Bem, como eu ia saber que meu primeiro amor não seria o último?

Não será o último.

Alguns anos depois...

— Então, amanhã é o casamento? – Yuka, uma das companheiras de residencia de Sakura, perguntou ao ver a garota se aproximar do balcão de informações.

— Sim, já até mandei a mensagem para a coordenadora confirmando que não venho amanhã. – Sakura respondeu entregando as fichas dos pacientes que ela estava encarregada para a atendente. – Vou dormir bastante porque logo cego eu e as outras meninas vamos para o salão para uma sessão de tortura.

Yuka riu entregando algumas fichas e pegando outras.

— Seu cabelo vai agradecer, se passasse mais uma semana sem fazer nada nele a moça da limpeza ia confudir ele com a bucha de esfregar a privada. – brincou.

— Yuka, me faz um favor? – Sakura perguntou de repente, bem séria. – Você pode, por favor, ir se foder?

A residente forçou um sorriso e revirou os olhos.

— Se você não trouxer nenhum docinho na segunda, vou colocar seu no quadro nos piores casos, está me ouvindo? – ameaçou ajeitando as fichas nos braços. – Ruins do tipo criança parecendo a menina do exorcista girando a cabeça enquanto vomita.

— Você não faria isso comigo. – Sakura sorriu se fingindo de fofa.

— Vaza daqui, mulher. – Yuka pediu revirando os olhos.

 Sakura riu antes de se despedir rapidamente das enfermeiras que estavam no balcão e ir até vestiário se trocar e pegar suas coisas.

Sakura mal podia acreditar que Temari e Shikamaru iriam se casar no dia seguinte, eles eram os primeiros dos amigos do colegial que iria casar, aquilo era muito estranho, sem brincadeira.

Não que eles não fossem um casal que combinasse, Sakura não conseguia pensar em um casal que se encaixasse tanto. Temari era agitada, determinada, sempre com uma resposta afiada na lingua Shikamaru era mais reservado, mais “na dele”, muito inteligente e tambem muito preguiçoso, mas só quando Temari não estava perto perto.

Um equilibrava o outro, fora que era muito divertido ver os dois conversando, ou melhor, ver a Temari pegando no pé dele.

Mesmo assim, era dificil acreditar que Shikamaru, uma das pessoas que ela cresceu junto e Temari, sua ex-não cunhada irmã do Gaara que achava que eles iam se pegar, iam se casar.

Virar adulta era estranho demais.

Sakura gemeu desgostosa ao entrar em seu apartamento e ver que tinha deixado a janela aberta e tinha chovido.

— Maravilha. – tirou seus sapatos e colocou sua surippas, indo até a area de serviço pegar um pano para limpar a poça de agua.

Desde que tinha se mudado para Osaka para cursar a faculdade, ela morou em alguns lugares antes do atual, que ela realmente gostava e planejava ficar pelo menos até o final da faculdade.

De começo, ela viveu em uma republica dividindo o imovel com mais 6 meninas, nenhum espaço pessoal e um banheiro compartilhado. Nas primeiras semanas ela até não tinha do que reclamar, mas depois de meses já estava pronta para matar a proxima que ousasse pegar seu iogurte sem pedir.

Ela tentou por meses conviver com aquilo, mas no final do primeiro semestre quando uma cleptomaniaca se mudou para o apartamento, Sakura não aguentou mais.

Uma combinação de estresse com a faculdade, contas que ela nem tinha ideia de como pagar, colegas de apartamento folgadas e a distancia de Sasuke foi o que bastou para Sakura perder as estribeiras, invadir o quarto da cleptomaniaca, pegar suas coisas que ela tinha pegado, arrumar barraco com outra colega de apartamento que achou que ela não devia ter invadido o quarto da garota.

— Se você quer continuar a ser roubada, fique a vontade! Mas se eu ver essa garota pegar mais alguma coisa minha eu vou jogar ela pela janela junto com as coisas dela! – Sakura gritou, seus braços tentavam segurar todas as coisas que a cleptomaniaca tinha pego, mas estava dificil.

Ninguém tentou contradize-la  depois disso, provavelmente surpresos demais com a explosão dela.

Como toda caloura, no primeiro semestre Sakura era a pura animação para tudo. Ela gostava das matérias, ela gostava dos professores, ela conseguia manter todas suas notas sempre altas, fazia todos os trabalhos, se dava bem com todo mundo... Foi da metade do segundo período pra frente que tudo começou a desendar tanto sua vida academica quanto sua vida amorosa.

As coisas com Sasuke ficaram muito complicadas com a distancia.

Os momentos de crises também vieram como se era de esperar, afinal com ele em Tóquio cursando relações internacionais e ela em Osaka ficava muito dificil de manter a relação acesa, fora o ciúmes que vieram junto com a vida academica de festas, pessoas novas,  lugares novos, horarios diferentes...

Foi demais.

Teve vezes que eles só brigavam, tinha vezes que eles passavam dias sem se falar até que, em um dos finais de semana onde Sasuke veio visitá-la, eles tiveram a temida conversa.

Não foi fácil, nem agradável, mas para salvarem a amizade que eles ainda tinham, resolveram romper.

Os dias que se seguiram após o rompimento não foram nada fácies para Sakura. Ela não tinha animo para ir para as aulas, porque por mais que forçasse seu cerebro ela não conseguia se focar na matéria, ela não tinha vontade de sair, não tinha vontade nem mesmo de levantar da cama, ela queria voltar pra casa, queria abraçar sua mãe não soltar mais.

A vida adulta foi um tapa na cara, mas como a vida não é sempre feita de coisas que a gente quer fazer então mesmo se sentindo um lixo, ela seguiu com a vida.

A situação no apartamento que ela vivia desde a confusão se tornou insustentável e Sakura, junto com outra colega de apaartamento que tinha a apoiado na confusão, se mudou para o ióvel que ocupava atualmente.

Não era o melhor apartamento, mas era confortável, ela dividia os trabalhos domésticos e as contas com a outra moradora.

Depois de um tempo, ela ficou sabendo que Sasuke tinha terminado a faculdade e aceitado a proposta de Itachi, começando seu preparativo para assumir junto com o irmão os negocios da familia.

 Mais do que nunca, Sasuke estava focado em limpar a empresa, coisa que não agradou muito os outros membros da bancada da direção que o colocavam á prova a todo o instante porém que nada abalaram a determinação de Sasuke que tinha todo o apoio do irmão.

Sua decisão de entrar de vez nos negócios da familia melhoraram e muito a relação entre os irmãos, vivenciando o mundo de Itachi Sasuke pode entender porque o irmão queria tanto que ele se saísse bem em sua vida academica.

