You and I. escrita por Lobo


Capítulo 47
Formatura


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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— Alguém me belisca porque eu não to acreditado que esse idiota se formou. – Ino brincou sussurrando para Sakura.

Elas aguardavam sentadas junto com o resto da turma nos lugares reservados na frente do auditório, os familiares estavam sentados logo atrás aplaudindo cada vez que seu familiar era chamado para receber o diploma.

Ino podia não estar acreditando que aquele idiota estava se formando, mas Sakura não conseguia acreditar que nenhum deles estava se formando.

Quer dizer, a memoria de Naruto desmaindo enquanto eles dissecavam um sapo na aula de biologia ainda estava bastante fresca na memoria dela para acreditar que eles estavam se formando. Se formando!

Ela abriu um sorriso nervoso, sentindo algo se revirar dentro da barriga completamente desconfortável com a situação.

Ao mesmo tempo que estava feliz pelo ano ter acabado, não estava.

Apesar de todo o estresse por conta dos exames nacionais e o proprio colégial e seus dramas,  já estava acontumada com aquilo, e o incerto da vida depois dali era algo que estava a incomodando.

Como seria sua vida depois dali? Ela nem sabia se tinha passado para alguma faculdade! E se não tivesse? Como explicaria para o seus pais? Deveria desde já ir atrás de um emprego para não se tornar um fardo? Seus amigos a tratariam da mesma forma?

Sakura se remexeu na cadeira, desconfortável.

Sasuke a abandonaria?

— Sakura? Tá tudo bem? – Ino perguntou segurando o braço da rosada. – Por um momento achei que você fosse vomitar.

Ela sorriu, nervosa e balançou a cabeça negativamente o que foi o bastante para a loira.

E se ela passasse? Além de começar uma faculdade em que precisava dar o seu melhor para ser capaz de salvar vidas, ela também teria que se mudar para outra cidade completamente sozinha e teria que se virar.

Estava pronta para aquilo? Para ficar longe de tudo que lhe dava segurança?

— Sakura? Sakura! Estão te chamando! – Ino a cutucou, chamando sua atenção.

Sakura levantou no pulo quando ouviu seu nome ser chamado mais uma vez pelo orador e correu, chegando quase a tropeçar, provocando algumas risadas.

— Arigato. – agradeceu se curvando, erguendo as mãos tremulas para receber o diploma e como diploma em mãos se curvou mais uma vez antes de se virar para posar para as fotos.

Voltou correndo para o lugar onde estava sentada, Ino riu da falta de atenção da amiga.

Sakura viu o restante dos amigos serem chamados antes de todos formados serem convidados a se levantar para a foto ofical, com todas as formalidades cumpridas a bagunça entre os alunos foi inevitável até mesmo Gaara, que tinha ido de excluído para um dos melhores amigos de Sakura.

Os formandos foram liberados das formalidades e foram se encontrar com seus familiares o que tornou o lugar uma bagunça só de felicitações e flashes das milhares de fotos que tiraram para gravar o momento.

Sakura olhou ao redor procurando seus pais, observando que alguns dos seus amigos já tinham encontrado seus parentes.

O primeiro que viu foi Ino posando para mil e umas fotos com seu diploma, perto dela, Tenten estava junto com o pai e ele parecia muito orgulhoso do feito da filha o que era uma visão bastante diferente da familia Hyuuga.

O pai da Hinata basicamente ignorava a filha, parecendo muito notar a presença dela ali, na verdade sua atenção estava em uma conversa com Neji.

— Sakura? Sakura! – ela procurou da onde vinha o chamado, encontrado Temari proxima dela a chamando com a mão.

Ela abriu um grande sorriso e correu até a garota de cabelos cor de areia.

— Parabéns... – Temari a abraçou apertado. – E obrigada por tudo que fez pelo meu irmão.

As duas se separaram e Sakura a olhou confusa não deixando de sorrir.

— Você sabe... Obrigada por ser amiga dele. – agradeceu parecendo bem sincera. – Ele sempre foi meio problemático e excluído, mas ter você como amiga ajudou muito.

Sakura riu nervosa, sentindo suas bochechas corarem.

— Gaara também me ajudou bastante.

