You and I. escrita por Lobo


Capítulo 21
Febre.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/694435/chapter/21

Não complique

Não deixe que o passado atrapalhar

Tenho sido paciente, mas devagar eu estou perdendo a fé

Eu conheço você e  eu acredito que você poderia me amar

— Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem... – ela murmurava repetitivamente mais para si do que para Sasuke enquanto carregava o garoto de mau jeito.

Ela era mais coordenada do mundo então equilibrar um guarda-chuva no meio de um temporal enquanto carregava um garoto desacordado até em casa tinha sido praticamente uma missão impossível. Estava completamente molhada e seus músculos estavam doendo pelo esforço de segurar Sasuke.

— Urgh. – resmungou ajeitando o braço dele nos seus ombros.

Olhou para o moreno, ele tinha o olhar desfocado, como se estivesse e ao mesmo tempo não estivesse ali completamente confuso. Se fosse outra pessoa no lugar de Sasuke, ela com certeza não estaria fazendo aquilo.

Ela abriu a porta da casa puxando ele para dentro.

— Vai ficar tudo bem, senta aqui... – indicou o sofá, mas na mesma hora puxou ele de volta fazendo Sasuke cambalear desiquilibrado. – Melhor não, minha mãe vai me matar se o sofá ficar molhado, será que você pode sentar no chão?

Sasuke olhou pra ela, piscando os olhos preguiçosamente, provavelmente não entendendo nada do que ela estava falando. Ele foi escorregando até o chão, apoiando as costas na parede ao lado da porta.  Ele continuou com aquele olhar de peixe morto fazendo Sakura ficar mais nervosa ainda.

— Okay, acho que alguma roupa do meu pai dá em você... – ela andou de um lado para o outro sem saber o que fazer até parar de repente olhando pra ele. – Vou pegar uma toalha. – disse e saiu correndo para o armário do banheiro.

Enquanto ela pegava as toalhas, uma pra ele e outra pra ela, e pegava uma muda de roupas para o garoto, Sakura repassava na cabeça suas lembranças do que a mãe fazia quando ela ficava com febre.

Tudo bem que ela queria ser médica, mas por que seu primeiro “paciente” tinha que ser logo o Sasuke?

Ela voltou para a sala trazendo as toalhas, duas camisas e dois shorts, ela simplesmente não conseguiu decidir qual das combinações Sasuke gostaria então ela trouxe as duas, e a caixa onde sua mãe guardava os remédios e outros primeiros socorros.

— Kami! – ela exclamou ao ver que Sasuke estava todo torto encostado na parede com a cabeça pendendo para o lado esquerdo.

Sakura se ajoelhou ao lado dele jogando as roupas no sofá junto com a caixa e cobrindo Sasuke com a toalha. Coitado, o garoto estava tremendo de tanto frio e queimando de febre.

— Sakura? – Sasuke a chamou baixinho entreabrindo os olhos quando a garota começou a secar o cabelo dele.

Ele não sabia se era a febre alta criando alucinações ou ele era muito burro de não ter reparado antes, mas Sakura ficava realmente bonita com aquela expressão concentrada no rosto.

Ela abriu um sorriso de lado ao ver que Sasuke tinha voltado a lucidez.

— Acha que consegue tomar banho e trocar essas roupas molhadas? Eu até poderia te ajudar, mas... – ela corou com o pensamento de ter que ajudá-lo a tomar banho.

Corou mais ainda ao pensar que veria a nudez dele.

— Consigo. – respondeu e fez um esforço para levantar, Sakura o ajudou oferecendo apoio a ele.

— Ótimo, eu peguei algumas roupas do meu pai, espero que você não se importe. – ela disse pegando as roupas do sofá quando passaram pelo mesmo enquanto iam em direção ao banheiro.

Ele só balançou a cabeça, ainda muito desorientado para formar algo para falar.

Sakura entrou com ele no banheiro e o deixou sentado no vaso enquanto ligava o chuveiro na água quente.