O mundo de négocios nada mais era que um ninho de cobras que na primeira oportunidade qualquer um ali dentro iria te derrubar.

Apesar de estarem separados e eles não se falarem mais como antigamente, Sakura ficou feliz por Sasuke e Itachi terem se entendido e os planos de Sasuke de ajudar a salvar a empresa dos pais estar dando certo. Ela sabia que, mesmo durante o colegial onde Sasuke era o primeiro a falar que não suportava o irmão, ele queria o irmão por perto e ficava chateado por ser deixado de lado como tinha mostrado no Natal do ultimo ano quando Itachi disse que iria, organizou tudo e no final não foi, deixando Sasuke sozinho.

— Kiu? – Sakura chamou pelo gatinho cinza que Katsui, sua colega de apartamento, tinham adotado e que ela ajudava a cuidar. – Aqui, comida! – colocou ração na vasilha, balançando a mesma para chamar o gato.

Não demorou muito para Sakura sentir o gato se roçar em suas pernas indo até a vasilha.

— Olá. – cumprimentou fazendo carinho entre as orelhas do gato.

O gato fechou os olhos, ronronando com o carinho antes de ir até a vasilha.

Sakura saiu da cozinha indo para o banheiro tomar banho, seguindo pro quarto de toalha.

— Tadaima! – ela ouviu Katsui gritar na sala.

— Okaeri. – gritou de volta olhando para suas opções de vestido.

Sakura já estava deitada na cama debaixo dos lençois mexendo no celular quando Katsui apareceu na porta do seu quarto.

— Olá. – Katsui a cumprimentou entrando no quarto. – Nossa, dá pra sentir sua animação daqui. – brincou se sentando na cadeira que tinha na escrivaninha.

— Estou mesmo. – Sakura se aconchegou na cabeça, ajeitando o cobertor sobre si. – Eu vou poder dormir oito horas seguidas! Sabe quanto tempo eu não consigo fazer isso? – disse com um sorriso enorme no rosto fazendo Karsui rir.

Só na vida adulta Sakura soube valorizar suas horas de sono.

— E então animada para encontrar com o pessoal do seu colegial? – perguntou girando na cadeira.  – Porque se fosse o pessoal do meu colegial, eu estaria chorando em posição fetal. – ela fez uma careta e seu corpo todo tremeu como se estivesse arrepiada.

Sakura riu ficando de lado, apoiando sua cabeça na mão para deixá-la erguida.

Desde que Temari a chamou para ser sua madrinha de casamento, todas as folgas que ela tinha foram usadas para os preparativos do casamento que seria realizado em uma cidade proxima a Osaka em um hotel que o salão de festas tinha uma abertura para um jardim incrível onde seria realizada a cerimonia.

E apesar de ter sido muito cansativo organizar tudo. Sakura estava verdadeiramente animada com o reencontro.

— Sabe, eu estou até bem animada. – confessou mordendo de leve o lábio inferior. – A gente era bem amigo no colegial e com o passar do tempo ficamos só nas mensagens, sabe? Vai ser legal vê-los. – deu de ombros.

Katsui ergueu uma sobrancelha e Sakura soube que ela ia soltar mais uma das suas perolas.

— É mesmo? Até pra ver seu ex?

A rosada uniu as sobrancelhas e desviou o olhar para o chão.

Como madrinha, uma das suas funções tinha sido ajudar na lista de convidados e no envio dos convites então Sakura sabia que Sasuke estaria lá, mas tinha evitado pensar naquilo porque, tinha que admitir, estava nervosa.

Fazia quanto tempo desde que tinha visto Sasuke? Dois anos? Três?

Ela passou boa parte gostando dele, buscando por sua atenção, tentou no ultimo ano superá-lo, mas não foi o bastante. Ela podia estar bem agora com o termino, mas como se sentiria quando o visse? Será que tudo que ela sentia no colegial voltaria? Sasuke tinha sido seu primeiro amor, seu primeiro namorado, sua primeira transa!

Só não tinha sido seu primeiro beijo que tinha sido com o Gaara.

Sakura suspirou triste, agora sentindo um pouco de desanimo.

Mesmo tendo certeza que mandou o convite do casamento e um email para Gaara, ele não respondeu nenhum dos dois.

Desde que o colegial terminou foram poucas vezes que Sakura falou com Gaara.

A faculdade consumia  muito tempo, seu relacionamento com Sasuke que ela ainda tentava salvar naquela epoca e o fuso horario que era muito diferente do de Gaara fez com que eles se distanciassem muito e mesmo depois de terminar com Sasuke, o contato com ele não mudou muita coisa.

Perder o contato com Gaara foi uma das piores coisas, se não a pior coisa, que tinha acontecido depois do colegial.

Gaara a tinha ajudado muito e não ter mais ele por perto foi muito dificil.

Todas as vezes que ela teve alguma dificuldade, toda vez que ela teve vontade de chorar ela quis ligar para ele porque sabia que ele teria bom conselho pra ela, ou só falaria algo idiota que a faria rir.

Ele tinha sido um dos seus melhores amigos, ele lhe deu forças para não desistir e persistir no seu objetivo de passar para a medicina, a ajudando com as aulas, a motivando.

Nem imaginava como teria sido seu ultimo ano do colegial se Gaara não estivesse por perto. Ela teria mudado? Ela teria crescido? Ou continuaria a velha Sakura?

— Ih, pelo jeito não. – Katsui disse interrompendo os pensamentos de Sakura.

Sakura uniu as sobrancelhas e levou um certo tempo para lembrar aonde a conversa tinha parado.

Katsui estava achando que ela pensando em Sasuke aquele tempo todo?

— Bem, vou tomar banho e ir dormir. – Katsui anunciou antes que Sakura falasse alguma coisa, ela levantou e seguiu para a porta. – Descansa, vai dar tudo certo amanhã. – disse antes de deixar realmente o quarto.

A garota deitada suspirou, girando o corpo, ela ficou de bruços, enterrando seu rosto no travesseiro.

Por que Katsui a fez pensar naquelas coisas? Ela gemeu desgostosa. Estava tão animada e agora sua mente fervilhava com os pensamentos que tentou ignorar desde o começo.

Com muito custa, Sakura conseguiu dormir agradecendo no outro dia suas olheiras não estarem tão grandes ou Temari seria capaz de matá-la.

Ela acordou cedo, tomou um banho rápido e saiu de casa, optando por ir de metro para o SPA onde Temari e ela iriam passar o dia se arrumando para o grande momento.  A viagem até o SPA foi um pouco demorada já que o apartamento de Sakura não ficava perto do hotel onde seria o casamento, mas ela se ocupou mexendo no WhatsApp resolvendo algumas questões do hospital e conversando com sua orientadora de TCC.