— Uma mão lava a outra, mas nenhuma entrou dentro da calça de ninguém como eu esperava, uma pena. – Temari disse fazendo um biquinho numa falsa expressão triste.

Que?

Sakura arregalou os olhos sentindo seu pegar fogo.

— O que vocês duas estão falando ai? – como se tivesse sido invocado por algum ritual, Gaara apareceu atrás das duas.

Sakura pulo com o susto e Temari riu alto, bagunçando o cabelo do irmão ignorando o fato dele ser mais alto que ela. Pelo jeito, Gaara sempre seria um pirralho na visão dela.

— Estamos falando sobre a surra que vou te dar se descobrir que tá fumando maconha lá na Holanda. – Temari o ameaçou crispando os lábios e Sakura achou que faltou pouco para ela soltar raio pelos olhos.

— Fala isso, mas teu namorado parece fumar a Amazonia inteira. – Gaara revirou os olhos.  

— Acha que eu gosto disso? Aquele idiota tá fudendo os pulmões dele. – Temari resmungou apertando os lábios. – Aleas, cadê ele?

Gaara apontou para frente e Sakura teve que ficar na ponta do pé para conseguir ver o cabelo arrepiado do pai e de Shikamaru se destacando na multidão

— Ele... – pela primeira vez desde conhecia a loira, Sakura a viu hesitar. – Ele tá com a familia?

— Está com medo Temari? – Gaara provocou a irmã com um sorriso diabolico nos lábios.

— Claro que não! – ela rebateu parecendo ofendida com a pergunta de Gaara, então, apertando a madibula, ergueu o nariz. – Quer saber? Tchau para vocês! – disse pisando forte, indo na direção que o ruivo tinha apontado.

Sakura observou a cena se segurando para não rir da situação.

— Você é manipulador barato, ouviu bem, Gaara?

O garoto ergueu um dos cantos da boca, em um sorriso presunçoso.

— Nunca disse que não era. – a resposta dele fez Sakura balançar a cabeça negativamente enquanto rindo.

— Tenho que ir, não estou achando meus pais e é bem provavel que eles já estejam lá fora. – ela fez uma pequena careta. – Minha mãe odeia multidões.

— Somos dois. – ele fez uma expressão nada agradavel quando uma garota passou como um trem desgovernado, batendo com força no ombro dele. – Vamos, eu te acompanho até lá fora.  – bateu o ombro no dela.

Para cruzar a multidão Gaara foi na frente brindo caminho, porque ele não tinha menor problema em empurrar as pessoas para saírem do caminho e se o xingavam, já se arrependiam depois de ver a careta mal-humorada dele.

E se tem uma coisa que o Gaara sabia fazer bem, era uma cara de mau. Não era atoa que por todo aquele tempo antes de se aproximar de Sakura as pessoas achavam que ele era um deliquente psicopata.

Enquanto Gaara fazia cara de mau, Sakura ia segurando o braço dele para não se perder.

— Gaara! – ela chamou a atenção dele quando o mesmo começou a ir mais rápido e ela quase caiu tentando acompanhá-lo.

Ele não respondeu, puxando para cima o braço que ela segurava pegando a mão dela, entrelaçando seus dedos. Gaara a olhou por cima do ombro, perguntando pelo olhar se ela estava bem, Sakura assentiu e os dois voltaram a andar pela multidão.

— Até que enfim! – Gaara declarou do lado de fora.

Sakura respirou fundo, aliviada por não estar mais na multidão.

Ela olhou ao redor, sentindo a nostalgia a preencher a cada lugar que seus olhos batiam. Se abraçou, sentindo seu coração se apertar e os pensamentos de antes voltarem a sua mente.

Não estava pronta para dizer adeus ao colegial. Não estava pronta para dizer a tudo que viveu ali.

— O que foi? – Gaara perguntou  quando a viu perdida nos próprios pensamentos em vez de estar procurando seus pais como devia.

— Não sei, eu só.... – ela suspirou. – Não sei se estou pronta ainda para crescer. – admitiu com um sorriso triste nos lábios.

O garoto uniu as sobrancelhas, sua cabeça se inclinou para o lado, confuso sobre aonde Sakura queria chegar com aquilo.

