You and I. escrita por Lobo


Capítulo 34
Quarto.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/694435/chapter/34

Vim para te encontrar, dizer que sinto muito

Você não sabe como é amável

Tinha que te ver, lhe dizer que preciso de você

Dizer que te escolhi

Aquela devia ter sido a tarde mais tensa da vida dela. De verdade, ela preferia passar uma tarde inteira com Lee e seu “fogo da juventude” do que mais uma sessão de estudos com Gaara e Sasuke.

E na hora de ir embora tinha sido mais estranho e embaraçoso ainda já que os dois decidiram que iriam levar levá-la em casa. Os dois ficavam se encarando, esperando o primeiro motivo que viesse pra começarem a brigar. Ela só teve a agradecer aos céus quando finalmente chegou em casa.

— Querida, aconteceu alguma coisa? – Mebuki perguntou notando que a filha estava desatenta ao jantar.

— Não, não, eu só to meio cansada. – sorriu forçadamente, mas a mãe pareceu não perceber.

— As provas estão chegando, não é mesmo? Acho que devia se empenhar mais, sabe que são muito difíceis. 

Kizashi depositou o copo em cima da mesa, olhando da mulher para a filha.

— Não acho que essas provas sejam tão difíceis assim. – disse parecendo meio descrente. – Um colega de trabalho meu disse que a filha passou em três faculdades diferentes, até na de Tóquio!

— Na de Tóquio?! – Mebuki disse impressionada. – Lá não é muito difícil?

Kizashi assentiu.

Letamente, Sakura encolheu os ombros não gostando do rumo daquela conversa.

— Ele disse que ela só teve que se concentrar mais nos estudos. – olhou para Sakura. – Se ela consegue, você também pode, não é como se você fosse burra nem nada, é o que ele disse, é só estudar.

— Imagine, minha filha estudando em Tóquio! – Mebuki disse sonhadora.

Kizashi sorriu para a esposa e olhou para a filha sério.

— Eu vi seus resultados do ultimo simulado, estou achando que essas suas aulas com aquele garoto estão muito fracas, acho melhor você estudar sozinha ele pode estar te atrasando.

Sakura uniu as sobrancelhas.

— O Gaara só tem me ajudado... – tentou defendê-lo.

— É, mas ele não vai fazer a prova por você, vai? Tem que aprender estudar sozinha, Sakura. – Kizashi a interrompeu.

— Mas como ela vai passar sem ajuda?

Sakura olhou para mãe revoltada.

— Verdade. – Kizashi concordou.

Agora a rosada olhava revoltada para ambos os pais. Eles tinham tão pouca confiança nela assim?

— Acho que teremos que contratar um professor particular.

— Um professor particular é muito caro. – Mebuki disse passando a mão pelo rosto.

— É, mas pra ela passar só com...

— Será que vocês podiam parar de conversar como se eu não estivesse aqui?! – Sakura se levantou revoltada.

Kizashi e Mebuki olharam para a garota, depois de se recuperar da surpresa pela explosão dela, Kizashi a olhou sério.

— Abaixe a voz. – ordenou sério e Sakura engoliu seco, se sentando. – Nem eu e nem sua mãe tivemos a oportunidade que você está tendo.

— Eu sei disso, pai.

— Pois não parece se comportando dessa forma! – Kizashi suspirou balançando a cabeça negativamente, Mebuki colocou a mão sobre o antebraço dele tentando acalmá-lo.

A mãe lhe dedicou um olhar amoroso.

— Você vai entrar em um curso preparatório ainda essa semana. – Kizashi disse bastante serio depois de algum tempo em silêncio. – E nada de saídas até as provas de admissão terminarem.

Sakura uniu as sobrancelhas, trincando os dentes com força para não ter risco de rebater e piorar ainda mais a situação.

Como se tivesse como piorar! Agora ela viveria em regime fechado era isso? Eles estavam a tratando como se fosse alguma irresponsável que tinha tirado notas baixas o ano inteiro quando tinha sido justamente o contrário!

— Está sendo duro demais, Kizashi... – Mebuki tentou remedir a situação.