Chegando no SPA, Sakura se indentificou para a atendente que a levou para a sala onde Temari estava recebendo massagem.

— Ohayou. – Sakura se anunciou cumprimentando a todos na sala, ela foi até o uma das poltronas, se sentando e colocando suas coisas ali.

— Ohayou. – a cumprimentaram de volta.

— Que bom que chegou cedo. – Temari disse com a voz um pouco embolada por ter as costas apertadas pela massagista, uma mascara cor dourada cobria seu rosto. – Pode ligar para a organizadora? Ela disse que ia pedir para uma assistente trazer nossos vestidos, mas até agora não chegaram.

A rosada assentiu já tirando o celular da bolsa, abrindo a conversa de WhatsApp da organizadora.

— Falo também com o cabeleireiro e a maquiadora?

— Por favor. – Temari disse com um suspiro.

 Ela riu da amiga enquanto terminava de digitar a mensagem para a organizadora e abria a conversa do cabeleireiro.

Temari estava sofrendo com todos os preparativos do casamento porque ela não tinha paciencia nenhuma para aquele tipo de coisa. Arranjos de flores, convites, capa para as cadeiras, talheres, conjunto de pratos, buffe, decoração do salão, as visitas a butiques de noivas para achar um vestido tanto  para ela quanto para Sakura e depois de finalmente achar os vestidos perfeitos, ela ainda teve que ir várias e várias vezes fazer os ajustes já que com o estresse e sua alimentação desregulada, ela ficava engordando e emagrecendo. 

Depois de conseguir falar com todos que precisava, Sakura foi até o banheiro para trocar suas roupas por um roupão e quando voltou, Temari estava sentada em uma das poltronas. 

— A maquiadora e o cabelereiro vão estar aqui daqui a pouco. – Temari tirou os olhos do celular. – Será que o  Chouji e o Shikamaru já estão se arrumando? Acho bom que eles estejam porque aqueles dois demoram um seculo para ficarem prontos e acho bom aquele gorducho não ter deixado o Shikamaru dormir porque se não...

— Calma, Tema! – Sakura interrompeu o que Temari tagarelava, rindo do nervosismo da amiga. – Já falei com o Chouji e ele me disse que o Shikamaru nunca esteve tão nervoso, acho que nem se ele tentasse, ele conseguiria dormir agora.

A loira uniu as sobrancelhas, a expressão dela mudou de nervosa para ansiosa.

— É mesmo? – ela deu uma risada  nervosa. – Acho bom. – forçou uma tosse, fingindo que não se importava.

O comportamento da loira fez Sakura rir. Não muito tempo depois o cabelereiro e a maquiadora entraram, montaram suas coisas e começaram a trabalhar nas garotas.

— Sua familia já está no hotel para a ceremonia, seu buque está dentro do carro e sua tiara e joias estão aqui. – a assistente da organizadora anunciou rápido entrando no comodo com a caixa de veludo debaixo de um dos braços e a sacola com os vestidos no outro.

Ela colocou a caixa de veludo na penteadeira e colocou os vestidos em um arara que tinha no canto, antes de sair do quarto mais uma vez.

Temari foi até o cabide onde estava seu vestido, abrindo o ziper da capa para ver se estava tudo bem. Satisfeita, ela voltou para a poltrona onde a maquiadora estava fazendo sua maquiagem.

A rosada sorriu achando divertido demais ver a amiga assim tão tensa.

— Ah, Sakura, pode chamar a assistente de novo? Acho que vamos ter que mexer na mesa da familia e adicionar mais uma cadeira. – Temari anunciou de olhos fechados, sendo maquiada.

— É alguma prima? Ela vai vir acompanhada? – soltou as perguntas sem olhar para Temari, concentrada na mensagem que digitava para a organizadora. – Ela precisa do nome e sobrenome para colocar no assento.

— Que prima o que? A mesa delas já está pronta e bem longe da minha. – Temari uniu as mãos como se estivesse rezando. – Não te falei? Gaara me mandou uma mensagem ontem confirmando presença.

Na mesma hora, Sakura levantou o olhar da tela do celular e olhou para Temari.

Gaara viria? Gaara estaria ali? Quando ele iria chegar? Ele já estava no hotel?

— O que?

— É,  dá pra acreditar naquele pirralho? Confirmando em cima da hora só pra bancar a estrela. – Temari riu e Sakura podia jurar que ela teria revirado os olhos se pudesse mexer o rosto que estava parado enquanto o maquiador dava os retoques finais.

Sakura se ajeitou na pentiadeira, olhando para o reflexo, ela passou as mãos no cabelo ajeitando alguns fios que achava estarem fora do lugar.

— Sakura? – assistente a chamou. – Quer ajuda para colocar seu vestido?

Ela balançou a cabeça negativamente, sorrindo por educação indo ela mesmo colocar seu vestido no banheiro ao lado. Era um vestido longo roxo com um decote de coração e um decote não tão cravado nas costas, descendo em degrade até terminar em  lilás. 

Quando voltou para a sala que elas usavam, Temari já estava em seu magnifico vestido de organza branca, com um decote em canoa que deixava seus ombros livres com mangas de renda que cobriam seus braços  e ficavam mais largas perto do pulso.

— Você está linda. – Sakura comentou sorrindo para a amiga, que a olhou pelo reflexo do espelho.

— Obrigada.  

 A assistente da organizadora avisou que era a hora delas irem para o hotel, sem querer se atrasar – Temari odiava essa moda das noivas ficarem se atrasando – elas pegaram as ultimas coisas e foram para o carro.

Quando chegaram, a organizadora foi de encontro com eles, levando a familia de Temari para o altar, a loira tinha decidido que iria entrar sozinha pois, segundo a mesma, não precisava que ninguém a entrasse para Shikamaru como se ela fosse alguma posse que fosse ser transferida de um dono para o outro.

Se ela iria casar, iria caminhar sozinha e com os próprios pés até seu futuro marido.

Como sempre, aquela familia sempre surpreendia Sakura. 

A musica da entrada da noiva começou a tocar e Sakura se alinhou na frente de Temari ajeitando a  cópia reduzida do buque de Temari que estava em suas mãos, podia ouvir a organizadora dando intruções a assistente enquanto ajeitava o véu de Temari.

— Sakura? – Temari a chamou, Sakura se virou para ver o que era.

Ao virar, encontrou uma Temari que a maioria das pessoas achava que nem existia.

Os olhos verdes – tão diferentes dos de Gaara – olhavam receosos para a amiga, os ombros caídos e a expressão que quase beirava o panico.

 Sakura deu uma pequena corridinha até ela, a abraçando com força por alguns instante antes de a soltar.