— Do que você está falando? Mais uma semana nesse maldito colegial e eu teria que me enforcar. – zombou.

Sakura fechou os olhos, abaixando o rosto enquanto ria.

— Não fala besteira, fale sério. – ela  levantou o rosto, um sorriso de dois gumes, tanto triste quando leve, nos lábios. – Não vai sentir saudade de nada aqui?

Ele olhou ao redor e deu de ombros.

— Não. – disse simplesmente.

— Gaara...

— Sakura, meu colegial foi muito diferente do seu não me entenda mal. – ele sorriu amarelo, passando a lingua pelo lábio inferior. – Não guardo muitas memorias boas daqui.

A expressão de Sakura caiu e Gaara viu quase um biquinho surgir nos lábios dela. Lá estava Sakura fazendo sua carinha de bebê triste.

— Nenhuma mesmo? – ela  chutou uma pedra com o pé, acanhada. – Nem da nossa amizade?

Gaara piscou várias vezes, pensando bem no que iria dizer.

Desde que tinha conhecido a garota, uma das coisas que ele aprendeu na marra de muitos desentendimentos era que sua sinceridade e a forma objetiva com que ele via as situações muitas vezes em vez de abrir os olhos só machucava os sentimentos dela então Gaara estava tentando ser um pouco mais...

Como ele podia dizer? Delicado? Gaara fez uma careta com o pensamento.  Ser delicado ou sensível com os sentimentos de outra pessoa ainda era um campo desconhecido para ele.

— Pra falar a verdade, você trouxe mais problemas ainda. – disse se fingindo de sério o que fez a garota arregalar os olhos. – Fora que com você, veio junto seus amiguinho e aquele idiota do Uchiha sempre querendo arranjar briga.

Ela uniu as sobrancelhas, fechando a cara para ele a expressão fofinha deu lugar a algo que parecia um filhote de cachorrinho com raiva.

— Você também  não foi das melhores companhias, ok? Arranja briga por tudo, ficava putinho do nada, era, quer dizer, é grosso pra caramba, sempre me tratando com patadas. – listou os defeitos dele, subindo um dedo a cada exemplo.

— Não se engane, se não fosse por mim seu ano teria sido uma droga.

— Por Kami, você é arrogante demais. – ela bufou balançando a cabeça negativamente.

Gaara revirou os olhos e riu.

—– Não ria de mim! – exigiu fazendo mais uma vez seu biquinho o que fez Gaara rir mais.

— Não vá fazer nada idiota enquanto eu estiver longe, hein? – ele pediu depois de um tempo.

A mudança de assunto fez os ombros da garota caírem, a desarmando.

Desde o inicio, Gaara sempre tinha dado indicios de que não iria seguir o destino comum do resto dos estudantes e ingressar em uma universidade. Não, as ideias dele passavam longe dos clichês adolescentes e a pressão dos pais, afinal, Gaara nunca teve uma boa relação com o pai e a ultima coisa que faria seria algo para tentar buscar a aceitação dele.

Não, Gaara já tinha passado muito do ponto de ainda esperar por algo do pai, ele agora queria fazer seus passos bem longe.

Ele queria desafios, lugares a serem descobertos, pessoas diferentes... Gaara queria trilhar seu proprio caminho.

Enquanto ela sentia tanto medo de dar o primeiro passo, Gaara já estava pronto para se jogar de cabeça no desconhecido e aquilo assustava Sakura porque ele não escondia que queria deixar aquilo tudo para trás.

E se isso significasse deixar ela para trás também ?

O clima pareceu pesar.

— Você embarca ainda essa semana? – ela perguntou olhando para os proprios pés.

— Amanhã. – respondeu observando as reações dela, como o brilho tinha sumido em partes do rosto dela.

Ela soltou um suspirou se encolhendo mais. 

— Gaara, eu... – ela brincava com os dedos parecendo em duvida se falava ou não. – Eu queria ser mais como você, mas eu estou com medo.. – admitiu de uma vez, apertando suas mãos que parassem de tremer de nervoso. – Eu estou com tanto medo de enfrentar tudo sozinha.