— Acho que já está bom. – disse depois de colocar a mão debaixo da água para verificar a temperatura, olhou para Sasuke, vendo o garoto todo embolado tentando tirar a camisa. – Deixa que eu ajudo.

Sasuke parou de se mexer quando a garota se aproximou, dando a liberdade para que ela pudesse fazer o que queria. Sakura sentiu suas bochechas queimarem de vergonha com Sasuke a encarando sem parar enquanto ela tirava a blusa do uniforme dele, ficando mais nervosa ainda quando pode ver o tronco dele nu.

Prendeu a respiração e desviou os olhos para o chuveiro quando percebeu que encarava sem parar o abdômen dele.

— Eu, er... – coçou a nuca, nervosa. – Eu vou estar te esperando, quando terminar é só me chamar.

Sasuke assentiu e a garota deixou o banheiro, fechando a porta ao sair.

— Ai, meu... Kami! – ela esfregou o rosto com vergonha.

Ela tinha que se controlar, ele estava queimando em febre e ela se aproveitando da situação para vê-lo sem camisa? Bufou.

Querendo deixar o momento vergonhoso para trás, ela foi até a cozinha pensando no que poderia preparar para ele comer decidindo no final em fazer uma sopa de tomates.

Ela estava colocando a tampa em cima da panela para deixar tudo cozinhando mais 5 minutinhos até ficar pronto quando ouviu a porta do banheiro abrir e um Sasuke ainda bastante zonzo aparecer na cozinha. Ele ainda tinha aquele olhar vago no rosto.

Sakura já devia saber que o orgulhoso Sasuke não iria a chamar para ajudá-lo como ela tinha pedido.

— Ainda não está pronto. – disse sem graça e foi até ele, entregando um copo de água e um remédio para abaixar a febre. – Você pode ficar descansando lá no meu quarto até a febre passar.

Ela guiou ele até o seu quarto, colocando o Uchiha deitado na sua cama.

— Dorme um pouco, eu acordo você quando estiver pronto, ok? – ela disse colocando um cobertor a mais sobre Sasuke.

Era até um pouco engraçado e ao mesmo tempo fofo ver Sasuke deitado em sua cama com cobertas branca com flores de cerejeira. Ele parecia tão abatido que nem mesmo parecia se importar.

Sakura já estava se afastando para sair do quarto quando Sasuke agarrou seu pulso. Ela o olhou surpresa.

— Arigato, Sakura. – murmurou a encarando com os olhos entreabertos e soltou seu pulso.

Sakura levou alguns segundos para voltar a se mexer e reparar que Sasuke já estava cochilando, saiu do quarto na ponta dos pés para não ter o risco dele acordar. A sopa ficou pronta mais rápido do que ela pensou, então Sakura decidiu deixar Sasuke dormir mais um pouco e depois iria levar um prato pra ele. Como não podia estudar em seu quarto temendo acordar o garoto, ela levou seus materiais para a sala.

— Tadaima, Sakura-chan. – o pai da garota a cumprimentou entrando na casa, surpreendendo a rosada que não tinha percebido quanto tempo tinha passado.

— Okaeri. – ela abaixou a cabeça por um instante.

Kizashi passou pela filha colocando o guarda chuva e tirando o sobretudo indo até a cozinha e logo depois para o banheiro tomar banho.

Assim que Sakura conseguiu ouvir a água caindo, correu para a cozinha. Tinha esquecido completamente de levar a comida de Sasuke.

— Você fez o jantar? – Mebuki disse entrando na cozinha, ela devia ter chegado naquele momento. – Se eu não te conhecesse bem, teria ficado desconfiada, não aprontou nenhuma, não é? – brincou rindo, mas sua risada foi morrendo ao ver que Sakura tinha ficado tensa. – Você aprontou, não foi? – suspirou no final passando a mão pela testa.

A conversa das duas foi interrompida com a entrada do pai da rosada com uma cara nada simpática.