— Tudo vai dar certo. – disse segurando a mão da noiva que não segurava o buque, a sentindo gelada de nervoso. – Quer dizer, na verdade, tudo já deu certo. – riu se corrigindo.

Temari respirou fundo e apertou a mão de Sakura uma ultima vez antes de a soltar, ajeitando o buque.

 — Tem razão. – Temari abriu um sorriso de lado que Sakura tinha visto várias vezes surgir também no rosto de Gaara. – É só um papel. – tentou não mostrar tanta importancia. – Qualquer coisa, se eu me arrepender, é só processar e tirar todos os bens dele. – falou com tanta tranquilidade e segurança que fez Sakura unir as sobrancelhas.

— Que?

— Brincadeira, eu amo aquele preguiçoso. – a loira riu da expressão horrorizada que Sakura tinha feito sem perceber. – Mas se ele sequer pensar em me trair eu arranco o pau dele fora. – completou a frase muito sério fazendo Sakura rir nervosa.

— Que bom então que ele é inteligente o suficiente pra nem pensar isso.

As duas riram e Sakura voltou a sua posição, a organizadora acenou e os dois funcionários abriram as portas. Sakura foi na frente ficando um pouco desconfortável quando todos a olharam, mas se acalmou quando perdiam o interesse nela e focavam  em Temari que vinha atrás.

Tentando não olhar para os lados, ela resolveu focar seu olhar no altar encontrando um Shikamaru realmente nervoso seus olhos brilhavam e ele abria e fecha um sorriso, como se quisesse se controlar, mas sua felicidade não deixava.Fora o noivo estavam Chouji, o padrinho por parte do noivo, a família Nara, o pai de Temari, o irmão Kankuro e...

Sakura não pode evitar arregalar os olhos ao reconhecer Gaara, com seus cabelos ruivos rebeldes, os olhos verdes pálidos circulados por grossos cilios escuros que quase pareciam um delineador, ele vestia um terno preto com uma gravata roxa da mesma cor que o vestido dela.

E ele olhava diretamente para ela.

Sakura desviou o olhar para seu pequeno buque, não conseguindo manter o contato visual e quando levantou, evitou olhá-lo ou ela sabia que seu rosto iria pegar fogo e ela iria querer sair correndo.

Ela se posicionou do lado da noiva do altar e esperou por Temari, tentou seu máximo fingir que Gaara não estava parado há alguns metros dela.

Temari entregou o buque para Sakura e segurou ambas mãos de Shikamaru, as apertando.

A cerimonia seguiu e foi muito emocionante, Sakura teve que segurar as lágrimas quando os dois fizeram seus votos e ela teve certeza que não foi a única. O padrinho Chouji, por exemplo, passou a cerimônia toda chorando só se controlando quando terminou e os convidados foram chamados a se sentar no salão que o jantar seria servido.

Sakura entrou hesitante no salão pouco depois dos noivos terem sido anunciados. Como ela bem sabia, tinha sido colocada na mesma mesa que seus amigos de colegial o que significava que ela se sentaria junto com Sasuke.

Respirou fundo, tomando coragem ela abriu seu melhor sorriso.

— Sakura-chan! – foi recebida por Naruto que fez questão de levantar para ir abraçá-la.

Ela nem precisou fingir um sorriso, a alegria que emenava do loiro contagiava qualquer um.

 Sua presença fez com que atenção que ela tinha sentido desaparecer, felizmente, Naruto manteve sua personalidade animada durante os anos, mas agora ele estava um pouco menos barulhento e mais maduro. Ao lado do loiro estava Hinata, era a primeira vez que Sakura via a amiga desde que ela tinha abandonado o curso de Direito que fazia na mesma universidade que Tenten e Neji e foi para outra cursar literatura descobrindo por acaso que Naruto também fazia curso naquela universidade.

Bem, foi por acaso e até um pouco clichê.

Hinata estava indo de uma aula para a outra quando encontrou com Naruto  saindo da sua própria aula. Ela só teve tempo de arregalar os olhos reconhecendo o loiro antes de desmaiar nos braços dele.

Apesar do começo, no minimo, estranho os dois se aproximaram bastante mesmo que a garota parecesse que iria desmaiar se ele chegasse muito perto então Naruto foi se aproximando aos poucos.

Sakura sorriu quando viu as bochechas de Hinata ficarem ainda um pouco vermelhas quando Naruto sussurrou algo no ouvido dela.

Parecia que finalmente Naruto tinha percebido a garota incrivel que estava ao lado dele e tinha começado a investir em algo com ela.

A atenção da rosada foi desviado do casal ainda não formada para o casal já formado e bem sólido, Tenten e Neji.

Neji, que estava ao lado de Hinata, vestia um terno preto com uma gravata vermelha da cor do vestido de Tenten que estava sentada ao seu lado, a garota tinha os cabelos cor de chocolate caindo sobre seus ombros em ondas largas e vestia um vestido vermelho escuro muito bonito.

Quando o colegial terminou, Hinata, Neji e Tenten, graças a bolsa de estudos esportiva que a familia Hyuuga deu, foram para a mesma universidade. Para diminuir os custos em viver em uma cidade nova eles tinham decidido dividir um apartamento que ficava perto da universidade, mas quando Hinata se rebelou contra as vontades do pai e deixou o curso, ficaram apenas Neji e Tenten.

Só levou um mês para a garota transformar todas as barreiras que Neji tinha em pó e entrar de vez no coração do prodigio Hyuuga.

Para conseguir viver juntos, eles decidiram deixar as brigas no colegial e exercitar um pouco mais da paciencia. O resultado foi impressionante, a quimica entre os dois fluiu muito bem.

Segundo Tenten, a declaração aconteceu quando os dois estavam vendo Mindhunter e Tenten estava tagarelando criando mil e uma teorias sobre a série, ela estava tão empolgada que só percebeu que Neji a encarava intensamente depois de alguns minutos.

Ela perguntou se algo tinha acontecido, ele respondeu que sim, ela perguntou o que era e Neji a beijou.Depois daquilo Tenten não pensou em mais nada, esquecendo a série, a máteria que tinha que revisar, o pão que Neji tinha dito que ia comprar e não comprou...

Nada mais passava na cabeça dela naquele momento e também pelo resto da noite quando os dois desistiram de vez de fingir que não amavam um ao outro.

Agora, olhando bem para os dois, Sakura não soube porque não tinha reparado antes o jeito que Neji olhava para Tenten o tempo todo.

Ao lado de Tenten estavam Ino, Sai e Chouji fechando a mesa.