Gaara, que tinha ouvido tudo em silêncio agiu antes que ela pudesse reagir, passou o braço por trás da cabeça dela e a puxou para o seu peito em um abraço desajeitado.

Aquilo fez com que Sakura esquecesse na hora o que estava falando e arregalasse os olhos, corando bastante.

— Você não está sozinha, Sakura. – a voz do ruivo chegou baixa no ouvido dela. – Nunca vai estar. – alisou o topo da cabeça dela. – Você tem sua família, seus amigos e, mesmo que eu não vá muito com a cara dele, você também tem o Uchiha.

Sakura fechou os olhos com força.

Na viagem àToquio quando ela e Sasuke conversaram, ela tentou ser o mais positiva possível, tentou se mostrar forte, mas a verdade era que os mesmo pensamentos que ele tinha também rondavam a mente dela.

Conseguiriam manter um namoro a distancia? Depois de todas as reviravoltas, será que o que eles tinham era forte o suficiente para isso?

Gaara desfez o abraço desajeitado vendo que a garota continuava de cabeça baixa.

— Agora para de fazer essa carinha de cachorro sem dono, as pessoas já estao começando a olhar achando que eu to fazendo algo contigo. – ele dissesem paciencia o que fez a garota voltar a olhá-lo

 Ela sabia o que ele estava fazendo, aquela era a maneira nada comum de Gaara tentar lhe animar.

— Se vierem me perguntar, vou dizer que está partindo meu coração me abandonando por uma holandesa. – ela respondeu entrando na brincadeira.

— Em minha defesa, digo que você partiu o meu primeiro escolhendo o Uchiha. – ele inclinou a cabeça para o lado por um momento com um sorriso debochado.

Sakura estreitou os olhos, o sorriso nos lábios ainda estava lá, mas não parecia mais tão correto.

Seria mais uma gracinha ou Gaara estava...

— Vá procurar seus pais. – ele indicou com a cabeça para o lado onde estava mais movimentado, onde provavelmente os pais dela estavam.

Ela inclinou o corpo para o lado para ver atrás dele, vendo a multidão que estava no auditorio estava saíndo.

— Não arranje confusão. – ela pediu  dando pequenos passos, porém parou, combro a ombro com ele. – Não sem mim para rir de você machucado depois. – completou com um meio sorriso antes de voltar a andar.

Sakura não voltou a olhá-lo, mas jurava que pode ouvir o riso baixo dele enquanto ela se afastava, se enfiando no meio da multidão atrás do pai e da mãe.  Não lembrou muito tempo para encontrá-los, abraçando cada um com bastante força.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou notando os pais um pouco apreensivos depois de terem a felicitado.

Mebuki olhou para o marido, que assentiu parecendo dar permissão para algo.

— Enquanto você estava viajando, chegaram algumas cartas para você. – Kizashi começou falando enquanto a esposa revirava a bolsa tirando de lá envelopes brancos.

Sakura sentiu sua garganta secar sabendo o que provavelmente continha dentro daqueles envelopes.

Tentando não parecer tão tremula, ela pegou os envelopes, mas não os abriu, na verdade, parecia até que tinha recebido seu atestado de morte de tão branca que tinha ficado.

Os pais dela se entreolharam, estranhando o comportamento da filha. Esperavam que ela fosse rasgar os envelopes, não aquilo.

— Querida, está tudo bem? – Mebuki perguntou.

Sakura piscou várias vezes parecendo acordar  e sorriu nervosa.

— Eu... – engoliu seco. – Vou deixar para abrir em casa. – sorriu mais uma vez nervosa. – Desculpem, eu tenho que ir me despedir da Hinata, fiquei sabendo que o pai dela já quer ir embora. – ela inventou qualquer desculpa.

Kizashi olhou com as sobrancelhas unidas para a mulher, que pelo o olhar o respondeu o acalmando.

— Tudo bem, nós nos vemos em casa. – Mebuki respondeu pelos dois e eles se despediram da filha que saiu correndo dali.  

Ela não se importou de ter parecido estranha para os pais, só se preocupou em sair de perto de todas as pessoas, acabando por parar no patio da escola onde tantas vezes tinha ficado no intervalo.

