-me. Minha porta sempre estará aberta. — apontou para o fliperama. — Tem uma janela ali, toque nela antes de entrar. Venha sempre que quiser. Pode não parecer agora, mas garanto que você será amada.

Sorri, agradecida. E pelo olhar satisfeito de Patch, esse sorriso não foi quebrado.


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