Os pais da garota trocaram olhares, tendo uma pequena discussão silenciosa em que aparentemente Kizashi perdeu no final.

— Okay, poderá sair aos domingos.

Aos domingos? O que raios ela teria pra fazer no domingo?!

Sakura passou o resto da noite olhando para o próprio prato, sem a menor vontade de comer. Os pais ignoraram o comportamento, considerando aquilo a tal rebeldia da adolescência passageira que tanto ouviram falar. Ela deixou a mesa assim que pode, indo direto pro quarto.

Estava tão irritada que não queria ver a cara dos pais tão cedo, só queria que aquele ano infernal terminasse de uma vez...

Pensou em Sasuke e depois nos amigos, sentindo um aperto no peito. O ano iria acabar, cada um ia pra um lado e ela nem poderia aproveitar os últimos meses com eles.

Terceiro ano era o inferno, virar adulto era uma merda. Por que mesmo ela queria virar adulta quando criança? Ser criança era bom demais comparado a merda toda que ela estava passando.

E se ela não conseguisse entrar em nenhuma faculdade? E se ela fosse um fracasso nas provas?

Lembrou da forma orgulhosa que seu pais falavam da filha do colega do trabalho de seu pai.

Gemeu desgostosa, deitando de bruços com o rosto enfiado no travesseiro.

Seu drama particular foi interrompido pelo toque do seu celular, indicando que havia recebido uma nova mensagem no WhatsApp.

“Sakura?

Sasuke

A garota uniu as sobrancelhas se sentando. Por que ele mandaria uma mensagem aquela hora? Não se lembrava de nenhum assunto pendente com ele.

“Sasuke-kun? Aconteceu alguma coisa?

Sakura

“Eu...

Já está tarde, a gente conversa amanhã.

Sasuke

Aquela resposta a deixou ainda mais confusa. Sasuke não hesitava em falar em um assunto, muito menos, mandava mensagens a toa.

“Não vou dormir tão cedo, se quiser conversar...

Sakura

Encarou o celular se arrependendo na mesma hora de ter enviado a mensagem. Ele deveria estar achando que ela estava desesperada por atenção. Gemeu, escondendo o rosto nas mãos.

O celular tocou mais uma vez, indicando outra mensagem. Hesitante, ela desbloqueou o celular.

“Abre a janela.

Sasuke

Ela franziu o cenho indo até a janela do quarto e, ao ver a figura de Sasuke parado na rua com o celular na mão. Não pode deixar de sentir um dejavu, lembrando de quando Gaara tinha feito a mesma coisa.

Ainda bem que Sasuke não podia ler seus pensamentos.

Sakura abriu a janela e se afastou, indo se sentar na cama. Estava curiosa para saber o porque da visita dele.

Ele entrou no quarto não muito tempo depois. O moreno ficou parado ao lado da janela, olhando para qualquer lugar que não fosse a garota, parecendo um pouco desconfortável por estar ali.

— Sasuke? – ela o chamou, tomando a iniciativa de começar a conversa. – Pode ficar a vontade... – agitou a mão, como se oferecesse o quarto a ele.

Sasuke acenou com a cabeça e foi até a cadeira de rodinhas do computador dela, se sentando.

— Então... Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou e, da forma mais discreta possível, se cobriu.

Péssimo dia para escolher usar seu blusão cinza surrado para dormir.

Ele girou o corpo na cadeira de rodinhas, mostrando nervosismo.

— Itachi está lá em casa. – respondeu passando a língua no lábio inferior, mordendo uma pelinha solta ali.

A rosada uniu as sobrancelhas, deixando de lado por um momento a forma vergonhosa que estava vestida. Sasuke não tinha comentado nada sobre o irmão desde o fiasco de Natal.

— Ele simplesmente apareceu lá. – Sasuke deu de ombros.  – Na cara de pau, como se não tivesse acontecido nada.  

Sakura dobrou o joelho, se sentando sobre a perna dobrada.

— Ele disse pra que veio ou você saiu antes que ele falasse alguma coisa.

O moreno crispou os lábios, parecendo irritado ao lembrar.