Sua nostalgia pelo lugar que marcou tantas historias da sua vida escolar, historias boas e nem tão boas assim – ela se lembrava melhor do que queria das brigas que tinham acontecido ali – foi deixada um pouco de lado ao ver Sasuke sentado sozinho na mesa que eles constumavam sentar.

Ele olhava para a tampa da mesa e Sakura não precisava se aproximar para ver que eram os desenhos que Naruto tinha gravado há muito tempo atrás na madeira.

Um pequeno sorriso apareceu no rosto dela enquanto Sakura admirava a cena, indo até ele se sentando ao lado dele perto o suficiente para seus braços se encostarem.

— Não achei que te encontraria aqui. – comentou depois de se acomodar.

— Queria fugir da multidão. – ele respondeu dando de ombros.

Ela seguiu o olhar até as mãos dele, vendo que o mesmo dedilhava o desenho que Naruto tinha feito a tantos anos atrás dos três e não controlou po sorriso que surgiu em seu rosto.

Haviam mil e um lugares para Sasuke fugir da multidão além daquele.

Sakura colocou os papeis de lado e entrelaçou seu braço no dele, levando a mão que estava livre até o desenho, também dedilhando as linhas do desenho.

— Eu não acredito que é nosso ultimo dia como estudantes aqui. – ela disse ainda concentrada em seguir as linhas, a nostalgia fazia seu coração pesar.

Ela sentiu Sasuke respirar fundo e bem lentamente, a mão livre dele cobriu a mão dela que estava apoiado no braço dele, apertando de leve. Pelo canto do olho, Sasuke notou os envelopes ao lado da namorada.

— Eu menti, Sasuke, eu estou com medo do que vai acontecer daqui pra frente. –  ela confessou com a voz falhando em certo momento. – Eu não quero crescer, eu não quero me afastar de vocês. – sua voz falhou de novo e ela sentiu sua garganta se fechar indicando um começo do choro.  – Eu nem tenho coragem para abrir as malditas respostas! – a mão que estava sobre a mesa bateu nos envelopes.

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo e Sakura usou aquele tempo para controlar suas emoções e não chorar ali mesmo.

— Eu também.

A confissão de Sasuke fez, bizarramente, o coração dela se acalmar um pouco.  

Se expor, expor seu medo pra aquele que antes ela não conseguia nem mesmo expor seus pensamentos e saber que não era a única , que ele não a julgava, trazia alivio, tirando um peso das suas costas.

— Eu vi o quanto se empenhou e sei que vai ter uma resposta positiva ali. – indiciou os envelopes com um aceno.

Sakura mordeu o lábio inferior e se soltou de Sasuke, pegando os envelopes.

— Abre pra mim?

Ele assentiu pegando os envelopes e abriu o primeiro.

Sakura aguardou ansiosa enquanto via os olhos de Sasuke percorerrem o papel, o lendo.

— É a de Tóquio. – ele abaixou o papel, dobrando e colocando de volta no envelope, a falta de resposta rápida de Sasuke fez  a garota se desesperar para vir a decepção quando ele balançou a cabeça negativamente.

Sakura soltou a respiração, seu corpo encolhendo na cadeira conforme o ar saía e os pensamentos negativos entravam em sua mente.

Era obvio que ela não iria conseguiria, Tóquio era uma das melhores universidades, onde só se entravam os melhores e ela não era um deles, estava longe de ser! Nem sabia porque tinha tentado pra lá, foi perda de tempo! A única chance de ficar perto de Sasuke e ela não tinha conseguido porque era burra! Burra!

Ela soltou uma risada amarga, daquelas que estava rindo pra não chorar.

— Quer saber? Eu não quero olhar! – pegou os envelopes restantes da mão dele, não querendo abrir mais nada, e se levantou.

— Ei.. Ei! – Sasuke se levantou também indo atrás dela, a segurando pelos ombros. – Calma, foi só primeira resposta, você não precisava passar em todas e você nem queria Tóquio mesmo.

— É, mas... – ela suspirou olhando para baixo. – Se eu tivesse passado em Tóquio, mesmo que ainda não passasse em Osaka, eu iria pra lá e a gente ficaria junto e...

