Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura a todos
Contei a ele a história do jeito que aconteceu. Pelo menos, em parte.
— Então, você está me dizendo que se deixou levar para saber o que eles queriam com você? __ O tom duvidoso do Alex não me intimida.
— Eu precisava saber como eles chegaram até mim. __ Consigo transparecer toda a tranquilidade que preciso.
— E então? __ Ele arqueia a sobrancelha e me olha firme. — Você descobriu?
Ele está me testando.
— Não necessariamente. __ Tiro dois celulares do bolso. — Analisei a memória desses dois aparelhos que peguei de um deles, mas não tem muita coisa. O que consegui descobrir é que eles me rastrearam em Vila Rica, mas não sei como e nem por que.
Eles pegou os aparelhos e os olhou durante algum tempo.
— Mas tenho um palpite. __ Vou dar a última cartada da minha história.
Ele me olha e abre um pequeno sorriso. Ele sorria da mesma forma quando eu estava em treinamento e me saia melhor do que os outros.
— Quero ouvir.
— Apesar de eu ter pedido alguns dias de férias, quando cheguei lá recebi uma missão. __ Forcei uma expressão indiferente. — Algumas informações não foram passadas corretamente e eu levei um tiro no ombro.
Baixo a manda da camisa e mostro a cicatriz recente no meu ombro, ainda rosada.
— Sangrei muito e quase não consegui suturar. __ Continuo. — Eu passei quase dois dias apagado no quarto do hotel e por isso não consegui contatar vocês. Mas imagine a minha surpresa quando a Pilar apareceu por lá.
— Você não deu notícia, a mandamos para te rastrear. __ Ele diz pensativo.
— Até ai tudo bem. __ Paro e respiro fundo. — O problema é que quando esses caras apareceram, eles pareciam saber que eu não estava 100% e mesmo assim, foram armados até os dentes. Como se soubessem o que eu poderia fazer.
— Onde você está querendo chegar?
— Eu repassei toda missão na minha cabeça. Passo a passo. __ Tento transparecer uma expressão de irritação. — O fato é que eu fui surpreendido pelo número de seguranças que alvo tinha, isso atrapalhou o desemprenho da missão e eu acabei levando o tiro bem antes de conseguir chegar perto da saída. Precisei usar muito mais força do que inteligência para sair vivo de lá e pode ter ser que eu tenha deixado algum rastro pra trás e isso deve ter facilitado a chegada deles até mim.
— Você está me dizendo que tudo isso aconteceu por um erro nosso? __ Ele me olha firme.
— Estou.
Ele me olha firme e balança a cabeça algumas vezes.
— Você é bom garoto. __ Ele joga os celulares em cima da mesa. — Mas não esqueça que fui eu quem te ensinei a mentir.
— Não estou mentindo. __ Ele está me testando de novo.
— Talvez não. __ Ele me olha duvidoso. — Mas mesmo assim você vai passar alguns dias com o Marcel. Se você estiver mesmo falando a verdade, esses dias vão servir para aprimorar suas técnicas de luta. E se estiver mentindo, ele vai te fazer falar a verdade.
— Se você prefere assim. __ Preciso continuar aparentando estar calmo.
— Prefiro. __ Ele levanta. — Já mandei providenciarem um quarto pra você aqui. Então, deixe suas coisas lá, troque de roupa e vá ao encontro dele.
— É mesmo necessário que eu fique aqui? __ Não quero voltar a dormir nesse lugar.
— Quero monitorar você durante alguns dias. __ Ele se vira e volta a observar os recrutas. — Agora vá.
Não digo mais nada, levanto e saio. A ideia de voltar a dormir aqui não me agrada, mas eu sabia que nem tudo seria flores. O Marcel é um velho conhecido e não é exatamente querido por aqui. Ele submete os agentes e recrutas a um método doloroso e exaustivo de interrogatório. A alguns anos atrás, quando me meti em uma briga com outro recruta, fui mandado até ele. Ele me fazia lutar com vários outros recrutas durante o dia. E quando eu já estava exausto o suficiente, ele me fazia lutar com agentes experientes ou com ele mesmo e como já é de se imaginar, eu apanhava bastante. O objetivo é conseguir fazer com que a pessoa, nesse caso eu, repita a história várias e várias vezes, até cair em contradição. Ou cansar de tanto apanhar e falar a verdade. Não vai ser nada fácil passar por ele sem falar a verdade, mas não é impossível. Afinal de contas, já fiz isso uma vez. Vou até o quarto que eles separaram pra mim, entro e passo algum tempo observando o espaço pequeno. Passei por muita coisa aqui, na Citros, mas nada foi tão difícil quanto dormir nesses cubículos. Não consigo nem mensurar a quantidade de noites que sai do treino machucado e/ou sentindo dor, e não tinha ninguém aqui.
Não pense nisso Gustavo.
Afasto meus pensamentos e troco de roupa. Coloco uma calça de moletom e uma regata preta. Saio do quarto e o tranco. Vou até a sala do Marcel e entro. Caminho até o tatame mas não vejo ninguém.
— Garoto, achei que você tinha aprendido da última vez. __ Me virei e o vi parado atrás de mim.
— Não lembro de você ter me ensinado nada. __ Ele sorriu.
— Tire as sandálias e suba no tatame. __ Ele disse firme.
Fiz o que ele pediu e quando o olhei de novo ele estava com um bastão na mão.
— Alex falou que você tinha algo para me dizer. __ Ele subiu no tatame e caminhou até parar na minha frente.
— Já falei tudo o que tinha pra dizer. __ Digo firme.
— Isso vai ser divertido.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Beijos e até a próxima!