— Ele começou a falar um monte de merda sobre faculdade e futuro. Acredita? – deu uma risada forçada. – De uma hora pra outra, volta dos infernos agindo como se fosse o irmão do ano, achando que tem alguma moral pra falar qualquer merda pra mim. – disse revoltado, girando a cadeira de um lado para o outro.

 A garota balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo uma pequena careta.

   — Se me permite dizer, seu irmão é um merda.

O moreno olhou surpreso para ela e então soltou uma risada. A tensão por lembrar da discussão com o irmão se esvaindo conforme a imagem de uma Sakura fazendo bico irritada tomava seu lugar.

— Acho melhor eu ir. – disse quando percebeu que um sorriso quis se formar em seu rosto. Levantou-se indo em direção a janela.

A garota uniu as sobrancelhas, indo se sentar na beirada da cama que ficava próximo a ele.

— Se quiser ficar, não tem problema. – ofereceu para logo depois hesitar, mordendo o lábio inferior. – A menos que prefira ficar na casa do Naruto.

— Não posso passar a noite aqui, se seus pais...

— Eles só vão aparecer de manhã. – soltou para então se recriminar por parecer desesperada.   

  Sasuke virou o rosto, engolindo seco. Ela podia jurar que viu um tom vermelho tingir as bochechas do Uchiha.

Após alguns instantes, Sasuke recuou alguns passos voltando para o interior do quarto. Sakura pulou da cama, indo até os armários pegar o colchonete e cobertos para montar uma cama para ele. Depois da cama montada ao lado da dela, com a ajuda dele, os dois se deitaram.

— Boa noite, Sasuke-kun. – desejou antes de desligar as luzes.

Como ela já imaginava, Sasuke não respondeu, mas quando já estava deitada debaixo de suas cobertas o garoto voltou a falar.

— Arigato, Sakura. – disse tão baixo que se o quarto não estivesse em completo silencio ela não teria ouvido.

  A garota sorriu e foi até a beirada da cama para poder olhá-lo. A luz da lua iluminava fracamente o interior do quarto, mas ela conseguia ver que Sasuke ainda estava acordado e a encarava de volta.

Uma sensação quente se espalhava em seu peito. Nunca imaginou que um dia aquela cena fosse realmente acontecer, não depois de...

“— Você... Ela... – Kiba gaguejou sem saber como explicar. – Dizem que ela gosta de você, não é?

— E daí? – rebateu trocando o livro de literatura pelo de biologia.

Kiba coçou a cabeça.

— Você não se importa se eu chamar ela para sair?

O Uchiha olhou-o pelo canto do olho e fechou o armário, se virando para o garoto. Sua expressão ainda era de indiferença.

— Por que eu me importaria? – respondeu friamente e desinteressado com a mesma pergunta do início da conversa. – Eu e ela não temos nada. A Sakura é dona de si mesma. Pode muito bem escolher com quem quer sair. “

Seu sorriso foi desaparecendo ao lembrar-se da cena no começo do ano. Já estava se encolhendo de volta na cama quando sentiu algo enroscar em seus dedos, ela voltou olhá-lo surpresa.

Sasuke brincava com a ponta dos dedos dela.

— Acha que pode voltar a gostar de mim? – perguntou sem olhá-la.

Sakura desviou o olhar para o teto do quarto.

Voltar a gostar dele? Ela segurou a vontade de suspirar. Não tinha parado de gostar dele, só não conseguia acreditar que ele retribuía esse sentimento.

— Eu quero tentar recuperar o tempo que perdi, mas preciso saber que tenho uma chance. – ele descansou os dedos entrelaçados aos dela e finalmente a encarou.

Sakura sustentou o olhar no dele por alguns instantes antes de voltar a encarar o teto.

— Se está fazendo isso só pra afastar o Gaara...

— Talvez no inicio tivesse sido por isso. – na mesma hora Sakura quis afastar a mão, mas Sasuke não permitiu, mantendo os dedos entrelaçados. – Foi infantilidade minha, eu sei, peço perdão por isso.

— Sasuke... – tentou mais uma vez se afastar, mas ele não permitiu.