— Isso é pelo o que eu falei na viagem? Sakura, você nunca quis ir pra Tóquio. – desceu as mãos do ombro dela até suas mãos, pegando um dos envelopes.

Sakura não estava com a minima vontade de continuar abrindo, mas deixou que Sasuke abrisse o que provavelmente seria mais uma decepção.

Ele abriu, mas mal teve tempo de ler as primeiras duas linhas antes da folha sumir da mão dele.

— O que é isso? Eu não acredito que vocês ficaram esse tempo todo se beijando e nem falaram comigo. – Naruto resmungou revoltado aparecendo do lado dos dois.

Sasuke fechou a cara na mesma hora notando que não só Naruto tinha vindo, como também Ino, Hinata, Chouji, Sai, Tenten, Neji e até o Rock Lee que já se aproximava choroso de Sakura.

— Vocês são péssimos mesmo, hein?! – Naruto continuou chiando até que bateu os olhos no papel que tinha arrancado de Sasuke. – Oe, Sakura-chan! Por que não disse que tinha passado para Osaka?

A garota arregalou os olhos, sem acreditar seu corpo tinha entrado em choque.

— O que?! Eu não acredito que não fui a primeira a saber! – Ino correu até eles arrancando o papel das mãos do loiro.

O resto do pessoal também se aproximou começando a felicitar a entrada da garota para a universidade, mas Sakura não conseguia responder ninguém, estava completamente paralisada de surpresa.

— Eu acho que vou desmaiar. – ela soltou bem baixinho procurando qualquer coisa para se apoiar, encontrando a mão de Lee.

— Se apoie em mim, minha flor. – ele disse mais do que aproveitando a situação pra se aproximar mais da garota.

Sasuke veio ao encontro dela, a apoiando do outro lado.

— Ela não disse nada porque acabou de descobrir, seus idiotas. – respondeu pela garota.

— Eu consegui? – perguntou sem acreditar ainda.

— Eu disse que você ia conseguir. – ela ouviu Sasuke responder e depois sentiu alguem beijar sua cabeça.

Sakura virou o rosto buscando o rosto de Sasuke e se permitiu abrir um largo sorriso ao ver que ele também sorria.

Era verdade! Ela tinha conseguido! Ela tinha passado!

— Eu consegui! – não controlou o grito que saiu nem seu corpo, que pulou abraçando Sasuke pelo pescoço.

Mesmo com o abraço repentino e o fato de não demonstrar intimidade na frente das outras pessoas, Sasuke não pensou duas vezes antes de a abraçar de volta beijando sua testa.

— Aí sim! – Naruto puxou a onda de gritos e palmas que fez os dois se separarem, envergonhados. – Parabéns, Sakura-chan! – a puxou dos braços do namorado, a abraçando.

E assim uma sequencia de abraços e felicitações.

— Parabéns! – Tenten desejou enquanto a abraçava. – Hoje eu encontrei com o Sr. Hyuuga, acredita que o Neji estava falando sério naquele dia da competição?  Eu consegui uma bolsa de estudos esportiva! – ela soltou uma risada nervosa, com as bochechas vermelhas.

Sakura sorriu de lado, sugestiva.

— Tenten, você alguma vez duvidou do Neji? Alguma vez, ele lhe prometeu algo e não cumpriu?

 Tenten arregalou os olhos com a subita indagação da garota, sem respostas prontas, abriu e fechou a boca algumas vezes antes de finalmente ter uma resposta.

— Não é que eu duvidasse, é que... – o olhar dela foi para o chão. – Isso era uma coisa muito grande e eu não esperava.

A rosada balançou a cabeça negativamente, Tenten ainda estava cega dos motivos reais de Neji ter feito aquilo.

— Neji vai ter trabalho. – ela soltou em voz baixa, só para si mesma, ainda rindo.

— Que? – Tenten perguntou por não ter ouvido direito.

A rosada não ficou perto para explicar, Shikamaru chegou de mãos dadas com Temari.

— Eu passei! – Sakura anunciou animada e a resposta de Temari foi imediata, largando a mão do namorado e indo até a rosada para abraçá-la.