Sai estava fazendo Design Artistico na universidade de Tsukuba, Ino embarcou em publicidade e propaganda em Tóquio e Chouji estava cursando engenharia de produção.

De um jeito ou de outro a vida deles seguiu e, apesar de se falarem pela internet, nada continuou igual e doía comparar como eles tinham sido um dia e como eram agora.

Sakura sorriu animada por ver seus amigos após tanto tempo.

De repente, a organização chamou todos para a pista para anunciar que Temari iria jogar o buque.

Todos da mesa se levantaram para ver a cena, Naruto era o único homem animado para ver a briga que ia ser pelo buquê. Sakura estranhou quando passou por Neji e o viu andar todo tenso.

As moças interessadas no buquê, isso incluia Ino que tinha quase sangue nos olhos de tanta voltade de conseguir o prêmio, se reuniram na pista de dança esperando.

Temari ficou de costas, balançando o buquê nas mãos.

— E um! E dois! E três! – as garotas se apertaram, ansiosas prontas para brigar pelo buquê. – E... – jogou o buquê criando uma mini-guerra entre mulheres na pista de dança.

Para tristeza de Ino, ela não conseguiu pegar o buquê que foi conquistado por uma prima de Temari, mas pelo menos rendeu algumas boas risadas.

A organizadora pegou mais uma vez o microfone.

— Agora, para abrir a pista de dança com grande estilo, apresento a vocês senhor e senhora Nara! – anunciou e Temari e Shikamaru foram para a pista dançar.

Aos poucos outros casais se uniram a Temari e Shikamaru dançando.

Sakura observou de longe os casais dançando, feliz em ver como Temari estava radiante rindo enquanto Shikamaru tinha as bochechas um pouco vermelhas e um bico nos lábios. Podia apostar que Temari estava zoando seu marido por alguma coisa, provavelmente Temari tinha soltado algo fofo e pegou Shikamaru de surpresa.

         Pelo canto do olho, Sakura viu alguem parar ao seu lado e ela se surpreendeu quando virou e encontrou Sasuke lá. Sua pele pálida parecia se destacar mais ainda com o terno preto bem alinhado, Sakura podia ter certeza que era de grife de tão bonito que era, e uma gravata preta.

Ele olhava para os casais como ela estava antes.

— Sasuke.

Ao ouvir seu nome, Sasuke desviou seu olhar para a garota e ao ser encarada de perto por aqueles olhos que ela costumava suspirar na adolescencia ela só pode pensar em uma coisa.  

Sasuke continuava lindo.

Ele abriu um pequeno sorriso e ela quase pode ver suas lembranças se agitarem, a lembrando de como tudo era bom.

— Sakura. – acenou com a cabeça. – Você está linda. – a elogiou, olhando de cima abaixo.

— Arigato. – agradeceu sentindo suas bochechas arderem com o elogio. – Como está? Faz tempo que nós não nos vemos.

Ela tentou abordar o tema o mais cautolesosa que pode, amenizando o maximo que pode toda a merda que aconteceu no termino deles.

Quer dizer, tinha sido um termino amigavel, um acordo entre os dois, mas não tinha sido fácil para ela.

É triste desistir do seu primeiro amor.

— Infelizmente o mundo corporativo tem sugado mais tempo do que eu pretendia. – eles riu, mas Sakura pode sentir que era algo forçado. – Mas acho que estou me adaptando bem.

Sakura abriu um sorriso leve.

— Fico feliz por isso. – e realmente ficava, ela sempre desejou o melhor para Sasuke.

Sasuke desviou o olhar para baixo, unindo as sobrancelhas. Como se estivesse desconcertado com o sorriso dela.

— E você? Como andam as coisas?

— Ah... Vão bem. – ela deu de ombros. – Estou fazendo residência no hospital central e acho que enlouqueci um pouco mais, porque adoro trabalhar lá. – riu.

Ele voltou a olhá-la quando Sakura riu, como se tivesse sido atraído pela risada dela.

— Chegou faz pouco tempo? Não o vi sentado com os outros.

— Na verdade, eu... – ele hesitou unindo as sobrancelhas, seu olhar desceu para o tecido do vestido dela. – Eu tinha saído para atender uma ligação e quando retornei vi que estava sentada na mesa, não sabia qual seria sua reação então decidi ficar afastado para não estragar a conversa entre vocês. – ele forçou um sorriso que logo morreu. – Vocês pareciam estar se divertindo.

Sakura engoliu seco, também  desviando o olhar.

Mesmo que o termino deles tivesse sido amigavel, ainda era um termino. A historia deles como casal tinha terminado e eles não tinham recomeçado muito bem a amizade deles.

— Sasuke... – começou sem saber muito bem o que falar.

— Eu fui um idiota mais uma vez, não fui? – ele deu um sorriso, mas que não chegava aos seus olhos tristes. – Eu tive uma segunda chance e mesmo assim eu não consegui merecer você. – o sorriso forçado que ele tinha se apagou.

Nem mesmo isso ele conseguia manter.

Podia enfrentar os corruptos da sua empresa, olhá-los nos olhos e não se sentir nenhum pouco intimidado, seus passos confiantes trilharam um caminho de ascensão até o topo, mas ali, ao lado da garota que tinha entregado seu coração a única que o conseguiu repensar qualquer decisão, a única que conseguiu passar por todas suas barreiras ele mal conseguia olhá-la nos olhos.

— Sasuke... – ela levou a mão até o antebraço dele, o segurando. – Eu amei você e sempre vou amar. – sorriu gentil para ele. – Mas nosso tempo passou. – ela engoliu á seco a vontade de chorar que a invadiu naquele momento, dizer aquilo em voz alta a machucava.

Sasuke a olhou no fundo dos olhos e, mesmo com o cabelo maior e o rosto com os angulos mais definitos, Sakura viu o garoto que ela amava no colegial a olhando como se ela fosse a pessoa mais importante para ele.

Sem dizer nada, Sakura o puxou pelo antebraço e envolveu seu pescoço, ficando na ponta dos pés para que seu rosto encaixasse no ombro dele.

— Eu sempre vou amar você. – ela ouviu ele dizer em voz baixa perto do seu ouvido, seus braços apertando a cintura dela.

Ela fechou seus olhos com força aproveitando o momento mais um instante antes de se separar, mantendo as mãos na cintura dele.

— Não importa o que aconteça, você sempre pode contar comigo.

Sasuke abriu um pequeno sorriso que foi retribuido por um maior da garota.

Um barulho de champanhe estourando chamou atenção dos doispara a pista de dança e foi onde Sakura viu, Gaara do outro lado da pista e por um momento achou que ele estava olhando para eles, mas esse momento foi tão rápido que Sakura achou que isso tinha sido coisa da sua cabeça.