Ele tinha admitido! Tudo por causa daquele maldito orgulho masculino que não admite perder nada! Até mesmo aquilo que nem era dele, acrescentou em pensamentos.

Ela ouviu a movimentação das cobertas e o contorno de Sasuke apareceu. O moreno abaixou o tronco, apoiando o rosto no colchão e assim ficando na mesma altura que ela.

— Eu gosto de você, Sakura. – ela desviou o olhar para não ter que encará-lo. – Gosto de como você não finge que gosta de séries só porque eu gosto, das nossas conversas sobre isso. Gosto de como você canta no karaokê, por mais bizarro que isso possa parecer, porque dá pra ver que você realmente se diverte e também gosto da sua expressão quando acerta uma questão difícil que estava concentrada. – ele hesitou por um momento. – Gosto de como você sorri agora, mas não posso dizer que sinto falta da garota que vivia atrás de mim igual as outras, não daquela garota que dizia tudo pra me agradar. – disse a encarando.

A garota não disse nada em resposta. Não tinha o que dizer.

Agora ela percebia, com uma pequena ajuda de Gaara, que no passado ela não tinha sido a melhor das companhias. Não poderia julgar as palavras de Sasuke, quando ela mesma reconhecia que a Sakura de antes era vazia, ou pelo menos parecia ser, quando preferia esconder sua personalidade para se encaixar nos padrões que ela achava serem importantes naquela época.

— Me deixa provar. – disse chamando a atenção de volta. – Deixa eu cuidar de você... Deixa eu provar que mereço que alguém como você goste de mim.

Sakura o olhou sem pressa, o olhando no fundos dos olhos parecendo querer enxergar  e julgar sua alma.

— O vestibular está chegando e eu tenho que estudar, mais do que eu já tenho estudado. – lembrou da conversa que teve com os pais antes dele chegar. – É seu ultimo ano. – desviou o olhar para longe. – Você deveria procurar outra garota, uma que...

— Acho que você não entendeu, Sakura. – ele a interrompeu. – Eu não quero outra garota.

Ela o encarou em silêncio. Surpresa demais para formular um contra argumento.

Sasuke tomou o silêncio dela como uma coisa boa, bem, pelo menos ela não o tinha recusado. Ergueu o corpo e deitou na ponta da cama, no pequeno espaço que ela tinha deixado, e um pouco hesitante, ele pousou a mão sobre o cabelo rosado, acariciando as mechas.

Queria ser mais forte, queria encher a boca e falar que não o aceitaria porque tinha sido um perfeito babaca todos os anos que tinha a ignorado, mas... Sakura suspirou. Ela simplesmente não conseguia. Dá mesma forma que ela tinha amadurecido, o sentimento que tinha por ele também amadureceu. O encanto pela beleza dele deu espaço para a admiração nas pequenas coisas da personalidade dele que ela só tinha percebido com o tempo.

Só que a primeira impressão é aquela que fica e Sasuke tinha pensado o amor que ela sentia era só uma paixonite igual as outras.

Sasuke se aproximou mais dela, abraçando seu corpo. Eles voltaram a se encarar, uma pergunta silenciosa no olhar dele. Ela suspirou mais uma vez se aconchegando mais contra o corpo dele.

O garoto ficou sem reação por algum tempo. Em sua cabeça a possibilidade dela realmente aceitá-lo era tão baixa que agora ele simplesmente ficou sem reação.

Sabe quando você que muito uma coisa que quando ela acontece você não consegue acreditar logo de cara?

A mão dele foi para o pescoço dela, seu polegar ergueu o queixo dela fazendo seus narizes se roçassem e sem dar tempo, ele colou os lábios no dela. Pelo nervosismo dele, o s lábios se moviam sem sincronia o que fez os dentes deles se encontrarem algumas vezes.

Sakura não resistiu e acabou soltando uma risada se afastando dele. Sasuke a olhou sem entender, um pouco ofegante pelo beijo.

— Vamos tentar desse jeito, sim? – ela sugeriu inclinando o corpo sobre o dele e colou os lábios deles mais uma vez, assumindo o controle.

E digamos que Sasuke não se importou de não estar no controle dessa vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!