— Eu sabia que você ia passar, ex que quase foi cunhada.

Sakura não teve como não rir, aquela ali não perdia mesmo a oportunidade de alfinetar. Ela não precisava nem olhar para trás para saber que Sasuke tinha revirado os olhos.

— É uma pena o Gaara já ter ido embora.

A rosada deu de ombros já imaginando que ele tinha feito aquilo.

— Depois eu falo com ele.

— Mas então, nós vamos comemorar ou não? – Naruto a puxou mais uma vez para perto dele e do Sasuke, um pouco de ciúmes naquele momento final? – Não aceito menos de duas tijelas de ramen.

 — Não acredito que quer arrastar a gente pro Ichicaku, você não cansa daquele lugar, não? – Tenten perguntou recebendo o apoio de Ino.

— Hoje nós não podemos. – Neji anunciou e Hinata balançou a cabeça, confirmando. – Jantar em família.

— Então, amanhã?

— Pra mim não importa o lugar nem a data, contanto que tenha comida. – Chouji decretou.

Enquanto todos entraram na discussão de onde iriam ir para comemorar, Sakura se aproximou de Sasuke e, sem chamar atenção, ele passou um braço por trás dela.

— Tenho algo para você. – ele disse tirando a atenção dela da discussão. – Era para eu ter te dado antes, mas aquele dobe interrompeu a gente.

Sakura uniu as sobrancelhas, confusa e curiosa. Sasuke levou as mãos até o segundo botão do uniforme, o arrancando e o oferecendo para ela.

— Sasuke-kun! – Sakura levou uma mão até a boca e a outra pegou o botão, sentindo suas bochechas queimarem. – Eu pensei que...

— Eu guardei ele para você. – ele virou o rosto para o lado, mas Sakura pode ver que as bochechas dele corarem um pouco o que a fez arregalar os olhos.

Ela não esperava mesmo que Sasuke fosse cumprir aquela tradição visto que ele era tão tímido quando se refereria a demonstrações em público.

— Arigato. – ela agradeceu fazendo uma leve reverencia segurando o botão contra o peito, onde ficava o coração.

Sasuke devolveu a reverencia  com um pequeno sorriso formando no canto dos lábios.

O momento dos dois foi interrompido por Naruto gritando a decisão final sobre o local da comemoração.

O grupo foi se disperçando e Naruto e Sasuke acompanharam Sakura até a casa da rosada, como tinham feito tantas vezes e Sakura não pode evitar lembrar de quando eram menores e os dois – que já se achavam grandes, mas que na verdade só eram uns pirralhos cheios de testosterona e muita vontade de brigar – ficavam se provocando.

No outro dia, Sakura foi até o aeroporto  se despedir de Gaara e de longe reconheceu o mesmo no portão de embarque se apressando para chegar de surpresa, tendo Temari como cumplice em mante-lo virado de costas.

— Não achou que iria embora sem se despedir de mim, achou? – indagou quando estava já estava perto suficiente.

Gaara balançou a cabeça negativamente e se virou, mostrando uma das sobrancelhas erguidas.

— Você realmente não vai largar do meu pé?

— Não mesmo. – ela rebateu na mesma hora, Temari foi se retirando na encolha. – Não desisti antes e não vou desistir agora. – terminou com um sorriso confiante.

Gaara soltou uma risada anasalada, balançando a cabeça negativamente.

— Uma vez eu perguntei por que queria ser minha amiga, disse que não ganharia nada e só perderia coisas ao meu lado. – ele falou depois de um tempo. – Mesmo assim, você confiou em mim, se arrepende disso?

Sakura o sorriso confiante foi diminuindo, mas não deixou de existir.

Ela se lembrava bem do momento que ele se referia, de como ele – da sua forma dura – tentou afastá-la, convencê-la de que eram diferentes demais para deram certo até como amigos.

Como logo depois  ela pegou a mão dele e eles fugiram da escola, matando a aula de física.

— Nunca. – respondeu e levou a mão até a dele.

O sorriso de Gaara aumentou e ele a puxou para si, a abraçando.