Com as pessoas passando na frente, Sakura teve que esticar seu pescoço para tentar continuar a olhá-lo, mas mesmo assim acabou o perdendo de vista.

Ela ouviu Sasuke soltar uma risada baixa, o que fez a garota voltar a olhá-lo.

— Essa é minha deixa. – seu sorriso triste estava de volta e ele se afastou mais dela. – Foi bom te ver, Sakura. – disse se despedindo, ele virou de costas e acenou uma ultima vez de sair andando.

O que Sakura talvez nunca soubesse foi que Sasuke precisou sair dali, mais um momento e ele não sabia se aguentaria controlar suas emoções.

Não era novidade para ninguém que no colegial ele se sentia muito ameaçado pela presença de Gaara e ele achou que com Gaara indo embora aquele sentimento iria desaparecer com o tempo, mas não foi bem aquilo que aconteceu.

Por que simplesmente, Sasuke  não conseguia evitar pensar se Sakura seria mais feliz se Se Gaara estivesse no lugar dele.

E agora, vendo como o rosto dela se iluminou só de vê-lo.

Sasuke suspirou, controlando a vontade de olhar para trás, ignorar a ligação e ficar com Sakura pelo resto da noite. Ele não iria mais interferir.

Sakura olhava as costas de Sasuke enquanto ele se afastava, confusa com o comportamento dele. Depois que o perdeu de vista, Sakura decidiu ir até o bar.

Já tinha passado tempo demais sóbria.

Ela estava esperando por seu drink quando viu Gaara no jardim, perto do arco de flores onde tinha sido realizado a cerimonia, mas que agora estava vazio. Ele estava de costas para a festa e parecia bem pensativo, uma das mãos estava dentro do bolso da calça e na outra mão ele segurava um copo com algo que parecia whiskey.

— Aqui, senhorita. – o barman disse chamando a atenção da garota, que viu seu drink pronto no balcão.

Sakura agradeceu com um pequeno sorriso e pegou o drink, balançando a taça fazendo o liquido se movimentar dentro enquanto ela pensava.

Estaria fazendo um papel de trouxa enorme indo atrás dele quando ele mesmo não foi atrás dela ou tentou se aproximar, estaria sendo incoveniente?

Não era como se tivesse sido ele quem teve a iniciativa deles serem amigos, não é? Ela riu relembrando como tinha sido suas primeiras tentativas de se aproximar de Gaara.

 Com as lembranças ainda em mente, Sakura se aproximou com o drink na mão, parando ao lado dele. Levou alguns instantes para Gaara desviar o olhar para Sakura.

— Ora, ora, se não é nossa medica formada em medicina trabalha na empresa medicina.

Depois de anos sem se falar direito, aquela era a primeira coisa que Gaara falava era zoando ela? Sakura riu, só podia ser o Gaara mesmo.

— Ora, ora, se não é o fotografo de Instagram. – devolveu a zoação ganhando um sorriso de lado debochado que ele sempre teve.

Pelo o que soube por Temari, depois de sobreviver alguns meses como barmen, Gaara fez um curso de fotografia e era muito bom naquilo. Em pouco tempo, ele ganhou fama com suas fotografias e na internet a arte dele, que retratava ambientes urbanos, comportamento e coisas do cotidiano que na lente dele ganhavam outras interpretações coisas que passavam batido dos olhares comuns.

Ele tinha achado seu caminho sozinho, mostrando ao mundo a sua visão dele.

Gaara estreitou os olhos e o sorriso debochado cresceu, ele levou o copo de whiskey até os lábios tomando um pequeno gole.

— O que faz aqui? – perguntou depois de engolir a bebida.

— Sou a madrinha, sabe? Acho que isso me da direito de transitar por qualquer lugar. – ela respondeu atrevida tomando um gole do seu próprio drink.

— Por isso mesmo, outras pessoas podem estar sentindo sua falta. – ele voltou a desviar o olhar para o jardim, seu sorriso diminuiu.

— Outras pessoas também podem estar sentindo sua falta. – retrucou com um sorriso brincando nos lábios dela, provocativa usando a frase contra ele.

O ruivo soltou uma risada ironica.

— Outras pessoas quem? Minha família que a maioria veio só pra comer e ver se a Temari desencalhou mesmo? Meu pai que nem queria que eu tivesse vindo? Ou meu irmão que virou um cópia do velho? Acha mesmo que essas pessoas sentiram minha falta? – ele soltou outra risada irônica balançando a cabeça negativamente

 A rosada uniu as sobrancelhas, comprimindo seus labios. Sabia que a situação dele com a família era complicada, mas...

— Eu senti. – a confissão escapou por seus lábios antes que ela pudesse se controlar.

Mesmo que tivesse saído sem querer, Sakura não desviou o olhar quando os olhos verdes pálidos de Gaara se voltaram para ela, a olhando nos olhos um pouco surpreso.

— Sakura...

— Por que, Gaara? – soltou a pergunta não aguentando mais fingir que aqueles anos em silêncio não aconteceram. – Você sumiu por anos! Por que fez isso?

O ruivo suspirou abaixando o olhar, ele balançou a cabeça negativamente.

— É complicado...

— Complicado?! – ela estreitou os olhos não acreditando que ele ia usar uma desculpa tão esfarrapada, trincou os dentes balançando a cabeça negativamente. – Arrume uma resposta melhor que essa, seu merda. – cuspiu as palavras.

Ela normalmente não era tão agressiva daquele jeito, mas ela sabia que Gaara aguentava levar algumas verdades na cara, até porque ela lembrava muito bem dele se sentir o dono da verdade metralhando elas em Sakura durante o colegial. Estava com muitas coisas engasgadas em sua garganta para se preocupar com usar palavras delicadas para abordar o assunto.

— Sakura, realmente não é o melhor momento. – Gaara disse balançando a cabeça negativamente, ele se virou indicando que iria se afastar.

Os ombros da garota caíram conforme ela soltava um suspiro triste, os olhos verdes arderam como um sinal das lágrimas que queriam vir então ela os fechou com força.

— E quando vai ser, Gaara? – ela perguntou em voz baixa sem olhá-lo.

Sakura suspirou.

— Você  não entende. – ela ouviu Gaara dizer em voz baixa mesmo com a música alta vindo da festa.

A garota se virou encontrando Gaara parado de costas um pouco mais distante de onde ela estava. Claramente ele tinha parado de se afastar assim que Sakura o questionou.

— Então me explica! – pediu sentindo sua garganta se apertar, oh não, outro sinal que o choro estava próximo.  – Por que desapareceu, Gaara? Por que não me respondia direito?

Ele soltou uma risada forada e debochada.