— Sakura, você podia me explicar por que tem um garoto na sua cama? – Kizashi perguntou entre os dentes.

Mebuki levantou uma das sobrancelhas cruzando os braços.

— Er... Eu posso explicar. – Sakura disse sem graça.

Dizer aquilo só piorou a cara dos pais.

A rosada suspirou encostando o quadril na bancada da pia.

— Encontrei com ele no meio da chuva, ele ta muito mal, todo molhado e cheio de febre. – mordeu o lábio inferior. – Eu não podia deixar ele daquele jeito.

— E ele não tem casa? E a família dele? – Kizashi perguntou sem engolir a explicação da filha.

Sakura engoliu seco, esfregando as palmas da mão no tecido da sua calça.

— Ele... Ele não tem família. – explicou mais sem graça ainda. – Quer dizer, ele até tem um irmão, mas... – deixou a frase no ar.

Itachi não podia ser considerado um irmão descente, ela mesmo só tinha visto o irmão do amigo por fotos já que Sasuke sempre se irritava quando ela mencionava o irmão dele.

— Oh, é o Sasuke? – Mebuki descruzou os braços entendendo o lado da filha. – Ele estava tão mal assim? Você já deu remédio? E comida?

Kizashi olhou chocado para a mulher, não acreditando que tinha perdido o apoio dela assim tão facilmente. Mebuki passou rapidamente para o armário da cozinha pegando um prato e já fazendo o prato dele.

— Aqui, leva pra ele, mais tarde eu vou lá ver como ele está. – deu o prato para a garota segurar.

— Mebuki! – Kizashi chamou a atenção da mulher.

— O que? – ganhou um olhar atravessado do marido. – Você não espere que eu deixe o menino com febre e com fome, não é? Ele não tem ninguém!

— Mas...

— Sem mas, Kizashi. – interrompeu o que ele iria falar. – Anda, Sakura, leva isso pra ele, o coitado deve estar morrendo de fome.

Sakura comprimiu os lábios, tentando não deixar uma risada escapar. Era engraçado demais ver seu pai tomando bronca com aquela idade como se fosse uma criança.

Antes que o foco da briga voltasse a ela, Sakura saiu de fininho da cozinha indo para o quarto.

— Sasuke? – chamou pelo garoto, sem resposta ela entrou no quarto pensando que ele ainda estava dormindo.

O moreno se remexia furiosamente na cama ainda dormindo, parecia estar preso em um pesadelo. Sakura deixou o prato em cima da estante e se aproximou, ajoelhando ao lado da cama.

— Hey, Sasuke... Sasuke, acorda, é um pesadelo. – ela passava a mão pelo rosto molhado pelo suor, ele ainda queimava em febre. – Sasuke, acorda...

Ele arregalou os olhos de repente, agarrando os pulsos da garota que ainda tinha as mãos no rosto dele. Ofegante e ainda de olhos arregalados ele encarou a garota a deixando assustada.

— Sasuke, sou eu, foi só um pesadelo. – ela disse tentando manter a voz calma, para que ele pudesse se acalmar.

Aos poucos ele foi se acalmando, soltando os pulsos dela quando estava mais controlado. Livre, a garota levantou indo atrás da caixa de remédios procurando pelo remédio para a febre.

— Eu sou um idiota.

Sakura arregalou os olhos virando para o garoto, sem certeza que tinha ouvido aquilo mesmo.  Sasuke estava deitado de lado com o rosto na direção dela, os olhos ainda pareciam nublados provavelmente ele estava delirando com a febre alta.

— Disse algo, Sasuke-kun? – ela perguntou.

— Eu sou um idiota. – ele repetiu. – Eu sou um idiota, filho da puta egoísta...

— Sasuke, o que... – ela se aproximou, a febre devia estar alta mesmo pra ele falar daquele jeito de si mesmo.