— Vou sentir sua falta. – ele confessou com os lábios escondidos nos fios rosados da cabeça dela

— Eu também. – ela respondeu respirando fundo o perfume dele antes deles se separarem. – Eu passei, Gaara, eu passei para Osaka.

Ela sentiu o peito dele se mexer conforme ele soltava uma risada baixa e os braços dele se apertando ao seu redor.

— É claro que conseguiu. – beijou o topo da cabeça dela se afastando.

— Promete que vai manter contato?

—  Só pra mostrar que estou vivo e ver se você não enlouqueceu sem mim aqui. – ele respondeu cheio de pose o que lhe rendeu um tapa da garota.– O que... – ele soltou olhando para um ponto distante, atrás dela.

Sakura se virou também ficando surpresa e confusa ao encontrar Sasuke ali.

A passos lentos o Uchiha se aproximou com as mãos dentro dos bolsos da calça.

— Sasuke-kun?

— Então está indo mesmo embora. – ele disse para Gaara.

O ruivo, com uma sobrancelha erguida, encheu o peito.

— Não vá morrer de saudades, hein? – como sempre debochado. – E também não fique feliz, não ficarei longe por muito tempo.

Sasuke soltou uma risada baixa revirando os olhos.

— E eu que já estava com os fogos de comemoração preparados. – respondeu também debochado. – Mais dessa vez, vim em oferta de paz.

A expressão de descrença de Gaara cresceu mais ainda.

— O colegial acabou, somos homens agora e devemos deixar nossas desavensas no passado. – Sasuke propos surpreendendo aos dois.

Tudo em Gaara ainda gritava desconfiança e incredulidade, mas mesmo assim ele se aproximou do moreno erguendo a mão para Sasuke que apertou a do ruivo.

Em um ultimo momento antes das mãos se soltarem, Gaara se aproximou mais.

— Se você a fizer sofrer, eu juro, eu vou do quinto dos infernos atrás de você, Uchiha. – sussurrou a ameaça e soltou a mão dele.

Sasuke só riu balançando a cabeça negativamente.

— Faça uma boa viagem, Sabaku. – desejou.

Conhecendo o historico dos dois, Sakura se aproximou desconfiada, se colocando no meio.

A atendente fez a ultima chamada para o voo do ruivo.

Gaara e ela se despediram mais uma vez e ele foi até a irmã para um ultimo abraço.  

Juntos, Sasuke e Sakura deixaram o aeroporto e decidiram ir direto ao restaurante onde os amigos tinham decidido ir para comemorar.

Naquela tarde, eles riram até a barriga doer e os olhos lacrimejarem ao relembrarem os momentos engraçados, marcantes e até triste que eles tiveram e Sakura quis mais uma vez poder parar o tempo.

Olhou atentamente para o rosto de cada um, guardando para si aquela cena desejando que aquela não fosse a ultima vez que fosse ver todos juntos, que a vida não os separasse como ela tanto temia e em seguida fez uma pequena oração por todos, agradecendo a todos que tinham feito parte da sua caminhada até ali.

Ela abriu os olhos quando sentiu sua mão ser apertada com delicadeza, encontrando os olhos de Sasuke a encarando com um olhar leve.

— Está tudo bem?

Ela piscou preguiçosamente, abriu um sorriso mais preguiçoso ainda entrelaçando os dedos nos dele.

— Está.


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Notas finais do capítulo

dainibotan(segundo botão) é uma tradição dos garotos na formatura dar o segundo botão do uniforme para a garota que tem afeição especial. É o segundo botão pq é o que fica mais proximo ao coração. É como se esse pequeno objeto carregasse não só a amizade e o carinho entre essas duas pessoas como também todas as memórias que tiveram juntos durante o decorrer do ano letivo

OI GENTE
Demorei, mas voltei ♥ Como estão?
Como eu já tinha comentado com algumas pessoas, a fic seria até a formatura deles e como vocês viram, a formatura foi no capitulo de hoje
É triste, sim, mas ainda temos um capitulo ou dois dependendo do que vocês decidirem, enfim, durante a fic algumas pessoas sugeriram que eu fizesse dois finais, um sasusaku e outro gaasaku, mas agora é a votação final então usem suas vozes nos comentários.
VOCÊS QUEREM DOIS FINAIS?