— Não aja como se isso tivesse feito diferença. – o ruivo virou, a olhando  com descrença e zombaria. – Não tinha outros amigos e um namorado namorado para preencher a lacuna que eu deixei? Porque você se virava bem antes de mim.

A boca da rosada se abriu e as sobrancelhas dela se uniram, demonstrando completa indignação . Ela se aproximou dele pisando forte enquanto Gaara, reagindo a aproximação dela, apenas bebeu o restante do seu whisky  e deixou seu copo em uma das cadeiras vazias do jardim, colocando ambas mãos dentro dos bolsos da calça.

— Você era meu melhor amigo! Claro que faria diferença! – a resposta dela desarmou a máscara que Gaara queria tanto manter e para se proteger dos olhos da garota que imploravam por respostas, ele desviou o olhar. – Então pare com essa cena de “eu não me importo” e aja como um homem!  Me diz, pelo menos, por que nunca voltou? – despejou mais um questionamento.

Ela tinha decidido, não sairia dali sem algumas respostas. Não deixaria sua amizade com Gaara morrer sem tentar mais uma vez .

— Porque eu não podia! – ele soltou de uma vez. – Porque eu... – ele suspirou, trocando o peso de uma perna para a outra. Seu olhar perdido no chão não conseguia se focar em uma coisa só. – eu não conseguiria. – completou em voz alta.

Notando que o escudo que Gaara normalmente carregaria tinha se partido entçao ela aproveitou aquela brecha para se aproximar mais dele, parando a poucos centímetros.

— Gaara...

— Isso tudo é sem sentido. – ele respirou fundo como se estivesse tentando se conter.  – Não vai nos levar a lugar nenhum. – tentou mais uma vez se afastar só que dessa vez Sakura segurou seu antebraço, o impedindo. – Sakura. – a repreendeu com o rosto virado para lado contrário que ela estava.

— Por favor...

— Eu não.. – puxou seu braço do aperto dela com delicadeza. – Você deveria voltar para o seu namorado, lembro que ele ficava bem nervosinho. – forçou uma risada.

Sakura bufou impaciente, passando a mão no rosto.

— Tá vendo? Faz tanto tempo que você não fala comigo que ainda acha que eu to namorando com o Sasuke! – brigou exasperada, perdendo a paciência para continuar naquele lenga-lenga. – Sai dessa caverna que você se entocou nesses ultimos anos!

As sobrancelhas do ruivo se uniram e ele parecia estar em completa confusão, mas Sakura não percebeu pois seu celular vibrou com uma nova mensagem de Temari querendo saber onde ela estava.

— Olha, tenho que ir. – informou suspirando. – Foi bom te ver, Gaara. – disse o olhando uma ultima vez antes de colocar o celular de volta ao decote.

Sakura se apressou para sair do loca, mas que fosse longe, Gaara se colocou em seu caminho.

— Você e Sasuke terminaram.

Ela chiou, irritada por ele se atentar somente a aquilo.

— Por Kami! Qual é sua fixação com isso? – questionou irritada. – Sim, eu e Sasuke terminamos, feliz? Você estava certo! Era namoro de colegial! – explodiu sem paciência e levou as mãos até os braços dele para tirá-lo de seu caminho. – Agora se me dá licença...

A surpreendendo, Gaara segurou os braços dela a prendendo ali.

Sakura o olhou confusa e ainda pouco irritada, ficando mais ainda ao ver que um sorriso queria se abrir no rosto dele.

Ela tentou se libertar do aperto dele, o que fez Gaara a puxar mais pra perto, agora seus rostos estavam a poucos centímetros de distancia. Os olhos da garota se arregalaram um pouco, vasculhando por todo o rosto pálido do garoto algum indício de qual seria a próxima ação de Gaara.

— Me perguntou por que não voltei antes, por que não falava direito, por que desapareci. – ele dizia a olhando nos olhos, verdes pálidos nos verdes esmeraldas. – Quer saber a verdade?

— Sim. – a resposta saiu fraca e baixa dos lábios da garota, hipnotizada pelo olhar dele.

— Porque eu não poderia suportar fingir que a garota que eu amo não estava namorando com outro cara.

Sakura arregalou totalmente os olhos, tanto que  sabia que faltava pouco para saltarem para fora.

Não podia acreditar, não conseguia acreditar.. Gaara, ele... Não, seria mais uma das gracinhas dele?

Ela estreitou os olhos e já iria soltar uma resposta debochada, mas desistiu ao notar a intensidade com que Gaara continuava a olhá-la.

 — Gaara...

— Antes de fazer uma besteira muito grande, eu preciso saber. – Gaara engoliu seco, levando uma das mãos até o rosto dela, delicadamente alisou a linha da mandibula dela. – Dessa vez eu tenho chance?

Sakura respirou fundo bem lentamente, tentando controlar seus nervos.

Depois de todos aqueles anos... Gaara estaria mesmo falando sério? Porque era difícil de acreditar.

— Gaara, eu... – assim que ela començou a falar a mão de Gaara despecou do rosto dela e soltou o outro braço dela, se afastando. – É difícil pra mim entender, hoje de manhã eu achava que você não voltaria e agora você fala que sumiu porque achava que eu ainda estava namorando? Eu preciso de algo mais concreto que isso.

Ele bufou se afastando completamente dela, se virou levando as mãos a cabeça, bagunçando ainda mais os fios ruivos.

— Eu fiz isso porque amo você! – despejou de uma vez como se aquilo estivesse entalado em sua garganta por tempo demais. – Mas que merda! – xingou com seu rosto vermelho, entregando sua raiva. – Então para de enrolar, eu não preciso disso, não preciso que seja boazinha, preciso de uma resposta concreta. – pediu ainda sem olhá-la.

Ele podia dizer aquilo tudo, estufar o peito e parecer imbatível, mas não conseguiria olhá-la nos olhos enquanto Sakura o rejeitava.

Alguns momentos de silêncio se passavam onde Sakura tentava absorver tudo aquilo.

Então Gaara gostava dela? Mas, como? Ele sempre tinha deixado claro depois que eles tinham algo parecido com um momento que ele não queria nada sério, mas...

“— E se quiser minha opinião, você vai ser uma ótima médica. – olhou para ela ainda com aquele sorriso de lado. – Você é boa em química e melhor ainda em biologia, tudo que te falta é confiar em si mesma. “

Gaara a tinha apoiado totalmente quando cogitou medicina e ainda a ajudou a estudar. Do jeito que a irritava, a impulsou a mudar sua vida, a tomar atitudes.

Até aquelas que ela achou que fossem erradas na hora.

“— Então você quer atitude? – ela falou e se debruçou sobre a mesa segurando o rosto pálido do ruivo entre as mãos, esmagando seus lábios nos dele.”