— Eu achei que estava tudo bem, que era só uma paixonite e que não tinha mal continuar do jeito que estava. – ele continuou parecendo falar mais para si mesmo do que para a garota. – Fui cego demais pra ver o quanto aquilo estava te machucando só porque estava bom pra mim, você deve me odiar. – ele deu uma risada amarga e forçada.

— Eu não te odeio. – ela negou sentando na cama.

— Eu dizia que não me importava com quem você saísse porque era arrogante o bastante para pensar que você nunca iria atrás de outra pessoa porque sabia que eu era melhor. – ele continuou sem parecer. – mais uma risada forçada. – Mas você, como sempre, me surpreendeu e de uma forma bem dolorosa eu descobri que me importo mais do que achava.

Sakura arregalou os olhos.

O que Sasuke estava dizendo?

O que...

— Eu queria te deixar livre, o Itachi ele... – Sasuke parou de falar ficando aéreo por alguns instantes, prova que a febre estava realmente forte. – Eu sei que não deveria me meter, que devia deixar as coisas seguirem em frente, mas eu não posso, eu te disse, eu sou egoísta.

Sakura franziu a testa, sem entender direito as ultimas frases dele.

— Sasuke...

O garoto ergueu o tronco ainda sem muita força, Sakura o olhou alarmada, mas Sasuke afastou as mãos dela quando a garoto tentou ajudá-lo. Com muito esforço ele conseguiu erguer o tronco, se apoiando em um dos braços.

Sasuke a encarou, não somente os olhos, ele encarou cada pequeno detalhe do rosto dela.

— Você é linda... – ele murmurou e Sakura teve certeza que ele estava delirando, mas isso não a impediu de corar violentamente. – Desculpe não falar isso antes. – murmurou erguendo a mão livre para tocar o rosto da garota.

O corpo da rosada ficou imóvel enquanto sentia os dedos quentes pela febre dele passearem pelo seu rosto, fechou os olhos inclinando o rosto na direção da mão dele.

Sakura não estava acreditando que aquilo estava mesmo acontecendo e torcia para que se fosse um sonho, ninguém viesse acordá-la.

— Sakura...

A garota abriu os olhos ao ouvir o chamado dele, notando nervosa que o garoto estava bem mais perto dela do que ela se lembrava antes de fechar os olhos. Ele se aproximou sem desviar o olhar do dela, Sakura voltou a fechar os olhos quando sentiu a respiração quente dele se misturar com a sua.

Seu coração batia tão rápido e forte que ela podia jurar que ele também conseguia ouvir. Ela prendeu a respiração aos sentir os lábios quentes fervendo roçando nos seus, parecia que seu sangue tinha sido drenado e seu cérebro entrou em pane por um instante.

Um instante, um pressionar de lábios quentes e frios, um beijo que a desestabilizou completamente.

Sakura entreabriu os olhos quando Sasuke se afastou dela, ele ainda a encarava também parecendo um pouco chocado com o que tinha acabado de acontecer.

Os dois ficaram se encarando em silêncio, não sabiam se por minutos ou por horas.

O momento foi interrompido por leves batidas na porta. Sakura se levantou a tempo de sua mãe entrar sem ter que presenciar nada.

— Olá, Sasuke. – Mebuki cumprimentou o garoto, considerando o olhar perdido coisa da febre. – Sakura, posso falar com você?

A garota assentiu andando depressa atrás da mãe.

— Consegui convencer seu pai de deixar o Sasuke ficar, mas Kizashi faz questão que ele durma no quarto de hospedes, acha que ele iria se sentir ofendido?

Sakura balançou a cabeça negativamente, ainda incerta de que conseguiria falar algo inteligente depois do que tinha acabado de acontecer.

Mebuki uniu as sobrancelhas.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. – Sakura respondeu balançando a cabeça nervosa. – Eu vou arrumar o quarto de hospedes, pode ajudá-lo a ir pra lá?

Mebuki assentiu ainda desconfiada e a rosada saiu quase correndo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!