E disse coisas que a magoaram na hora, mas que agora ela via que eram necessárias.

“– Pare de passar vergonha e admita para si mesma. – ele lançou um olhar frio a ela. – Você foge do que faz e do que quer fazer, foge do futuro, quando faz o que quer se esconde pra não ter que encarar as pessoas, não consegue encarar o garoto que gosta, nem falar que gosta dele direito, deixa as pessoas pisarem em você enquanto você fica calada só pra parecer a boa moça. – ele a olhou de cima a baixo, a medindo. - Você consegue se olhar no espelho sem pensar que é uma covarde? Porque é isso que você é, uma covarde. – as palavras saiam duras e cruéis dos lábios atingindo a garota em cheio, os olhos pálidos dele estavam vazios.”

E ele sabia até mesmo ser fofo da maneira dele...

“— Estou orgulhoso de você. – ele disse brincando com os dedos dela. — Aquilo que a Ino queria, pra mim não importava, eu não ligo  para o que o Uchiha vai falar ou o que os outros vão pensar. – deu de ombros. – Mas ver você ali, impondo sua personalidade, sua opinião... – ele deu uma pequena risada e ergueu a mão dela que estava entrelaçada a sua até os lábios, depositando um beijo cálido nos nós dos dedos dela. – Aquele foi talvez o momento onde eu mais quis te beijar. – disse roçando os lábios ainda na mão dela.”

E as vezes o ditado toda brincadeira tem um fundo de verdade.

“— Se vierem me perguntar, vou dizer que está partindo meu coração me abandonando por uma holandesa. – ela respondeu entrando na brincadeira.

— Em minha defesa, digo que você partiu o meu primeiro escolhendo o Uchiha. – ele inclinou a cabeça para o lado por um momento com um sorriso debochado.

Sakura estreitou os olhos, o sorriso nos lábios dele ainda estava lá, mas não parecia mais tão correto.

Seria mais uma gracinha ou Gaara estava...”

Ela engoliu seco voltando a olhá-lo, Gaara ainda estava virado de costas para ela esperando seu veredicto, orgulhoso ele tinha aquela expressão fechada no rosto.

 Todo o tempo, Gaara tinha sido seu guia, seu melhor amigo, aquele não tinha medo de bater com verdades na sua cara mesmo que a magoasse, o idiota orgulhoso que arrumava briga por tudo.

Um idiota que ela amava e que sentia muita falta. Sua vida não tinha sido a mesma sem ele e ela não gostaria de continuar sem ele.

Sakura soltou uma risada.

— Eu não acredito que senti saudade de um idiota como você. – declarou enquanto balançava a cabeça, então agarrou o antebraço dele e o puxou, fazendo com que Gaara a olhasse.

— O que... – ele soltou sem entender.

Sakura o puxou pelo antebraço com força fazendo Gaara tropeçar desequilibrado enquanto ia até ela. Ele mal teve tempo de se equilibrar nos próprios pés quando Sakura levou sua outra mão até o rosto dele, puxando o rosto dele contra o seu, unindo seus lábios.

Ao sentir os lábios macios da garota, Gaara arregalou os olhos por um instante antes de fechá-los e aproveitar o momento que acabou antes que ele pudesse tentar relembrar dos antigos beijos.

Sakura se afastou anda mantendo a mão sobre o rosto dele, Gaara abriu os olhos dando de cara com duas esferas verdes brilhantes o olhando, divertida. Nos lábios que ele tinha beijado a pouco, um sorriso de lado bastante convidativo.

Provavelmente, Sakura iria soltar alguma gracinha, o zoando, mas ele foi mais rápido, a pegando desprevenida, Gaara voltou a beijá-la. Devorando seus lábios, em uma intensidade que Sakura realmente não esperava.

Seus beijos anteriores não significavam nada comparados a aquele.

Gaara a chama, a provocava, a convidando para sua bolha onde nada – nem mesmo a música alta da festa – conseguia penetrar. Sua língua buscava a dela e a envolvia, explorando, acariciando e quando eles se afastavam para girarem seus rostos, seus lábios não desconectavam.

Ao sentir as mãos se Gaara segurando sua cintura, apertando seu corpo contra o dele, Sakura inclinou o rosto para cima e, mordendo o lábio para abafar, um gemido escapou conforme o arrepio percorria seu corpo.

O aquele gemido baixo, sufocado chegou aos ouvidos como uma droga, acelerando seu coração e fervendo seu sangue.

Ele levou uma mão a nuca dela, entrelaçando seus dedos nos fios rosados puxou o cabelo dela para baixo expondo o pescoço dela. A pele alva que ele sempre observou a distancia, agora tão perto dela era tentador demais.

Ele deslizou os lábios, apreciando a textura, o perfume que exalava misturado com o cheiro cítrico do xampu dela. Não resistiu em raspar os dentes no local.

— Gaara. – o nome dele saiu com um suspiro da boca dela.

Ele subiu o olhar, voltando a olhá-la nos olhos se surpreendendo ao vê-los tão entregues a ele. Sakura nunca o olhou daquela fora, como se não tivesse outro em sua mente, só ele e isso o lembrou que haviam centenas de pessoas ali que podiam vir estragar seu momento.

— Vamos sair daqui.

Sakura se afastou um pouco mais, o suficiente para olhá-lo bem nos olhos, com uma expressão desconfiada.

— Vai fugir mais uma vez?

— Está brincando? Daqui eu só fujo pra sua cama. – soltou sem nem pensar.

A resposta fez com que Sakura arregalasse os olhos.

— O que?

— Sabe quanto tempo eu esperei por isso? Sabe quantas noites eu só tinha a minha mão e...

— Gaara! – o interrompeu.

O ruivo riu, a mão que esava na nuca dela fez um carinho no local, sentindo a garota amolecer com o carinho. Os olhinhos verdes esmeraldas piscando preguiçosamente para ele, o nariz levemente arrebitado, os lábios entre abertos...

Não resistiu, selando mais uma vez seus lábios nos dela.

Por Kami, como tinha sido idiota por nunca ter arriscado tanto por não ter batalhado mais com Sasuke por ela.

O momento dos dois foi interrompido por um grito vindo de uma mulher aparentemente muito bêbada.

Sakura se afastou de Gaara, segurando sua mão com seus dedos entrelaçados.

— Vamos fugir daqui. – disse com um sorriso sapeca.

Gaara deu famoso sorriso de lado, tomou iniciativa e puxou a garota, saindo pelos fundos escondido de todos. 

Faz tempo desde que estive aqui

Faz tempo, mas estou de volta à cidade

E dessa vez não partirei sem você